O que é este blog?

Este blog trata basicamente de ideias, se possível inteligentes, para pessoas inteligentes. Ele também se ocupa de ideias aplicadas à política, em especial à política econômica. Ele constitui uma tentativa de manter um pensamento crítico e independente sobre livros, sobre questões culturais em geral, focando numa discussão bem informada sobre temas de relações internacionais e de política externa do Brasil. Para meus livros e ensaios ver o website: www.pralmeida.org. Para a maior parte de meus textos, ver minha página na plataforma Academia.edu, link: https://itamaraty.academia.edu/PauloRobertodeAlmeida.

quarta-feira, 29 de fevereiro de 2012

Pequenas e grandes tragedias nacionais (e diplomaticas)

Interessante relato sobre as agruras dos acreanos, em meio a inundações e secas. A força das águas é talvez superior à vontade dos homens de corrigir esses problemas.
Interessante que ele se refere ao presidente Morales e sua famosa frase sobre a compra do Acre pelos brasileiros -- que teria sido o preço de um cavalo, exatamente (a ver nos anúncios de venda de cavalos da época, o preço de um bem proporcionado) -- mas não fala da ajuda que o governo brasileiro está dando aos bolivianos atingidos pelas inundações, e da não ajuda que o governo federal dá aos acreanos...
Paulo Roberto de Almeida

O dilúvio e a seca

Se São Paulo, a maior cidade do Brasil, tivesse sido fundada às margens do rio Acre e não do Tietê/Pinheiros, neste momento pelo menos quatro milhões dos seus 11 milhões de habitantes estariam fora das suas casas ou tendo que conviver com a água dentro delas. Seria uma tragédia de dimensão internacional.
Rio Branco está vivendo quase em silêncio — e com pouco interesse nacional ou mesmo regional — essa situação. As águas do rio Acre quase se nivelaram ao recorde da cheia de 1997. A diferença é insignificante: um centímetro.
Com um agravante inédito: em agosto do ano passado o rio sofreu a sua seca mais crítica. A lâmina d'água era de 1,57 metros, bem abaixo da menor marca até então, a da grande seca amazônica de 2005, quando o nível ainda foi a 1,64 metros.
De agosto de 2011 até dois dias atrás o crescimento do rio Acre foi de mais de 10 vezes: chegou a 17,65 metros. Subiu, portanto, 16 metros (o equivalente a um prédio de cinco andares), espraiando-se por grande parte do perímetro urbano e causando todo tipo de prejuízo.
Quase 15% da cidade ficaram às escuras, o que significaria deixar mais de um milhão e meio de paulistanos sem luz por dias seguidos para evitar acidentes com fios eletrificados, que costumam matar os desatentos.
Os efeitos são ainda mais sentidos porque a capital abriga quase metade dos 750 mil habitantes do Acre e a maior parcela da riqueza do Estado, dois terços dela baseadas em serviços.
Mas o Acre está muito longe do foco da opinião pública brasileira para que a gravidade da cheia possa sensibilizar e mobilizar a solidariedade nacional — menos ainda, a oficial.
Se os brasileiros não sabem o que acontece do outro lado do país, os que lá estão nem sempre costumam estar próximos para a ajuda. Os recursos designados pelo governo local equiparam-se ao que foi gasto no carnaval, quando, literalmente, as águas rolaram.
O Acre responde por 0,2% do PIB brasileiro. E só é brasileiro há pouco mais de um século. Em 1904 o barão do Rio Branco, patrono da diplomacia verde-amarela, comprou os 252 mil quilômetros quadrados que pertenciam à Bolívia para encerrar a guerra liderada pelo gaúcho Plácido de Castro pela emancipação desse território, que já era brasileiro de fato.
O Acre é tão longínquo que o presidente Evo Morales se concedeu o direito de ironizar a pacificação da zona conflagrada feita pelo barão, o primeiro dos grandes e ainda o maior diplomata do Brasil. Disse que compramos o Acre pelo preço de um cavalo, ou menos.
O governo brasileiro não contestou o humor negro do presidente Morales, que violentou todas as versões do fato histórico. Parece que os falsos estadistas de hoje consideram que ficar o Acre não foi um bom negócio;
Não foi pouca terra como pode parecer a que compramos. O Acre se tornou o 16º maior Estado brasileiro, com 11 unidades federativas abaixo de sua grandeza física, o Distrito Federal no meio.
Mas sua população é menos de 0,4% da soma dos brasileiros e sua riqueza, a metade desse valor. Ou seja: do físico ao econômico, passando pelo social, o Acre cai na hierarquia de valores. Quase sai da lista.
Torna-se um produto exótico quando se constata que são muitos os que conhecem Chico Mendes e Marina Silva, sem atentar, contudo, para o contexto que lhes deu origem. Sabem deles sem entendê-los.
É a marca da relação da metrópole com a colônia, do centro com a periferia. O que conta é o polo dominante. O resto é derivativo. That's all folk, como apregoa a abertura das fitas de desenho animado do Pica-Pau.
Ir — em menos de um ano — de um extremo de estiagem a outro extremo de inundação dá uma medida do que é a Amazônia, região configurada pela maior bacia hidrográfica do planeta. O elemento definidor dessa paisagem é a água. Não "a água" genericamente falando, como cenário decorativo. É a água enquanto protagonista. É assim há milênios. Mas pode deixar de ser assim.
Não que a transformação seja súbita ou possa ser prontamente diagnosticada com o surgimento de acontecimentos excepcionais, como sendo hecatombes e dilúvios.
Para minimizar a cheia acreana atual alguém lembrou que as tropas de Plácido de Castro atravessaram o rio Acre a cavalo, em algum ponto onde agora está Rio Branco (o rio Branco, aliás, fica no outro extremo da Amazônia, em Roraima, banhando Boa Vista, a confundir ainda mais os estudantes de geografia e história).
É verdade: outras cheias ou secas monumentais já existiram antes. O que parece novo é a frequência com que elas estão se repetindo, amiudando-se. Pode não ser uma catástrofe inevitável, mas certamente será uma catástrofe se os sinais de alerta forem ignorados.
A maioria das cidades surgiu à beira de um rio. Mas na Amazônia a dimensão da hidrografia requer atenção especial. Qualquer mudança mais significativa deve ser considerada e bem estudada para que o homem se adapte da melhor maneira à natureza.
Não tem sido esta a regra de procedimento. Muito pelo contrário: o homem segue seu caminho, na busca de novas fontes de riqueza, e vai mudando o que encontra pelo caminho. Acaba com as indispensáveis matas ciliares (que serão podadas ainda mais pelo pretendido novo Código anti-Florestal), dá fim à proteção vegetal das encostas, troca a densa mata nativa por precária pastagem — e assim segue a cornucópia da destruição.
Na Amazônia (e na Terra em geral) há o efeito bumerangue. Se lança-se a agressão, ela retornará contra quem a lançou. Os desmatamentos indiscriminados terão eco. É só acompanhar seu rastro.
As cheias começaram neste ano mais cedo. Não apenas no Acre: em toda a Amazônia. Um observador superficial pode contrapor outro fato a esse: também o refluxo começou mais cedo, já que o rio Acre apresentou ligeira baixa nos últimos dois dias.
Esse movimento, porém, pode ser ilusório. Ele antecede um novo movimento de enchimento. Por isso os moradores das áreas atingidas pela subida e descida das águas, que tem ciclo semestral no interior da região, ficam atentos e apreensivos. É muito cedo para comemorar.
Na Amazônia de vastas distâncias e grandezas continentais, a natureza ainda é a personagem principal. Mesmo que seja para desfazer, em muito menos tempo, o que fez durante largos períodos, quando o homem não era a hipótese em que se tornou. Improvável, aliás.

Como agem os companheiros... (como sempre agiram, ora essa!)

Quando na oposição, destrua e se oponha a qualquer posição dos adversários, mesmo contra os interesses do Brasil e da sociedade, apenas para satanizar o "inimigo de classe" e prejudicar o trabalho de reformas e de lenta melhoria das condições sociais.
Quando no governo, aja no sentido contrário ao que fazia na oposição, e mantenha a mesma cara de pau e a mesma desfaçatez na mentira que sempre exibiu em qualquer circunstância.
Em qualquer hipótese, minta, fraude, trapaceie, pois os objetivos partidários são mais importantes do que os interesses nacionais.
Paulo Roberto de Almeida
PS.: Não creio que algum companheiro a soldo, algum AA (adesista anônimo) consiga contestar o que vai acima. Enfim, só mentindo, claro, o que é próprio do seu caráter...


A lei do piso do magistério, que Tarso Genro repele, foi assinada pelo próprio Tarso em 2008

A lei federal que criou o piso nacional do magistério, que o governador Tarso Genro diz agora que não vai cumprir, a lei 11.738, foi assinada pelo próprio Tarso Genro no dia 16 de julho de 2008.

. É só ler no link os nomes das autoridades listadas, encabeçada por Lula.

. O então ministro de Lula e do PT, o segundo signatário, queria e conseguiu emparedar governadores como Yeda Crusius, do RS, intrigando-a e incompatibilizando-a com os professores e a opinião pública gaúcha, porque sabia que ela repeliria o presente de urso por total impossibilidade de pagar o novo piso nacional. Esta reação favoreceu-o mas urnas. Sua reação de agora, igual a de Yeda na época, demonstra que houve estelionato eleitoral em 2010 no RS.

CLIQUE AQUI para ler a lei federal e examinar a lista de signatários


terça-feira, 28 de fevereiro de 2012

Petrobras engorda e fica autoritaria...

Combina com os companheiros:


Petrobras informa que a Assembleia Geral Extraordinária, realizada hoje (28/02/2012), às 15 horas, no auditório do Edifício-Sede da Companhia, na Avenida República do Chile 65, 1º andar, na cidade do Rio de Janeiro (RJ), deliberou e aprovou o seguinte:

I. Reforma do Estatuto Social da Companhia, para aumentar o número de membros da Diretoria Executiva, de um Presidente e seis Diretores, para um Presidente e sete Diretores, de acordo com as seguintes propostas:

(1) Alterar a redação do caput do artigo 20 do Estatuto Social, para aumentar o número de membros da Diretoria Executiva de um Presidente e seis Diretores para um Presidente e sete Diretores; e

(2) Alterar o parágrafo único do artigo 36 do Estatuto Social, para dispor que em caso de empate em deliberação da Diretoria Executiva, seu Presidente tem o voto de qualidade, substituindo a expressão “poderá exercer”, pelo termo “terá”.

Ah, les folies des campagnes presidentielles... en France, bien sur

Vejamos se eu entendi direito, mas vou consultar a página do candidato socialista, para ter maiores explicações: 



'EXCESSIVE WEALTH' 
If the Socialist Party's candidate wins the current presidential election in France, the country's highest earners may be faced with massive new taxes. Francois Hollande says he wants to introduce a wealth tax of 75 percent on income of over 1 million euros per year.



Perguntar não ofende: então o pobre do milionário francês que ganhar 1.000.001 euros durante o ano (depois que for aprovada esta justíssima medida de redistribuição social, claro), vai deixar exatamente 750.000,75 euros para o Office des Impôts?
E se ele sonegar dois euros e ficar só com 999.999 euros? Pagaria quanto?
Paulo Roberto de Almeida 



Empresarios e trabalhadores manifestam CONTRA o governo! Acreditou?

Pois é, infelizmente não é verdade, mas deveria ser, pois o único -- repito, O ÚNICO -- responsável pela desindustrialização é, continua sendo, sempre foi e será pelos próximos anos -- talvez até que não reste mais nenhuma indústria digna desse nome no Brasil -- o GOVERNO, exclusivamente, essencialmente, fundamentalmente, basicamente o Governo.
Fui claro?
Acho que sim.
Pena que esses sindicalistas e empresários vão pedir as velhas receitas protecionistas de sempre.
E o Governo ficará contentíssimo em atender, obviamente.
Em linguagem grosseira, significa que vai tirar o dele da reta. Mas ele continua sendo o responsável pelo processo.
Não sei por que existem tantos cegos e idiotas no mundo, num país surrealista situado a centro-leste da América do Sul, mais especificamente...
Paulo Roberto de Almeida


Flávia Albuquerque
Repórter da Agência Brasil, 27/02/2012 - 19h33


São Paulo – Empresários e sindicalistas anunciaram hoje (27) que farão uma série de manifestações em diversos estados contra o aumento da importação e a desindustrialização do país. A mobilização começa amanhã (28) no Senado onde um grupo vai pedir a aprovação da Resolução 72, que reduz a zero a alíquota do Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) nas operações interestaduais com produtos importados.

De acordo com o presidente da Força Sindical, Paulo Pereira da Silva, o Paulinho, a prova de que a desindustrialização existe é o fato de que os empregos estão sendo perdidos no setor. “Por isso resolvemos colocar o bloco na rua para enfrentar essa questão”. Paulinho disse que empresários e sindicalistas pretendem atuar tanto para aprovar a Resolução 72, quanto para pressionar o Executivo com relação aos juros e ao câmbio.
O presidente estadual da Central Única dos Trabalhadores (CUT), Adir de Souza, disse que a intenção não é a de fechar o mercado brasileiro aos países estrangeiros, mas que deve haver uma proteção para a indústria nacional. “Este movimento que se inicia não é só de trabalhadores e empresários, queremos chamar a atenção da sociedade porque o efeito dessa crise na indústria desencadeia emprego em outros setores”.
O presidente da Federação da Indústria do Estado de São Paulo (Fiesp), Paulo Skaf, ressaltou que empresários e sindicalistas estão igualmente preocupados com os problemas do Brasil, que em sua avaliação está perdendo sua competitividade, por causa de altos custos para produzir em território nacional. “Está custando caro produzir no Brasil, e isso, leva o capital para investir em outros lugares e traz produtos importados”.
Segundo Skaf, 25% dos produtos que circulam no comércio brasileiro são importados. “Quem fala que não há desindustrialização no país está vivendo fora da realidade. É lógico que está havendo desindustrialização e isto é prejudicial ao país. O Brasil vai ter, em 2030, 150 milhões de pessoas precisando de emprego e não é abrindo mão da indústria que emprega intensivamente que o Brasil vai conseguir empregar bem todo esse contingente”.


Milionarios franceses ressucitam a guilhotina: continua afiada...

Brincadeira, claro, mas não duvido que, se fosse possível, os milionários deste país onde estou agora poriam a velha lâmina para funcionar outra vez, com alguma utilidade, digamos assim.
Se fosse para guilhotinar idiotas, ela não pararia de funcionar tão cedo, mas em se tratando especificamente dos inimigos dos ricos, aí ela já não daria conta: são muitos os partidários da egalité, por aqui, bem mais, em todo caso, que os defensores da liberté...
Paulo Roberto de Almeida

28/02/2012 - 15h50

Candidato à Presidência da França quer imposto de 75% para ricos

DA BBC BRASIL
O candidato socialista à Presidência da França, François Hollande, disse que os franceses com os maiores ganhos anuais deveriam pagar um imposto de 75% do valor de sua renda.
"Acima de 1 milhão de euros (quase R$ 2,3 milhões, por ano), a taxa de imposto deve ser de 75%, pois não é possível ter este nível de renda", disse Hollande.
Falando no horário nobre da televisão francesa, o candidato prometeu que, se eleito, vai revogar as isenções de impostos que foram determinadas pelo atual presidente, Nicolas Sarkozy.
Hollande é considerado o favorito nas eleições do dia 22 de abril, mas, as últimas pesquisas de opinião sugerem que a diferença entre ele e Sarkozy na preferência dos eleitores está diminuindo.
Acredita-se que Hollande e Sarkozy devem se enfrentar novamente no segundo turno, marcado para o dia 6 de maio.
POLÊMICA
O aumento de impostos para os ricos se transformou em um dos assuntos mais polêmicos da campanha presidencial francesa. Segundo a agência de notícias Reuters, especialistas da Suíça afirmam que impostos mais altos para os franceses mais ricos podem causar um êxodo para o país.
Muitas das celebridades mais ricas da França já moram em outros países.
O jornal francês Le Figaro informou que o anúncio de Hollande, feito no canal de televisão TF1, parece ter pego de surpresa até os próprios companheiros do Partido Socialista.
Em uma entrevista concedida minutos depois a outro canal francês, o France 2, Jérôme Cahuzac, responsável pelo setor tributário da campanha de Hollande, foi questionado a respeito da taxa de 75% proposta pelo candidato.
"Você está perguntando sobre uma declaração que, de minha parte, eu não ouvi", disse.
Hollande voltou a falar sobre a proposta de imposto nesta terça-feira, afirmando que o índice de 75% para as pessoas que ganham mais de 1 milhão de euros por ano é um "ato patriótico".
"É um sinal enviado, uma mensagem de coesão social, um esforço que precisa ser feito. É patriótico concordar em pagar um imposto suplementar para que o país volte a ficar de pé", explicou Hollande.
Ministros do governo da França, que são do partido de Sarkozy, condenaram a proposta de Hollande.
François Hollande "inventa um novo imposto toda semana sem sequer propor uma pequena economia", disse a ministra do Orçamento, Valerie Pecresse.
Para o ministro do Exterior, Alain Juppé, o plano do candidato é um "confisco fiscal".
Quando chegou à Presidência, em 2007, Sarkozy introduziu o chamado "escudo de imposto", que limitava o imposto a 50% da renda.

Republica Sindical do Brasil - Fernando Alves de Oliveira

Alguma dúvida de que ela existe?
Este artigo pode dirimir qualquer dúvida a esse respeito...
Paulo Roberto de Almeida 



Fernando Alves de Oliveira
Blog Libertatum, Posted: 28 Feb 2012 09:47 AM PST

Ora, a verdadeira liberdade sindical é a representada no direito de trabalhadores e empregadores se organizarem e se constituírem sem o arbítrio do Estado, tendo como manutenção econômica uma contribuição de cunho espontâneo. Como o estatuído na Convenção 87 da OIT.
Em junho de 1948, após a derrubada do Estado Novo do ditador Getúlio Vargas e a redemocratização do País, e já na presidência do general Eurico Gaspar Dutra, o Brasil foi um dos signatários da Convenção 87 da Organização Internacional do Trabalho (OIT). Assinada, mas não ratificada até os dias atuais. Por quê?
Como importantes referências históricas, vale recordar que Dutra liderou o movimento de novembro de 1945 que destituiu o caudilho Vargas do poder. Em setembro de 1946 viria ser promulgada a quinta Constituição Federativa. Restabelecido o regime democrático, Dutra foi eleito em dezembro do mesmo ano como novo presidente da República. Após cassar o Partido Comunista e romper relações diplomáticas com a União Soviética, Dutra foi o responsável pela criação do Serviço Social da Indústria (SESC) e Serviço Social do Comércio (SENAC) e de valer-se do Decreto-lei9070/46 para a regulação do direito de greve em atividades essenciais, além de outros importantes feitos para a época, no âmbito interno e externo.
Estava claro que o sindicalismo intervencionista do Estado autoritário, baseado na “Carta Del Lavoro” de Benito Mussolini, não era o modelo ideal para o Brasil da época, que começava a sair da fase eminentemente colonial e engatinhava para os avanços do parque industrial. Ademais, o País sofria as agruras econômicas advindas de um mundo saído de uma segunda guerra mundial. Os mais perspicazes já enxergavam ali o embrião da globalização.
Então, por qual razão a Convenção 87 da OIT não foi ratificada e sempre postergada?
Ocorre que desde a promulgação da legislação sindical no glorioso primeiro de maio de 1943, concebida com sua irmã gêmea, a Consolidação das Leis do Trabalho (Decreto-lei 5.452, de Vargas) os responsáveis pelo sistema sindical brasileiro insistiram em trilhar pela bitola estreita da unicidade, que veda a existência de mais de uma categoria (laboral ou econômica) em dada base territorial, além, é claro, na plácida sustentação financeira da contribuição sindical obrigatória. Como tal, garantidas a exclusividade da representação e da arrecadação compulsória, trabalhar ou não em prol da categoria laboral ou patronal representada jamais passou de mera opção de escolha.
Ora, partindo da premissa de que a Convenção 87proclama, dentre outros tantos fundamentos de igual ou ainda maior importância “da necessidade de melhorar as condições de trabalho e a afirmação do princípio da liberdade da associação sindical”, aliadas “à liberdade de expressão e de associação, como valores basilares para o progresso constante”, tornou-se profundamente estranhável (para não dizer vergonhoso) que o Brasil nunca tivesse optado por sua formal validação. Em verdade, nosso Parlamento –onde tal documento jaz há 65 anos- nos dias atuais nem teria mais condições formais de ratificá-lo, ante o preceito constitucional capitulado no artigo 8º da Constituição Federal promulgada em outubro de 1988, que consagrou a representação sindical fincado na unicidade e manutenção da contribuição compulsória. Ter-se-ia demudar essa prescrição constitucional. O que é impensável.
Claro está que os Constituintes liderados pelo finado Ulysses Guimarães foram anfibológicos e incongruentes. Utilizaram-se do enganoso expediente formal de desatrelar o Estado do movimento sindical, mas mantiveram não só a unidade como a contribuição obrigatória (que possibilitaria que o mesmo Estado persistisse participando do rateio do bolo sindical e embolsando 20%do seu total). Conclusão: o Estado segue dando as cartas e jogando de mão na constituição dos sindicatos. Primeiro através de sucessivas Instruções Normativas, como a inicial que criou o “Cadastro Nacional das Entidades de Sindicatos”, afora outras que se sucederam, desaguando na Portaria 186/08 que regula o registro sindical. Em verdade, uma concessão oficial maquiada da antiga “carta sindical”...
Assim sendo, Executivo e Legislativo são tutores do corporativismo representado pelos interesses dos pelegos que infestam o sindicalismo nacional, e que em troca de apoio político-eleitoral, são credores do Estado da dádiva do dinheiro fácil, oriundo da contribuição sindical compulsória sustentador ade sinecuras, balcões de negócios e meio de vida. E para ficar muito bem explicitado: não só de dirigentes de entidades de empregados, como também de patrões.
Aliás, a não ratificação da citada Convenção87 ou edição de ampla e saneadora reforma sindical derivam, ambas, da velha e surrada ausência de vontade política do Legislativo e do Executivo. Neste tema, o honroso e tão decantado jargão de um Brasil globalizado e líder absoluto dos emergentes, que tanto orgulha o povo brasileiro, possui pouco ou nenhum valor. Para os donos do Poder, mais vale o atraso sindical de sete décadas. Afinal, se sindicalismo propositivo, de vanguarda, é prioridade nacional, ela é a menos importante do elenco das mais importantes. Então, para que correr o risco de mudar o que rende votos nas urnas, que, afinal de contas é o que vale a governos ávidos de perenidade de poder?
Já provei, em meus livros e em artigos anteriores, que o único governante que rivalizou com o Congresso ela extinção da contribuição sindical foi Fernando Collor de Mello. Baldados seus esforços. Foi derrotado por ele em duas oportunidades. E de goleada!
Dos contemporâneos, Fernando Henrique Cardoso, entrou e saiu mudo na questão sindical. Já seu sucessor, vindo do meio, discursou, escreveu e assinou aquilo que seria a redenção institucional, moral e ética do sindicalismo. Ledo engano. Logrou todas as expectativas, manchando sua biografia. Sua preocupação foi com o oposto, beneficiando exclusivamente os sindicalistas, seus ex-colegas. Foi solícito em ampliar a reserva de mercado onde os sindicalistas ganham a vida e sobem degraus da escada política. Prova disso? Quase 50% dos cargos públicos e das estatais estão ocupados pela casta.
Ora, a verdadeira liberdade sindical é a representada no direito de trabalhadores e empregadores se organizarem e se constituírem sem o arbítrio do Estado, tendo como manutenção econômica uma contribuição de cunho espontâneo. Como o estatuído na Convenção 87 da OIT.
E como se prova ao longo de décadas passadas e no presente quanto à total aversão pela pluralidade sindical, também é evidente o desinteresse em abdicar da contribuição impositiva em favor das de caráter voluntário. Destarte, prevalece zero de interesse em ratificar a tal Convenção, bem como levar a cabo uma reforma sindical que tire o Brasil do malsinado atraso, que envergonha os componentes da vanguarda sindical, que lutam com denodo por transformações profiláticas e que devolvam dignidade, ética e transparência ao sistema prevalecente, regido pelo defasado e caduco modelo varguista.
Até um tempo não muito distante, a CUT, braço direito do PT, recomendava de boca cheia aos sindicatos a ela filiados para que devolvessem o dinheiro recolhido da contribuição obrigatória aos contribuintes das entidades. Como no PT o discurso costuma ser o antônimo da prática, deveria ser ela, a CUT, a primeira a dar o bom exemplo, restituindo ao ministério do Trabalho e Emprego os milhões de reais que tanto ela como as demais centrais colegas recebem desde 2008, por nímia generosidade de Lula, proveniente do rateio do bolo sindical. E o que é mais grave: sem qualquer fiscalização do Tribunal de Contas da União.
Aliás, os dirigentes de todas essas centrais também deveriam explicar não só aos trabalhadores a elas filiados, mas à sociedade brasileira, quais são os reais valores institucionais e de representação sindical de suas confederações e federações (que identicamente recebem 5% e 15%, respectivamente, do idêntico bolo sindical). Afinal, quais são, na realidade, as funções institucionais dessas federações e confederações depois do advento das centrais? Como tal, quais as justificativas merecedoras da continuidade da percepção desses obesos aportes?
E em termos de política sindical, o próprio ministério do Trabalho e Emprego virou um mero carimbo. Depois da saída de Carlos Lupi (outro defenestrado com rótulo de quem saiu, como todos os demais, “a pedido”) está sendo dirigido por um burocrata de carreira. Pelo mesmo secretário-executivo, subalterno de Lupi, que, por sua vez, ainda arvora a si o direito de participar do processo de escolha de seu sucessor, cujos critérios, naturalmente, estão longe de ser os qualificativos de mérito e competência e sim os dos conhecidos critérios de divisão do latifúndio político, tão a gosto do partido que, no passado, era histriônica e visceralmente contrário a isso tudo que hoje, no Poder, pratica com tanta desenvoltura...
Por fim, a indagação é extremamente recorrente: De qual setor de atividade são originários muitos dos partícipes do governo, instalado há 10 anos e umbilicalmente metidos no mais escabroso período da vida republicana deste País em matéria de corrupção e de seguidos escândalos?
É este o quadro do nosso autocrático e senil regime sindical. Quando e quem se habilitará
a reformá-lo?

Consultor sindical patronal, autônomo e independente, autor dos livros O sindicalismo brasileiro clama por socorro, e S.O.S.SINDICAL pt, editados pela LTr e de palestra direcionada, além de dezenas de artigos sob o tema sindical. Acervo em http://falvesoiveira.zip.net/ e em http://falvesoliveira.blogspot (“Por um sindicalismo patronal melhor”). Contatos: falvesoli40@terra.com.br Facebook: http://facebook.com/fernando.alvesdeoliveira3

Guide Michelin to Mecca? Not yet available... But the British Museum...

Uma exposição que me parece excepcional e digna de ser vista. Só falta comprar a passagem para Londres...
O único senão, dependendo do hotel, é ter de comer aqueles horríveis breakfasts ingleses, que só são superados pelos igualmente horríveis almoços e jantares ingleses. Mas, os restaurantes chineses salvam a incursão...
Paulo Roberto de Almeida

Bringing Mecca to the British Museum

Malise Ruthven

The New York Review of Books, March 2012

A detail from the Catalan Atlas, attributed to the Majorcan Jewish cartographer Abraham Cresques, 1375
Over the next two months the great domed interior of what used to be the British Museum’s reading room, where Marx researched Das Kapital and Bram Stoker (creator of Dracula) was a reader, is host to Hajj, a remarkable exhibition that celebrates the most sacred event in the Islamic calendar, the pilgrimage to Mecca. The exhibition seems more than a cultural event—a milestone, perhaps, in the public recognition and acceptance of Islam at the heart of British life. Conceived by British Museum director Neil MacGregor and the museum’s Islamic art curator Venetia Porter with assistance from the Saudi Arabian government, it is an unusual collaboration between a museum dedicated to secular learning and the current rulers of Islam’s holiest sites, who have lent many important works.
Presiding over its opening in late January were Prince Abdulaziz bin Abdullah, deputy Saudi foreign minister and son of the Saudi King, and Prince Charles—the heir to the British throne. There was a pleasing irony in the ceremony’s being held (with soft drinks only) in the gallery devoted to the eighteenth century Enlightenment with the princes reading their speeches in front of a Roman statue of the goddess Minerva. Prince Charles, who will presumably be the next Supreme Governor of the Church of England, spoke of the show’s “timeless truth that all life is rooted in the unity of our Creator.” Prince Abdulaziz—by Saudi standards an enlightened figure who sponsors translations of scientific texts into and out of Arabic—referred to his country’s “tangible efforts to spread peace all over the world,” a comment that raised few eyebrows from the assembled ranks of the British establishment, despite recent Saudi efforts to help the ruling Sunni dynasty in Bahrain suppress demonstrations by mainly Shiite protestors.
But while there were political implications, this was not in any strict sense, a political forum and in any case British royals, including Prince Charles, appear more comfortable with the hereditary rulers of Saudi Arabia and the Gulf, whom they regard as kindred spirits, than the uncertainties unleashed by the Arab Spring.
Hajj was organized in partnership with the King Abdul Aziz Public Library in Riyadh, which facilitated the loan of objects from Saudi Arabia, and helped with some of the texts, as Porter explained. (Funding came from the HSBC Amanah bank and the British government’s Arts and Humanities Research Council.) And while Saudi Arabian officials had no role in the choice or presentation of other objects loaned from more than thirty other collections, the organizers have clearly gone to some lengths to accommodate Saudi sensitivities and to undergird the monarch’s role as Guardian of Islam’s two holiest shrines (namely Mecca, where Muhammad was born and Medina where he is buried).
One of five obligatory “pillars” of the Islamic faith, the Hajj unites Muslims from all classes, backgrounds and traditions. It includes the ritual circumambulation of the Ka‘ba, the cubular building that stands at the center of the Grand Mosque in Mecca, in the direction of which Muslims in all parts of the world face during daily prayers, as well as other demanding rituals conducted in the neighborhood of Mecca.

Graffiti depicting the Hajj on a house in al-Asadiyya, Egypt, 2010
The Ka’ba is a somewhat stark flat-roofed structure, fifty feet high with a forty-foot façade and slightly shorter side walls, constructed from the layers of the grey-blue stone found in the hills surrounding Mecca. As the captions in the exhibition state, Muslims believe it was built by Abraham (Ibrahim), the original monotheist and with his son Ishmael (Ismail) ancestor of the Arabs). Abraham is said to have instituted monotheism and ordained the pilgrimage at God’s command, but later generations fell away, allowing idol worship to prevail until Muhammad “restored” the true religion of Abraham. The show does not mention the scholarly questions that have been raised about the Abrahamic account. The Encyclopedia of Islam—the canonical source for non-believers, states that “aside from Muslim traditions, practically nothing is known of the history of the Ka‘ba,” although Mecca (under the name Macorba) is mentioned in Ptolemy’s Geography, so it is assumed that the shrine existed in the second century CE.
In imitation of the tawaf (the ritual of circumambulation around the Ka’ba, which is performed by pilgrims by walking seven times around it in a counter-clockwise direction) the visitor to the beautifully-designed exhibition glides up a curving gallery, to encounter a series of displays showing the history of the Hajj through the ages. A Saudi lady, who had performed the pilgrimage several times, told me the experience brought tears to her eyes: “When you enter this exhibition you feel you are entering Mecca”—a city forbidden to non-Muslims, including the British Museum people who curated the show. The exhibits include artifacts, maps, textiles, documents from some forty collections, including those loaned from Saudi Arabia, notably the great kiswa, the black silken hanging embroidered with gold calligraphy, that covers the building.

Mahmal, red silk with silver and gold thread on a wooden frame, Cairo, 1867-1876.
Until the Saudi occupation of Mecca in 1926 the kiswa was sent annually from Cairo in a richly decorated camel-borne palanquin known as the mahmal, of which the exhibition has a superb example. Archive footage from 1918 shows the pomp with which this august aniconic symbol of Islamic devotion began its journey.. An edited version of Journey to Mecca, a recent Imax film, conveys some powerful images of Islamic faith in action: the ritual of prostration, honed over fifteen centuries - as the believers bow in perfectly coordinated movements in circles that radiate outwards from the Ka‘ba; the standing at the sacred mount of Arafat outside Mecca, which the white-robed pilgrims cover completely, like some vast colony of sea-birds; and a speeded-up view of the tawaf, where the Ka‘ba stands majestically—like the mysterious black monolith in Stanley Kubrick’s film 2001—an otherworldly symbol surrounded by the blurred gyrations of the worshippers.
The impression is underscored by a striking statement about the merging of individual identities in the mass by the Shiite intellectual Ali Shariati, who died in 1977 two years before the outbreak of the Iranian revolution he helped to inspire: “As you circumambulate and move closer to the Ka‘ba you feel like a small stream merging with a big river. You have been transformed into a particle that is gradually melting and disappearing. This is love at its absolute peak.”
The skeptically-minded will find some significant gaps in the show’s presentation of its subject. For example the caption for the mahmal footage is somewhat reticent, pointing out only that the practice of sending the embroidered palanquin from Egypt was discontinued in 1926. No mention is made of the trouble that erupted between the Egyptian pilgrims and the Saudi Wahhabis who had recently taken over the holy city. Leadership of the Hajj and protecting the pilgrims from marauding beduin were the foremost prerequisites of Islamic legitimacy and were reflected in contests over Mecca, the ritual center of the Islamic world. In 930, for instance, ultra-radicals of the Carmathian sect wrenched the sacred Black Stone from the south-eastern corner of the Ka‘ba and took it back to their stronghold on the Gulf near modern Bahrain. It was only returned - in pieces - more than two decades later, after the Abbasid caliph had paid a massive ransom. Given its historic and ritual significance, it would have been useful to have had a display showing the stone’s interesting but mysterious provenance. The captions relate only the Muslim belief that the stone, said to have been brought by the Angel Gabriel, was originally white, but became blackened by its contact with sinful humanity.
Some observers, including the English travelers Richard Burton who visited Mecca disguised as an Afghan in 1853 and Eldon Rutter who made the pilgrimage in 1926 considered it to be meteorite, others a fragment of rock created by meteorite impact. Such theories point in the direction of an object rendered sacred by reason of its extra-terrestrial origin. Fortunately some of the exhibition’s omissions are filled in the catalog, which contains informative articles by Robert Irwin and Ziaduddin Sardar. (My own contribution to the catalog, over-generously acknowledged, was limited to providing minor editorial suggestions, although I will have the opportunity to discuss some of the anthropological dimensions of the pilgrimage at an event scheduled for March 23).
Irwin’s essay balances the exhibitions wholesomely positive displays by pointing out how the pilgrimage had the disastrous side-effect of spreading cholera during the nineteenth century; while Sardar mentions several recent disasters, including the deaths of more than 1400 pilgrims in a stampede in 1990 and more than 300 when fire swept through a camp in 1997. Sardar also acknowledges the astonishing “improvements” being made to the holy site by its Saudi beneficiaries, which include the Royal Clock Tower, a replica of Big Ben five times the size of the London original. No surprise, perhaps, that this astonishing testimony to the taste of Saudi Arabia’s princes finds no place in the British Museum’s hallowed precincts, though images are freely available on the Internet.

A painting from the Maqamat of al-Hariri by Yahya al-Wasiti, Iraq, 1237 C.E.
In part, the exhibition’s unskeptical approach seems also to reflect the fact that it is dedicated to a living religion, not an antique belief system. It lays out Muslim beliefs without exploring the archaeological and anthropological matrices from which they issue. The question this raises is: should a scholarly and secular institution refrain from such exploration in order to accommodate religious sensitivities?
In this regard it may be noted that the lead essay on the early Hajj was commissioned from Hugh Kennedy, a “safe” medieval historian, rather than a scholar of religion such as G. R. Hawting. In line with the views of some western revisionists Hawting suggests that the “idolatry” against which Muhammad inveighed may not have been an actual practice, but a rhetorical trope used in arguments between rival monotheists.
On the other hand, the exhibition’s endorsement of orthodox Muslim beliefs conveys an important public message. Within a week of the exhibition’s opening nine Muslim men including seven British citizens, received prison sentences of 12 to 13 years after pleading guilty to a series of terrorist offenses, including plots to place a bomb in the toilets of the London Stock Exchange. Inspired by Anwar al-Awlaki, the US citizen and al-Qaeda leader killed in a drone attack in Yemen last year, the group epitomizes the alienation felt by many young Muslims from mainstream British society. An exhibition that celebrates the Islamic faith inside Britain’s foremost institution of culture must serve to counter feelings of exclusion.
Numerous schools with Muslim pupils have signed up for group visits to the show, not to mention coach loads of visitors from cities with substantial Muslim populations. The exhibition, with its blend of history, culture and the art that speaks to faith, and arises out of it, takes the British Museum beyond its traditional remit of preserving the past and puts it at the heart of the public debate about Islam and the place of Muslims in British society. Tactful, non-critical references to the beliefs held by Muslim majorities seems a reasonable price to pay for this bold initiative which MacGregor sees as serving the Museum’s “guiding principle of using objects and the forum of an exhibition to try to understand the complex world in which we live”. Minerva’s owl may fly at dusk but for Islam’s active believers, and the petrodollar Guardians of the Holy Places, this is still mid-afternoon.
Hajj is on view at the British Museum through April 15.
February 27, 2012, 1:10 p.m.

Bancos Centrais ou candidatos a ditadores monetarios? - book review

O mais estranho que encontro nesses livros e nessas resenhas em torno de história monetária e estudos sobre o papel dos bancos centrais é que nunca se contesta o seu poder de monopólio sobre a emissão de moeda e seu papel quase ditatorial na fixação das taxas de juros, ambos podendo estar em total descompasso com os dados da economia real, apenas para servir a interesses de grupos ou a ideias estapafurdias dos proprios banqueiros centrais.
Enquanto não se partir da ideia de que dinheiro pode, sim, deixar de ser monopólio de tecnocratas travestidos em sábios monetários, creio que não se terá uma boa discussão dos problemas atuais da oferta e demanda de moeda...
Ou seja, todos nos transformamos em prisioneiros, reféns do monopólio dos bancos centrais, que existem, grosso modo, há duzentos anos. Muito pouco para justificar qualquer legitimidade, sobretudo depois dos desastres provocados por eles mesmos ao longo do último século...
Paulo Roberto de Almeida

------ EH.NET BOOK REVIEW ------
Title: The Age of Central Banks

Published by EH.Net (February 2012)

Curzio Giannini, The Age of Central Banks. Cheltenham, UK: Edward Elgar, 2011. xxxi + 298 pp.  $135 (hardcover), ISBN: 978-0-85793-213-6.

Reviewed for EH.Net by John H. Wood, Department of Economics, Wake Forest University.

Modern central banks are known for more than the determination of the money stock.  They are also bank regulators and handlers of financial crises.  This has always been so, Curzio Giannini, former Deputy
Director of the International Relations Department of the Bank of Italy, tells us.  He urges economists to think of money not simply as a policy variable in the neoclassical model but as “an institution that is held up by trust: trust in its future purchasing power and trust in the continued convention that payment is complete when money changes hands” (p. xxv).  At the center of the institution of money is the institution of the central bank.

The principal controversies surrounding monetary institutions – such as the British Bank Act of 1844, the Bank of England as lender of last resort, the Federal Reserve as a solution to the inelasticity of the currency, and Bretton Woods and international trade – have addressed the viability of the payments system rather than simply the price level.  Price stability was taken care of by the monetary standard
during most of history.  The growth of a complex payments system, and the need for trust, or confidence, in that system gave rise to central banks.

Given the acknowledged importance of the central bank, Giannini writes, “it may seem surprising that until quite recently it attracted very little theoretical interest” (p. xx).  Two reasons for this may be the failure of the neoclassical theoretical paradigm to reach to institutions and the tendency to take central banks as given, such as the “fiscal theory’s” treatment of them as simply financial arms of the state.  Nor in his view did Goodhart’s explanation of central banks as the institutionalization of restrictive competitive practices required by the nature of banking contribute to our understanding of their evolutionary process.  Giannini takes Hicks’ observation in A Theory of Economic History as his guide: “if monetary  theoreticians want to move forwards they must first look backwards, building a vision of how money has evolved, of how we have reached our present point” (p. 5).

“In order to study money [and therefore central banks] we must start from decentralized exchange structures in which concepts such as risk, imperfect information and transaction cost have a meaningful role to play” (p. 4).  Giannini’s chronological account takes off from the “intermingling of money and credit,” brought about by banks against the background of capitalism and the rise of the democratic state,
which “set in motion a long and somewhat tortuous process of institutional adaptation centred around the figure of the central bank.  To date, the process has consisted in three separate phases.”
The first, ending in 1844, saw convertible bank notes; the second saw the recognition of the problem of how to govern bank money, and also central banks as lenders of last resort and bank regulators; the third
saw inconvertible “managed” money, that is, modern monetary policy which meant the nationalization of the central banks (p. xxvii).  “All the major monetary innovations have taken place during a sharp growth in trade, particularly international trade” (p. 19).

“For every payment technology there must … be a body of rules, conventions and institutional mechanisms designed to sustain the confidence of the people using it” (p. 9).  The institutionalist approach to its analysis puts trust at its center.  This is where central banks come in.  The book gives examples from “Fluctuations of Trust: Pre-industrial Credit Payment Technologies” in Chapter 2 through “International Money: Building Trust in an Underinstitutionalized Environment,” characterized by the breakdown of
Bretton Woods, in Chapter 6.

Giannini paints a bleak picture of the future of central banking, that is, of their capacity to provide confidence in the payments system. He quotes Bank of England Governor (1920-44) Montagu Norman to the effect that “No central bank can be greater than its own State – the creature greater than the creator.”  The internationalism of bank money is unlikely “because the banking system is … protected by a safety net that is the responsibility of the nation-state and, ultimately, of local taxpayers” (p. 218).   On the other hand, central banks pursuing national goals at the expense of others are unlikely to produce a healthy international environment.  A solution in the form of cooperation between sovereign states is problematic.  Perhaps, “in the long term … this problem will produce a strong incentive to share monetary sovereignty on a regional basis and in some cases to look for a new territorialization of money on a broader geographical scale, through the creation of innovative forms of political action” (p. 218).

“In the years to come [as often in the past], the most interesting developments will probably be precisely in the sphere of supervision and regulation” (p. 255).  However, moral hazard problems, always present, as in the lender of last resort, are growing.  “Globalization has sharply increased financial concentration, [creating] national champions far out of proportion with the rest of the economy and even the central bank.  This was predicted by Fred Hirsch [“The Bagehot Problem,” Manchester School, 1957] in the little-known article that marked the start of modern studies of central banking.    [G]iven informational asymmetries the attempt to subject banking to strict market discipline would result in concentration, as large banks sought the protective umbrella of government” (p. 257).

The increased activity of central banks since the middle of the last decade is consistent with Giannini’s logic of the evolution of central banks.  The problem of inflation seems to have been solved but the greater function of central banks, that of supplying trust in the payments system, has a murky future.  Those who hope to predict or understand the next step would do well to begin with the book under
review.

John H. Wood, Wake Forest University, is author of A History of Central Banking in Great Britain and the United States (Cambridge University Press, 2005).

Copyright (c) 2012 by EH.Net. All rights reserved. This work may be copied for non-profit educational uses if proper credit is given to the author and the list. For other permission, please contact the EH.Net Administrator (administrator@eh.net). Published by EH.Net (February 2012). All EH.Net reviews are archived at http://www.eh.net/BookReview.

Geographic Location: General, International, or Comparative Subject: Financial Markets, Financial Institutions, and Monetary History Time: 19th Century, 20th Century: Pre WWII, 20th Century: WWII and post-WWI 

Produto estrategico da economia nacional: o alho

Desde que eu me conheço por gente, e isso vem do século passado, o alho é um produto verdadeiramente estratégico para a economia nacional.
Deve representar, por baixo, algo como 10% do PIB e pelo menos metade das nossas mais dinâmicas exportações.
Não??!!
Incrível!
Pensei que o alho fosse um produto tão estratégico, tão indispensável na nossa cozinha, na nossa defesa contra os maus espíritos -- e eles abundam, reconheçamos, no Brasil -- na preservação do emprego e da renda nacionais, enfim, tão relevante que ele justificasse, realmente, que fosse acerbamente defendido, integrasse todas as listas de exceções do Mercosul e todo esse protecionismo comercial estratégico.
Suponho -- enfim, apenas imagino -- que os produtores de alho do Brasil conformem um lobby poderoso, formado por magnatas da economia nacional, integrado por ricaços que sempre vão a Brasília pedir, e obter, proteção contra essa insidiosa concorrência estrangeira, seja dos vizinhos do Mercosul, seja da mais distante China.
Se não é por isso, por que seria, por que as autoridades nos obrigam a pagar um alho mais caro, quando o poderíamos ter mais barato?
Por que esse recurso contínuo à proteção?
Ou os custos se ajustam, ou as pessoas vão plantar batatas, ou o que for mais competitivo...
Mas, não, isto é o Brasil...
Paulo Roberto de Almeida
O Globo, 22/02/2012

Setor quer prorrogação de medida antidumping
Nem o alho escapa da lista de produtos chineses que incomodam o Brasil. Desde 2007, os produtores brasileiros conseguiram garantir a sua fatia no mercado nacional com a aplicação de medida antidumping contra o similar chinês, que chega aqui por um preço menor do que aquele praticado no país de origem. Mas a medida perde a validade este ano e a Associação Nacional de Produtores de Alho (Anapa) está elaborando um pedido de prorrogação da restrição.
- Sem a medida antidumping, os produtores podem mudar de profissão. Não será possível mais produzir alho aqui. Trata-se de uma cultura muito artesanal, que demanda muita mão de obra, o que na China é bem mais barato do que aqui por razões conhecidas - afirma Rafael Corsino, presidente da Anapa e diretor da Wehrmann, uma das maiores empresas do Brasil no segmento.
Corsino lembra que na China existem 20 milhões de produtores, uma cidade de São Paulo, enquanto no Brasil o setor é bem menor:
- Aqui, não passamos de três mil. Por sorte, eles são grandes consumidores de alho e, por isso, só exportam 5% do que produzem. Se vendessem 10%, acabavam com a cultura no resto do mundo.
Desde os anos 90, com a abertura do mercado brasileiro ao comércio exterior, o país importa alho. Os produtores brasileiros, que forneciam 90% do que era consumido internamente à época, hoje só abastecem o mercado local com 30% do total. Em janeiro último, foram importadas no Brasil um total 941.414 caixas de alho da Argentina, enquanto da China vieram 271.176 caixas.

Quando o Brasil vai se corrigir? A depender de autoridades e empresarios, vai demorar...

A matéria abaixo é apenas mais uma demonstração de como o Brasil ficou mais caro, para si mesmo.
As razões são as mesmas de sempre: o chamado "custo Brasil" -- ou seja, a selva de tributos que os empresários são obrigados a enfrentar -- e o câmbio, que é apenas um reflexo do mesmo problema, pois ele é dependente de juros e outras condições da economia.
E o pior é que ninguém, autoridades e empresários, vão atacar os problemas reais e vão apenas recorrer aos velhos remédios protecionistas de sempre, o que vai deixar o Brasil um pouco pior do que já é...
Paulo Roberto de Almeida 

Marcelo Rehder
O Estado de S. Paulo, 19/02/2012

Custo de produção local leva o País a ampliar compras de países como China e Índia, com prejuízos para o emprego no setor gráfico
O avanço das importações chegou ao mercado de livros didáticos. Nos bancos escolares, os estudantes brasileiros estão estudando em livros impressos na China, Índia, Coreia, Colômbia e Chile.
Em 2011, editoras que fornecem material para o Programa Nacional do Livro Didático (PNLD), do governo federal, ampliaram em quase 70% as encomendas no exterior, estimam empresários da indústria gráfica. Os motivos são o câmbio e o custo Brasil.
Principal cliente para as gráficas do segmento editorial, o governo responde por 24,4% das compras de livros no País, que somam cerca de R$ 4,5 bilhões. No ano passado, o governo fez uma compra recorde de 170 milhões de livros didáticos para o ano letivo de 2012.
Segundo Fabio Arruda Mortara, presidente da Associação Brasileira da Indústria Gráfica (Abigraf), as editoras foram às compras no exterior, com base no argumento de que as gráficas editoriais brasileiras não teriam condições de entregar todas as encomendas dentro dos prazos estabelecidos nos editais.
A consequência disso foi que boa parte das gráficas trabalhou com alguma ociosidade a partir do segundo semestre de 2011, período em que elas costumam rodar livros didáticos. Em dezembro, representantes dos empresários e dos trabalhadores foram ao Ministério da Educação expor a preocupação com o crescimento nas importações.
"Já estamos perdendo empregos", diz o presidente da Abigraf. A indústria gráfica investiu US$ 5 bilhões no Brasil nos últimos quatro anos. Um empresário paulista, que pediu para não ser identificado, conta que demitiu 300 empregados nos últimos dois meses, o equivalente a 25% no quadro de pessoal. Além disso, engavetou um projeto de investimento US$ 20 milhões previsto para este ano. "Eu estava comprando uma máquina de 64 páginas e agora não tenho mais condições", diz o empresário.
O presidente do Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE), José Carlos Wanderley Dias de Freitas, que participou de uma das reuniões com empresários e trabalhadores do setor, disse ao Estado que o órgão não tem informações diretas sobre aumento nas importações de livros didáticos.
Custo. "A relação de contrato do CNDL é com as editoras e a impressão do livro didático não é uma questão nossa", argumentou Freitas. "Se a editora vai fazer a impressão no Brasil, na China, na Europa ou na América do Sul, é um problema dela."
O avanço das importações não aparece nas estatísticas oficiais porque não existe posição aduaneira específica para o livro didático. Mas a indústria gráfica tem algumas sinalizações sobre o tamanho da encrenca. Uma delas é que, até 2010, as importações de livros medidas em dólares e em toneladas caminhavam praticamente juntas. No ano passado, porém, a quantidade de títulos do exterior saltou 62%, para 31,1 mil toneladas, enquanto o crescimento em valor foi de apenas 27%, para R$ 175,8 milhões.
Na avaliação dos empresários do setor gráfico editorial, o descolamento se deve a um forte aumento na compra de livros didáticos, que custam bem menos que a grande maioria dos livros importados pelo País.
A presidente da Câmara Brasileira do Livro (CBL), Karine Pansa, prefere não tomar partido no debate. Ela fez questão de ressaltar que a entidade defende os valores éticos do mercado, mas não interfere nas questões comerciais das editoras.
"Gostaríamos que houvesse menos importações em todos os segmentos, não só o livreiro, para o bem do desenvolvimento do Brasil". E acrescenta: "Sabemos que os editores estão buscando a possibilidade de impressão em outros países porque o custo Brasil é prejudicial nesse momento à produção nacional".