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quinta-feira, 4 de maio de 2017

Peron, o primeiro e unico, o demagogo, e suas contrafacoes - Cesar Maia

Cesar Maia, ex-prefeito do Rio, usa as informações disponíveis, e uma recente entrevista a um jornal brasileiro do filho de Tomas Eloy Martinez, que fez um documentário a partir da entrevista gravada que seu pai fez com Perón, exilado em Madrid, antes de retornar à Argentina, para tecer algumas considerações e selecionar alguns trechos dos dizeres de Perón naquela gravação.
Perón foi o homem, o demagogo político, o populista econômico, o líder carismático, essencialmente fascista, que afundou a Argentina, que construiu uma "decadência programada", se ouso dizer, e os argentinos continuam até hoje reféns de um cadáver insepulto, o de Perón e o de sua esposa mítica e mistificada.
Perón foi o líder destruidor que construiu uma única coisa: a República Sindical, mas o fez com uma doutrina justificadora, embora mentirosa: o Justicialismo, que aliás rima com fascismo. A República Sindical destruiu a Argentina, como ela está destruindo o Brasil, com seu patrimonialismo de tipo gangsterista, com seu corporativismo prebendalista, fisiológico, nepotista, rentista, expropriatório, concentrador, até mafioso.
A grande diferença entre a "nossa" República Sindical -- tentada em 1963-64, e desmantelada pelos militares, mas renascida com as hostes lulopetistas e cutistas de 2003 em diante -- e a dos hermanos é que a essa "nossa" não tem nenhuma doutrina, nenhuma conceituação política, mas pura demagogia e puro oportunismo, quando não roubalheira desenfreada. Trata-se de um peronismo de botequim, uma contrafação do original, um rentismo sem qualquer sentido nacional, atividades quadrilheiras no mais alto grau.
Vejamos aqui uma das avaliações finais de Cesar Maia sobre o resultado do peronismo:
"Erro maior dos peronistas: a Volta de Perón em 1973 não foi para construir um futuro, mas para repetir o passado, dos anos de glória entre 1946 e 1955."
No nosso caso, a contrafação também tentou repetir a era Geisel, aquela que, em meio aos grandes projetos de desenvolvimento econômico, acabou por ser um processo amplamente fracassado, aumentando a inflação e a dívida externa, sendo diretamente responsável pelas década e meia perdida, em sua sequência. O lulopetismo, geiseliano em intenção, mas corrupto por vocação e fundamentalmente inepto, levou o Brasil à Grande Destruição que atravessamos atualmente, à margem de (e sem qualquer conexão com) qualquer conjuntura externa de crise ou recessão.
Transcrevo abaixo a coluna de Cesar Maia desta quinta-feira, 4 de maio de 2017.
Paulo Roberto de Almeida 

PERÓN, NA ÉPOCA, COM 75 ANOS! ENTREVISTA: ENSINAMENTOS QUE SERVEM AOS NOSSOS POLÍTICOS DE HOJE!

1. O consagrado escritor argentino Tomás Eloy Martínez, em 1970, com 36 anos, conseguiu que Perón -75 anos e já com 15 anos de exílio- concedesse em sua casa em Madrid (Puerta de Hierro) uma entrevista gravada. Foram 4 dias de gravações. Em base a essa entrevista, Eloy Martinez escreveu dezenas e dezenas de artigos e dois livros de grande sucesso: Santa Evita e A Novela de Perón.

2. Essas fitas, mantidas em caixas, ficaram guardadas até agora. Nos últimos meses foram transformadas em filme e documentário. Dias atrás, antecipando o lançamento, foram divulgadas 5 partes deste documentário, que vão desde a sua infância até sua morte. As respostas de Perón a Eloy Martinez são comentadas por politólogos, historiadores, políticos sêniores e até publicitários.

3. Deveriam ser vistas e revistas por nossos políticos de hoje, pois contêm experiências acumuladas até a sua maturidade. Seguem trechos que este Ex-Blog selecionou.

4. “O líder, primeiro, se faz ver, para que o conheçam. Depois se faz obedecer espontânea e naturalmente para passar a ser percebido como infalível. O que conduz deve ser percebido como infalível. Isso tudo é uma arte.

5. Não sou um político: sou um condutor. Carisma é o produto de um processo técnico de condução.

6. Condução é unificar as ideias dispersas em direção a um objetivo que conhece o condutor.

7. Ao se chegar ao poder se tem 2 objetivos: fazer a felicidade do Povo e a grandeza da Nação. Se se excede em um, se sacrifica o outro. Deve-se conseguir um equilíbrio entre os dois.

8. A política deve ser pendular entre o sindicalismo que está sempre a direita e a esquerda que está na política.

9. A Condução política é sui generis. As pessoas estão acostumadas à gestão da ordem (que de fato é uma gestão militar). Mas em política jamais existe ordem. Há que se preparar e se acostumar a gerir a desordem.

10. A política não pode ser um corpo rígido. Tem que ser flexível.

11. Fui criado com os animais; adoro os animais. Na política há 10% de idealistas e 90% de opiniões dispersas. Estes 10% são como os cães (tenho 4) e 90% como os gatos. Os cães são fiéis e acompanham silenciosamente. Os gatos são dispersos. Saem para caçar à noite. Quando são contrariados preferem ficar num canto e até se ocultar. Mas quando se veem cercados, reagem atacando. São felinos. 

12. Estar longe dos fatos é melhor que se estar perto. De longe se vê a totalidade.

13. Comentários finais. Perón sempre teve o controle do movimento peronista. Só perdeu o controle quando voltou do exílio ao governo em 1973. / Erro maior dos peronistas: a Volta de Perón em 1973 não foi para construir um futuro, mas para repetir o passado, dos anos de glória entre 1946 e 1955.

sábado, 29 de março de 2014

O erro fundamental do coletivismo - Mario Machado (Coisas Internacionais)

Meu amigo Mário Machado, e colega blogueiro, no Coisas Internacionais, assina aqui um dos melhores textos que já li sobre as perversões morais do coletivismo, um mal que nos afeta profundamente, pois ele está na base de TODAS as políticas equivocadas que estamos conhecendo no Brasil desde 2003, e que estão fazendo o Brasil retroceder absoluta e relativamente, sobretudo no plano educacional e mental.
Subscrevo integralmente cada uma de suas palavras e seria capaz de apontar muitas outras consequências práticas, em nossas vidas, das políticas de inspiração coletivista adoradas pelos companheiros totalitários.
O Brasil recua, a olhos vistos, e em todas as frentes, sobretudo no plano das políticas públicas -- e o que se salva não deve nada ao Estado, justamente -- e esses recuos são inteiramente devidos à ideologia coletivista dos companheiros.
Leiam o texto com atenção, e reflitam.
Paulo Roberto de Almeida 

Coisas Internacionais


Posted: 29 Mar 2014 08:48 AM PDT
atlasColetivista é aquele que crê que os interesses das abstrações sociais (classe, raça, gênero, etc.) são mais importantes que o individuo. Em geral, eles tratam o individuo como algo que deve ser enquadrado em padrões de desejos e comportamentos que seriam definidos pela estrutura coletivista que pertenceriam. O coletivista julga está fazendo o melhor para humanidade e geralmente tem um horizonte utópico arrebatador, basta ver as duas maiores expressões do coletivismo no século XX (Socialismo e Fascismo), para identificar as tendências que descrevo.
Para os adeptos do coletivismo, que não duvidem é um conceito muito difundido e influente, o pior comportamento humano possível é o individualismo, pois para eles o individuo nada mais é que um ente a serviço da causa. E a causa é sempre nobre, os comunistas tomaram o poder para realizar a justiça social plena e com um horizonte utópico desses o que são alguns milhares de “alienados” mortos ou encarcerados?
Quem ousa pensar diferente é um perigo é alguém a ser silenciado, afinal olha como é bom o futuro prometido e o caminho para chegar lá é silenciando o dissidente. É um mecanismo de controle eficiente e funciona bem, afinal, quantas críticas ao individualismo “selvagem”, “egoista” e outros muitos adjetivos lemos por ano? Agora mesmo o leitor desse texto pensou em várias.
Certa vez, quando eu reclamava do impacto negativo que certa aventura econômica do governo teria sobre os preços que eu pago sobre um produto um conhecido professor e escritor no campo das RI não duvidou e taxou um: “mesquinho e egoísta”. Eu tolamente tentei demonstrar que isso não era verdade, sou até moderadamente generoso e faço muitos trabalhos voluntários para a comunidade, mas tudo era respondido com a ironia e a soberba dos que se julgam superiores por seus valores coletivistas (e não importa quantos crimes esses valores tenham causado, nessa hora a culpa é estranhamente individual). Por fim, desisti do debate. Não haveria ali nada além de discurso emocional, carregado em palavras militantes, uma chatura sem tamanho.
Essa história me veio a cabeça e decidi compartilhar uma frase com vocês que soará como uma verdadeira heresia contra os dogmas do coletivismo. Mas, pareceu-me apropriado compartilhar.
“Minha felicidade não é um meio para nenhum fim. Ela é o fim. Ela é seu próprio objetivo. Ela é seu próprio propósito. Tampouco eu sou um meio para qualquer fim que outros possam desejar realizar. Eu não sou um instrumento para seu uso. Eu não sou um servo de suas necessidades.” Ayn Rand
Reitero: “Eu não sou instrumento para seu uso. Eu não sou um servo de suas necessidades”. Eu não sou uma ‘categoria de pensamento’, eu sou um indivíduo e um indivíduo permanecerei.
Mário Machado

segunda-feira, 14 de outubro de 2013

1932: um partido fascista para os EUA?; Editorial do Herald Tribune

No meio da crise, em 1932, mesmo os mais democratas pensavam que o fascismo poderia ser uma solução, contra o que se acreditava serem os interesses nefastos da plutocracia do dinheiro.
A ilusão da ordem, de uma economia sem crises, sem as perturbações dos grupos de interesse.
Chocante? Talvez...
A matéria faz parte de uma série de reproduções que o NYTimes está fazendo em torno da história mais do que centenária do International Herald Tribune, mais conhecido como Paris Herald, primo do NYT, e que, nesta terça-feira 15 de Outubro, passa a se chamar International New York Times.
Paulo Roberto de Almeida

Editorial International Herald Tribune

 Fascism for America

Paris, May 22, 1932 — The hour has struck for a fascist party to be born in the United States. In the face of the most critical financial situation in the history of the country, Washington presents the amazing spectacle of more special groups seeking to get their fingers in the national treasury than ever before. From every section and from every layer of our economic life, the embattled lobbies have descended upon the capital. Bills to appropriate millions for the aid of special classes or industries are tossed into the House of Representatives, at the moment when federal finances are strained to the breaking point. Congress has one plain duty, to balance the budget, and to refuse every subtle appeal for money that is not foreseen by that budget. In the cities, where authorities confess themselves unable to cope with the sinister enterprise arrayed against them; in state capitals and county towns, where special privilege is bought and sold; wherever patronage is distributed and crime protected, there is the rumble of indignation among householders, the anger and disgust of taxpayers, which presage the gathering of moral forces into overt movement.

How We Called It, Down Through the Years

A special section looks back at the sometimes quaint, sometimes wrongheaded, often prescient opinions we published in columns, essays and editorials over the last century.
Someone will give the signal. It may be a mechanic, coming out of his engine-room, wiping his hands upon oily waste, in despair at the insecurity of his home; it may be a veteran teacher — like Peter the Hermit preaching a crusade — shocked to find the holy sepulchre of our national liberty in the hands of vandals. It may be the clean youth and imagination of a Charles Lindbergh, calling upon men of goodwill to join him in a party of law and order. It may be the sagacity and experience of a Henry Ford, summoning men to match the organization of the underworld with a still more potent organization. In every part of the country men are waiting for the call, and when it is heard, there will be a roar of assent from a million throats. The elements are assembled for the formation of this kind of fascism in the United States, composed of householders, heads of families and taxpayers. The stage is set.

sábado, 9 de fevereiro de 2013

Comunismo e fascismo: dois irmaos diabolicos - Vladimir Tismaneanu

O diabo está nos detalhes, se costuma dizer. Mas, no caso do comunismo e do fascismo, as duas ideologias, os dois regimes, os dois males mais mortíferos do século 20 (talvez de toda a história humana, incluindo as hordas de bárbaros da Idade Média), o diabo está não só nos detalhes, mas no conjunto.
De fato, o diabo figura nas propostas, nas intenções, nos atos feitos e malfeitos desses dois sistemas, que devem ter provocado, conjuntamente, mais de cem milhões de mortos, matados e morridos (ou seja, direta e indiretamente) no que foi esse "breve" século 20, que segundo um marxista não arrependido, Eric J. Hobsbawm, teria durando apenas de 1917 a 1989, para todos os efeitos práticos. Na verdade, o fascismo (clássico, pelo menos) foi bem mais curto, entre 1922, ou 1924, desde a conquista e consolidação do poder por Mussolini, e 1945, quando Hitler se suicida, deixando atrás de si uma Alemanha em ruínas e mais de 20 milhões de mortos, pelo menos...
O bolchevismo, em sua feitura lenino-stalinista, durou bem mais, e matou muito mais, embora em doses menos concentradas do que o fascismo italiano (mais "ameno) e o nazismo hitlerista (mais "mortífero", em sua sanha assassina e absolutamente brutal). Ele foi de 1918 a 1953, quando o ditador assassino morre. Junto com o comunismo da coexistência pacífica, a partir de Krushev, e os diversos experimentos ao redor do mundo, o comunismo, em sua longa história de mais algumas décadas (foram setenta anos, no total), matou mais alguns milhões, em surtos esporádicos de loucura e de resiliência. Na Coreia do Norte, por exemplo, que é um regime stalinista-surrealista, a matança continua, ao passo que em Cuba, as mortes de um sistema nefando, que conseguiu o notável feito, jamais igualado na história, de expulsar mais de um décimo da população da ilha, foram comparativamente menores (mas não menos desculpáveis, pois sempre advindas não por "acidente" do sistema, mas por atos deliberados dos dirigentes delinquentes).
Este autor romeno, da geração pós-guerra, instalado nos Estados Unidos, examina a interface diabólica dos dois sistemas assassinos, na resenha publicada no Times Literary Suplement.
Vou comprar o livro, para ler com atenção, não que eu tenha muito a aprender historicamente com o que se passou, mas porque eu acho que certos elementos das ideologias dos dois sistemas assassinos ainda estão presentes entre nós, aliás muito presentes entre certos companheiros...
Paulo Roberto de Almeida

Communism, Fascism and liberals now

John Gray

Vladimir Tismaneanu
THE DEVIL IN HISTORY
Communism, Fascism, and some lessons of the twentieth century

326pp. University of California Press. $34.95; distributed in the UK by Wiley. £24.95.
978 0 520 23972 2

The Berlin Wall, 1989
D iscussing the Declaration of the Rights of Toiling and Exploited People promulgated in the Soviet Union in January 1918, in which sections of the population regarded as “former people” were disenfranchised, Vladimir Tismaneanu writes: “It can hardly be considered a coincidence that the term byvshie liudi (former people), which became commonplace in Bolshevik speak, implied that those to whom it applied were not quite human”. The disenfranchised groups included functionaries of the tsarist police and military, class aliens who lived off unearned income, clergy of all religions and anyone economically dependent on those so far listed. Debarred from the rationing system (for many the chief source of sustenance), liable to have their property confiscated, and prohibited from seeking public office, people in these categories – along with their families, since being a former person was defined as an inheritable condition – were excluded from society. The system of categories, Tismaneanu writes, was “the prototype taxonomy for the terror that was to follow in later years”. Denying some human groups the moral standing that normally goes with being a person, this act formed the basis for the Soviet project of purging society of the human remnants of the past.
It is also one of the grounds for Tismaneanu’s belief that in important respects Communism and Fascism were at one. He is clear that “Communism is not Fascism, and Fascism is not Communism. Each totalitarian experiment has its own irreducible attributes”. Even so, the two were alike in viewing mass killing as a legitimate instrument of social engineering.
“Communism, like Fascism, undoubtedly founded its alternative, illiberal modernity on the conviction that certain groups could be deservedly murdered. The Communist project, in such countries as the USSR, China, Cuba, Romania, or Albania, was based precisely on the conviction that certain social groups were irretrievably alien and deservedly murdered.”
It is an observation that points to the central issue in the debate about twentieth-century totalitarianism. Ever since it was first developed by the Italian theorist of Fascism Giovanni Gentile – who approved of the system of unlimited government that totalitarianism denotes – the concept has been highly controversial. With many viewing Communist and Fascist regimes as too dissimilar in their structures, objectives and ruling ideas to be included in a single category and some seeing theories of totalitarianism as not much more than a rationale for Cold War struggles, the idea has moved from being widely contested to being distinctly unfashionable – in academic contexts, a more damningly final dismissal. For those who have lived in totalitarian regimes, this is a perplexing development. Tismaneanu writes vividly of his own experience. A child of Jewish parents who became Communist activists as part of the struggle against Fascism (his father lost an arm fighting in the Spanish Civil War, while his mother worked as a nurse), he first began thinking about totalitarianism when as a teenager in Communist Romania he read a clandestinely circulated copy of Arthur Koestler’s Darkness at Noon. Later, as a sociology student at the University of Bucharest, he managed to get hold of forbidden books by writers such as Raymond Aron, Hannah Arendt, Isaiah Berlin, Leszek Kolakowski and other anti-totalitarian thinkers. Also drawn to what he calls “the occulted traditions of western Marxism”, he did a doctorate on the Frankfurt School. Leaving Romania in 1981 and settling in the United States, he revisited the country on a regular basis after the toppling of Nicolae Ceausescu. In 2006 he was made head of a presidential commission established to examine the workings of the Communist dictatorship, an appointment that proved controversial, not least because of his parents’ and his own Communist past.
Tismaneanu has produced numerous studies of Stalinism, nationalism and totalitarianism, but it seems to be the parallels between the Ceauzescu regime and interwar Fascism that have come to preoccupy him. “Although Romania was a socialist state committed to Marxist tenets and thus ostensibly left-wing, especially after 1960, the ruling party started to embrace themes, motifs, and obsessions of the interwar Far Right.” After Ceausescu came to power in 1965, “the ideology came to blend residual Leninism with an unavowed yet unmistakable Fascism”. As Tismaneanu came to realize, “This was only an apparent paradox”. European Fascism was a mishmash of mad and bad ideas – clerical authoritarianism and anti-liberal Nietzschean atheism, a neo-primitivist cult of “thinking with the blood” and modernist worship of technology, among others. But ethnocentric nationalism, racism and anti-Semitism have been features of Fascism in all its varieties, and it is the Communist embrace of these far right themes that forms the background for The Devil in History. If his parents joined forces with Communism in order to resist Fascism, it has fallen to Tismaneanu to grapple with the fact that Communism acquired some of Fascism’s defining characteristics.
An ambitious and challenging rereading of twentieth-century history, The Devil in History is most illuminating in showing that parallels between the two totalitarian experiments existed from the beginning. Tismaneanu confesses to being baffled by what he describes as “the still amazing infatuation of important intellectuals with the communist Utopia”. “It is no longer possible to maintain and defend a relatively benign Lenin”, he writes, “whose ideas were viciously distorted by the sociopath Stalin.” Unlike Stalin, Lenin showed no signs of psychopathology. Rather than being an expression of paranoia, methodical violence and pedagogic terror were integral features of Bolshevik doctrine. By their own account, Lenin and his followers acted on the basis of the belief that some human groups had to be destroyed in order to realize the potential of humanity. These facts continue to be ignored by many who consider themselves liberals, and it is worth asking why.
Underlying academic debates about the adequacy of totalitarianism as a theoretical category, Tismaneanu suggests, is a question about evil in politics. Rightly, he does not ask which of the two totalitarian experiments was more evil – an approach that easily degenerates into an inconclusive and at times morally repugnant wrangle about numbers. There is a crucial difference, which he acknowledges at several points in The Devil in History, between dying as a result of exclusion from society and being killed as part of a campaign of terror and being marked out for death in a campaign of unconditional extermination – as Jews were by Nazis and their local collaborators in many European countries and German-occupied Soviet Russia. Numerical comparisons pass over this vital moral distinction. While the stigma of being a former person extended throughout families, it was possible to be readmitted into society by undergoing “re-education”, becoming an informer, and generally collaborating with the regime. When Stalin engineered an artificial famine which condemned millions to starvation and consigned peoples such as the Tatars and Kalmyks to deportation and death, he did not aim at their complete annihilation. Around one in five adult males is estimated to have spent time in the Gulag, along with unnumbered children after the age of criminal responsibility was lowered (along with liability to capital punishment) to include twelve-year-olds in 1935, as well as a massive influx of “female thieves” (war widows) after 1945; but most who spent time in the camps survived to return to what passed as normal life. Though there were sections of the Gulag from which few emerged alive – such as those described by Varlam Shalamov in Kolyma Tales – there was no Soviet Treblinka.

Lenin may have held to a version of humanism, but it was one that excluded much of actually existing humankind

Tismaneanu’s account of Communist totalitarianism will be resisted by those who want to believe that it was an essentially humanistic project derailed by events – national backwardness, foreign encirclement and the like. But as he points out, the Soviet state was founded on policies which implied that some human beings were not fully human. Lenin may have held to a version of humanism, but it was one that excluded much of actually existing humankind. It was not simply because they could be expected to be hostile to the new regime that priests, merchants, members of formerly privileged classes and functionaries of the old order were deprived of civil rights. They represented a kind of humanity that had had its day. There is nothing to suggest that the Bolsheviks viewed the fate of former persons as the tragic price of revolution. Such superfluous human beings were no more than the detritus of history. If radical evil consists in denying the protection of morality to sections of humankind, the regime founded by Lenin undoubtedly qualifies.
We are left with the question why so many liberals disregard these facts. Clearly a part of the explanation lies in the utopian character of the Communist project. In politics, the other face of radical evil is an inhuman vision of radical goodness. Lenin envisioned a world without states or markets in which power relations had ceased to exist. Hitler imagined a world in which power reflected an immutable racial hierarchy. It is hard to imagine any decent human being embracing the hideous Nazi vision – a mix of the völkisch chimera of a seamless “organic” culture, fraudulent “racial science” and revolutionary anti-capitalism – but the appeal to large sections of the German people of the fantasy of a conflict-free, homogeneous society cannot be denied. Lenin’s very different view of the future was in some ways no less hideous. Authentically Marxian in its most essential features, it left no room for the diverse forms of activity that humans have devised to create meaning in their lives. Religion and the practice of science and the arts for their own sake would be left behind. The little that survived of the human inheritance would be yoked to collective welfare and communal labour. It is a horribly impoverished vision, which fortunately has no prospect of being realized.
Liberals will object that Communist and Fascist projects are inherently opposed – one emerging from Enlightenment universalism, the other from Counter-Enlightenment ideas of racial purity. There is a difference, but there are commonalities as well. If Nazism repudiated Enlightenment values of human equality and universal emancipation, the Nazi project of racial hierarchy continued some influential strands of Enlightenment thinking. Nazi “scientific racism” had precedents in the Positivist plans for a science of society grounded in physiology, and in theories of human inequality and eugenics promoted by nineteenth-century Enlightenment thinkers such as Francis Galton and (in more explicitly racial terms) Ernst Haeckel. Lenin’s egalitarian project also claimed a basis in science – the ersatz science of historical materialism.
There is another respect in which Communism and Fascism were alike. At one in claiming a basis in science, they were both fuelled by millenarian religion. As Bertrand Russell recognized in his neglected classic The Practice and Theory of Bolshevism (published in 1920 after he had visited the Soviet Union and talked with Lenin), Bolshevism was more than a political doctrine, however radical or extreme. With all its militant secularism, the Bolshevik drive to transform society was powered by apocalyptic myths. As Tismaneanu writes, with reference to Norman Cohn’s seminal work on millenarian movements, “both Leninism and Fascism created millenarian sociological and psychological constellations. Both were militant chiliasms that energized extraordinary ardor among unconditionally committed followers”. The chiliastic character of Communism is not a novel theme, and here as elsewhere in his book, Tismaneanu fashions a powerful synthesis of existing critiques. What he does not fully explore is the function of Communism in channelling religious myth in a modern secular form – a role that goes some way to explaining its continuing attraction.
Citing Boris Souvarine, Tismaneanu praises the heterodox Marxist for his account of “the strange blending of barbarism and derailed modernity in the ideological despotism of the extreme Left and Right”. In the context of the argument of The Devil in History, however, it may be the idea of derailed modernity that is strange. Elsewhere in the book, Tismaneanu recognizes Communism and Fascism as alternative forms of development, unquestionably barbaric but still fully modern. His ambiguity on this point reflects a gap in his account of contemporary liberalism. Throughout much of his argument, he takes for granted that the recycling of religious myth as secular political doctrine that occurred in Communism does not occur in advanced liberal democracies. But Western-led policies were based on the belief that after a brief period of economic shock therapy, post-Soviet Russia and Eastern Europe would revert to a normal path of development and adopt liberal values – an idea with no basis in history. In Russia and much of Europe, liberal values have never been “normal”. “In the end”, Tismaneanu writes, “‘the return to Europe’ heralded in 1989 stood for ‘normalcy and the modern way of life’.” However, if post-Communist countries have returned to normal it is to a version – so far relatively mild, but real enough – of the toxic normality that prevailed in much of the continent during long stretches of the twentieth century.
The blind spot in The Devil in History is the power of myth in liberal societies. “The demise of Communism in Europe”, Tismaneanu writes, “allowed space for alternative political mythologies, which left a proliferation of fantasies of salvation.” He is referring to post-Communist countries where the Soviet collapse left a vacuum that was filled by ethnocentric nationalism and a post-Holocaust variety of anti-Semitism that demonizes Jews in countries where hardly any Jews remain. But the impact of the collapse was also felt in Western democracies, where it boosted the belief that liberal societies are the only ones that can be fully modern. Commendably, Tismaneanu refuses to play “the obsolete pseudo-Hegelian tune of the ‘ultimate liberal triumph’”. However, the issue is not whether liberalism is destined to prevail – a stale debate about historical inevitability – but whether liberal societies can escape what he aptly describes as “a contagious hubris of modernity”. For those possessed by the idea that the Communist collapse was a triumph for the only truly modern way of life – a species of eschatological myth rather than any kind of empirical observation – the question did not arise. For them, liberalism was the riddle of history solved, and knew itself to be the solution.
The same myth – a hollowed-out version of a religious belief in providence – underpins the abiding appeal of Communism. One of the features that distinguished Bolshevism from Tsarism was the insistence of Lenin and his followers on the need for a complete overhaul of society. Old-fashioned despots may modernize in piecemeal fashion if doing so seems necessary to maintain their power, but they do not aim at remaking society on a new model, still less at fashioning a new type of humanity. Communist regimes engaged in mass killing in order to achieve these transformations, and paradoxically it is this essentially totalitarian ambition that has appealed to liberals. Here as elsewhere, the commonplace distinction between utopianism and meliorism is less than fundamental. In its predominant forms, liberalism has been in recent times a version of the religion of humanity, and with rare exceptions – Russell is one of the few that come to mind – liberals have seen the Communist experiment as a hyperbolic expression of their own project of improvement; if the experiment failed, its casualties were incurred for the sake of a progressive cause. To think otherwise – to admit the possibility that the millions who were judged to be less than fully human suffered and died for nothing – would be to question the idea that history is a story of continuing human advance, which for liberals today is an article of faith. That is why, despite all evidence to the contrary, so many of them continue to deny Communism’s clear affinities with Fascism. Blindness to the true nature of Communism is an inability to accept that radical evil can come from the pursuit of progress.

John Gray is Emeritus Professor at the London School of Economics. His books include Black Mass: Apocalyptic religion and the death of Utopia, 2007, The Immortalization Commission: Science and the strange quest to cheat death, 2011, and, most recently, The Silence of Animals: On progress and other modern myths, which is due to be published next month. 
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The Devil in History

Communism, Fascism, and Some Lessons of the Twentieth Century

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The Devil in History is a provocative analysis of the relationship between communism and fascism. Reflecting the author’s personal experiences within communist totalitarianism, this is a book about political passions, radicalism, utopian ideals, and their catastrophic consequences in the twentieth century’s experiments in social engineering. Vladimir Tismaneanu brilliantly compares communism and fascism as competing, sometimes overlapping, and occasionally strikingly similar systems of political totalitarianism. He examines the inherent ideological appeal of these radical, revolutionary political movements, the visions of salvation and revolution they pursued, the value and types of charisma of leaders within these political movements, the place of violence within these systems, and their legacies in contemporary politics. The author discusses thinkers who have shaped contemporary understanding of totalitarian movements—people such as Hannah Arendt, Raymond Aron, Isaiah Berlin, Albert Camus, François Furet, Tony Judt, Ian Kershaw, Leszek Kolakowski, Richard Pipes, and Robert C. Tucker. As much a theoretical analysis of the practical philosophies of Marxism-Leninism and Fascism as it is a political biography of particular figures, this book deals with the incarnation of diabolically nihilistic principles of human subjugation and conditioning in the name of presumably pure and purifying goals. Ultimately, the author claims that no ideological commitment, no matter how absorbing, should ever prevail over the sanctity of human life. He comes to the conclusion that no party, movement, or leader holds the right to dictate to the followers to renounce their critical faculties and to embrace a pseudo-miraculous, a mystically self-centered, delusional vision of mandatory happiness.

segunda-feira, 4 de fevereiro de 2013

O diabo revisitado: comunismo e fascismo - Vladimir Tismaneanu

The Devil in History

Communism, Fascism, and Some Lessons of the Twentieth Century

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The Devil in History is a provocative analysis of the relationship between communism and fascism. Reflecting the author’s personal experiences within communist totalitarianism, this is a book about political passions, radicalism, utopian ideals, and their catastrophic consequences in the twentieth century’s experiments in social engineering. Vladimir Tismaneanu brilliantly compares communism and fascism as competing, sometimes overlapping, and occasionally strikingly similar systems of political totalitarianism. He examines the inherent ideological appeal of these radical, revolutionary political movements, the visions of salvation and revolution they pursued, the value and types of charisma of leaders within these political movements, the place of violence within these systems, and their legacies in contemporary politics. The author discusses thinkers who have shaped contemporary understanding of totalitarian movements—people such as Hannah Arendt, Raymond Aron, Isaiah Berlin, Albert Camus, François Furet, Tony Judt, Ian Kershaw, Leszek Kolakowski, Richard Pipes, and Robert C. Tucker. As much a theoretical analysis of the practical philosophies of Marxism-Leninism and Fascism as it is a political biography of particular figures, this book deals with the incarnation of diabolically nihilistic principles of human subjugation and conditioning in the name of presumably pure and purifying goals. Ultimately, the author claims that no ideological commitment, no matter how absorbing, should ever prevail over the sanctity of human life. He comes to the conclusion that no party, movement, or leader holds the right to dictate to the followers to renounce their critical faculties and to embrace a pseudo-miraculous, a mystically self-centered, delusional vision of mandatory happiness.
University of California Press; August 2012
336 pages; ISBN 9780520954175
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quinta-feira, 5 de abril de 2012

As leis fundamentais da estupidez humana: um caso concreto

Vocês vão me perdoar, mas eu estou tão impressionado, mas TÃO IMPRESSIONADO, com o caso dos militantes racistas que pretendem obrigar uma simples artesã, e feirista, a vender pelo mesmo preço bonecas brancas e bonecas negras que ela mesma faz, e vende, que me lembrei de um antigo texto que fiz sobre uma obra paralela do grande medievista italiano (já falecido) Carlo Maria Cipolla sobre as leis fundamentais da estupidez humana, que li nesta edição francesa:
Allegro ma non troppo: Les lois fondamentales de la stupidité humaine (Paris: Balland 1992).


Quem quiser saber mais sobre o livro e ler no original, pode ir neste link: 
http://www.italianisticabl.eu/cipolla.pdf
O meu texto está neste link: http://www.viapolitica.com.br/diplomatizando_view.php?id_diplomatizando=117


Mas o que isso representa senão a estupidez humana (ou de alguns humanos, pelo menos)? Com efeito, segundo Cipolla, a pessoa estúpida é aquela "que causa um dano a outra pessoa ou a um grupo de pessoas, sem que disso resulte alguma vantagem para si, ou podendo até vir a sofrer um prejuízo".


Creio que estamos em face deste caso, e me permito, uma terceira vez, postar aqui esta notícia absolutamente estúpida sobre um dos casos mais estúpidos que já me foram dados contemplar neste meu longo itinerário ao lado de outros humanos (alguns eu não escolheria, mas enfim).


Vejam vocês a matéria, que já postei aqui a título de racismo, depois a título de mentalidade fascista, e que agora posto uma terceira vez a título da simples estupidez cipolliana.


Apresento aqui o link da minha segunda postagem. Talvez faça uma quarta ou quinta, pois o assunto é tão surreal que eu me pergunto se o Brasil não está involuindo como sociedade, deixando de ser alegre e tolerante, para virar ridiculamente, tristemente fascista: 


http://diplomatizzando.blogspot.fr/2012/04/o-fascismo-em-construcao-no-brasil.html

quinta-feira, 8 de março de 2012

O fascismo avanca no Brasil, subrepticiamente...

Claro, existem vários tipos de fascismos, de direita, de esquerda, surrealistas, bolivarianos, indígenas, carnavalescos e até cinematográficos.
Abaixo, um exemplo deste último, bem apropriado para o regime dos companheiros.
Paulo Roberto de Almeida 

Por Luiz Fernando Vaz, dono do blog O Anticamarada
Posted: 08 Mar 2012 09:24 AM PST

A banda paraense Madame Saatan teve os seus últimos dois videoclipes (Respira/ Até o fim) considerados "produtos gringos" pela Ancine ( Agência Nacional de Cinema) e não podem participar de editais e mostras de vídeo. 

A direção de ambos tem a assinatura de P.R. Brown e a fotografia de Jaron Presant, que já trabalharam em quatro videoclipes do Slipknot (”Sulfur”, “Psychosocial”, “Dead Memories” e “Snuff”). A dupla também já assinou clipes de nomes consagrados como Smashing Pumpkins, Audioslave, My Chemical Romance, Mötley Crüe, Evanescence e Foo Fighters, entre outros. A limitação da agência reguladora impede a banda de participar do edital até da patrocinadora do último disco produzido pelos roqueiros.

Formada em 2003 por Sammliz (voz), Ed Guerreiro (guitarra), Ícaro Suzuki (baixo) e Ivan Vanzar (bateria), a banda de rock pesado Madame Saatan acaba de lançar o segundo CD da carreira “Peixe Homem”.

A parceria com os realizadores americanos foi uma conquista vitoriosa da própria banda, como explica a vocalista Sammliz em entrevista ao Universo do Rock: "Entramos em contato com alguns diretores para fazer parceria, mas nenhum deu resposta positiva. Nosso produtor ia fazer, mas em uma última tentativa mandou uma mensagem via Facebook para o P.R Brown - que respondeu perguntando mais sobre a banda. Bernie, nosso produtor, enviou duas músicas do disco novo e contou um pouco de nossa trajetória e P.R então disse que havia adorado tudo e queria vir ao Brasil para trabalhar conosco. Veio na parceria, bancou a própria passagem e fez um trabalho excelente com o quase nada de equipamento que trouxe. Virou um grande amigo."

Mas a ANCINE parece não ver com bons olhos a parceria e a iniciativa de sucesso, apesar dos dois clipes terem sido gravados em Belém do Pará, com co-produção da produtora local TV Norte independente e restante da equipe 100% nacional. Segundo advogados que aconselharam livremente a banda cabe mandato de segurança para reverter a situação. "De qualquer forma não vamos conseguir isso a tempo de participar do edital da Vivo, que era algo que já contávamos...", diz Sammliz, decepcionada.

No entanto, o episódio serve como amostra da equivocada política cultural brasileira que, a pretexto de proteger o "produto nacional" a partir de uma ideologia fuleira de DCE, acaba desestimulando trocas culturais enriquecedoras como a protagonizada pela banda. Se a banda tivesse convidado um diretor e fotógrafo cubanos ou norte-coreanos (se é que lá existem videoclipes?) talvez não tivessem todo esse transtorno. Mas não. É a velha e empoeirada implicância com "o imperialismo yankee" transmutada em antipolítica cultural que, infelizmente, também norteia o governo atual do PT.

Esperamos que - apesar de todo o esforço contrário da ANCINE - essa estupidez jurássica em plena inserção do país na globalização não prevaleça. E que isso sirva de lição para que os roqueiros e demais artistas brasileiros entendam de uma vez como é que as coisas funcionam em Venezuela ou em Cuba. Socialismo é isso - atraso e estupidez ideológica de burocratas "iluminados" sufocando a iniciativa individual.

terça-feira, 18 de outubro de 2011

Venezuela: um Estado de direito? (ou de direita?) - InfoLatam


Venezuela: el Supremo declara “inejecutable” la decisión de la CorteIDH sobre Leopoldo López
Publicado por Infolatam :: 17 octubre, 2011 @ 22:21
El Tribunal Supremo de Justicia (TSJ) de Venezuela declaró “inejecutable” el fallo de la Corte Interamericana de Derechos Humanos (CorteIDH) [1], que condenó al Estado venezolano por violar el derecho a ser elegido del opositor Leopoldo López y ordenó habilitarlo para participar en elecciones.
En su decisión, difundida por medios locales, la Sala Constitucional declaró que López “goza de los derechos políticos consagrados en la Constitución de la República Bolivariana de Venezuela, por tratarse solo de una inhabilitación administrativa y no política”.
Una fuente del Tribunal Supremo de Justicia explicó a Efe que la sentencia de la CorteIDH violaría las leyes internas, especialmente la Constitución y la ley contra la corrupción.
En su sentencia, del pasado 16 de septiembre, la CorteIDH ordenó a Venezuela “dejar sin efecto” las resoluciones del Contralor General que inhabilitaron a López “por un período de 3 y 6 años” y encontró culpable al Estado por violar los derechos del exfuncionario a la protección judicial y a la defensa en los procedimientos que derivaron en las sanciones.
Según ese fallo, si bien López “ha podido ejercer otros derechos políticos, está plenamente probado que se le ha privado del sufragio pasivo, es decir, del derecho a ser elegido”.
Consultada sobre la decisión del TSJ, la contralora encargada, Adelina González, explicó que López “nunca ha tenido inhabilitación política, solo ha tenido una limitación para desempeñar cargos públicos”.  “Él, cuando cumpla su sanción (…) una vez vencido el periodo de la sanción, pues podrá optar a otros cargos públicos. En el 2014 concluyen las sanciones que le fueron puestas”, indicó la funcionaria.
Los magistrados de la corte resolvieron que el Estado, mediante los órganos competentes, particularmente el electoral, “deben asegurar que las sanciones de inhabilitación no constituyan impedimento para la postulación” de López en procesos electorales.
La decisión de inhabilitar a López fue tomada por la Contraloría en agosto de 2008 por dos casos de presunto mal uso de los recursos durante su gestión como alcalde.
El procurador general, Carlos Escarrá, ha explicado que la Contraloría inició el proceso de inhabilitación en diciembre de 1998, después de que López supuestamente recibiera dinero de la gerencia de relaciones públicas de la estatal Petróleos de Venezuela (PDVSA), que dirigía entonces su madre, Antonieta Mendoza de López, para fundar el partido Primero Justicia.
Las investigaciones realizadas en ese momento, dijo Escarrá, determinaron que en este caso “existía tráfico de influencias, concierto para delinquir y una serie de ilícitos administrativos”.
Además, el procurador recordó que a López se le acusa de tomar una partida presupuestaria que debía ser destinada a la Alcaldía Metropolitana “para otras cosas” cuando era alcalde del municipio capitalino de Chacao.
Según la defensa de López, en 1996 se realizó un concurso público que organizó la petrolera para financiar proyectos de desarrollo social en Venezuela en el que participaron más de 200 organizaciones y que finalmente ganó la Asociación Civil Primero Justicia, que después pasó a ser partido político.


Artículo impreso desde Infolatam: http://www.infolatam.com
URL del artículo: http://www.infolatam.com/2011/10/17/venezuela-el-supremo-declara-inejecutable-la-decision-de-la-corteidh-sobre-opositor/
URLs in this post:
[1] fallo de la Corte Interamericana de Derechos Humanos (CorteIDH): http://www.infolatam.com/go.php?http://www.corteidh.or.cr/docs/casos/articulos/seriec_233_esp1.pdf
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Efectos de una decisión ambigua y antijurídica
Publicado por M.Teresa Romero :: 18 octubre, 2011 @ 02:48 :: El Análisis de Infolatam,Tipo de Noticia | Sin comentarios
Como era de esperarse de un Tribunal Supremo de Justicia que está politizado y responde a las órdenes expresas del presidente Hugo Chávez Frias ─como bien lo demuestran sus ejecutorias de los últimos años─ su Sala Constitucional ratificó la decisión de la Contraloría General de la República de 2008, por medio de la cual inhabilitó al dirigente político Leopoldo López a presentarse a cargos públicos aún sin haberlo juzgado por presunta irregularidad administrativa.
Con esta decisión, el TSJ desacata el fallo favorable a su habilitación política que dictaminó la Corte Interamericana de Derechos Humanos (CIDH) el pasado septiembre, la cual ordenó a las autoridades venezolanas, en específico al Consejo Nacional Electoral (CNE), que le permitiesen a López participar en las elecciones presidenciales de 2012. Ello, a pesar de que los fallos de la Corte son de obligatorio cumplimiento para los Estados partes de la Convención Americana de Derechos Humanos, como es el caso de Venezuela, y pese a que nuestra Constitución Nacional establece que ”Los tratados, pactos y convenciones relativos a derechos humanos, suscritos y ratificados por Venezuela, tienen jerarquía constitucional y prevalecen en el orden interno” y que “son de aplicación inmediata y directa por los tribunales y demás órganos del Poder Público”.
Si bien esta decisión que obstaculiza las aspiraciones presidenciales de Leopoldo López (y hasta paralizar definitivamente porque de seguro el Consejo Nacional Electoral la seguirá), es bien acogida en las filas del partido oficialista y entre los seguidores de Hugo Chávez, no deja de tener un impacto negativo para el gobierno. Los chavistas ven en ella que la autoridad del presidente enfermo es aún firme y respetada, y que el aparato gubernamental del régimen continúa bien aceitado para las elecciones venideras. Eso le es favorable al gobierno.
Sin embargo, la misma refuerza la posición de la oposición democrática, que actuará unida como hasta ahora lo ha hecho en defensa de López. La Mesa de la Unidad Democrática ya anunció que denunciará el desacato ante el Secretario General de la OEA y otros entes internacionales “pues dibuja de cuerpo entero el talante antidemocrático y antijurídico de quienes nos gobiernan”. Aún más, es probable que produzca fuerte rechazo en una buena cantidad de los llamados “ni-ni”, parte de los venezolanos que se definen como independientes, como indecisos ante el panorama electoral. Esto no le favorece para nada al gobierno.
De hecho, la forma cómo la presidenta del TSJ, Luisa Estella Morales, anunció la decisión está siendo ya evaluada negativamente por varias figuras y expertos independientes. Su declaración asegurando que los derechos políticos de Leopoldo López están garantizados y que por lo tanto puede postularse a cualquier cargo público si lo desea pero que administrativamente no puede ejercerlo por haber incurrido en actos de corrupción, ha sido considerada como ambigua, cínica y hasta irrespetuosa.
A su vez, la resolución del Tribunal Supremo que evidentemente desacata una norma internacional de obligatorio cumplimiento, sin duda acrecentará la imagen antidemocrática y el creciente desprestigio del presidente Chávez y su gobierno en la comunidad internacional, en particular en el sistema interamericano donde se encuentra desde hace tiempo bajo la lupa. Es de recordar que de los 12 fallos de la CIDH contra Venezuela, el gobierno de Hugo Chávez apenas ha ejecutado parcialmente dos.

Artículo impreso desde Infolatam: http://www.infolatam.com
URL del artículo: http://www.infolatam.com/2011/10/18/efectos-de-una-decision-ambigua-y-antijuridica/

domingo, 4 de setembro de 2011

Ameaça fascista no Brasil - Reinaldo Azevedo


Na verdade, eu não distinguiria entre fascismo "de direita" e fascismo "de esquerda". No fundo qual é a diferença? 
NENHUMA. Ambos são fascistas, no sentido mais ordinário da palavra.
De fato, não existe qualquer diferença: ambos, digamos o fascismo histórico de Mussolini na Itália dos anos 1924-a 1943, e certos fascismos em construção na América Latina buscam fundamentalmente as mesmas coisas: controlar, pelas mãos sujas do Estado e do partido que o comanda, a vida de todos e de cada um dos cidadãos dessa nação infeliz.
O Brasil ainda não vive em fascismo, embora tenha conhecido uma versão light desse sistema durante a ditadura do Estado Novo (1937-1945), na era Vargas, que começa em 1930 e só vai terminar mesmo já na República de 1946, em 1954, com o suicídio do presidente eleito, vivendo em regime de funcionamento normal das instituições.
Durante a fase ditatorial, o fascismo no Brasil consistiu basicamente na censura total aos meios de comunicação, no fechamento do Congresso, na proibição de partidos políticos, nas diversas restrições ¡as liberdades, na repressão aos opositores do regime, e nas prisões arbitrárias e tortura de opositores mais ativos (como os comunistas).
O PT não pretende o mesmo sistema hoje em dia, e nem poderia, mas muitos dos seus militantes são perfeitos bolcheviques, que gostariam, sim, de uma "ditadura do partido", e só não fazem por que não podem. Se pudessem, fariam.
O espírito fascista, tanto dos mussolinianos, quanto dos petistas atuais, é o mesmo: impor a sua hegemonia, a sua verdade.
Para isso, eles usam da mentira, da fraude, dos roubos e de vários outros crimes para conseguir seus intentos.
Não estou dizendo que todos os petistas são assim, e alguns até são criaturas perfeitamente razoáveis, com as melhores intenções, mas todos eles são gramscianos, ou seja, possuem a semente da dominação totalitária, da completa dominação do partido sobre a sociedade, mesmo querendo fazer o bem.
Por isso não existe NENHUMA diferença entre fascismos de direita e de esquerda, inclusive porque não existe nenhuma diferença entre as políticas preconizadas.
Todas elas possuem os mesmos fundamentos e produzem os mesmos resultados, quer feitas em nome do proletariado, ou da burguesia, ou de qualquer outra categoria social.
Paulo Roberto de Almeida 



Reinaldo Azevedo, 
04/09/2011 09:33:08

É sob pressão que pessoas, partidos e até instituições revelam a sua real natureza. Os cemitérios tendem a ser iguais nas ditaduras e nas democracias. A grande diferença se dá mesmo no mundo dos vivos. O 4º Congresso do PT, que começou ontem e termina hoje, está prestando um grande serviço ao país e à política. Os petistas revelam que não aprenderam nada nem esqueceram nada depois de nove anos de poder. Continuam os autoritários de sempre, decididos a substituir a sociedade pelo partido, conforme seu projeto original. Quem presta um pouco de atenção à história das idéias não está surpreso.
O petismo é um descendente do bolchevismo no que concerne à organização da sociedade, entendendo que a nação deva ser conduzida por um ente que decide em lugar dos cidadãos, porém adaptado — e como! — aos tempos modernos.  Para o modelo, que ainda está em construção, pouco importa se os petistas estão ou não oficialmente no poder: eles sempre estarão por intermédio dos fundos de pensão, dos sindicatos, do aparelhamento das estatais. O petismo é um fascsmo de esquerda.
No que concerne à ordem econômica, tudo vai muito bem para os companheiros, até porque têm como seu principal aliado o capital financeiro, que não quer saber a cor dos gatos desde que eles cacem ratos. O curioso embate que se dáno Brasil é entre a esquerda financeira, financista e rentista, com a qual os petistas compuseram, e a direita assalariada, que trabalha. Chamo de “direita” aqui, para deixar claro, as pessoas que ainda se ocupam de alguns dos velhos (!) e bons fundamentos das sociedades liberais: liberdade individual, igualdade perante a lei, incentivo ao empreendedorismo, estado enxuto, tudo o que parece hoje fora de moda. Os petistas não querem mexer no “sistema”. Ao contrário: pretendem reforçá-lo por meio, por exemplo, de uma reforma política estúpida, que extrema todos os males do modelo vigente.
Só uma coisa incomoda o PT: o regime de liberdades públicas que se respira no país. Isso eles não podem suportar. Então um partido ganha uma eleição — ou três… ou dez —, e ainda há gente na imprensa que se atreve a criticá-lo, que não concorda com sua ilegalidades, que resiste às suas tentações e práticas totalitárias, que não se submete a seus desejos e vontades? “Mas a gente não conquistou nas urnas o direito de fazer o que bem entende?”, eles se perguntam espantados. E a resposta, evidentemente, é “Não!” Eles conquistaram nas urnas A OBRIGAÇÃO de seguir as regras do estado de direito, de se submeter à lei, de nos servir por intermédio de um mandato, que pode ser revogado numa nova eleição ou mesmo num processo de impedimento.
Com a reportagem que revelou as lambanças de José Dirceu em Brasília, VEJA denunciou mais do que as lambanças do “consultor de empresas privadas” — poderoso chefão de um “governo paralelo” e  sua mímica asquerosa de chefe de máfia —; a revista denunciou um método. E os petistas estão infelizes. Em outros tempos, eles mandariam empastelar a publicação, fariam quebra-quebra, perseguiriam os profissionais, exigiriam a demissão desse ou daquele, lotariam os porões do regime com essa gente recalcitrante… Hoje eles se civilizaram; pretendem perseguir seus desafetos por meio de instrumentos legais.
O texto do PT que volta a pregar o controle da “mídia” expõe como nunca a natureza do jogo. Eles até se mostravam dispostos a condescender com a democracia desde que nós não fizéssemos uso efetivo dela. Era como se dissessem: “Nós garantimos a sua liberdade, mas a condição é que não nos incomodem”. Tanto é assim que, não faz tempo, a Executiva Nacional do partido aprovou um documento em que abandonava essa estupidez. Mudou radicalmente de idéia. VEJA decidiu demonstrar que liberdade de imprensa não é uma licença que se pede no cartório partidário, mas um direito garantido pela Constituição, uma fundamento das sociedades livres. Nos limites da lei, não pede licença nem pede desculpas.
Aí não dá! Figurões do partido como Gilberto Carvalho, secretário-geral da Presidência, e Ideli Salvatti, ministra das Relações Institucionais, defenderam ontem a “regulamentação da mídia”. Não custa notar que, durante a campanha — e mesmo depois de eleita —, Dilma Rousseff repudiou qualquer forma de controle. Ministros exercem cargos de confiança e falam pela presidente. Chegou a hora de enquadrá-los ou de confessar um estelionato.
Os fascistas de esquerda descobriram o gosto pelo capitalismo, mas não viram graça nenhuma na liberdade, que será sempre a liberdade de quem discorda de nós. Mas vão perder.
É crescente o número das pessoas que lhes dizem: “Não, vocês não podem. Não podem porque estamos aqui”.

terça-feira, 10 de maio de 2011

De fato, ja vivemos em ditadura: Brasil proibicionista...

A concepção autoritária, dirigista, intervencionista, eu até diria totalitária de muitos dos que estão no poder atualmente levou-nos a esta situação: somos considerados crianças, incapazes, idiotas ou qualquer outra coisa que não seja a condição de pessoas inabilitadas para estabelecer juízos de valor por nossa própria conta, arbitrar entre preferências, decidir o que é melhor para nós mesmos. Não podemos fazer mal à nossa saúde, por isso não podemos consumir tais e tais produtos, não podemos ter as menores "perversões" -- indulging em doces, ou cerveja, por exemplo -- que logo vem um órgão público nos avisar dos perigos disso e daquilo.
Isso se chama fascismo e os órgãos mais fascistas de todos são, sem dúvida alguma, a Receita Federal e a Anvisa. Mas existem muitos outros e sobretudo existem vontades totalitárias que querem nos impedir de ser o que somos.

Os proibicionistas
JOÃO LUIZ MAUAD
O Globo, 10/05/2011

No Brasil, a exemplo do que já ocorre em outras praças, o proibicionismo vem ganhando cada vez mais espaço nas políticas públicas. Recentemente, os brasileiros foram proibidos de ingerir remédios para emagrecer, mesmo se receitados por médicos. Antes disso, já nos haviam proibido de recorrer ao bronzeamento artificial e de pitar uns cigarrinhos eletrônicos. Os especialistas da Anvisa também não querem que os malvados donos de drogarias nos vendam produtos outros que não remédios e cosméticos. Para proteger a nossa saúde, as indústrias de alimentos devem reduzir os teores de açúcar, gorduras e sal em seus produtos. A propaganda de bebidas, cigarros e até brinquedos é rigidamente controlada. Repare, caro leitor, que nos anúncios de cerveja ninguém leva o copo à boca. Só não me perguntem por quê.

Mas o furor regulatório não para aí. Entrará em vigor, nos próximos dias, uma nova norma para o uso dos cartões de crédito. "A fim de evitar o superendividamento das famílias", o Banco Central estabeleceu que o pagamento mínimo das faturas, a partir de junho de 2011, será de 15% do total, chegando a 20% em dezembro (hoje é de 10%). Resumo da ópera: nem mais decidir o quanto nos endividar podemos.

Além dos exemplos acima, existe no país uma infinidade de normas cujo objetivo é organizar e controlar as nossas vidas. O fato de políticos, burocratas, especialistas e ativistas fazerem-se de nossas babás não é novidade. O absurdo é como nós permitimos que eles assumam essa função sem nos dar conta de que estamos, cada vez mais, abrindo mão de nossa liberdade.

A síntese do pensamento proibicionista é a seguinte: as pessoas são incapazes de saber o que é melhor para elas e o governo deve, portanto, protegê-las de seus próprios desejos, necessidades e ignorâncias, bem como da ganância e da esperteza de comerciantes inescrupulosos. Somente o governo e seus especialistas são sábios, enquanto os cidadãos comuns são seres fracos e sem juízo, que devem ser eternamente guiados e protegidos para que não se machuquem. Depois do recente massacre de Realengo, por exemplo, houve até quem pretendesse censurar o noticiário a respeito, para não incentivar outros psicopatas a agir de modo semelhante.

Os proibicionistas imaginam ter adquirido o preciso conhecimento sobre o que os demais podem, desejam ou merecem ter. Por conta disso, sentem uma necessidade irresistível de ditar o que deve ser feito, como deve ser feito e quando deve ser feito. Alguma força avassaladora os compele a nos proteger de nós mesmos. A ideia de permitir que as pessoas sigam o seu próprio destino - às vezes errando, outras vezes acertando, eventualmente até morrendo por causa do caminho que escolheram - está além da sua compreensão, pois a imperfeição, para eles, é algo inadmissível.

Já que as pessoas não estão autorizadas a tomar decisões equivocadas ou a agir de modo errado, a solução é nada menos que planejar a vida alheia nos mínimos detalhes, da forma como eles imaginam ser a melhor, a mais eficiente e menos dolorosa para todos. O indivíduo ideal não é um ser humano, com suas vicissitudes e idiossincrasias, mas apenas uma peça inanimada num tabuleiro de xadrez, que eles podem mover à vontade, de um lado para outro, da frente para trás. Os proibicionistas simplesmente não conseguem compreender os conceitos de livre arbítrio e responsabilidade individual.

Malgrado toda a longa história das tiranias ao redor do mundo, a verdade é que os defensores da liberdade sempre estiveram na defensiva, especialmente em função da indefectível comparação entre o mundo real - com todas as suas imperfeições - e o mundinho ideal que povoa os corações e as mentes de muita gente - vide Platão, Thomas More e muitos outros expoentes do bom e velho Estado-Babá. Em função desse ideal utópico, existe uma fortíssima tendência no sentido de se considerar quaisquer intervenções governamentais como boas e desejáveis, enquanto a liberdade de escolha é vista como algo nocivo, que precisa ser evitado a todo custo.

O que há de mais deletério no proibicionismo, entretanto, é que ele pretende promover um suposto interesse geral não pelo estabelecimento de mecanismos capazes de persuadir os homens a fazer opções diversas das originais, mas simplesmente forçando-os a agir contra o que seriam as suas escolhas se livremente pudessem optar. Em outras palavras, as medidas proibicionistas visam a substituir os valores e desejos dos interessados pelos dos sábios e puros agentes públicos.

JOÃO LUIZ MAUAD é administrador de empresas.

segunda-feira, 28 de março de 2011

Fascismo corporativo: de Mussolini ao PT

Parece que não mudou muito, ou não mudou nada...

Mentalidade Fascistóide
João Luiz Maua
março 28, 2011

Durante a crise de 2008, em meio a uma queda acentuada dos preços de seus produtos e de uma forte retração da demanda internacional, o presidente da Vale do Rio Doce, Roger Agnelli, teve a ousadia de, em nome dos interesses dos acionistas, tomar algumas decisões que contrariavam os interesses políticos do Governo Lula, como a demissão de pessoal, o corte de investimentos e a aquisição de navios no exterior. Dali em diante, mesmo que de forma dissimulada, sua substituição passou a ser uma questão de honra para os áulicos petistas.

Semana passada, finalmente, a máscara caiu e o ministro Guido Mantega pediu formalmente a cabeça de Agnelli ao comando do Bradesco, maior acionista privado da companhia. Apesar dos excelentes resultados obtidos pela Vale durante a gestão do executivo, quando o valor de mercado saltou de US$ 9 bi para incríveis US$ 176 bilhões, dificilmente o governo não sairia ganhando com a chantagem, ainda que contra a vontade da maioria dos acionistas e funcionários.

O capitalismo de compadres (talvez “comparsas” fosse uma alcunha mais adequada) que vigora atualmente em terras tupiniquins tornou a maior parte das empresas, notadamente as que atuam em setores fortemente regulados, como o bancário, reféns dos humores de políticos e burocratas (embora, a bem da verdade, elas não tenham muito do que reclamar, já que os benefícios que tiram desta relação incestuosa com o governo não são desprezíveis). Exemplo claro de que a bajulação e o compadrio muitas vezes chegam às raias da indecência foi a recente demissão de Alexandre Schwartsman do Banco Santander, ocorrida logo depois que o economista teve o atrevimento de afirmar, na cara do presidente da Petrobras, algo que todo mundo já sabia: que as contas do governo são elaboradas através de malabarismos e artifícios contábeis.

Mas voltemos a Agnelli. Uma fonte do Governo Dilma, ouvida pela Agência Reuters sob a condição de anonimato, resumiu toda a questão de forma simples e direta. Segundo ela, a Vale “é a maior exportadora do Brasil e não pode se comportar de forma que não esteja de acordo com os interesses nacionais” (seja lá o que isto queira dizer). A mesma fonte admitiu ainda certo ciúme governamental, proveniente de uma suposta influência da Vale na China, de longe o maior importador de minérios do mundo e grande potência econômica emergente. Nas suas palavras, “Agnelli tem mais poder de persuasão sobre os chineses do que o embaixador brasileiro ou, até mesmo, a presidente”.

Aquela curta entrevista deixou patente a mentalidade fascistóide reinante nas entranhas do governo petista. No livro “Fascismo de esquerda”, Jonah Goldberg sustenta com propriedade que muitos esquerdistas estão corretos quando lamentam a cumplicidade entre governo e grandes corporações. O que eles são totalmente incapazes de compreender, no entanto, é que este é o sistema que eles mesmos abraçaram. Um sistema no qual o governo consente que os empresários permaneçam à frente dos negócios e, numa demonstração de cooperação e unidade, até mesmo lhes garante muitos benefícios e privilégios de toda sorte. Em troca, espera apenas que eles concordem com sua agenda política – e, de preferência, o ajude a implementá-la.

Arranjos como esse não foram raros ao longo da História. Desde o fascismo de Mussolini, passando pelo Nazismo de Hitler ou o New Deal de Roosevelt, até os dias de hoje, inúmeros governos mundo afora praticaram – e ainda praticam – esse “capitalismo” de Estado. No nazismo, por exemplo, os empresários provavam a sua lealdade ao Fuher sendo bons “cidadãos corporativos”, exatamente como fazem muitos hoje. Segundo Goldberg, a maneira de demonstrar lealdade difere significativamente – e o conteúdo moral das diferentes agendas também. É evidente a diferença entre o que o regime nazista esperava dos “bons empresários alemãos” e o que o petismo espera das nossas lideranças empresariais, como Agnelli, Eike Batista ou os banqueiros do Bradesco e do Santander. Isto, no entanto, não altera algumas semelhanças fundamentais.

Muito embora existam correntes socialistas radicais dentro do próprio PT que pregam isso abertamente, não há razões para acreditar que o governo atual pretenda reestatizar a Vale. O que ele quer, repito, é atrelar a Vale à sua agenda política e social. “A Responsabilidade social corporativa”, costumam dizer os esquerdistas, “é a pedra angular do desenvolvimento econômico e social sustentável”. Não é preciso ser nenhum George Orwell para decifrar o que isso quer dizer em “novilíngua”.

sexta-feira, 11 de março de 2011

A (in)"Justica" do Trabalho asfixia o Brasil: deveria ser extinta, simplesmente

Sempre achei que a tal de "Justiça do Trabalho" (que mereceria aspas triplas) sempre foi mais causa de conflitos trabalhistas do que uma solução aceitável para o país.
Sem afirmar que seja uma completa jabuticaba -- isto é, uma "inovação" só existente no Brasil -- é aqui que ela atingiu seu máximo "esplendor", se ouso dizer, causando um enorme custo econômico -- e até social -- ao Brasil e provocando um grau de litigiosidade que não existiria se ela não existisse, justamente.
Só ganham os "adevogados" trabalhistas -- que se locupletam com a desgraça alheia, sobretudo dos empresários, mas também dos próprios trabalhadores -- e a imensa casta de servidores dessa injustiça consumada: juizes e outros funcionários corporativos. O custo total dessa máquina esclerótica é muito superior às causas que ela supostamente processa.
Ela é um atraso absoluto, relativo, estupendo e exemplar, sobre o quanto somos surrealistas em preservar instituições que jamais deveriam ter sido "inventadas".
O Brasil é o último reduto do fascismo social.
Paulo Roberto de Almeida

Leis trabalhistas do Brasil são arcaicas e contraproducentes, diz 'Economist'
Uol Notícias, 11/03/2011

Código trabalhista prejudicaria igualmente empresas e trabalhadores

As leis trabalhistas do Brasil são arcaicas, contraproducentes e oneram tanto empresas quanto trabalhadores, diz uma reportagem da revista britânica The Economist que chegou às bancas nesta sexta-feira.

A reportagem, intitulada Employer, Beware (Empregador, Cuidado), afirma que as leis trabalhistas brasileiras são ''extraordinariamente rígidas: elas impedem tanto empregadores como trabalhadores de negociar mudanças em termos e condições, mesmo quando há um acordo mútuo".

Para a revista, a legislação incentiva trabalhadores insatisfeitos a tentar que sejam demitidos em vez de pedir demissão.

Esse ciclo, acrescenta a Economist, induz também empresários a preferir não investir em treinamento de seus funcionários, já que esse é um investimento que pode não dar retorno.

De acordo com a publicação, as leis trabalhistas do Brasil são ''uma coleção de direitos de trabalhadores listados em 900 artigos, alguns escritos na Constituição do país, originalmente inspirados no código trabalhista de Mussolini''.

A reportagem diz que o conjunto de leis é custoso e que ''demissões 'sem justa causa'' geram multas de 40% sobre o que um trabalhador recebe", acrescentando que nem ''um empregado preguiçoso ou um empregador falido constituem 'justa causa'".

Custos
O artigo comenta que, em 2009, um total de 2,1 milhões de brasileiros processaram seus empregadores em cortes trabalhistas. ''Estes tribunais raramente se posicionam favoravelmente aos empregadores. O custo anual deste ramo do Judiciário é de de mais de R$ 10 bilhões (cerca de US$ 6 bilhões).

De acordo com a Economist, ''empresários há muito reclamam que essas onerosas leis trabalhistas, juntamente com elevados impostos sobre os salários, impedem-nos de realizar contratações e os empurram para fazer pagamentos por debaixo dos panos, isso quando esses pagamentos são feitos''.

O passado sindical do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva representava, no entender do empresariado brasileiro, uma esperança de que ele estaria mais bem situado que seus predecessores para persuadir trabalhadores a aderir a regras mais flexíveis que seriam melhores para eles.

Mas a publicação britânica acrescenta que os escândalos que abalaram o primeiro mandato de Lula impediram a implementação desta e de outras reformas.