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terça-feira, 21 de julho de 2015

Impeachment: quase dois tercos dos brasileiros a favor; e agora?

Parece que ainda existe espaço, tanto para a diminuição de índices ainda mais ridículos de aprovação -- digamos, abaixo de 5% -- quanto para o aumento dos favoráveis ao impedimento constitucional.
Os brasileiros não se interessam em saber se vai ser por crime de responsabilidade -- as famosas pedaladas fiscais, por exemplo -- ou por crime eleitoral -- dinheiro sujo, extorquido pelos mafiosos do partido de empresas privadas e de empresas estatais -- o que eles querem é punir quem mentiu, quem produziu inflação, quem está tirando o emprego e deixando todos mais pobres.
Ainda há espaço: allons enfants...
Paulo Roberto de Almeida

Dilma supera FHC e atinge pior nível de aprovação em pesquisa CNT/MDA
MARIANA HAUBERT
DE BRASÍLIA
Folh de S. Paulo, 21/07/2015

Mesmo diante da tentativa de recuperar a sua popularidade, a avaliação do governo da presidente Dilma Rousseff atingiu o menor nível histórico na pesquisa CNT/MDA, marcando 7,7% de aprovação com quem o considera ótimo ou bom e com 70,9% que consideram seu governo ruim ou péssimo, segundo pesquisa CNT/MDA divulgada nesta terça-feira (21).

Outros 20,5% consideram o governo apenas regular e 0,9% não souberam responder. Em relação a um eventual pedido de impeachment da presidente, 62,8% dos entrevistados se disseram a favor da saída da petista enquanto 32,1% disseram ser contra. Nesta questão, 5,1% das pessoas não souberam ou não quiseram responder.

Na pesquisa anterior, de março, 64,8% dos entrevistados consideram o governo da petista ruim ou péssimo contra 10,8% que o avaliam como ótimo ou bom.

Infográfico Avaliação do governo da presidente Dilma, em % - Crédito: Editoria de Arte/Folhapress

O pior índice registrado pela pesquisa até então havia sido em setembro de 1999, no segundo mandato do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (PSDB). Na época, o governo do tucano foi avaliado positivamente por apenas 8% dos entrevistados, e 65% fizeram avaliação negativa de sua gestão. O levantamento é feito desde julho de 1998.

Para 60,4% dos entrevistados, a crise econômica é a mais grave crise pela qual o país passa no momento. Já a crise política foi considerada mais grave por 36,2% das pessoas questionadas.

IMPEACHMENT

Em relação a um eventual pedido de impeachment da presidente, 62,8% dos entrevistados se disseram a favor da saída da petista, enquanto 32,1% disseram ser contra. Nessa questão, 5,1% não souberam ou não quiseram responder.

Para a maioria dos entrevistados (26,8%), a principal justificativa para um impedimento de Dilma seriam irregularidades nas prestações de contas do governo, as chamadas pedaladas fiscais, sendo seguido por outro motivo, o da corrupção na Petrobras (25%). Outra justificativa para o impeachment seria a comprovação de irregularidades nas contas de campanha presidencial de 2014, motivo considerado por 14,2% dos entrevistados.

A aprovação do desempenho pessoal de Dilma registrou 15,3% de aprovação, contra 79,9% de desaprovação. Nesta pergunta, 4,8% dos entrevistados não soube ou não quis responder. Este também é o menor nível histórico registrado pela pesquisa CNT/MDA para a avaliação pessoal da petista.

Foram entrevistadas 2.002 pessoas em 137 municípios de 25 estados nas cinco regiões do país. A margem de erro é de 2,2 pontos percentuais, com 95% de nível de confiança.

ELEIÇÕES

A pesquisa simulou cenários eleitorais, com três possíveis candidatos do PSDB, considerando que as eleições poderiam ser hoje. Em perguntas estimuladas, em que os pesquisadores indicam os nomes dos candidatos, apenas o senador Aécio Neves (MG) poderia ficar a frente de ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. O governador de São Paulo, Geraldo Alckmin e o senador José Serra (SP) ficariam em terceiro lugar, atrás da ex-senadora Marina Silva.

No primeiro cenário, Aécio registrou 35,1% das intenções de voto, sendo seguido por Lula, com 22,8%. Marina Silva aparece em terceiro lugar com 15,6% das intenções de voto. A pesquisa citou ainda o deputado federal Jair Bolsonaro (PP-RJ), que ficou com 4,6% neste cenário.

Com Alckmin na disputa, Lula registra 24,9% das intenções de voto e Marina Silva, 23,1%. O tucano aparece em terceiro, com 21,5% dos votos. Bolsonaro registrou 5,1% dos votos.

Já no terceiro cenário, com o senador José Serra (PSDB-SP), disputando a eleição. Lula aparece novamente em primeiro lugar, com 25% sendo seguido novamente por Marina Silva, com 23,3%. Serra registrou 21,2% das intenções de voto e Bolsonaro, 5,5%.

O presidente da CNT, o ex-senador Clésio Andrade (PMDB-RJ), explicou que a inclusão do nome de Bolsonaro se deu porque a pesquisa costuma citar possíveis candidatos de menor expressão. "Em pesquisas passadas, citamos outros nomes e agora incluímos o dele", disse em entrevista após a divulgação da pesquisa.

Apesar de Marina Silva ter ficado em segundo lugar em dois cenários, a pesquisa registrou simulações de um segundo turno apenas entre os três candidatos do PSDB e Lula. Nos três cenários, Lula perderia as eleições. Aécio poderia vencer o petista com 49,6% das intenções de voto, contra 28,5% de Lula; Alckmin poderia vencer com 39,9%, contra 32,3%; e Serra registraria 40,3%, contra 31,8% dos votos. Andrade admitiu que os cenários estimulados foram uma "falha da pesquisa".

A pesquisa também mediu a percepção de como estaria um governo de Aécio Neves em relação ao da presidente Dilma, caso ele tivesse vencido as eleições de 2014. Para 44,8%, ele seria melhor e para 10,9%, pior. Já para 36,5% dos entrevistados, os governos seriam iguais.

Questionado sobre o por que de a pesquisa não ter feito uma pergunta livre sobre intenção de voto, sem sugerir nomes de candidatos, Andrade afirmou apenas que a sondagem segue "um padrão e esse padrão tem sido mantido, independente de questões locais e regionais".

CORRUPÇÃO

Para metade dos entrevistados (53,4%), a corrupção é um dos principais problemas do país. Para 37,1%, ela é o principal problema e para 7,8%, ela não está entre os principais problemas. Apenas 0,3% não a consideram como um problema.

Grande parte dos entrevistados (78,3%) declarou já ter ouvido falar sobre as investigações da Operação Lava Jato e sobre o envolvimento da Petrobras e para maior parte deles, Dilma tem mais culpa no caso de corrupção do que Lula, sendo que 69,2% consideram que a presidente é culpada pela corrupção que está sendo investigada na estatal e 23,7% disseram que ela não tem culpa. Já os que consideram Lula como culpado, somaram 65%, contra 27,2% que o eximem de culpa.

A pesquisa, no entanto, não fez nenhuma pergunta espontânea sobre quem seria o culpado pela corrupção na Petrobras. Nos dois questionamentos sobre culpados, a pesquisa sugeriu primeiro o nome de Dilma e, depois, o nome de Lula.

Questionado sobre a metodologia, Andrade afirmou apenas que a pesquisa considerou o governo atual e o anterior porque eles correspondem ao período das denúncias de corrupção. Andrade foi vice-governador de Aécio Neves, no primeiro mandato, quando ele governou Minas Gerais, entre 2003 e 2010.

Para os que já ouviram falar da operação, o governo é o maior responsável pela corrupção na Petrobras (40,4%), sendo seguido pelos partidos políticos (34,4%), pelos diretores ou funcionários da empresa (14,2%), construtoras (3,5%) e outros fatores (2,8%). Já para 0,4% dos entrevistados, nenhum dos citados é responsável pela corrupção na empresa.

A maioria dos entrevistados (67,1%), no entanto, não acredita que os culpados pela corrupção na Petrobras serão punidos. As penas deverão ser aplicadas apenas segundo 30% dos entrevistados. O cenário piora quando se pergunta se as denúncias prejudicarão a economia do país, em que 86,8% dizem que sim, e apenas 11,9% consideram que elas não têm influência no cenário econômico.

E para metade das pessoas (52,5%), o governo não conseguirá resolver o problema de corrupção na estatal. Apenas 8% consideram que a corrupção pode ser extirpada da empresa e 37% acham que os problemas serão resolvidos em parte.

EXPECTATIVAS

A pesquisa registrou também que 55,5% dos entrevistados acreditam que a situação do emprego no país vai piorar nos próximos seis meses, sendo que 15% acreditam em um cenário melhor e 27,5% dizem que não vai haver mudanças. Já em relação à renda mensal para o mesmo período, metade dos entrevistados disseram a situação permanecerá igual.

Dos entrevistados, metade teme ficar desempregado e 43,7% disseram não ter este medo. A sondagem, no entanto, não questionou em quanto tempo eles temiam perder seus empregos. Quase 70% das pessoas disseram conhecer alguém que ficou desempregado nos últimos seis meses.

sexta-feira, 29 de maio de 2015

O Brasil vai voltar? Dificilmente enquanto o Estado for um trambolho - Marcos Troyjo (FSP)

O Brasil vai voltar?
Sem estratégia, país dificilmente 'reemergirá'
Marcos Troyjo
Folha de S. Paulo, Sexta-feira, 29 de maio de 2015

Há poucos dias, durante a cerimônia de entrega do prêmio Pessoa do Ano, outorgado pela Câmara Brasil-EUA de Nova York, coube ao publicitário Nizan Guanaes o discurso de apresentação do homenageado norte-americano, o ex-presidente Bill Clinton. FHC foi o laureado brasileiro.

Em sua fala, referiu-se ao otimismo de Clinton quanto aos EUA no período mais agudo da Grande Recessão desencadeada em 2008 pela crise das dívidas do tipo "subprime" -- com efeitos lancinantes no setor financeiro dos EUA e em todo mundo.

Naquele instante de desalento, em que seu status como superpotência foi mais que nunca questionado -- e se estabeleceram supostas certezas quanto ao declínio progressivo e inevitável dos Estados Unidos --, Clinton sugeria: "Nós [os EUA] vamos voltar".

Fazendo um paralelo com o atual desânimo e desapontamento, no país e no exterior, quanto aos rumos do Brasil, Nizan também apostou: "Nós [o Brasil] também vamos voltar". O publicitário revisitou o tema em sua coluna da terça-feira passada nesta Folha.

Pode-se dizer que Clinton estava certo. Ainda que distante do ideal, a economia dos EUA recuperou-se em grande medida.

O valor das empresas nas Bolsas já supera os níveis pré-crise. A produtividade continua dinâmica. Há um refluxo de capitais industriais antes estacionados na China. Washington lidera o desenho de novas geometrias de comércio e investimento no Atlântico e no Pacífico. Como vaticinava Clinton, os EUA de fato "voltaram".

As atitudes empreendedoras e um ambiente amigável aos negócios alavancaram a retomada norte-americana.

A atmosfera pró-mercado, tão presente em empresas e universidades, facilita essa reinvenção do país. Como tecnologias e setores surgem, amadurecem e são substituídos por outros, o jogo da inovação é o grande motor da economia dos EUA.

Graves acidentes, como a crise dos "subprimes", deixam seus traumas e cicatrizes. No entanto, se o ambiente econômico-institucional continua operando abertamente e conduzindo a inovações em série, a ideia de que os "EUA voltarão" tem menos o aspecto de "fé num destino manifesto e naturalmente realizável".

É mais o resultado de um "movimento cíclico". Os EUA continuam a ser -- com a crescente companhia da China -- o grande núcleo irradiador de novas práticas e tecnologias às quais o resto do mundo tem de se adaptar.

Nesse contexto, em que a ascensão e a queda das nações, no limite, resultam de suas capacidades endógenas de promover inovações, será que o Brasil "vai voltar"?

A recente "Brasilmania" que se sentiu em todo o mundo (sobretudo no período 2006-2011) não resultou majoritariamente de maciços processos de incremento de produtividade e inovação.

Tal sentimento positivo em relação ao país -- agora infelizmente substituído por ceticismo e decepção --originou-se de fatores que, sem dúvida, levam uma nação a crescer durante um certo tempo, mas não a mudar de paradigma.

Bônus demográfico com mais gente trabalhando e expandindo a riqueza das famílias, descoberta de petróleo em águas profundas, mais consumo e crédito a setores de renda baixa -- tudo isso ajuda a crescer.

Com a escala territorial e populacional brasileira, chama-se a atenção do mundo -- ainda mais com nossas vantagens comparativas nas commodities minerais e agrícolas que tanto nos ajudaram a engatar o vagão do crescimento na locomotiva chinesa.

Nada disso, no entanto, é suficiente se a opção é pela hipertrofia do setor público; se as universidades ainda travam o embate esquerda-direita nos termos dos anos 1960; se as empresas têm de dedicar mais tempo ao peso e peculiaridades do Fisco do que ao esforço pela geração de novas patentes; se em termos de comércio internacional ainda somos uma das economias mais fechadas do mundo.

Para "subir o degrau", o Brasil precisa construir alguns consensos sobre a forma como vai gerar riqueza.

O mais básico deles reside numa reforma institucional pró-negócios. O país está preocupado com a possibilidade de perder o "investment grade" -- o que é importante e legítimo. Deveria igualmente aproveitar este momento de rearrumação para promover um "business grade".

Não há nada de irreversível no declínio brasileiro. Também não há nada de automático e assegurado de que o Brasil reemergirá.

Esta não é uma questão de ausência de otimismo ou de se esquivar do aproveitamento de oportunidades em tempos de crise. É o resultado de uma brutal falta de estratégia.

O país acaba de perder posições no ranking global de competitividade elaborado pelo IMD da Suíça e pela Fundação Dom Cabral, encontrando-se agora em sua pior classificação desde que a métrica foi lançada, em 1989.

Isso se deve à falta de espírito empreendedor? Indisposição ao trabalho duro? Medo de enfrentar desafios? Não.

O governo brasileiro precisa sair da frente. Ou melhor, ser o arquiteto de reformas estruturais que lhe permitam ser menor e melhor. Só assim a criatividade brasileira se transformará em inovação –- único caminho viável para o Brasil "voltar".

segunda-feira, 11 de maio de 2015

Parabens companheiros: conseguiram criar a maior recessao em 25 anos - Epoca

Obra de Lula e Dilma: a maior recessão em 25 anos.
Segundo a revista Época, este é o resultado da inépcia de Lula e Dilma na condução da economia. De, fato, a conta chegou - e vai raspar os bolsos dos cidadãos para pagar a conta da roubalheira e da incompetência:

Os sinais de aprofundamento da crise econômica no país se multiplicam. Há duas semanas, o coquetel de más notícias foi especialmente indigesto para o governo, o PT e seus aliados. Depois de afetar as empresas e o governo, que gastou mais do que podia e agora tem de cortar gastos para equilibrar suas contas, a crise chegou ao emprego. Esse era o último pilar da gestão Dilma Roussef que resistia à desaceleração da economia. Segundo dados do IBGE, o desemprego voltou a subir em março, pelo quarto mês consecutivo, e atingiu o maior nível desde maio de 2011. Além do aumento do desemprego, a renda dos brasileiros teve em março a maior queda mensal desde 2003, quando Lula assumiu a Presidência. 

Na quarta-feira, dia 29, o Comitê de Política Monetária do Banco Central (Copom) anunciou uma nova alta de 0,5 ponto percentual na taxa básica de juros. Elevou-a para 13,25% ao ano, o maior nível desde 2008, no auge da crise global. Foi a quinta alta seguida nos juros desde setembro do ano passado. Diante da inflação de 8,2% ao ano, bem acima da meta, o Copom teve de recorrer mais uma vez ao remédio amargo dos juros, para tentar conter a escalada de preços. Ainda na quarta-feira, o Fundo Monetário Internacional (FMI) divulgou que o Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro deverá fechar 2015 com uma retração de 1%, a maior recessão em mais de duas décadas. A previsão do FMI reforça a percepção de que o Brasil está enfrentando uma estagflação, uma combinação perversa de estagnação econômica com inflação em alta.

Infelizmente, o atual quadro de desalento é o preço que os brasileiros terão de pagar pelos erros cometidos na política econômica por Dilma I e também por Lula, no final do segundo mandato. Ao contrário do que Dilma, Lula, o PT e seus aliados ainda insistem em dizer, a crise por que passa o país não se deve apenas a fatores externos. Suas raízes têm a ver essencialmente com  inépcia administrativa. A lista de equívocos, que só passaram a ser corrigidos depois da nomeação de Joaquim Levy para o Ministério da Fazenda, é longa: a gastança irresponsável de recursos públicos, as pedaladas fiscais, destinadas a multiplicar os recursos à disposição do governo sem lastro no orçamento, a concessão de benefícios seletivos a certos setores e empresas, o aparelhamento do Estado. Que o custo a ser pago pelos brasileiros pelo menos sirva como uma lição para que esses erros não venham a se repetir.

domingo, 10 de maio de 2015

Brava Gente Brasileira: a Marcha do Impeachment chega a Guara, SP -rumo a Brasilia (RA)

Integrantes do Movimento Brasil Livre se aproximam de Guará. Eles chegarão a Brasília (Foto: Kim Kataguiri)
Integrantes do Movimento Brasil Livre se aproximam de Guará. Eles chegarão a Brasília (Foto: Kim Kataguiri)
A moçada do Movimento Brasil Livre chegou a Guará, no interior de São Paulo, a 405 quilômetros da capital, rumo já à divisa com Minas. A cidade, fundada em 1902, com 21 mil habitantes, tem um lema: “Quo non ascendam?”. É uma adaptação da inscrição do brasão de Nicolas Fouquet, ministro de Luís XIV, que tinha a imagem de um esquilo. Significa: “Até onde não subirá?”. Guará adaptou e pôs o verbo na primeira pessoa: “Até onde não subirei?”. E se toma, então, em sentido mais geral, como sinônimo de determinação: “Aonde não chegarei?”.
Eis aí: o MBL chegará a Brasília para uma manifestação em favor do impeachment, marcada para o dia 27 de maio. Abaixo, o depoimento de um dos caminhantes.
Marcha Guará

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segunda-feira, 27 de abril de 2015

Governanca: deu a louca no governo - Esquizofrenia completa na politica economica

Alguém já ouviu falar de um governo que dá tiros no próprio pé?
É dificil mas existe. Adivinharam....
Pois é, o que passa por governo, mas que não passa de um amontoada de medidas contraditórias e de pessoas confusas, ineptas, equivocadas, cegas, ou  tudo isso junto, tem um pé no forno e outro no congelador. Ah, sim ele consegue dar tiros nos dois ao mesmo tempo.
Enquanto uma parte do governo tenta reconstruir as bases do crescimento -- enfim, do ajuste -- o que passa, supostamente, pela modernização das leis trabalhistas, a outra parte sabota deliberadamente esse intento, e por métodos mais confuso do que aqueles empregados pelo médico e escritor de um século atrás, Fradique Mendes, para escrever o seu famoso livro:
O Brasil pelo método confuso
Vejam vocês se não estou certo.
Paulo Roberto de Almeida

Planalto aposta em Renan para travar terceirização

Presidente Dilma Rousseff é contra terceirização de atividade-fim e quer que o presidente do Senado, Renan Calheiros, lidere mudanças no texto originário da Câmara
Marcos Oliveira/Ag. Senado
Dilma aposta em Renan para evitar novo desgaste com a Câmara

Para evitar um novo desgaste com o presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), a presidente Dilma Rousseff (PT) aposta em uma manobra do presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL) para travar o projeto de terceirização. O Projeto de Lei 4.330/2004, que regulamenta a terceirização de trabalhadores, foi aprovado na semana passada pela Câmara e deve chegar ao Senado nesta segunda-feira (26). O texto recebeu mais de 200 emendas e o projeto autoriza a terceirização até mesmo para a chamada atividade-fim.
Conforme apurou o Congresso em Foco, a Presidente ficou insatisfeita com a aprovação do texto da Câmara e já estaria disposta a vetar vários artigos da lei. No entanto, ela pediu ao vice-presidente Michel Temer (PMDB) para que ele viabilizasse, com o auxílio de Renan Calheiros e do PMDB do Senado, a derrubada de vários aspectos da lei.
A principal preocupação da Presidente é com a terceirização da atividade-fim. E o pedido é que o Senado tente, no mínimo, adequar esse aspecto da lei. O problema, no entanto, é que Cunha já tem ciência disso e promete uma guerra de bastidores para tentar manter o texto da forma como ele foi aprovado na Câmara.
Renan, por exemplo, decidiu convocar uma sessão temática em Plenário para debater a proposição com os senadores e chegou a dizer que a terceirização não poderia ser ‘ampla, geral e irrestrita’ e não permitiria um drible contra o trabalhador.
“Vamos fazer uma discussão criteriosa no Senado. O que não vamos permitir é pedalada contra o trabalhador. O projeto tramitou 12 anos na Câmara. No Senado, terá uma tramitação normal”, disse Renan.
Assim como o presidente Renan Calheiros, o líder petista Humberto Costa mostrou-se contrário à mudança central feita pelo projeto, que permite às empresas contratar trabalhadores terceirizados para suas atividades-fim. Ele garantiu que, se depender do PT, a proposta não passará no Senado do jeito que foi aprovada pela Câmara.
“Não há qualquer negociação que possamos abrir sobre atividade-fim das empresas. Ou ela sai do projeto, ou votaremos contra”, advertiu Costa. O líder do PMDB, Eunício de Oliveira (CE) também defende alterações. Para ele, terceirizar atividade-fim é um erro.
O PL 4.330 foi apresentado em 2004 pelo deputado por Goiás Sandro Mabel, filiado na época ao Partido Liberal. E só teve a tramitação acelerada em 2015.
A proposição libera a terceirização de todas as atividades de uma empresa, cria regras de sindicalização dos terceirizados e prevê a responsabilidade solidária da empresa contratante e da contratada nas obrigações trabalhistas.
Com informações da Agência Senado

Nesta semana, o presidente do Senado, Renan Calheiros, e os líderes das duas maiores bancadas, Eunício de Oliveira (PMDB-CE) e Humberto Costa (PT-PE), afirmaram que não concordam com alguns pontos.

domingo, 5 de abril de 2015

Debate sobre escolas economicas: keynesianismo vs liberalismo - Paulo Roberto de Almeida

Keynesianismo e liberalismo nas políticas públicas

Paulo Roberto de Almeida

Um leitor constante, fiel, atento e comentador, reincidente neste blog, me coloca a seguinte questão, que prefiro responder por inteiro: 

EMB compartilhou a postagem de seu blog no Google+:
Seria correto afirmar que o governo Fernando Henrique aliou aspectos de ortodoxia em política econômica com keynesianismo em matérias sociais e até comerciais?

Respondo (PRA):

Respondo de imediato: sim e não. Por que a contradição? Porque governos, em geral, não fazem NENHUMA distinção entre teorias ou escolas econômicas, pela simples razão de que estão por demais ocupados com problemas reais, concretos, tangíveis, urgentes, preocupantes, talvez até dramáticos – que são, quase sempre, os de desequilíbrios nas contas domésticas e externas, nas insuficiências orçamentárias, nas demandas da sociedade e do parlamento por mais e mais recursos públicos (que são os da coletividade), por ameaças de perdas de receitas, choques externos, e uma infinidade de outros problemas reais – para inquietar-se, além da conta, com meras teorias acadêmicas e escolas de pensamento econômico, que não representam nada, repito NADA, em face da agenda de trabalho que esses governos têm pela frente.
Só acadêmicos, em geral os puramente teóricos – ou alienados, como se dizia antigamente – preocupam-se com a suposta racionalidade econômica das políticas públicas da área econômica. Só jornalistas, mal formados pelos mesmos acadêmicos, se preocupam em catalogar, classificar, atribuir um rótulo ou slogan, a um governo qualquer, como se essas denominações representassem qualquer coisa além de uma mania, uma simplificação, uma distorção da realidade.
Políticos eleitos exibem, é verdade, alguma compreensão do mundo, e esse entendimento se baseia naquilo que eles aprenderam nos bancos escolares e universitários, nos ensinamentos dos familiares, mas sobretudo na experiência da vida, no trato da coisa pública, e o que vem em primeiro lugar não é a teoria aprendida, mas a necessidade prática, o problema concreto. Políticos experientes fazem assim: aprendem algumas coisas nos livros, outras coisas com pessoas mais experientes ou mais espertas, mas geralmente no curso de um vida levada no desempenho de funções públicas, nas quais as mais belas teorias acabam sendo jogadas no lixo em favor de soluções mais práticas, ou de puro expediente emergencial, com os meios e instrumentos à disposição, sem muita coerência teórica ou racionalidade instrumental. Resumindo: eles fazem o que dá para fazer, e o resto vão empurrando com a barriga, até onde for possível. Se der para resolver o problema com o que sabem e com os meios à disposição, muito bem, assim será feito. Se não é possível, vão contornando o problema até onde for impossível evitar as consequências, e aí a solução será aquela que for apresentada por algum assessor mais esperto, ou pelos “meios de bordo” (que geralmente é empurrar para a frente, e deixar o problema para o sucessor).
Políticos inexperientes, ou acadêmicos – ou seja, ideólogos, alienados, lunáticos – chegam ao poder com belas teorias, e tentando cumprir aquilo que proclamaram – geralmente mentindo – na campanha eleitoral, e quando sentam na cadeira descobrem que não vai ser possível atingir aquelas belas metas proclamadas, que é a felicidade para todos, ao menor custo possível (de hábito, sem custo explícito nenhum). Se esse político não for muito estúpido, ele logo vai adaptar o seu discurso pós-posse às condições efetivamente reinantes, ou seja, meios disponíveis e possibilidades legais. Se ele for, ou continuar, alienado, ou seja, ideólogo, vai ser um desastre, pois em nenhum lugar do mundo as soluções acadêmicas cabem num mero orçamento governamental.
O que isso tem a ver com o nosso debate?
Keynesianismo e ortodoxia são apenas dois rótulos, que podem não possuir significado algum no mundo concreto da política, mas que possuem algum significado para acadêmicos e jornalistas, para economistas teóricos que escrevem para jornais e outros representantes da mesma fauna. Políticos – pelo menos os verdadeiros – não são nem keynesianos, nem ortodoxos, eles apenas sobrevivem com o que existe e com o que é possível fazer. Geralmente eles costumam gastar por conta: quando as contas não fecham, aí são obrigados a praticar simples medidas de ajuste, que serão tão mais severas ou duras quanto foi o abuso praticado na fase anterior, e nisso não vai nenhuma coloração ideológica. Keynesianos de carteirinha podem ser gastadores responsáveis, e conservadores históricos podem se comportar de modo totalmente irresponsável, sempre dependendo das circunstâncias e dos meios disponíveis. Sempre acham que o Ronald Reagan era um conservador que abaixou impostos para beneficiar os ricos, quando ele o fez para estimular a economia, na suposição (correta) de que são os ricos que investem, produzem riquezas, criam empregos e pagam novos (ou velhos) impostos. Sempre se esquece também que ele foi um dos mais irresponsáveis presidentes no plano orçamentário, uma vez que na sua obsessão de afastar o perigo soviético conduziu um dos mais perdulários programas de gastos com defesa – entre eles a Iniciativa de Defesa Estratégica, ou Guerra nas Estrelas – que representou, pura e simplesmente, um keynesianismo militar altamente irresponsável, deixando o governo novamente no vermelho. Por isso Bush pai teve um governo de recessão e Bill Clinton, um democrata supostamente distributivista, conduziu um dos governos mais responsáveis no plano fiscal de que se tem notícia desde Truman ou Eisenhower.
Nenhum deles era liberal teórico, ou acadêmico, todos eles eram homens práticos, e fizeram o que lhes parecia adequado fazer, com os dados à disposição, e com os assessores que tinham. Um dos assessores mais liberais de Reagan, David Stockman, se demitiu da chefia do Orçamento, em vista das loucuras que Reagan anda fazendo com as contas públicas, e denunciou isso logo em seguida (ver agora seu livro de história de todo o processo orçamentário e de contas públicas nos EUA, desde a presidência Roosevelt, chamado The Great Deformation). Todos eles fizeram o que achavam que deveriam fazer, com base nas condições do momento.
Da mesma forma, mesmo o mais acadêmico dos ministros de finanças, ou Secretário do Tesouro, quando senta na cadeira de decisor, costuma deixar os livros de lado, e perguntar: “mostre-me o balanço de pagamentos”, ou “mostre-me o orçamento”, ou ainda, “me diga como estão as receitas?”, “como anda a atividade econômica?”, ou “como estão os investimentos?”. Ponto. É com base nisso que eles vão tomar as decisões que se impõem, sem qualquer preocupação em saber se aquilo é liberalismo, se é keynesianismo, ou o raio que o parta. Fazer o que é possível fazer, simples assim.

Voltando, agora, ao governo de FHC – que, na verdade, começa antes, como ministro da Fazenda de Itamar – o que podemos dizer é o seguinte: num processo de aceleração inflacionária, como o que vivíamos entre 1990 e 1994, não dá para perguntar o que o Keynes ou o Hayek fariam. É preciso simplesmente saber o que é possível fazer nas circunstâncias dadas. Os assessores vêm, obviamente, armados de alguns rudimentos metodológicos, de algumas teorias econômicas, de algumas simpatias por esta ou aquela escola de pensamento econômico, ou até repletos de relatos históricos sobre como a Alemanha, a Hungria, a Bolívia, Israel, ou outros países, superaram os seus respectivos surtos inflacionários, e podem, com base nisso, propor soluções aos problemas encontrados. Alguns proporão congelamento de preços e salários, e só conseguirão recolher mais inflação logo adiante. Outros pretendem trocar de moeda. Os mais sensatos concluirão que o mal radica nos elevados gastos governamentais e no emissionismo irresponsável de moeda, e poderão propor um ajuste com base nessa concepção, o que é sempre recessivo. Se o presidente concordar, se faz a recessão e se tenta reconstruir as bases do crescimento mais adiante. Se o presidente não quiser, então é provável que continuem as pressões fiscais e emissionistas, as loucuras orçamentárias e a continuidade do caos econômico.
Torrar dinheiro é keynesiano, como acusam alguns, e fazer ajustes recessivos é uma maldade conservadora (ou liberal)? Pode ser, mas o fato é que keynesianos ou conservadores precisam enfrentar os problemas reais, que são sempre desequilíbrios nos principais fluxos macroeconômicos. Dependendo do papel do governo na economia, algumas soluções são possíveis, outras não. Governos que trabalham com bancos centrais autônomos geralmente não conseguem sair por aí emitindo irresponsavelmente, outros populistas e delirantes podem fazer como certos distributivistas inconsequentes, de que temos muitos exemplos na América Latina. Cada caso terá uma resposta, em função da correlação de forças, do jogo democrático, das crenças (ou falta de) dos líderes políticos e da qualidade dos gestores econômicos.

Olhando o Brasil dos últimos 30 anos, o que tivemos? Militares que sonharam demais – planos grandiosos – e levaram o país para um endividamento excessivo. Líderes da redemocratização (Sarney, Ulysses) que esticaram demais a corda das bondades governamentais, e levaram o país para a hiperinflação. Um líder salvacionista (Collor) que pretendeu salvar o país da inflação e, por ser mal assessorado (Zélia), acabou provocando um desastre ainda maior, que tentou remediar (Marcílio) depois, mas já tarde demais, pois a crise política o engolfou. Depois tivemos um presidente honesto (Itamar), mas inepto em economia, que trocou quatro vezes de ministros da Fazenda e de presidentes do Banco Central, antes de acertar com um sociólogo sensato, que convidou uma brilhante equipe de economistas, que acabou consertando todas as bobagens dos economistas keynesianos que tivemos antes. Mas Itamar era um homem que não queria recessão, e que portanto impediu o Plano Real de ir até as suas consequências lógicas, que era acabar com o excesso de despesas públicas de forma efetiva. O resultado foi que tivemos um ajuste sem recessão, o que obrigou a manter altas taxas de juros, o que acabou impactando negativamente em outros setores: deu na crise de 1999, que pela primeira vez realizou os ajustes necessários e preparou o Brasil para crescer. No meio aconteceram as crises financeiras, o apagão elétrico e a crise argentina, o que atrapalhou; logo em seguida a crise das eleições de 2002, mas tudo foi encaminhado para colocar o Brasil de volta nos trilhos, com Armínio Fraga e Pedro Malan.
O governo Lula, sem qualquer teoria – pois ele, pragmaticamente, abandonou as receitas alopradas dos seus economistas unicampistas – levou o Brasil para uma fase positiva, não porque ele fosse um gênio, mas por que as condições externas e as reformas anteriores o permitiram. Mas começou a gastar demais, desde o primeiro mandato, o que se agravou na reeleição e no segundo mandato, mas ainda assim ele se beneficiou com a bonança chinesa (soja a 600 dólares a tonelada, por exemplo). Pronto, foi o suficiente para eleger um poste, como ele mesmo diz, uma pessoa ainda mais inepta do que o mais inepto dos economistas unicampistas, que conseguiu fazer tudo errado o tempo todo, e chegamos onde chegamos: inflação, não crescimento, aumento da dívida doméstica e da dívida externa, déficits contínuos, desequilíbrios nas contas internas e nas contas externas, apagão elétrico, baixo investimento, intervencionismo, protecionismo, enfim, um inferno completo. É preciso ser muito incompetente para construir um desastre dessa magnitude. Tudo isso é keynesianismo, ou é o quê?
Provavelmente não é nada, só incompetência mesmo, pura inépcia e teimosia.
Termino por aqui, pois acho que já respondi fartamente à pergunta colocada.
Mas uma conclusão: acadêmicos são em geral sonhadores, mas alguns são mais preparados do que outros. São eles que assessoram os políticos. Quando temos excesso de ruindade dos dois lados, aí é o desastre. Parece que no governo FHC tivemos uma feliz combinação de acadêmicos realistas e políticos pragmáticos. Do governo Lula em diante, incompetentes em todas as esferas – com raríssimas exceções no primeiro mandato – e ideólogos e mafiosos espalhados por todas as agências públicas. Deu no que deu. Vai ser difícil consertar agora, pois é preciso trocar os políticos e os assessores.
Dá para dormir tranquilo? Acho que não. Sinto muito...

Hartford, 2803: 5 de abril de 2015, 5 p.

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Addendum em 6/04/2015.

Uma mensagem deixada por um leitor, o que muito me gratifica.
É exatamente para os jovens estudantes que eu escrevo, e tento ser didático, ou pelo elucidativo.
Paulo Roberto de Almeida 

Willians Franco comentou a postagem de seu blog
Nossa! Extremamente didático esse texto, hein? Normalmente leio textos político-econômicos via leitura dinâmica, mas esse tive que ler pausadamente para captar todos os detalhes. Parabéns!

Corrupcao: dicionario de linguas do PT, e Editorial do Estadao

Cultura inútil nunca é demais, embora a corrupção seja não só demais, como pornográfica, tendo atingido alturas estratosféricas no reinado dos companheiros mafiosos.
Duas postagens numa só cajadada: a palavra corrupto ou corrupção, em várias línguas, e o PT não escapa dessa, nem querendo, e um editorial desse jornal reacionário, da mídia golpista, o nefando órgão da direita não envergonhada, que tanto irrita os companheiros corruptos e totalitários.
Paulo Roberto de Almeida

O jornalista Claudio Tognolli* construiu a frase mais inteligente do ano:

“É IMPOSSÍVEL ESCREVER CORRUPTO SEM PT”

...E não apenas em Português! Vejamos:

Albanês - korruPTuar
Alemão - korruPT
Catalão - corruPTe
Dinamarquês - korruPTe
Espanhol - corruPTo
Esperanto - koruPTi
Galês - corruPTo
Haitiano Creole - corruPT
Holandês - corruPT
Húngaro - korruPT
Inglês - corruPT
Islandês - sPillT
Latim - corruPT
Norueguês - corruPT
Romeno - coruPT
Sueco - corruPT

O PT colaborando para a correta composição de 'CORRUPTO' em 17 ou mais idiomas, um recorde!
* http://en.wikipedia.org/wiki/Claudio_Tognolli

Consequências da corrupção

Editorial O Estado de S.Paulo
04 Abril 2015 | 02h 05 

Com a finalidade de compreender melhor a relação entre corrupção e crescimento econômico - e assim propor estratégias mais eficientes no combate ao crime -, a Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) promoveu um estudo sobre o impacto da corrupção em quatro setores fundamentais para o desenvolvimento: indústrias de extração, infraestrutura (e serviços públicos), saúde e educação. O foco era analisar como a corrupção distorce o desempenho de cada um desses setores e as consequências dessas distorções para a sociedade.
Em relação às indústrias de extração, que são o principal motor do desenvolvimento de muitos países, o estudo enumera alguns fatores que deixam o setor especialmente vulnerável à corrupção: alto grau de discricionariedade política; frequente confusão entre o interesse público, o dos acionistas e os interesses pessoais; cenário de competição limitada a algumas poucas empresas, ocasionando comportamentos cúmplices; e estruturas financeiras complexas, que dificultam o controle. Segundo o estudo, a corrupção ocorre a partir de negociações enviesadas entre agentes públicos e privados, implicando decisões equivocadas na seleção de empresas e no planejamento de investimentos.
No setor de serviços públicos e infraestrutura, a OCDE considera que a frequente situação de monopólio e a necessidade de regulamentação estatal propiciam muitas ocasiões para abuso de poder e pedidos de suborno. O estudo descobriu falhas similares e constantes em todas as regiões do mundo, que são um convite à corrupção: deficiências de planejamento, descontrole nos gastos e estimativas de demanda inflacionadas.
No setor de saúde, o estudo elencou os seis tipos de abuso mais frequentes: suborno na prestação de serviços médicos, corrupção nos contratos, relações de marketing antiéticas, abuso de poder em cargos de alto escalão, pedidos de reembolso indevidos, além de fraudes e desvios de medicamentos e serviços médicos. Na saúde, a OCDE conclui que a corrupção distorce especialmente as decisões sobre a alocação de recursos públicos.
Ainda que reconheça a existência de estudos macroeconômicos demonstrando uma relação positiva entre investimentos públicos na educação e crescimento econômico, a OCDE não titubeia em afirmar que esse potencial de crescimento é muitas vezes anulado pela corrupção. De acordo com o estudo, a corrupção no setor educacional gera distorções tanto nas grandes decisões de investimento e de orçamento público como nas decisões pontuais (por exemplo, localização das escolas, gestão de recursos humanos, compra e distribuição de material). Para a OCDE, as consequências dos desvios no setor educacional são evidentes: menos professores capacitados, menores níveis de qualificação dos alunos, diminuição da produtividade dos trabalhadores, aumento da desigualdade social, bem como uma diminuição da capacidade de um país desenvolver indústrias competitivas.
De acordo com o estudo, a corrupção pode ser vista como um preço extra informal. Nos quatro setores é evidente o aumento dos custos provocado pela corrupção. A OCDE ressalva, no entanto, que essa visão pode ocultar outra face da corrupção - os efeitos indiretos adicionais, que provocam consequências graves tanto no crescimento econômico quanto no desenvolvimento social, como a redução da pobreza. Não é apenas que os remédios fiquem mais caros, por exemplo. Por causa da corrupção, uma parcela significativa da população pode ficar sem remédio. Nesse sentido, a OCDE vê a corrupção como causa de escassez, além de outros perniciosos efeitos sistêmicos.
O estudo da OCDE é global, mas joga luzes sobre a situação brasileira. Ter uma noção mais nítida das consequências econômicas e sociais da corrupção pode ajudar a anular um discurso que coloca o combate à corrupção praticada por grandes empresas como algo prejudicial à economia nacional, e não como uma necessidade do País e uma exigência da Nação.


sábado, 4 de abril de 2015

O Diluvio, ou A Degringolada, ou A Debacle: chame como quiser, o governo acabou

Um governo que tem a reprovação de três quartos da população não pode continuar, certo?
Que o Congresso assuma suas responsabilidades.
Pense nisso no dia 12 de Abril, quando sair às ruas.
Paulo Roberto de Almeida
Três em cada quatro brasileiros não confiam em Dilma. A situação é grave, analisa o editorial do Estadão de hoje, sob o título "O verdadeiro terceiro turno". Mal começou o segundo mandato e o governo já está derretendo. E derretendo onde recebeu as votações mais expressivas (Nordeste). Este é o verdadeiro terceiro turno. Não é coisa da "zelite"; é coisa do eleitorado do próprio PT. Que fazer? Nada de golpismo. As soluções estão aí, previstas na Constituição: se Dilma não renunciar, o impeachment pode se tornar irreversível:

Governos democráticos são eleitos para servir a sociedade e quando fracassam nessa missão entra em cena a opção pela alternância no poder. É o caminho natural que a democracia oferece para os cidadãos se livrarem de governantes nos quais perderam a confiança. Mas o que acontece quando essa falta de confiança é dramaticamente exteriorizada decorridos apenas três meses de um mandato com validade de quatro anos? É exatamente diante dessa grave e delicada questão que a última pesquisa de opinião pública CNI/Ibope coloca a consciência democrática do País.
Revela o Ibope que, evoluindo na tendência verificada em pesquisas anteriores, a avaliação de ruim/péssimo do governo Dilma subiu de 27% quatro meses atrás, em dezembro do ano passado, para o índice recorde de 64%, enquanto a de ótimo/bom despencou, no mesmo período, de 40% para 12%. Paralelamente, o índice de brasileiros que não confiam na presidente da República saltou, ainda no mesmo período, de 44% para alarmantes 74%. Ou seja: três em cada quatro brasileiros não confiam em Dilma Rousseff.
As más notícias para Dilma e para o PT não terminam aí. A desconfiança estendeu-se a setores da população até recentemente satisfeitos com o governo. Por exemplo, a aprovação caiu de 53% para 18% entre os que estudaram até a quarta série do ensino fundamental e diminuiu de 44% para 32% entre os que chegaram até a oitava série. O apoio ao governo no Nordeste despencou de 63% para 34%. E entre os eleitores que votaram em Dilma há menos de seis meses, a queda foi maior ainda: de 63% para 22%. Esse é o verdadeiro "terceiro turno" que o lulopetismo em desespero denuncia como golpe das elites.
Definitivamente, quando se coloca um quadro em que apenas pouco mais de um em cada cinco brasileiros que deram seu voto à candidata do PT em outubro continua confiando no governo - e isso decorridos apenas três meses do início do segundo mandato -, cria-se uma situação delicada e ameaçadora em que o Poder Executivo se deslegitima de fato, mas permanece absolutamente legítimo de direito, pelo menos até que se decida de modo diferente nas instâncias competentes, rigorosamente de acordo com a lei e os procedimentos legais. É imprescindível que a consciência democrática do País veja com muita clareza essa realidade institucional, porque essa é a garantia de que os brasileiros não cederão, como alternativa à grave crise que enfrentam, à tentação de aventuras antidemocráticas que configurariam um retrocesso intolerável.
Uma pesquisa de opinião pública reflete sempre e necessariamente um recorte temporal da realidade que investiga. Mas o quadro ora exposto é extremamente preocupante, porque indica claramente uma forte e continuada tendência de ampliação da distância que separa governo de governados. Mas, se a superação dessa crise é um desafio a ser enfrentado pelo conjunto da sociedade, cada um no seu papel e todos juntos na defesa da democracia, é óbvio que ao governo cabe papel relevante, até porque terá de lutar pela própria sobrevivência.
E, se o governo petista se encontra na berlinda pelos erros que tem cometido, não faz sentido que continue persistindo neles. Enquanto tinham a credibilidade refletida em altos índices de popularidade de Dilma - assim como aconteceu com Lula -, os petistas podiam deitar e rolar no populismo, esbaldar-se na autoexaltação e fazer as promessas e previsões edulcoradas que lhe dessem na telha. Mas hoje o que há é um governo desorientado, desacreditado e politicamente debilitado, que não consegue esconder sua inépcia. Basta ver que o ministro-chefe da Casa Civil, Aloizio Mercadante, reagiu à pesquisa não com a humildade que a situação requeria, mas com a arrogante e destrambelhada afirmação de que se trata "apenas" de uma foto ruim do momento: "Nosso compromisso é com quatro anos - e três meses de governo é o início de um processo. A fotografia não é boa, mas o filme vai ser muito bom".
Se o que se tem visto é apenas "o início de um processo", imagine-se o que virá nos próximos 45 meses. Não é à toa que o único comentário otimista que se ouviu ontem sobre este governo é o de que nesta pesquisa CNI/Ibope a imagem de Dilma está muito melhor do que na próxima.

sexta-feira, 3 de abril de 2015

Petrolao: desde a origem, formatado para o Partido Mafioso, comassinatura do poste

Vamos ver agora o tal de "pente fino" do Procurador Geral da republiqueta companheira.
Procurando direito sempre se encontra, não é Janot?
Depois dessa como é que ficamos de CPI e de investigações no supremo?
Enfim, pura curiosidade.
Paulo Roberto de Almeida

A assinatura de Dilma no Petrolão

O Antagonista, 3/04/2015

Dilma Rousseff, em 17 de agosto de 2006, assinou um contrato para a montagem do Estaleiro Rio Grande. Aquele mesmo Estaleiro Rio Grande que, segundo a Lava Jato, permitiu o desvio de 100 milhões de reais para o PT.
Trata-se do primeiro documento que envolve diretamente Dilma Rousseff no esquema de propinas da Petrobras. À época da assinatura, ela era ministra da Casa Civil e presidente do Conselho da estatal. O outro nome que consta do contrato é Renato Duque.
O documento foi apresentado à Istoé por um ex-funcionário da Petrobras que aceitou colaborar com os procuradores da Lava Jato. De acordo com ele, o contrato é fruto de uma “licitação fraudulenta, direcionada pela cúpula do PT para favorecer a WTorre Engenharia”. 
Ele disse que, depois de assinado o contrato, servidores da Petrobras “foram pressionados a aprovar uma sucessão de aditivos irregulares e a endossarem prestações de contas sem nenhuma comprovação ou visivelmente superfaturadas”. Um mecanismo que lesou a estatal em mais de 500 milhões de reais.
No escândalo da Petrolão, faltava um documento com a assinatura de Dilma Rousseff. A partir de hoje, não falta mais.
Assinado: Dilma Rousseff e Renato Duque. Em branco: Lula

quinta-feira, 2 de abril de 2015

De poste em poste, o chefao vai apagando o Brasil - Augusto Nunes

30/03/2015 às 15:55 \ Direto ao Ponto
O poste é inseparável do fabricante: Dilma será para Lula o que Pitta foi para Maluf
Augusto Nunes
http://veja.abril.com.br/blog/augusto-nunes/files/2015/03/CAPA1PT1BSB1.jpg

Como um punguista de antigamente depois de afanada a carteira da vítima, Lula tenta afastar-se de Dilma Rousseff com cara de paisagem, assoviando um sambinha enquanto caminha nem tão depressa que pareça medo nem tão devagar que pareça provocação. A malandragem deu certo no escândalo do mensalão. O chefão caiu fora da cena do crime e a patente de comandante do bando acabou enfeitando os ombros do subchefe José Dirceu.

Mas não se terceiriza o pessoal e intransferível. A segunda-dama Rose Noronha, o prefeito Fernando Haddad e a instalação de uma usina de maracutaias nas catacumbas da Petrobras, por exemplo, são coisa de Lula. Dilma Rousseff também. Lula logo aprenderá que um poste é inseparável de quem o inventou — e um produto de péssima qualidade pode levar seu fabricante à falência política. Dilma Rousseff será para Lula o que Celso Pitta foi para Paulo Maluf.

Ambos deslumbrados com os altos índices de aprovação reiterados pelas usinas de pesquisas, o prefeito Maluf em 1995 e o presidente Lula em 2007 resolveram mostrar que conseguiriam transformar qualquer nulidade em ocupante provisório do trono. Para que os escolhidos cumprissem sem resmungos a missão de guardar o lugar até que o chefe voltasse, constatou um post de 2010, o marajá de São Paulo e o reizinho do Brasil decidiram-se, sem consultar ninguém, por figuras sem autonomia de voo nem luz própria.

O primeiro pinçou na Secretaria de Finanças do município um negro economista. O segundo pinçou na Casa Civil uma mulher economista. Ao apresentar o sucessor, o prefeito repetiu que foi Maluf quem fez São Paulo.Mas quem arranjou o dinheiro, revelou, foi aquele gênio da raça chamado Celso Pitta. Ao apresentar a sucessora, o presidente reterou que foi Lula o parteiro do Brasil Maravilha. Mas quem amamentou o colosso, ressalvou, foi aquela sumidade político-administrativa por ele promovida a Mãe do PAC.

Obediente a Maluf e monitorado pelo marqueteiro Duda Mendonça, Pitta atravessou a campanha driblando debates e entrevistas, declamando obviedades e louvando o criador de meia em meia hora. Como herdaria uma cidade sem problemas, sua missão seria torná-la mais que perfeita com espantos de matar de inveja a rainha da Inglaterra. Grávido de orgulho, o padrinho ordenou aos eleitores que nunca mais votassem em Paulo Maluf se o afilhado fracassasse.

Obediente a Lula e tutelada pelo marqueteiro João Santana,  Dilma percorreu o atallho para o Planalto desconversando em debates e entrevistas, gaguejando platitudes e bajulando o criador a cada 15 minutos. Como lhe cairia no colo um país pronto, caberia à herdeira tocar em frente o pouco que faltava para torná-lo uma espécie de Noruega com praia, mulher bonita e carnaval. Grávido de confiança, o padrinho comunicou ao eleitorado que ele e ela eram a mesma coisa. Votar em Dilma seria a mesma coisa que votar no maior dos governantes desde o Descobrimento.

São Paulo demorou três anos para entender que estava nas mãos do pior prefeito de todos os tempos. Descoberta a tapeação, milhões de iludidos escorraçaram Pitta do emprego e atenderam à vontade do seu inventor: nunca mais Paulo Maluf foi eleito para qualquer cargo executivo. O Brasil demorou quatro anos para compreender que, ao conferir um segundo mandato a Dilma Rousseff, ratificara a mais desastrosa opção presidencial de todos os tempos.

Pena que as multidões não tenham acordado algumas semanas mais cedo. Mas enfim despertaram — e despertaram de vez, berram as manifestações de rua e o sumiço do único “líder de massas” do mundo que só discursa para plateias amestradas. Antes do fiasco de Alexandre Padilha nas urnas de outubro, Lula caprichou na ironia presunçosa: “De poste em poste estou iluminando o Brasil”, repetia.

O terceiro poste afundou a muitas léguas do Palácio dos Bandeirantes. O segundo, Fernando Haddad, pedala no mundaréu de ciclovias para fugir do naufrágio inevitável. O poste inaugural vai sendo tragada pelo mar de corrupção e incompetência. Dilma Rousseff debate-se furiosamente milímetros acima da superfície. Lula quer que afunde sozinha. Mas não escapará do abraço de afogado.

domingo, 29 de março de 2015

PIBinho, e RECESSAO, realizacoes do governo companheiro - analise de Roberto Ellery

Parece que deu chabu na fabulosa "Nova Matriz Econômica".
OK, não vou tripudiar muito, deixo para meu amigo Roberto Ellery, que faz uma primeira análise dos resultados divulgados pelo IBGE no seu blog, de onde copio esta postagem.
Pelos meus cálculos, nosso PIB per capita caiu de pouco mais de 10 mil dólares para menos de 9 mil dólares: o pessoal não vai poder abusar nem em Paris, nem em Miami...
Ele mesmo diz que serão precisos números mais detalhados para saber onde foi parar o investimento, que desapareceu por completo do cenário à vista. Pode ser que demore uns dois ou três anos para aparecer de novo. Mais um crime econômico companheiro...
Paulo Roberto de Almeida

Blog do Roberto Ellery, sábado, 28 de março de 2015

Comentários a respeito dos números do PIB de 2014.

Ontem o IBGE divulgou os resultados do PIB de 2014 (link aqui). O crescimento de 0,1% ficou abaixo das expectativas do mercado em 2014 (reforçando a tese que o mercado é otimista) e muito abaixo da previsão do governo. Em janeiro de 2014 o mercado previa um crescimento do PIB de 2,28% (link aqui), a previsão foi caindo até chegar em 0,14% em dezembro de 2014 (link aqui), só a partir de 2015 o mercado passou a trabalhar com previsão de redução do PIB. Ainda não tenho informações de quanto seria o crescimento do PIB sem a mudança metodológica. A previsão feita pelo governo de crescimento de 4% em 2014 (link aqui) mostrou-se simplesmente absurda e desconectada da realidade, uma obra de ficção ruim.
A tabela abaixo (que está na página do IBGE) mostra a decomposição da taxa de crescimento do PIB tanto pela ótica da produção quanto pela ótica da despesa. Pela ótica da produção o setor de serviços, que corresponde a aproximadamente 60% da economia, cresceu 0,7% e foi o que teve melhor desempenho em 2014. O fato do setor com maior crescimento ter crescido apenas 0,7% mostra o desastre que foi o crescimento da economia em 2014. Ainda em relação a serviços fica evidente que os que afirmaram que a Copa do Mundo levaria a um forte crescimento dos serviços estavam errados. Conforme eu falei aqui no blog e em entrevista a Alexandre Garcia no Espaço Aberto da Globonews (link aqui) a Copa do Mundo é uma festa, podemos nos orgulhar de dar uma festa bonita, mas não podemos esperar ficar mais ricos dando festas.
Na outra ponta ficou a indústria. O setor encolheu 1,2% e mais uma vez puxou para baixo o crescimento do país. A gigantesca desvalorização do real bem como a tentativa frustrada de reduzir juros na marra não foram capazes de reverter o encolhimento da indústria, pelo contrário. A indústria de transformação, alvo de várias políticas do governo, diminuiu 3,8% em 2014, o crescimento de 8,7% da indústria extrativa mineral foi quem evitou um desastre ainda maior na indústria como um todo. A se confirmar a crise no setor de petróleo no mundo e se a crise da Petrobras não for contornada os resultados de 2015 para indústria podem ficar bem piores que os de 2014. Ao contrário do ano passado onde um desempenho excepcional da agropecuária “salvou” o crescimento do PIB (link aqui) este ano a o setor, que corresponde a aproximadamente 5% da economia, também teve um desempenho medíocre, cresceu 0,4%. Em resumo nenhum dos setores da economia mostrou força para puxar o crescimento do PIB.
Pela ótica da demanda o consumo das famílias, correspondendo a aproximadamente 62% do PIB, cresceu 0,9% e o consumo do governo, aproximadamente 20% do PIB, cresceu 1,2%. Que o consumo do governo tenha crescido bem mais que o consumo das famílias é um indício forte do que vivemos no Brasil. Um ajuste fiscal focado em corte de transferências para as famílias e aumento de impostos pode levar a um desequilíbrio ainda maior entre o crescimento do consumo das famílias e o crescimento do consumo do governo, grosso modo é como se estivéssemos sacrificando nosso consumo para permitir o aumento do consumo do governo. Porém o número que mais impressiona na ótica da despesa é a queda de 4,4% no investimento. A taxa de investimento no Brasil é baixa e está caindo, é difícil crescer sem produtividade (link aqui) e sem investimento. Sobre a queda do investimento chama atenção que o ativismo do BNDES mais uma vez não foi capaz de mostrar resultados sequer na taxa de investimento. O que mais será preciso para o governo assumir publicamente e de uma vez por todas que o BNDES age de forma cara e ineficiente?
A eficácia da desvalorização do câmbio fica aberta a questionamento à luz do fato que as exportações da indústria automobilística foram destaque negativo em 2014. A queda nas importações de máquinas e equipamentos reforça a tese que a os empresários não estão dispostos a investir e sugere que se não foi capaz de estimular a indústria, como esperavam os defensores da moeda fraca, a desvalorização cambial do primeiro governo Dilma pode ter dificultado a importação de máquinas e equipamentos e, portanto, contribuído para reduzir o investimento e a adoção de novas tecnologias incorporadas em máquinas e equipamentos. Ressalto que este comentário contém muita especulação e só estudos mais cuidadosos feitos com mais dados permitirão uma análise adequada dos efeitos da desvalorização do câmbio na economia.
A verdade é que os números de 2014 mostram uma economia em crise. O PIB per capita, variável relevante do ponto de vista econômico, encolheu em 0,7% e caiu para R$ 27.229. A combinação de uma inflação 6,4% e uma redução no PIB per capita deixa indiscutível que 2014 foi um ano muito ruim para a economia. Mais grave, as expectativas do mercado e do governo apontam para um 2015 ainda pior, inclusive com fortes chances de aumento na taxa de desemprego. Se considerarmos que mesmo após as mudanças metodológicas do BNDES o governo Dilma apresentou uma das menores taxas de crescimento da história recente e a menor desde a estabilização é muito provável que segunda década do século XXI seja uma nova década perdida. Não precisava ser assim...

sexta-feira, 27 de março de 2015

Reformando o governo: cura de emagrecimento, de 40 a 20 ministerios

Já que se está falando, até demagogicamente, da redução do número absurdamente, estupidamente alto de ministérios, vou colocar aqui novamente minha proposta, feita em meados do ano passado, com esse mesmo objetivo.
Já está sob a forma de mensagem ao Congresso, e deveria ter sido enviada em 1ro de Janeiro deste ano, mas infelizmente os mesmos prevaricadores que assaltam o Estado e roubam não só o governo mas todas as empresas públicas deixaram de fazer.
Agora, o centro do poder político parece voltar para o Legislativo, e talvez caiba a este fazer aquilo que o Executivo não tem coragem ou a honestidade de fazer.
Minhas propostas estão abaixo, e não tenho nenhuma objeção a que sejam copiadas. Não cobrarei direitos autorais por isto.
Paulo Roberto de Almeida


Mensagem ao Congresso Nacional 2015

Origem: Presidência da República

Senhoras e Senhores Parlamentares da legislatura 2015-2018,
É com grande honra e justificada satisfação que cumpro, neste momento, o dever constitucional de dirigir-me ao Congresso Nacional para, pela primeira vez em meu mandato, trazer-lhes as primeiras medidas administrativas que têm por objetivo dotar o meu governo de condições para efetuar as mudanças que hão de caracterizar a fase promissora de modernização e de racionalidade que se abre agora para o Brasil.
Pretendo reformular inteiramente as bases da governança neste país, depois de mais de uma década de caos administrativo, de inchamento desmesurado do governo e de emissão de medidas que engessaram ainda mais a gestão pública e que converteram a administração das empresas privadas num inferno burocrático, paralisadas que foram por medidas contraditórias, por leis irracionais e por decretos irresponsáveis, que aumentaram exageradamente o chamado “custo Brasil”, mas que também minaram, do lado do setor público, a confiança dos brasileiros no Estado e em suas instituições.
Devo alertá-los desde já que este esforço não será concretizado sem a parceria do Congresso Nacional, uma vez que é minha intenção associar cada uma das senhoras e dos senhores às propostas de legislação que pretendo trazer para discussão nesta Casa. Minha disposição é a de recorrer o menos possível a medidas provisórias ou a decretos executivos, uma vez que entendo ser da responsabilidade desta Casa o debate aberto e esclarecedor sobre cada uma das propostas que pretendo submeter-lhes.
Estão atualmente sob a responsabilidade do chefe do Executivo nada menos do que 39 ministérios ou secretarias de Estado com status de ministérios, numa estrutura de gestão pública que se afigura exagerada para qualquer padrão administrativo que se possa conceber. Esta foi uma das muitas heranças inconvenientes que recebemos dos governos anteriores, uma máquina superdimensionada de administração. Pretendo, com a colaboração das senhoras e dos senhores, reformulá-la com sentido de racionalidade.
Portanto, se este Congresso aprovar – e entendo que ele há de respeitar o direito do chefe do Executivo de definir a organização da administração direta que ele julga a mais adequada ao País –, pretendo trabalhar com o ministério seguinte:

1)    Justiça
2)    Defesa
3)    Relações Exteriores
4)    Fazenda
5)    Educação
6)    Saúde
7)    Indústria e Comércio
8)    Agricultura
9)    Ciência e Tecnologia
10) Trabalho
11) Transportes
12) Comunicações
13) Interior e Infraestrutura
14) Desenvolvimento Social
15) Minas e Energia
16) Planejamento
17) Previdência Social
18) Meio Ambiente
19) Casa Civil
20) Casa Militar

As seguintes áreas administrativas passam a ser vinculadas, enquanto secretarias de Estado, aos ministérios aqui especificados:

1)    Cultura e Esporte ao ministério da Educação;
2)    Integração Nacional ao ministério do Interior e Infraestrutura;
3)    Cidades ao ministério do Desenvolvimento Social;
4)    Turismo ao ministério da Indústria e Comércio;
5)    Desenvolvimento Agrário, Pesca e Aquicultura ao ministério da Agricultura;
6)    Advocacia-Geral da União e Controladoria-Geral da União à Casa Civil;
7)    Gabinete de Segurança Institucional à Casa Militar;
8)    Portos e Aviação Civil ao ministério dos Transportes;
9)    Assuntos Estratégicos ao ministério do Planejamento;

Ficam extintas as seguintes Secretarias de Estado com status de ministério, passando suas responsabilidades respectivas a serem exercidas pelas áreas que se indica:

1)    Comunicação Social, nomeando-se um Porta-Voz da Presidência da República, e encarregando-se a Casa Civil de dispor dos demais serviços;
2)    Políticas de Promoção da Igualdade Racial, Políticas para as Mulheres e Direitos Humanos para o ministério da Justiça
3)    Micro e Pequena Empresa para o ministério da Indústria e Comércio;

Ficam extintas a Secretaria-Geral e a Secretaria de Relações Institucionais da Presidência da República, sendo as atribuições da primeira passadas para a Casa Civil.
O Presidente do Banco Central do Brasil não mais terá status de Ministro de Estado, sendo de nomeação da Presidência da República após sua aprovação pelo Congresso, dispondo de mandato fixo e de autonomia administrativa e operacional, e passando a responder ao Congresso Nacional, no cumprimento das funções que lhe forem atribuídas pelo Conselho Monetário Nacional.
A Presidência da República disporá, ainda, em caráter experimental, de uma Secretaria de Comércio Exterior, que trabalhará em estreita conexão com os ministérios das Relações Exteriores, da Fazenda, da Indústria e Comércio, da Agricultura e demais áreas que se afigurem pertinentes. Suas atribuições e a própria manutenção serão objeto de discussão e avaliação pelo Congresso, após três anos de funcionamento.
Meu governo não pretende dispor de comunicação institucional. Necessidades tópicas de informação de relevante interesse público serão afetas ao órgão interessado – como, por exemplo, campanhas de vacinação no âmbito da Saúde – abrindo-se amplo espaço para que a própria sociedade, através de empresas privadas de comunicações, cuide de sua informação, sem qualquer orientação ou aconselhamento do governo.
Meu governo seguirá o princípio de que cabe ao Estado regular apenas as áreas e atividades que lhe são precipuamente devidas, deixando todas as demais para a livre organização da sociedade. São extensas, incontáveis essas áreas e dou, neste momento, um único exemplo de como o governo pretende atuar. Entendo que não cabe ao Estado determinar os horários de funcionamento dos bancos comerciais, inclusive os públicos: cada estabelecimento bancário permanecerá aberto, segundo seu próprio interesse de atender ao público. A legislação laboral já dispõe sobre os direitos dos trabalhadores; os bancos serão livres para negociar horários de funcionamento com seus empregados.
Novas propostas de reformas administrativas serão encaminhadas ao Congresso, sempre sob esta orientação geral: as atividades privadas vão se libertar da mão pesada do Estado, e os brasileiros reterão os frutos do seu trabalho na maior extensão possível. As prioridades do meu governo são as de reduzir o peso indevido do Estado sobre o setor privado, em todas as esferas. Dessa forma, construiremos um Brasil mais rico.

Presidência da República, 1 de janeiro de 2015 
[Com a assessoria técnica de Paulo Roberto de Almeida (12-22/07/2014)]