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quinta-feira, 11 de julho de 2019

Independência e Morte: livro de Helio Franchini, lancamento em Brasilia


A Independência brasileira se deu, realmente, de modo tranquilo e natural, um simples “divórcio amigável” de Portugal?  Havia um “Brasil” previamente definido?  Na verdade, o processo de emancipação foi muito mais caótico, incerto e violento do que a imagem tradicionalmente difundida. E é fundamentado em ampla pesquisa documental que Independência e Morte nos revela uma outra história, marcada pela incerteza, a instabilidade e a ausência de uma identidade nacional pré-existente.
O livro apresenta um panorama da situação sociopolítica brasileira, a partir da qual se expõem as perspectivas e projetos de diversos atores no contexto da elevação do Brasil a Reino (1816), nos impactos da Revolução do Porto (1820) e no processo que resultou no estabelecimento do Império do Brasil, com D. Pedro I como imperador. Na continuação dessa análise, avalia-se aqui a dimensão militar do processo de emancipação, com informações sobre números, batalhas, táticas e estratégias.
Ao aproximar-se a celebração dos 200 anos da Independência, Helio Franchini Neto nos mostra uma nova visão sobre a construção do Brasil. Descobre-se, aqui, uma história muito mais complexa e agitada, um período (1821- 1823) marcado por diferenças regionais, diversidade de projetos, negociações e, principalmente, conflitos políticos que derivaram em operações militares na Guerra de Independência.
Com base em intensa utilização de documentos de época e de bibliografia, esta obra desvenda uma trama muito mais complexa e agitada, um período (1821-1823) marcado por diferenças regionais, diversidade de projetos, negociações e, principalmente, conflitos políticos que derivaram em operações militares, com a mobilização de mais de 50 mil soldados, na Guerra de Independência do Brasil.
A história detalhada dessa separação entre a Colônia e o Reino é aqui esmiuçada, desde o surgimento de ideias e propostas de emancipação até a consolidação final do Império do Brasil, com o reconhecimento por parte de Portugal e a manutenção da unidade nacional. Surgem, então, elementos pouco conhecidos do processo de Independência, passando por combates no Norte (Ceará-Piauí-Maranhão-Pará), na Bahia e na Cisplatina.
O confronto político e as operações militares são dados fundamentais para se entender o processo que ocorreu em nosso país, e para auxiliar na compreensão do fato de o Brasil ter permanecido unificado em torno de seu primeiro imperador, D. Pedro I. Como aponta o professor Francisco Doratioto em seu prefácio, “ambas, guerra e política, foram pilares fundamentais para que todas as províncias brasileiras rompessem com Lisboa e para que terminassem incorporadas ao Império do Brasil”.

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SINOPSE

Independência e Morte: Política e Guerra na                            673 pgs. / R$ 79,90
   Emancipação do Brasil  / 1821-1823                              ISBN: 978-85-7475-286-0
        Helio Franchini Neto          
— Diplomata de carreira, doutor em História pela UnB e mestre em Ciência Política pela USP, com diploma de especialização pelo Instituto de Altos Estudos de Defesa Nacional (IHEDN), da França, o autor é professor assistente de História da Política Externa Brasileira no Instituto Rio Branco, tendo publicado artigos nas áreas de história brasileira e relações internacionais. Este importante ensaio – que se torna ainda mais relevante pela proximidade do bicentenário da Independência do Brasil,em 2022 – faz um panorama da situação sociopolítica nacional, e detalha toda a história da difícil separação entre a Colônia e o Reino. Na verdade, esse processo foi  muito mais caótico e violento do que nos ensinaram na escola, envolvendo operações militares que mobilizaram mais de 50 mil soldados. Segundo o historiador Francisco Doratioto, que assina o prefácio, essa obra é uma oportunidade de se “compreender como (...) se construiu um Estado que, em contraste com o que ocorreu com a América Hispânica, conseguiu manter a unidade do espaço territorial herdado do período colonial”. Para ele, o livro de Helio Franchini Neto traz “novas informações e lança luzes esclarecedoras sobre outras já conhecidas, (...) desvendando as articulações entre as dimensões política e militar”.


SERVIÇO

Independência e Morte:  Política e Guerra na Emancipação do Brasil  / 1821-1823
Autor: Helio Franchini Neto
Formato: 15,5cm x 23,0cm
673 páginas / R$ 79,90
ISBN: 978-85-7475-286-0
Capa: Miriam Lerner / Equatorium Design

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segunda-feira, 8 de julho de 2019

Historia e historiografia das relacoes internacionais do Brasil - Paulo Roberto de Almeida

Um trabalho recente meu, que submeto à crítica e comentários de especialistas e interessados:

3479. “História e historiografia das relações internacionais do Brasil: um empreendimento em construção”, Brasília, 23 junho 2019, 43 p. Ensaio de caráter historiográfico, para introduzir uma série de estudos historiográficos sobre a história da diplomacia brasileira, da Independência até nossos dias, para obra coletiva. Em revisão. Disponibilizado em 8/07/2019 na plataforma Academia.edu (link: https://www.academia.edu/s/e36c754106/historia-e-historiografia-das-relacoes-internacionais-do-brasil-um-empreendimento-em-construcao-2019).

História e historiografia das relações internacionais do Brasil: um empreendimento em construção

Paulo Roberto de Almeida, Diplomata de carreira; Divisão do Arquivo.
[Objetivo: subsídios a capítulo introdutório; finalidade: obra em preparação]
  
Sumário:
1. A historiografia: uma quase esquecida na história das ideias
2. A historiografia brasileira das relações exteriores: seus principais historiadores
3. Varnhagen, o pai da historiografia, o legitimista da corte
4. João Ribeiro inaugura a era dos manuais de história do Brasil
5. Oliveira Lima: o maior dos historiadores diplomatas
6. Pandiá Calógeras: o início da sistematização da história diplomática
7. Interregno diversificado: trabalhos durante a primeira metade do século XX
8. Os manuais didáticos de história diplomática: Vianna, Delgado e Rodrigues
9. O ideal desenvolvimentista: Amado Cervo e Clodoaldo Bueno
10. A diplomacia na construção da nação: Rubens Ricupero
11. A historiografia brasileira das relações internacionais: questões pendentes
Bibliografia e referências

1. A historiografia: uma quase esquecida na história das ideias

História e historiografia deveriam, normalmente, andar juntas, por pertencerem, supostamente, ao mesmo universo de trabalho acadêmico: o trabalho original de pesquisa histórica, em si, as bases primárias dos materiais trabalhados pelo pesquisador, a metodologia aplicada a essas fontes pelo historiador e até, quando couber, o uso de alguma filosofia da história vinculada a esse trabalho. A menos de algum trabalho absolutamente inédito, analisando um novo objeto não ainda esmiuçado por predecessores, os historiadores costumam apoiar-se no trabalho de colegas que percorreram os mesmos temas, aplicando um novo olhar aos materiais existentes e até fazendo a crítica do relato trazido por aqueles historiadores.
(...) 

Ler a íntegra neste link: 
https://www.academia.edu/s/e36c754106/historia-e-historiografia-das-relacoes-internacionais-do-brasil-um-empreendimento-em-construcao-2019


quinta-feira, 13 de dezembro de 2018

1968-2018: 50 anos do AI-5: como impactou o Itamaraty - Paulo Roberto de Almeida

Dez anos atrás, aos 40 anos do Ato Institucional, fui convidado a escrever um capítulo sobre o AI-5 e seu impacto no Itamaraty. Ao princípio recusei-me, pois não sou da geração impactada por esse Ato da ditadura militar, e na verdade eu estava na oposição ao regime, e por isso passei sete anos num exílio voluntário, a partir de 1970, para ingressar no Itamaraty em 1977, ainda na oposição ao regime militar. Eu não tinha a memória daqueles anos, inclusive porque era muito jovem e não havia ainda ingressado num curso universitário, o que faria no mesmo ano do AI-5. Aliás, eu resolvi deixar o Brasil, logo em seguida, por que o AI-5 do regime militar cassou metade dos meus professores do curso de Ciências Sociais da USP.
Acabei fazendo esse texto porque NENHUM dos diplomatas seniores, da época, que eu contatei, se ofereceu para faze-lo. Fiz uma pesquisa bibliográfica e documental, além de falar com vários dos diplomatas contemporâneos daqueles anos de chumbo.
O resultado está aqui:


O texto completo encontra-se disponível, em princípio, na plataforma Academia.edu:

https://www.academia.edu/5794095/066_Do_alinhamento_recalcitrante_à_colaboração_relutante_o_Itamaraty_em_tempos_de_AI-5_2008_

Se não estiver disponível, podem me pedir, pelo número do trabalho: 1847.

Aqui o sumário e os agradecimentos devidos aos diplomatas que colaboraram com sua redação:

Do alinhamento recalcitrante à colaboração relutante:
o Itamaraty em tempos de AI-5


Paulo Roberto de Almeida 
In: Oswaldo Munteal Filho, Adriano de Freixo e Jacqueline Ventapane Freitas (orgs.),
'Tempo Negro, temperatura sufocante': Estado e Sociedade no Brasil do AI-5
(Rio de Janeiro: Ed. PUC-Rio, Contraponto, 2008; 396 p.;
ISBN 978-85-7866-002-4; p. 65-89). 

Sumário:
1. Introdução: uma Casa conservadora, dotada de pensamento avançado
2. Pré-história: o Itamaraty nos tempos da Guerra Fria
3. Política Externa Independente: uma vocação recorrente
4. O realinhamento de 1964 a 1967: um interregno incômodo
5. Revolução na revolução: o Itamaraty na tormenta
6. Segurança e desenvolvimento: colaboração, ainda que relutante
7. Pós-história: os efeitos de longo prazo 
Referências bibliográficas


[As opiniões expressas neste ensaio são de exclusiva responsabilidade do autor, não representando posições ou políticas das entidades às quais o autor se encontra vinculado. Agradecimentos especiais são devidos aos diplomatas Amaury Banhos Porto de Oliveira, Claudio Sotero Caio, Flavio Marega,Geraldo Egidio da Costa Holanda Cavalcanti, Gonçalo de Barros Carvalho e Mello Mourão, Guilherme Luiz Leite Ribeiro, Marcelo Raffaelli, Márcio Dias, Rubens Ricupero, Sebastião do Rego Barros e Sérgio Bath, pelos seus comentários, correções e sugestões a uma primeira versão deste texto, sem que eles obviamente respondam pelos argumentos desenvolvidos neste ensaio.]


1. Introdução: uma Casa conservadora, dotada de pensamento avançado
As desventuras do Itamaraty e de seus diplomatas com o instrumento por excelência da ditadura militar, o AI-5, representam apenas um curto capítulo – talvez não o mais importante – na trajetória moderna desse órgão de Estado, de uma longa história de confrontos de idéias e de acomodações pragmáticas entre os partidários de diferentes correntes de opinião que perpassam e dividem a agência diplomática, como de resto sempre foi o caso com diversas outras instituições do Estado e com a própria sociedade brasileira. A luta de idéias sempre esteve presente em várias épocas de debate nacional: escravistas e abolicionistas, metalistas e papelistas, industrializantes e agraristas, liberais e protecionistas, estruturalistas e monetaristas, interdependentes (conhecidos também como “associados” ou “entreguistas”) e nacionalistas e outras combinações ocasionais. Embates dicotômicos não foram raros na moderna história brasileira, colocando pessoas e grupos que defendiam posições antagônicas na agenda política em confronto direto, redistribuindo cartas nos jogos de poder que inevitavelmente acompanham esses enfrentamentos e provocando cisões na elite – e apenas na elite – como resultado desses confrontos, de resto mais ruidosos do que verdadeiramente ruinosos, mais ideológicos do que materiais, num país bem mais propenso à conciliação do que à ruptura, na interpretação de historiadores como José Honório Rodrigues.
Com o AI-5 foi talvez diferente, na medida em que se tratou não de um debate no seio da sociedade, mas de uma imposição vinda do alto, de uma cisão no próprio grupo de poder, que provocou profunda rejeição na elite ilustrada que sempre esteve envolvida com a política exterior do Estado, como é o caso do Itamaraty e da comunidade de política externa. Havia, obviamente, uma divisão subjacente na política externa e no corpo funcional do Itamaraty entre, de um lado, os partidários (dentro e fora do Itamaraty) da orientação alinhada e anticomunista da política internacional do Brasil e, de outro lado, os propugnadores de uma nova postura, não alinhada, independente e progressista, para as relações exteriores do país. Os fatos mais relevantes, em termos de seleção de “alvos esquerdistas” no Itamaraty, precederam, na verdade, a “edição” do AI-5, que não trouxe, a rigor, consequências de maior relevo para o ministério ou para seu corpo funcional. As consequências mais importantes, talvez, foram as que incidiram sobre a própria política externa, mas ainda aqui o profissionalismo do Itamaraty atuou para reduzir ao mínimo os “ruídos” e interferências sobre a diplomacia profissional. No âmbito geográfico específico do imediato entorno regional, poder-se-ia talvez falar, nesses anos, de uma “diplomacia militar”, em certo sentido mais importante do que a sua versão tradicional, mais bem comportada, pelo menos no que se refere à colaboração informal com as demais ditaduras militares.

(...)

Ler a íntegra nos links acima...