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sexta-feira, 26 de julho de 2019

Governo Bolsonaro: militares se irritam com o presidente


24 de Julho, 2019 - 21:00 ( Brasília )

Cel Paulo Rocha Paiva - PRESIDENTE BOLSONARO ... O HOMEM NÃO ESTÁ REGULANDO BEM

Resposta em defesa do Gen Div Luiz Rocha Paiva à acusação do Presidente Jair Bolsonaro de seu irmão ser "melância"

Cel Paulo Rocha Paiva - PRESIDENTE BOLSONARO ... O HOMEM NÃO ESTÁ REGULANDO BEM

Paulo Ricardo da Rocha Paiva
CEL INF E EM
Nota: Irmão do Gen Div Luiz Rocha Paiva

Olha que eu votei no capitão, para mim o posto mais bonito do nosso Exército. Resolvi faze-lo, mesmo com o "sinal vermelho" emoldurando a declaração "Alcântara é p'ra vocês (americanos)". Por tudo que é mais sagrado, fingi que não ouvi, afinal de contas era um oficial do EB. Mais tarde, quando se fez a "galhofa do AHUE", aí é que fiquei até mais tranquilo. Claro, realmente, eu devia estar imaginando coisas absurdas, ainda mais pela posição do arauto que nos tranquilizava com tanta firmeza e autoridade creditícia. Mas, como diz o cavalariano, 'caí do cavalo". Todos sabem o que aconteceu, apesar do temor, mais do que justo, manifestado por muitos militares ainda não subjugados pela "síndrome do amadorismo franciscano".

Em seguida uma "prole", constituída por pupilos fanatizados pelo "bruxo ideólogo / americanófilo de carteirinha", crias enciumadas do pai com os militares que gravitam em torno da governança, resolve contestar o "modus operandi" de alguns oficiais-generais, inclusive com ofensas pessoais, injustas, de baixíssimo nível, sem que o paterno presidente conseguisse, pelo menos, comandar "sentido" no seio familiar, de modo a não criar mossas que, fatalmente, não contribuiriam, como não estão fazendo desde então, para o exercício a contento de uma liderança satisfatória junto aos militares, posto que os pretere sempre quando se trata do seu guru Olavo de Carvalho.

E as bobagens são muitas. Uma mudança de embaixada anunciada (macaquice de imitação para agradar Donald Trump), esta que ficou no "seja seja", desagradando tanto palestinos como israelenses. Foi preciso até mesmo o General Mourão viajar para a RPC, de forma a acertar os ponteiros por uma declaração estapafúrdia, de graça, apenas para "dar uma de bacana". As três iniciativas sem nenhuma razão de ser, mas, que se diga, muito agradável ao novo inquilino na (ainda nossa?!) Amazônia Legal. E olha que enche o peito para criticar os presidentes entreguistas que o antecederam. Durma-se com um barulho desses...

O atrelamento militar automático. O Brasil como aliado preferencial extra OTAN de "Tio  Sam", outro desatino de quem faz questão de ignorar o descarado abandono, em plena guerra, de um país irmão da SULAMÉRICA, em favor de um aliado europeu imperialista, de língua inglesa, desta mesma organização. Em seguida, como barata tonta, "muda o disco no vai da valsa" e começa a falar nada mais nada menos do que em "trabalho infantil". Vamos e convenhamos, alguma coisa está errada no mecanismo do juízo presidencial.

Eis que um entorpecente é descoberto no FORÇA AÉREA 1 e o filhote, chamado de NÚMERO 2, que é apoiado posteriormente pelo mano Eduardo, faz agora um "AHUE", por coincidência contra o próprio GSI que, sem responder ao seu detrator (?), é defendido por outro general em nome da camaradagem tradicional que une "irmão em armas". Que se diga, o 'pouco caso" do presidente com relação ao imbróglio criado/protagonizado pelos rebentos presidenciais é flagrante, sem nenhum comentário de desagravo em favor do seu ministro, como só em ser em situações semelhantes. Enfim, como dizia o ditado, "e la nave vá".

Mas "la nave", que não se duvide, continua sua marcha de insensatez, abarrotada de impropérios, grosserias gratuitas, ameaças públicas a ministros, sem ou com farda, demissões que, ao invés de rotineiras, ganham foros de "bota fora" sofridos, indigestos, sem nenhum cuidado com a dignidade/cerimônia de um cargo que exige, no mínimo, jogo de cintura capaz de impressionar pelo exercício sereno da autoridade na justa medida que se espera de um chefe de poder executivo.

Porém, como senão bastasse, na contramão de sucessos como o bom encaminhamento da reforma da previdência e do acordo com a União Europeia, resolve passar uma borracha na aura, até então evidenciada, que ainda restava de moralidade com a administração pública, advogando a nomeação de "filhote", não capacitado, sem nenhum verniz de formação diplomática, para o segundo cargo de maior relevância para os graduados no famoso (reconhecido inclusive mesmo fora do País) Instituto Rio Branco, uma instituição que só faculta acesso aos de nível universitário, e isto somente após aprovação em bateria de exames que dura em torno de "5 a 6"' meses.

Aliás, sem nenhuma consideração para com o atual chanceler quando, na presença deste (é de pasmar) e em público, diz que, se quisesse, poderia tranquilamente troca-lo pelo filho, colocando-o (o atual ministro do MRE) na embaixada dos EUA. Uma desfeita, falta de lhaneza absolutamente desnecessária que faz parte de repertório nada condizente com a as "pompas e circunstâncias" que devem preceder o cargo maior que ocupa. Que não se duvide, a alienação do atual ministro ficou patenteada na conversa pessoal com Trump quando Eduardo o substituiu quando do encontro protocolar entre os dois chefes de estado.

Todavia novamente o mesmo general se indigna com o engodo de moralidade que, espalhafatosamente, seu candidato, vencedor nas últimas eleições para a mais alta magistratura do País, pregava para meio mundo em sua campanha e agora, sem mais nem menos, acaba por lançar no espaço sideral, decepcionando muita gente boa, crédula e desesperadamente esperançosa. Que não se duvide, a continuar a sequência de desatinos, sua popularidade declinante vai chegar ao fundo do poço ainda neste primeiro ano de governo.

Contudo as intemperanças continuam. Quem disser que no Brasil se passa fome está mentindo! Meu Deus do céu, quanta bobagem! Daqueles governadores de paraíba, o pior é o do Maranhão! E o Brasil acima de tudo presidente?! Novamente um prato cheio para a oposição sentar o malho ... provocando o  mesmo general, paladino inconteste na defesa dos militares quando da famigerada Comissão da "Inverdade", que é idiotamente chamado, pelo comandante em chefe das FFAA, de "general melancia" por apoiar governadores comunistas, no que é desmentido na medida em que nosso defensor contra a mídia vermelha faz questão de esclarecer não estar em apoio dos políticos mas, sim, da gente do nordeste, região que viu nascer, se antecipando a todas as demais, não somente o Exército Brasileiro mas, também, o sentimento da nacionalidade.

E agora, para finalizar, uma pergunta de algibeira, com todas as honras e sinais de respeito, para todos os oficiais generais (EB/MB/FAB} que integram a atual governança: - "Vossas excelências estão concordes com o tratamento de "general melancia", dado ao soldado cidadão Luiz Eduardo Rocha Paiva pelo atual comandante-em-chefe das FFAA?!


Importantes Leituras

Crise Militar - Etchegoyen - Alguém opera aquele Twitter

Alguém opera aquele Twitter", diz Etchegoyen sobre Bolsonaro e a melancia

Julho 2019
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sábado, 1 de junho de 2019

Brazil desmarca apresentação de credenciais de "embaixadora" da oposição venezuelana: militares determinaram a posição - Anthony Boadle (Reuters)

O jornalista contatou-me quando eu estava em viagem, e só pude responder perfunctoriamente. Em todo caso, ele registrou uma de minhas afirmações, ao final.
O fato é que os diplomatas e cônsules do Brasil na Venezuela têm de, são obrigados a tratar com o governo de fato em Caracas, para todas as providências administrativas de que se necessita numa relação bilateral.
As decisões precipitadas do chanceler no caso da Venezuela nunca foram bem vistas pelos militares, que preferem ser "diplomáticos", ao contrário do chanceler, que estava sendo inclusive anticonstitucional, ou inconstitucional, ao desprezar todas as regras do Direito Internacional, e o artigo 4 da CF-1988, que proibe intervenção nos assuntos internos de outros Estados. Neste caso, o chanceler estava seguindo o aventureirismo eleitoral de Trump, numa demonstração de subserviência política jamais vista nos anais de nossa diplomacia. Os militares, mais sensatos, estão aí para isso mesmo: corrigir os arroubos olavistas, bolsonaristas, tresloucados e aloprados, de uma tropa de amadores em matéria de política externa, todos eles influenciados por um destrambelhado que insiste em empreender uma cruzada contra o globalismo.
Tristes dias de nossa diplomacia...
Paulo Roberto de Almeida

Brazil snubs Venezuelan opposition envoy to avoid escalating border tensions



Venezuela's opposition leader and self-proclaimed interim president Juan Guaido, in Caracas, Venezuela, May 24, 2019.
The Associated Press

Brazil withdrew an invitation to the envoy for Venezuelan opposition leader Juan Guaido to present her diplomatic credentials, she said on Friday, and the government in Brasilia said it would decide later whether to accept them.
Brazilian President Jair Bolsonaro still recognizes Mr. Guaido as the legitimate president of Venezuela, his spokesman said. Mr. Guaido’s envoy, Maria Teresa Belandria, played down the idea that the snub reflected skepticism from Mr. Bolsonaro’s government.
Diplomatic analysts said mounting evidence that a change of government in Venezuela is not imminent may have Mr. Bolsonaro and his aides wondering if they overplayed their support for Mr. Guaido.
Former military officers making up about a third of Brazil’s cabinet have been wary of provoking Venezuelan President Nicolas Maduro, warning against moves that could tip an economic and political crisis into violence across Brazil’s northern border.
Ms. Belandria had been invited to present her credentials at the presidential palace along with ambassadors from other countries next Tuesday, but the government changed its mind.
“I was uninvited,” she told Reuters, but went on to dismiss any suggestion the snub reflected diminished support for Mr. Guaido.
“There will be another opportunity,” she said. “Brazil’s support continues to be strong, solid and decisive. It’s merely a protocol matter.”
Presidential spokesman General Otavio Rego Barros said Ms. Belandria was the representative of Venezuela’s “legitimate president” and denied an invitation had been withdrawn.
“Reception or not of the letters of accreditation will be assessed at a more convenient moment,” he told Reuters.
Brazilian newspapers Folha de S.Paulo and O Globo reported that Mr. Bolsonaro’s government had cancelled her invitation because ex-military aides want to pursue dialogue with Mr. Maduro, who also has an official representative in Brasilia.
“They realize Brazil has to deal with the reality that Maduro is not going anywhere right now and, even if he leaves, Guaido will not be president and a general will likely take his place,” said Oliver Stuenkel, a professor of foreign relations at the Getulio Vargas Foundation in São Paulo.
Mr. Guaido invoked Venezuela’s constitution in January to assume the interim presidency, saying Mr. Maduro’s re-election was not legitimate. Brazil and most Western countries have since backed him as head of state.
However, the Brazilian government has not revoked the credentials of Mr. Maduro’s representatives in Brasilia.
Mr. Guaido’s press team did not immediately respond to a request for comment.
Venezuela recently reopened its border crossing to Brazil after a nearly three-month closure, and Mr. Bolsonaro’s aides are working to restore more regular power supply for the Brazilian state of Roraima, which depends on the Venezuelan grid.
Mr. Bolsonaro, like many heads of state in the region, has been sharply critical of the Maduro government, and advisers to U.S. President Donald Trump have pressed him to take a harder line, raising speculation about positioning U.S. troops in Brazil.
Mr. Bolsonaro’s top security adviser, retired General Augusto Heleno, told Reuters two weeks ago that Venezuela’s armed forces will decide Mr. Maduro’s future and could depose him to lead a transition to democratic elections.
“Recognition of Guaido’s envoy was never agreed to by the military, who vetoed the idea of a U.S. base in Brazil from day one,” said Brazilian diplomat Paulo Roberto de Almeida.

segunda-feira, 27 de maio de 2019

Os militares e a industrializaçao do Brasil - Guillaume Saes (livro)


As duas questões que motivaram a realização desta pesquisa e a redação deste livro foram as seguintes: 1) Qual pode ser o papel da burocracia de Estado (ou pelo menos de um determinado setor da burocracia de Estado) no processo de transformação econômica de um país atrasado em seu desenvolvimento industrial?; 2) A burocracia de Estado poderia ter suficiente autonomia ideológica para elaborar um projeto político e econômico independentemente das aspirações e dos interesses das classes dominantes? Para responder a estas questões, muito importantes para o entendimento do processo de industrialização de um país como o Brasil, dedica-se um trabalho ao projeto econômico de um setor do aparelho de Estado brasileiro que teve participação decisiva no referido processo, as Forças Armadas. Escolheu-se como faixa cronológica o período 1880-1945, cujo início corresponde ao surgimento dos militares brasileiros como força política e cujo final corresponde à queda da ditadura civil-militar do Estado Novo (regime que colocou definitivamente o Brasil no caminho da industrialização). A análise se concentra em três manifestações militares que aconteceram ao longo do período em questão: o projeto econômico da oficialidade que se voltou contra o regime imperial na década de 1880 e que esteve no poder nos primeiros anos do regime republicano; o tenentismo, movimento revolucionário de jovens oficiais que se voltou contra a ordem republicana oligárquica na década de 1920 e que teve participação ativa no poder nos primeiros anos do governo Vargas; a alta oficialidade do Exército que dividiu o poder com Getúlio Vargas durante a ditadura do Estado Novo (1937-1945) e que desta forma está entre os primeiros agentes da industrialização brasileira.

Debate no YouTube:
Este debate teve origem no livro O Desenvolvimento Brasileiro Segundo a Visão Militar 1880-1945, de autoria do historiador Guillaume Saes. O autor foca três momentos cruciais em que os militares protagonizaram a cena nacional. Inicialmente, os aponta enquanto força contra o regime imperial na década de 1880 e o consequente fortalecimento das Forças Armadas como setor com poderes para interferir na economia do país.
Outro momento importante é o tenentismo, movimento de jovens oficiais contra o atraso econômico da ordem republicana oligárquica na década de 1920, com participação ativa no poder nos primeiros anos do governo Vargas. Em sequência, aborda a alta oficialidade do Exército e sua forte participação no governo de Getúlio Vargas durante a ditadura do Estado Novo (1937-1945), período em que se tornaram os principais agentes da industrialização brasileira.

* Acesse os links do vídeo:
- Teaser: https://youtu.be/kmHhovAkq4M
- Completo: https://youtu.be/dwrRrt_JJag

Atenciosamente,
Cedem/Unesp

sábado, 11 de maio de 2019

A batalha contra si mesmo, alimentada pelo Imbecil Individual - IstoÉ

Generais sob ataque
Da Virgínia, Olavo de Carvalho age como o imbecil, que ele mesmo consagrou em sua obra: desprovido de qualquer freio moral, o filósofo parte para uma briga pública contra os militares e atrapalha o País
CUIDADO Que ninguém se engane: Olavo, apesar de aparentemente louco, tem método 
Wilson Lima e Germano Oliveira
Revista ISTOÉ, 10/05/19 - 09h30

No livro “O imbecil coletivo”, escrito pelo filósofo Olavo de Carvalho há mais de 20 anos, ele acusa os intelectuais brasileiros de terem se corrompido pela “intoxicação  ideológica” com a qual “imbecilizaram” seus leitores. Nos últimos dias, ao ultrapassar todos os limites do radicalismo e da insanidade na escalada de ataques sórdidos aos militares, o escritor e guru do governo Bolsonaro demonstra que o imbecil é outro. Ele mesmo. Engana-se quem pensa, no entanto, que o Eremita da Virgínia (EUA), onde reside e dispara seus tuítes desaforados, recheados de desrespeitos, chutes abaixo da linha da cintura e palavras de baixo calão, não age com método. Contraditório na essência, como quem veio para confundir, mas firme em seus propósitos, o ex-astrólogo comanda como um maestro distante, ao menos desde a campanha eleitoral, a ala ideológica do bolsonarismo. Com a ascensão de Jair Bolsonaro ao Planalto, seu séquito passou a ocupar postos estratégicos na Esplanada dos Ministérios, mas dois de seus apóstolos em especial justificam a astronômica influência que o ex-astrólogo exerce sobre o presidente da República: os filhos “02” e “03” do mandatário, Carlos e Eduardo Bolsonaro, respectivamente. Por intermédio deles, numa espécie de atalho afetivo, Olavo ocupa a mente e o coração daquele que foi eleito para comandar os destinos do País por 57 milhões de pessoas, com forte apoio do Exército, mas que, ao que parece, resolveu se deixar governar pelo exército de um homem só – o próprio Olavo.
Foi aliado ao mais aguerrido dos rebentos do presidente, o proverbial Carluxo, que o guru radicado em Richmond superou, na semana passada, as fronteiras da própria petulância – como se as diatribes perpetradas por ele até então já não fossem o bastante. Imbuído de uma volúpia devastadora, Olavo agiu sofregamente na clara tentativa de desmoralizar o núcleo de generais da Esplanada — e, o pior, livre e solto, desprovido de qualquer freio moral. Num dos mais baixos ataques já presenciados na história recente da República, classificou o general Santos Cruz, ministro da Secretaria de Governo, de “bosta engomada” e referiu-se ao ex-comandante do Exército Eduardo Villas Bôas como um “doente preso em cadeira de rodas”, numa alusão à doença degenerativa sofrida pelo general, hoje assessor do GSI. O ideólogo do governo parte do pressuposto — e por isso se movimenta com método — de que a defesa das instituições desempenhada pelos militares os transforma num “inimigo” a ser eliminado no decorrer de um processo – ou de uma “cruzada” – que o olavismo chama de “revolução cultural conservadora”. Ocorre que as consequências para o governo das, ao mesmo tempo, indigentes e desenfreadas agressões que visam a atingir o seu objetivo final são imprevisíveis.
A crucificação de Cruz
Senão vejamos. Santos Cruz foi alçado a alvo preferencial nos últimos dias. Tudo começou com uma operação típica de criação de fake news para alvejá-lo: uma frase do ministro sobre o uso das redes sociais por grupos ideologicamente extremados foi tirada de contexto. Espalhou-se então que ele desejaria censurá-los. Não era verdade. Foi quando Olavo entrou em cena sentando o dedo no teclado contra o general: “Controlar a internet, Santos Cruz? Controle a sua boca, seu merda”, disse Olavo por meio do twitter no domingo 5. “A internet ‘livre’ foi o que trouxe Bolsonaro até à Presidência e graças a ela podemos divulgar o trabalho que o governo vem fazendo! Numa democracia, respeitar as liberdades não significa ficar de quatro para a imprensa, mas sempre permitir que exista a liberdade das mídias!”, emendou Carlos Bolsonaro. Quando o general retrucou, Olavo desceu ainda mais baixo. “Santos Cruz, não me meça por você mesmo. Você, sem seu cargo e sua farda, é um nada. Eu, pelado e esmagado sob uma jamanta, sou ainda o autor de livros que serão lidos por muito tempo após a minha morte”.
ALTO COMANDO As Forças Armadas querem que Bolsonaro feche a boca do ideólogo-guru e filhos

Sob fogo cerrado, na noite de domingo, o próprio general foi tirar satisfação com o presidente. A conversa com Bolsonaro foi tensa e durou 1h30. Santos Cruz, conhecido por não medir as palavras, ameaçou deixar o governo. As ofensas ao colega de farda irritaram de tal maneira a caserna, que provocou uma reação em cadeia de comandantes de todas as armas. Indignado, um integrante militar admitiu em caráter reservado à ISTOÉ que, se não estivesse pensando no País, “pois somos o ponto de moderação disso tudo”, ele “já teria largado essa confusão e ido embora”. ISTOÉ apurou que o general Augusto Heleno, ministro do Gabinete de Segurança Institucional (GSI), foi outro que cogitou desertar caso os petardos não cessassem. A ira dos militares contra Olavo ficou explícita também em dois instantes distintos. O Clube Militar, entidade representativa das Forças Armadas, promoveu um ato de desagravo aos generais, afirmando que eles foram atingidos pela “incontinência verbal que, impune, prospera inexplicavelmente em distintas esferas de poder”. Se isso não fosse suficiente, o ex-comandante geral do Exército, general Eduardo Villas Bôas, também saiu em sua defesa. Nas redes sociais, Villas Bôas afirmou: “Mais uma vez o sr.
Olavo de Carvalho, a partir de seu vazio existencial, derrama seus ataques aos militares e às Forças Armadas, demonstrando total falta de princípios básicos de educação. Verdadeiro Trotski de direita”. Foi nesse momento que Olavo o classificou “de um doente preso a uma cadeira de rodas”. Não havia como se rebaixar ainda mais na escala da degradação moral.
Em meio à nova crise desnecessária, entre inúmeras em menos de seis meses de governo, restaria saber de que lado da trincheira estaria o presidente da República. A decisão jamais deveria representar uma escolha de Sofia para Bolsonaro. Afinal, de um lado está quem hoje faz a diferença no governo — os militares. Do outro, a vanguarda do atraso. É Olavo quem está por trás da maioria das políticas equivocadas, para não dizer destrambelhadas, da atual gestão. Como, por exemplo, a doutrina da alienação do MEC — baseada em cortes injustificáveis de recursos de universidades, no sufocamento do livre pensar e nos ataques às ciências humanas —, e a própria deletéria agenda internacional, levada a cabo pelo chanceler Ernesto Araújo, ancorada no fantasma do marxismo cultural, tese mais do que presente nas aulas online de Olavo. Para não falar também dos insultos cotidianos à diversidade, sustentados por uma ideologia carola que remonta há quase dois séculos.

“Praticamente todas as crises que nós vivemos desde que o presidente Bolsonaro assumiu têm a participação do Olavo de Carvalho” General Eduardo Villas Bôas, ex-comandante do Exército
Infelizmente, porém, o presidente parece ter pego o bonde errado da história. Por mais que tente escamotear, não é difícil descobrir por quem o coração de Jair Bolsonaro bate mais forte e acelerado. As recentes atitudes do presidente consagram o olavismo como o cânone principal do governo. Por exemplo, o mandatário não moveu uma palha para defender seus auxiliares tratados piores do que esterco humano pelo filósofo. Ao contrário, em almoço com militares, quando muitos esperavam algum sinal de admoestação, Bolsonaro sugeriu que todos permanecessem em obsequioso silêncio. “Olavo é dono do seu nariz”, limitou-se a dizer. As razões do alinhamento quase que automático, pelo jeito, decorrem da gratidão do presidente pelo que considera uma primordial contribuição de Olavo na campanha eleitoral de 2018. Em mensagem postada no twitter na terça-feira 7, Bolsonaro atribuiu ao escritor o “trabalho contra a ideologia insana” dos governos anteriores. “Olavo tornou-se um ícone. Sua obra em muito contribuiu para que eu chegasse ao governo, sem o qual o PT teria retornado ao poder”. Assim, sem cargo ou estrelas no peito, o imbecil da Virgínia reina quase que soberano sobre todos os escalões do poder – e atrapalha o País. Até quando?

segunda-feira, 22 de abril de 2019

Comite de Tutela militar sobre o Itamaraty: como anda o assunto?

Leio novamente uma matéria publicada no Estadão de 12 de janeiro, sobre a criação de um comitê de tutela sobre o Itamaraty. Parece que sua ação já se exerceu algumas vezes.
Não sei se continua ativo.
A conferir.
Paulo Roberto de Almeida

Governo cogita criar conselho para assuntos internacionais
 O Estado de S. Paulo, 12/01/2019 - Manchete principal: 

Governo cogita conselho para área internacional”* - O desgaste que bateu à porta do Palácio do Planalto, desta vez provocado pela troca de comando na Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (Apex), impulsionou a ala do governo que quer blindar o Itamaraty de novos episódios negativos. A ideia, agora, é criar um conselho de ministros para assessorar o presidente Jair Bolsonaro em temas sensíveis da área internacional. À frente desse grupo estão dois generais: o ministro-chefe do Gabinete de Segurança Institucional (GSI), Augusto Heleno Ribeiro, e o vice-presidente da República, Hamilton Mourão. Nos bastidores, tanto Heleno quanto Mourão têm feito contatos externos para tentar apaziguar os ânimos, contornar tropeços e até amenizar declarações dadas por Bolsonaro sobre assuntos controversos ainda não resolvidos, como a transferência da embaixada do Brasil de Tel-Aviv para Jerusalém. O risco de um estremecimento com a China é outra preocupação, uma vez que traz maior potencial de perdas para a economia.
Ao Estado, Mourão pregou a instalação de um conselho de ministros para avaliar temas estratégicos e evitar novas polêmicas. “Acho que, quando forem ser tomadas decisões relativas à área internacional, o presidente tem que reunir um conselho de ministros ligados ao tema em questão”, afirmou o vicepresidente. No seu diagnóstico, a composição desse colegiado pode variar conforme o assunto em pauta, mas, basicamente, o grupo seria formado por ele e pelos ministros Ernesto Araújo (Relações Exteriores), Paulo Guedes (Economia), Fernando Azevedo (Defesa) e Tereza Cristina (Agricultura). “O conselho teria a tarefa de espancar ideias junto com o presidente para ele tomar uma decisão, ouvindo todas as opiniões sobre o assunto”, disse Mourão. Questionado se estaria atuando como uma espécie de contraponto a Araújo, o vice negou. Argumentou, no entanto, que é o governo que fala pelo País em grandes questões internacionais. “Agora, toda vez que o presidente me convocar, eu vou emitir a minha opinião.”

Matéria completa:

O Estado de S. Paulo, 12/01/2019

BRASÍLIA - O desgaste que bateu à porta do Palácio do Planalto, desta vez provocado pela troca de comando na Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (Apex), impulsionou a ala do governo que quer blindar o Itamaraty de novos episódios negativos. A ideia, agora, é criar um conselho de ministros para assessorar o presidente Jair Bolsonaro em temas sensíveis da área internacional. À frente desse grupo estão dois generais: o ministro-chefe do Gabinete de Segurança Institucional (GSI)Augusto Heleno Ribeiro, e o vice-presidente da República, Hamilton Mourão
Nos bastidores, tanto Heleno quanto Mourão têm feito contatos externos para tentar apaziguar os ânimos, contornar tropeços e até amenizar declarações dadas por Bolsonaro sobre assuntos controversos ainda não resolvidos, como a transferência da embaixada do Brasil de Tel-Aviv para Jerusalém. O risco de um estremecimento com a China é outra preocupação, uma vez que traz maior potencial de perdas para a economia.
Ao Estado, Mourão pregou a instalação de um conselho de ministros para avaliar temas estratégicos e evitar novas polêmicas. “Acho que, quando forem ser tomadas decisões relativas à área internacional, o presidente tem que reunir um conselho de ministros ligados ao tema em questão”, afirmou o vice-presidente. No seu diagnóstico, a composição desse colegiado pode variar conforme o assunto em pauta, mas, basicamente, o grupo seria formado por ele e pelos ministros Ernesto Araújo (Relações Exteriores), Paulo Guedes (Economia), Fernando Azevedo (Defesa) e Tereza Cristina(Agricultura). 
“O conselho teria a tarefa de espancar ideias junto com o presidente para ele tomar uma decisão, ouvindo todas as opiniões sobre o assunto”, disse Mourão.
Questionado se estaria atuando como uma espécie de contraponto a Araújo, o vice negou. Argumentou, no entanto, que é o governo que fala pelo País em grandes questões internacionais. “Agora, toda vez que o presidente me convocar, eu vou emitir a minha opinião.” 
Baixa. No Palácio do Planalto, o impasse que levou à demissão de Alex Carreiro da presidência da Apex, agência subordinada ao Itamaraty e desde esta sexta-feira, 11, dirigida pelo embaixador Mario Vilalva, foi visto como o estopim das trapalhadas no setor internacional. A saída é a primeira baixa no Executivo em dez dias de governo. Em conversas reservadas, auxiliares de Bolsonaro disseram não entender como um assunto tão paroquial, que poderia ter sido resolvido com diplomacia, teve de parar no gabinete do presidente. 
Apesar das negativas oficiais, na prática o Planalto já acompanha de perto os passos do Itamaraty. Demandas de outras pastas, relacionadas ao comércio exterior, são levadas ao Gabinete de Segurança Institucional (GSI). O general Augusto Heleno, chefe do GSI, tem resolvido questões da área internacional, apresentadas por colegas de governo, diretamente com Bolsonaro, sem a participação de Araújo. Discreto, ele não fala sobre o assunto. “Sou o soldado do silêncio”, desconversou. 
Nesta quinta-feira, 9, por exemplo, Heleno recebeu o novo embaixador da China no Brasil, Yang Wanming, como revelou a Coluna do Estadão. Na pauta, o estreitamento da relação entre os dois países. Quando ainda era candidato à Presidência, Bolsonaro acusou a China de estar “comprando o Brasil”. 
Antes de assumir o Itamaraty, Araújo escreveu em artigos e ensaios que o país asiático estava sob um sistema de dominação “disfarçado de pragmatismo e abertura econômica” e definiu o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, como um “raro líder” que decidiu reagir após identificar um processo de decadência do Ocidente. 
Mourão também já se reuniu com integrantes da Câmara de Comércio Árabe, além da chinesa. Em mais de uma ocasião, o vice disse que o Brasil não pode se descuidar do relacionamento com outros atores da arena internacional, como a China.
O Itamaraty é atualmente, na avaliação de militares de alta patente ouvidos pelo Estado, o principal núcleo de “vulnerabilidade” do novo governo. Assim como as Forças Armadas, o Ministério das Relações Exteriores se destaca por ser uma instituição com cultura própria arraigada, que agora passa por alterações de estrutura na nova gestão. 
Por decreto, Araújo extinguiu o departamento responsável por negociações de acordos comerciais e abriu espaço para contratar assessores de fora da carreira. Além disso, o chanceler permitiu que diplomatas de cargos mais baixos ocupem postos antes restritos àqueles com mais experiência. Em conversas reservadas, militares afirmaram que é como se um praça pudesse agora chefiar um oficial. Argumentaram, ainda, que Araújo dispensou a experiência de embaixadores que representam o País há anos no exterior e agora estão “sem emprego no próprio Itamaraty”.
Davos. A preparação da viagem de Bolsonaro, nos próximos dias, para o Fórum Econômico Mundial, em Davos, também tem contado com a orientação dos titulares da Economia e da Agricultura. Informalmente, a ministra Tereza Cristina tem aconselhado o presidente especialmente no discurso sobre a questão indígena, tema tratado pela imprensa internacional. Ela mostrou a Bolsonaro uma reportagem do jornal americano The New York Times com críticas à política indigenista e observou que o governo brasileiro está sendo mal compreendido no exterior. 

Procurado pela reportagem, o Itamaraty não se pronunciou.

sexta-feira, 19 de abril de 2019

Minha postura em face dos problemas do Brasil e sobre os militares - Paulo Roberto de Almeida



Minha postura em face dos militares brasileiros

Paulo Roberto de Almeida
Brasília, 19 de abril de 2019

Acredito, sinceramente, que os militares constituem HOJE, uma das forças mais democráticas e mais devotadas, de forma coesiva, à causa nacional, dentre todas as demais corporações do Estado. Podem ter suas deformações e interesses mesquinhos, como é o caso com TODAS as corporações, mas estão muito acima das demais, inclusive dos diplomatas, e sobretudo dos magistrados.
Mas isso não é algo gratuito, dado ou garantido. É apenas o resultado de uma trajetória política que se confunde com a história do país. Por acaso, eles representam certa garantia de estabilidade, de funcionamento das instituições, contra o itinerário de esbórnia e de bandalheira das nossas últimas décadas, com imensa corrupção, que pode até atingir os militares individualmente, mas não a instituição FFAA, em face de outras instituições (Congresso, magistratura, corporações da tecnocracia civil) que podem estar, realmente, contaminadas pelo clima de defesa egoísta de seus interesses pecuniários mais mesquinhos (e, de certa forma, antinacionais, pois que levando diretamente ao declínio e decadência). 
O grande problema atual é que os militares, que voltaram a se envolver em política como nunca o fizeram desde 1985, sabem mais ou menos o que não querem – a volta da corrupção e da bandalheira nos assuntos de Estado – mas não sabem ainda o que querem, o que usualmente costuma ser chamado por esse nome fantasia que se identifica com um fantasmagórico “projeto nacional” (que não existe e nunca existirá, independentemente de personalidades excepcionais, estadistas com visão de futuro, ou alguma conjuntura história de transformação, que são as rupturas políticas, mudanças de regime, guerras civis, revoluções, etc.).
Por enquanto, se trata algo próximo de uma “maçonaria” militar (ou real, não sei), mas que precisa evoluir para uma consciência clara de quais são os problemas relevantes do Brasil – emergenciais, de curto, de médio e longo prazo, em suas diferentes vertentes, econômica, política, social, ideológica – para a partir daí caminhar para um diagnóstico preciso de como encaminhar esses problemas e depois um tratamento operacional às prescrições que se impõem em cada caso. Talvez os militares não estejam preparados, singularmente ou em aliança com tecnocratas, para fazer esse diagnóstico e determinar políticas corretivas, e talvez os ATUAIS militares (ou seja, os que prestam serviços, como indivíduos, ao governo de plantão) não possuam condições de fazê-lo adequadamente, ou sequer em associação com elementos da sociedade civil.
O fato é que o Brasil não possui, atualmente, nenhuma força coesa, esclarecida, preparada intelectualmente para oferecer uma prescrição e uma solução aos seus inúmeros problemas, e infelizmente essa situação perdurará até onde a vista alcança. Mas acredito que os militares, individualmente ou como FFAA, estão entre as categorias mais qualificadas intelectualmente, e patrioticamente, para desempenhar esse papel, desde que motivados e organizados para fazê-lo.
Ainda não é o caso, mas se houver nova deterioração da situação econômica e política do país, creio que militares, individualmente ou de forma organizada, saberão e poderão responder aos desafios do Brasil. Fora deles, não vejo NENHUMA OUTRA FORÇA capaz de enfrentar os problemas atuais e de médio e longo prazo do país.
E isto não é questão de crença ingênua; é apenas uma constatação do que observo cuidadosamente na realidade em que vivemos.

Paulo Roberto de Almeida