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Este blog trata basicamente de ideias, se possível inteligentes, para pessoas inteligentes. Ele também se ocupa de ideias aplicadas à política, em especial à política econômica. Ele constitui uma tentativa de manter um pensamento crítico e independente sobre livros, sobre questões culturais em geral, focando numa discussão bem informada sobre temas de relações internacionais e de política externa do Brasil. Para meus livros e ensaios ver o website: www.pralmeida.org. Para a maior parte de meus textos, ver minha página na plataforma Academia.edu, link: https://itamaraty.academia.edu/PauloRobertodeAlmeida.

quarta-feira, 3 de setembro de 2014

Ubiratan Iorio publica livro sobre a Escola Austriaca de Economia

Tomo conhecimento agora, e ainda não tenho o livro, por estar no exterior, mas não tenho nenhuma hesitação em recomendar enfaticamente este novo livro de um dos poucos economistas lúcidos - ou seja, que não adere nem ao mainstream economics, que é a síntese neokeynesiana, nem à sua versã de botequim, que é a dos esquizofrênicos e aloprados que estão destruindo a economia brasileira atualmente -- que ainda temos a chance de ter. Vou encomendar o meu.
Paulo Roberto de Almeida 

Evitemos os perigos da “mitologia da coerência” no estudo da História

Em breve será publicado meu novo livro Dos Protoaustríacos a Menger: Uma Breve História das Origens da Escola Austríaca de Economia. Na introdução, escrita à guisa de exórdio, procuro advertir para alguns pontos que julguei relevantes, não apenas para que se possa compreender a mensagem do livro, mas – dentro de objetivos mais amplos – se passe a lidar com obras de História em geral.
É, naturalmente, um livro sobre a História do Pensamento da Escola Austríaca, desde suas origens pós-escolásticas até aquele que é considerado, com justiça, o fundador dessa fascinante abordagem da Economia, das Ciências Sociais, da Filosofia Política, do Direito e, de modo mais abrangente, da Filosofia e da própria vida. Nosso percurso, portanto, abrangerá cerca de seis séculos de História, que vão do século XIV ao final do século XIX.
Por esse motivo, cabem algumas reflexões, colhidas de diversos autores e de minha própria experiência, sobre Teoria Econômica e História, para que não caiamos no erro comum de julgar cada pensador apresentado no livro como se ele estivesse vivo hoje, como se fosse nosso contemporâneo, como se pudéssemos falar com ele pelo Skype ou pelo celular. É claro que não é assim e vou tentar explicar por quê.
O grande filósofo espanhol do século XX José Ortega y Gasset sustentava que a História é um sistema, com um papel muito importante, pois é por meio de seu estudo que, conhecendo o ambiente, os usos e costumes dos pensadores do passado, podemos compreender adequadamente o presente, para que no futuro tentemos evitar o que não deu certo, procurar apreender o que deu certo e, então, aplicar nosso conhecimento ao estado das artes vigente que, certamente, mudou em relação ao dos estudiosos do passado. Na verdade, nem a Escola Austríaca nem qualquer outra, em qualquer área científica, jamais foram corpos unificados de pensamento: foram e ainda são muito mais conjuntos de fragmentos colhidos aqui e ali, de diversos autores e que com o passar do tempo foram constituindo um corpo comum de conhecimentos, compartilhado pelos estudiosos de cada tendência.
Ora, isso pode ser escrito de outra forma: a História – para usarmos a linguagem de Hayek (e que foi sugerida por Menger em 1871) – é uma ordem espontânea, ou seja, um processo dinâmico de acontecimentos e decisões movidos pela ação humana, porém sem que obedeçam a estruturas previamente planejadas. Mergulhar, portanto, na História, é estudar a ação humana dos nossos antepassados, aprender em que erraram e acertaram e investigar porque erraram e acertaram, de acordo com as circunstâncias das épocas em que viveram. A História, assim como a linguagem e os mercados, são processos de tentativas e erros, são procedimentos de descobertas dinâmicos e permanentes.
Estudar a História é, portanto, investigar a ação humana pretérita
Estudar a História é, portanto, investigar a ação humana pretérita, nos campos da Economia, da Filosofia Política, do Direito, da Política e, consequentemente, do poder – que, aliás, nada mais é do que a dimensão política da ação humana, como demonstra magnificamente, em “Potere – La dimensione politica dell’azione umana” (editado por Rubbettino em 2013), o professor italiano Lorenzo Infantino, da Faculdade de Economia LUISS Guido Carli, de Roma.
Agrada-me o alerta do Prof. Peter J. Boettke, da George Mason University, na Virgínia, um dos austríacos de maior renome acadêmico da atualidade, que no capítulo 11 (“Back to the future: Austrian economics in the twenty-first century”) e no prefácio do livro “Handbook on Contemporary Austrian Economic” [publicado por Edgard Elgar, em 2010, por ele editado], adverte com bastante propriedade que a Escola Austríaca contemporânea não é um corpo unificado de pensamento e que seria um grande erro sugerir que é.
Boettke é o autor de “Living Economics: yesterday, today and tomorrow” [The Independent Institute-Universidad Francisco Marroquin, 2012]. Esse livro ganhou, em novembro de 2012, o Prêmio de melhor livro sobre a Escola Austríaca, concedido pela Foundation for Economic Education (FEE) em associação com a Society for Development of Austrian Economics (SDAE). Nele o autor introduz a ideia de que a ciência econômica afeta todas as esferas da vida, nos mercados, em uma cabine de voto, em uma igreja, em família ou em qualquer atividade humana. O Prof. Boettke acredita que a economia não é apenas um jogo para ser jogado por profissionais inteligentes, mas uma disciplina que aborda as questões práticas mais urgentes em qualquer momento histórico. Na economia, estão em jogo a riqueza e a pobreza das nações e a extensão e a qualidade de nossas vidas gira em torno das condições econômicas que nos condicionam. E, mais que tudo, que a Ciência Econômica não é um corpo consolidado, uma rocha, mas que ela vive, vale dizer, transforma-se e se aprimora ao longo do tempo.
Vejamos o que escreve no prefácio:
“Kirznerianos, rothbardianos e lachmannianos são vários rótulos que têm sido utilizados para caracterizar indivíduos e as suas contribuições. Misesianos e hayekianos são metaetiquetas que têm sido muitas vezes usadas por amigos e inimigos das respectivas vertentes de pensamento dentro da Escola Austríaca Moderna. Da forma como a enxergo, a Economia Austríaca contemporânea é um programa de pesquisas progressivo e não um corpo resolvido de pensamento e esse é o único caminho a seguir – o que significa que não devemos nos preocupar com a fidelidade às obras de qualquer pensador passado ou presente e sim em apenas buscar a verdade tal como a enxergarmos, acharmos e tomarmos ideias produtivas onde quer que possamos encontrá-las”. (tradução minha)
Na verdade, não há nada de novo nessa afirmativa. Esta era a maneira como Mises e Hayek enxergavam as ciências sociais. O cruzamento das ideias de Menger e Böhm-Bawerk com as de economistas ingleses como Wicksteed (tinturas austríacas) ou mesmo Mill (cuja famosa quarta proposição fundamental influenciou a Teoria Austríaca do Capital), economistas suecos, como Wicksell (de quem a Teoria Austríaca dos Ciclos Econômicos absorveu o conceito de taxa natural de juros), economistas franceses como Turgot e Bastiat, belgas como De Molinari, italianos, como Bandini, Galiani e Delfico, espanhóis (como a maioria dos mais proeminentes pós-escolásticos e, no século XIX, Jaime Balmes)e economistas americanos (como Knight e Clark), era a melhor alternativa que Mises e Hayek vislumbravam a respeito da atividade intelectual de um economista. Tal cruzamento não significa completa concordância ou consistência, mas sim uma seleção capaz de melhorar as concepções sobre a economia.
O famoso historiador inglês Quentin Skinner, em “Meaning and Understanding in the History of Ideas” [in: History and Theory, Vol. 8, No. 1, 1969], antecipava o mesmo alerta a respeito do erro de considerarmos a História como um sistema fechado, que aqui repito: “Este procedimento dá aos pensamentos de vários escritores clássicos uma coerência e um ar geral de um sistema fechado, que podem nunca ter alcançado ou até mesmo sido feitos para alcançar”.
Deveria ser senso comum que a compreensão de textos escritos há cem, duzentos, trezentos ou mais anos, pressupõe a compreensão tanto do que seus autores tinham a intenção de dizer, como da maneira que esses autores desejavam que suas ideias fossem tomadas. Logo, a capacidade de compreender um texto deve ser também a de compreender tanto a intenção a ser compreendida como a intenção de como deve ser entendida.
A questão essencial com que nos confrontamos ao estudar qualquer texto, é o que o seu autor, no momento em que escreveu para o público que pretendia alcançar, desejava comunicar alguma ideia ou proposta. Portanto, o objetivo essencial de qualquer tentativa de compreender as afirmativas do autor, deve ser o de identificar essa sua complexa intenção.
Consequentemente, a metodologia apropriada para a história das ideias deve se preocupar, antes de qualquer outra coisa, com a demarcação de todo o conjunto de comunicações que poderia ter sido convencionalmente realizado por ocasião do enunciado dado pelo autor e, depois, com o delineamento das relações entre o enunciado dado e o contexto linguístico mais amplo, como um meio de decodificar a intenção real do pensador.
Existe uma crença quase metafísica a que a mitologia da coerência – isto é, a de que as doutrinas são corpos unificados de pensamento -, dá origem: ela leva a se esperar de um escritor que não apenas mostre coerência interna – que se transforma, assim, em um dever de cada intérprete revelar, mas também que todas as barreiras aparentes a essa revelação, constituídas por quaisquer contradições aparentes que o trabalho do escritor possa sugerir conter, não podem ser barreiras de fato, simplesmente porque não podem existir contradições.
Uma vítima constante dessa mitologia da coerência, inclusive por parte de muitos austríacos, é Hayek. Tenho lido muitas críticas a ele no sentido de que teria sido um “social democrata” ou um “intervencionista”, o que os leva a classificar Hayek simplesmente como um teórico liberal do século XX; entretanto, o que esses críticos deixam em segundo plano é que os pontos de vista dele e, principalmente, o público para quem escrevia e as circunstâncias da época em que ele tinha quarenta anos, em plena era dos autoritarismos, eram completamente diferentes de seus pontos de vista, do público e das circunstâncias existentes quando ele tinha oitenta anos.
Skinner explica que se podem identificar dois postulados positivos e gerais. O primeiro diz respeito aos métodos adequados para estudar a história das ideias: por um lado, é um erro escrever biografias intelectuais concentrando-se nas obras de um determinado escritor, ou escrever histórias de ideias analisando a morfologia de um determinado conceito ao longo do tempo. Esse tipo de estudo é inadequado. Por outro lado, isso não nos permite concluir, como às vezes se afirma, que nenhuma forma particular de se estudar a história das ideias é mais satisfatória do que qualquer outra. Skinner sugere então uma metodologia alternativa, que não seja sujeita a qualquer dessas inadequações. O que ele sugere, em poucas palavras, é que a compreensão de textos pressupõe a compreensão tanto do que eles tinham a intenção de dizer e de como este significado era destinado pelo autor a ser tomado.
Outra observação geral refere-se ao valor de se estudar a história das ideias. A possibilidade mais interessante, ao discutir tanto as causas das ações como as condições para compreender as propostas científicas, é a de um diálogo entre a discussão filosófica e as evidências históricas.
Skinner sugere um ponto importante sobre o valor filosófico de se estudar a história das ideias. Por um lado ele deixa claro que qualquer tentativa de justificar o estudo do tema em termos de problemas perenes e verdades universais a serem aprendidas com os textos clássicos é ingênua. Qualquer declaração de princípios é inevitavelmente a personificação de uma intenção particular, em uma ocasião especial, dirigida à solução de um problema particular, e, portanto, específica para a sua situação de uma forma que tentar ignorar esse fato só pode ser sinal de ingenuidade.
Aprender com o passado – e jamais poderemos aprendê-lo em sua totalidade – a distinção entre o que é necessário e o que é produto apenas de nossas próprias dúvidas momentâneas é a chave para nossa própria autoconsciência
A implicação principal disso é que não é meramente que os textos clássicos não possam estar preocupados com as nossas perguntas e respostas, mas apenas com as de seus próprios autores; há também, a implicação de que só existem respostas individuais a questões individuais, com tantas respostas quantas questões diferentes e tantas perguntas quanto questionadores diferentes. Não há, consequentemente, nenhuma esperança de buscar o ponto certo no estudo da história das ideias pela tentativa de aprender diretamente com os autores clássicos, concentrando-se em suas tentativas de respostas a perguntas supostamente intemporais.
Exigir da história do pensamento uma solução para os nossos problemas imediatos é, assim, incorrer em uma falácia não apenas metodológica, mas, no dizer de Skinner, um erro moral. Mas aprender com o passado – e jamais poderemos aprendê-lo em sua totalidade – a distinção entre o que é necessário e o que é produto apenas de nossas próprias dúvidas momentâneas é a chave para nossa própria autoconsciência.
Já Rothbard lembra que em toda a obra de Mises está presente a tese de que são as ideias que fazem a história, e não a história que faz as ideias. Mises sabia que apenas ideias com bases sólidas podem servir de sustentáculos a programas de ação econômicos e políticos capazes de alcançar os resultados desejados. E sabia, naturalmente, que ideias derivadas de premissas e lógicas equivocadas levam necessariamente a interpretações errôneas da realidade e que essas ideias resultarão numa conduta que “não somente deixa de alcançar os objetivos desejados por seus autores e defensores como também cria um estado de coisas que – do ponto de vista das avaliações destes – é menos desejável do que o estado de coisas anterior”.
O Prof. José Manuel Moreira (que me concedeu a honra de escrever o Posfácio de meu modesto livro), na página 50 de sua tese de doutoramento (resumida), Filosofia e metodologia da economia em F. A. Hayek – ou a descoberta de um caminho “terceiro” para a compreensão e melhoria da ordem alargada da interação humana [Universidade do Porto, 1994, no terceiro tópico do capítulo I, em que trata de teoria e história], ressalta com muita propriedade que:
“Hayek defenderá a complementaridade do tratamento histórico e teórico, mas ao mesmo tempo manterá que a aspiração a tornar a história uma ciência teórica é em si contraditória com uma outra exigência defendida por muitos historicistas (e particularmente pelos marxistas), a de que a teoria deveria sempre ser histórica”.
E prossegue o notável economista português esclarecendo que Hayek não negava que a História lida com eventos únicos, singulares, isolados, mas que isso não é uma característica exclusiva da história da humanidade. Por essa razão, enfatizava que a distinção entre teoria e história não tem conexão com a diferença entre os objetos concretos utilizados pelos dois métodos e que, assim sendo, as duas espécies de conhecimento são necessárias para que possamos compreender os fenômenos concretos, sejam eles da natureza ou da sociedade humana.
Por sua vez, Edward H. Kaplan, em sua resenha – “Writing History: Essay on Epistemology” ao livro de Paul Veyne, “Writing History: Essay on Epistemology” (Middletown, Conn. Wesleyan University Press, 1984 (ed. original em francês, de 1971, publicada em The Review of Austrian Economics, Volume 1. Ludwig von Mises Institute, 1987, iBook) escreve que Veyne nega que a história seja uma ciência social, uma vez que qualquer ciência verdadeira utiliza um conjunto de abstrações como objeto, enquanto a História os fixa em elementos particulares concretos.
Para Veyne, o historiador os compõe como “verdadeiras novelas” e assim se parece mais com um romancista do que com um cientista. Isto porque, como o romancista cria ficções às quais ele se esforça para dar uma aparência de verdade, ele pode ter que realizar o tipo de pesquisa em documentos semelhantes aos estudados normalmente pelo historiador. Este último, obviamente, não precisa criar personagens ou incidentes, mas, tal como o romancista, ele tem que decidir sobre algum “enredo” que se encaixe em sua narrativa. E escreve:
“Uma ciência do homem é possível e até certo ponto já existe, mas a história não é e não pode ser essa ciência. Tal ciência deve, Veyne argumenta (citando Mises, Hayek e Schumpeter), ser praxeológica. Se os objetos da história são eventos específicos, os objetos de uma verdadeira ciência humana devem ser abstrações que podem ser manipuladas na mente, independentemente do mundo de onde foram tiradas”. (tradução minha)
Por fim, nunca é demais lembrar que uma das características da Escola Austríaca é o individualismo metodológico. Assim sendo, cada agente – e, no caso do livro, cada pensador – é um indivíduo diferente dos demais, tanto nos aspectos objetivos como, principalmente, nos subjetivos. Ora, esta característica das pessoas, elaborada cientificamente pela Escola Austríaca mediante o individualismo metodológico, por si só já deve ser suficiente para espantar a lenda da “mitologia da coerência”, um fantasma muito mais em conformidade com as ideias coletivistas do que com a defesa das liberdades individuais.

Educacao: nao existe nenhum risco de melhorar; vai continuar afundando

Tenho dito e repito: sou moderadamente pessimista em economia, ou seja, acredito que o Brasil vai continuar sua trajetória medíocre de crescimento, pois não pode crescer um país que investe menos de 20% do PIB e tem um Estado que extrai dois quintos da riqueza criada pela sociedade.
Mas eu sou ABSOLUTAMENTE PESSIMISTA em educação: nossa trajetória continua apontando para a miséria educacional, uma conjunçãi de loucuras petistas, obsessões freireanas e máfias sindicais de professores, todos cultuando as mesmas doutrinas retrógradas e nefastas. Não há nenhuma hipótese de melhorar, só o contrário.
Agora, o que faz o governo, ao reter os resultados -- que devem ser negativos, como esperado -- do Ideb 2014, só tem um nome: calhordice, pura e simples. O que aliás combina com os companheiros.
Paulo Roberto de Almeida 

A um mês da eleição, Planalto retém resultado de avaliação da educação

O governo federal já tem em suas mãos, pronto para divulgação, os resultados do Ideb (Índice de Desenvolvimento da Educação Básica). Os dados foram repassados para a Casa Civil há 15 dias, mas, até agora, não foram tornados públicos, apesar de já terem passado pelo crivo técnico do Inep (Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira), órgão do Ministério da Educação responsável pelas avaliações federais.
O Ideb é o principal indicador da qualidade do ensino do país. Ele é divulgado de dois em dois anos e é calculado a partir do desempenho de alunos em testes de Português e Matemática e das taxas de aprovação no ensino fundamental e médio. É a partir do Ideb que é possível monitorar o desempenho de gestores municipais e estaduais na Educação, além de saber se o país está cumprindo as metas estabelecidas para cada etapa de ensino.
A demora na divulgação do Ideb tem gerado críticas de educadores, secretários e governadores. Alguns, reservadamente, suspeitam que, por causa das eleições, o governo esteja segurando os resultados devido a um suposto mau desempenho do país, fato que não é possível confirmar sem que os números se tornem públicos.
Quando as primeiras críticas ao atraso foram publicadas na imprensa, o governo federal respondeu que até o fim do mês passado divulgaria os dados, o que não foi feito.


MEC diz que dados serão divulgados ‘logo’

Ontem, ao participar de evento na sede da Associação Brasileira de Mantenedoras de Ensino Superior (ABMES), em Brasília, o ministro da Educação, Henrique Paim, disse que os resultados seriam divulgados “logo”, mas sem dar novo prazo. Ele afirmou que mais de 300 escolas apresentaram recursos e que o Inep está compilando esses dados.
— Tivemos o cuidado em analisar todos os recursos feitos pelas escolas em relação à Prova Brasil. O Inep trabalhou nessa direção, e estamos concluindo essa análise para divulgar logo. Se nós formos ver o histórico da divulgação do Ideb, sempre foi divulgado no mês de agosto. Estamos com uma semana, mais ou menos, de atraso. Assim que eu tiver segurança em relação a esses dados, o Inep vai me indicar, e nós vamos fazer a divulgação.
O último Ideb disponível é referente ao ano de 2011, e foi divulgado em 14 de agosto de 2012. Em 2010, os dados referentes a 2009 foram publicados em julho. Em 2008, indicadores de 2007 vieram à tona em junho.
A coordenadora da área de Educação da campanha de Aécio Neves, Maria Helena Guimarães de Castro, ex-secretária-executiva do MEC e ex-presidente do Inep no governo FHC, disse estar preocupada com esse atraso.
— Na semana passada, eu estive num seminário da Associação Brasileira de Avaliação Educacional, e lá foi dito que o Ideb sairia na sexta. E hoje é terça, não saiu, e não temos nenhuma notícia sobre o Ideb. A mesma coisa sobre a Avaliação Nacional de Alfabetização. Também havia uma notícia de que eles anunciariam os resultados do ANA em maio, depois para junho, para julho, já estamos em setembro e ainda não foram divulgados. Estou preocupada, acho que é importante a sociedade brasileira ter acesso a essas informações, porque elas são muito importantes para melhorar as políticas educacionais como um todo.
Maria Alice Setúbal, a Neca Setúbal, uma das coordenadoras de campanha da candidata Marina Silva, disse não acreditar que o atraso na divulgação dos dados esteja relacionado ao calendário eleitoral.
— Acho que não, o ministro é o responsável, ele deve ter respondido isso para vocês. Mas eu acredito que vai ser divulgado no momento em que o MEC achar conveniente. Sempre tem um prazo que deve ser respeitado para a divulgação desses resultados. Vamos esperar. Temos ainda um mês antes do final do primeiro turno para que possam ser divulgados esses resultados.
Fonte: O Globo

Eleicoes 2014: Madre Teresa de Calcuta amazonica - Rodrigo Constantino

Artigo de Rodrigo Constantino no jornal O Globo, 3/09/2014, via Orlando Tambosi

Se os indianos tiveram a Madre Teresa de Calcutá, nós temos a Madre Marina de Xapuri. Cansado da “mamãe” Dilma, o povo agora quer sonhar novamente. Afinal, democracia que compara projetos e propostas, histórico e alianças é mesmo algo muito monótono. O brasileiro é mais afeito às utopias messiânicas, a um “salvador da Pátria”, ou salvadora, no caso.

Se tiver um passado da agruras, uma infância miserável, uma bela narrativa de vítima para contar, aí fica imbatível. O ex-operário que passou fome ia acabar com a fome no Brasil. Seu “Fome Zero” foi um fiasco, mas isso é detalhe. O crescimento chinês veio lhe salvar, e o povo carente logo o enxergou como o novo Padim Ciço.

Não teve mensalão que o fizesse acordar do feitiço. Lula iluminou seu poste e Dilma, que era ele mesmo em forma mais feminina, foi eleita. A “mãe do PAC”, o Programa de Auxílio a Cuba, seria a “gerentona” eficiente. Entregou apenas recessão e inflação. Dilma foi a pior presidente que o Brasil já teve. Mas justiça seja feita: foi a melhor para a ditadura cubana.

Cansado — com razão e muito atraso — do PT, o povo brasileiro quer uma nova esperança. Não quer o candidato mais bem preparado, com a equipe mais robusta, com as ideias mais estruturadas. Nada disso tem charme. Quer uma solução definitiva, alguém que represente a “nova política”, que carregue uma aura de santidade e paire acima dos reles mortais.

Viva Marina! Uma espécie de Curupira de saias, a guardiã das florestas e dos animais, que representa a “terceira via” contra a polarização entre petistas e tucanos. Foi do PT por décadas, ministra de Lula, e seu marido era do PT do Acre até “ontem”. Detalhes bobos, sem importância. A “nova política” significa entrar para o PSB, partido com socialista na sigla e membro do Foro de São Paulo, ao lado do próprio PT e da ditadura cubana. Mais dados insignificantes.

Com postura de quem recebeu um chamado divino, Marina pode tudo, não há contradição que grude nela. Goza do mesmo “efeito Teflon” de Lula. Ela pode, por exemplo, afirmar que vai governar usando o melhor tanto do PT como do PSDB, que ninguém questiona o que isso quer dizer na prática, se é um ou o outro. Afinal, não parece viável misturar Mercadante e Armínio Fraga.

Segundo Eduardo Giannetti, seu assessor para economia, o viés na área estaria bem mais para o lado tucano, o que é um alívio para quem entende do assunto. Resta saber: Marina vai mesmo escutar Giannetti? Ou seu assessor será Leonardo Boff? Ou será o MST, entidade da qual já vestiu, literalmente, o boné? Suas décadas de PT, partido do qual saiu triste e com “profundo respeito”, terão que tipo de influência em sua gestão? Você pode tirar alguém do PT, mas será que é possível tirar o PT de alguém?

De boba Marina não tem nada. Antes, representava um grito de protesto; agora, pelas artimanhas do destino, é a favorita na corrida presidencial. Quando o poder se aproxima e se torna factível, o candidato abandona certos radicalismos “sonháticos” e flerta com o pragmatismo. Ao defender em seu plano de governo um Banco Central independente e o tripé macroeconômico, Marina sinaliza que fará como Lula em sua “Carta ao Povo Brasileiro”.

Lula, de fato, respeitou a herança bendita da era FH no primeiro mandato, com Henrique Meirelles e Palocci. Mas em seguida traiu o povo brasileiro e abandonou o legado deixado pelos tucanos. Fez “o diabo” para eleger Dilma, e agora estamos aqui, nesse quadro de estagflação. Marina será fiel aos eleitores pragmáticos? Ou deixará vir à tona seu DNA esquerdista?

Saberemos a resposta em 2015, ao que tudo indica. A “onda” cresceu e se transformou num tsunami. Marina já é a grande favorita, com dez pontos à frente de Dilma no segundo turno, de acordo com o Datafolha. Mas, se é cedo para saber se os pragmáticos vão quebrar a cara com Marina, uma coisa é certa: a decepção dos “sonháticos” será total. Quem está à espera de um milagre, de uma mudança revolucionária na forma de se fazer política, vai cair feio do cavalo.

Dito isso, algo ao menos será motivo de regozijo para os mais esclarecidos: a derrota do PT. É verdade que, desesperados com a possibilidade real de perder suas tetas estatais e ter de trabalhar, os petistas farão de tudo para permanecer no governo Marina. Os vermelhos vão se pintar de verdes, até porque Marina está mais para “melancia”: verde por fora, vermelha por dentro. Mas ela seria eleita com um claro discurso de oposição, e ficaria muito feio compor com o PT depois. Portanto, adeus, PT. Já vai muito tarde!

Reflexao do dia: cenario pos-eleitoral

Acho que continuaremos, objetivamente, na mediocridade do crescimento econômico, com o acréscimo de confusões suplementares, e inúteis, por causa da personalidade da beata da floresta e de sabotagens do PT. 
Uma coisa é certa: a educação continuará afundando, com as contribuições criacionistas dos novos ocupantes do poder: afinal de contas, Darwin também é criação de Deus. 
Paulo Roberto de Almeida 

Eleicoes 2014: Marina e o agronegocio - Marcos Jank

Será que a beata da Floresta já está de acordo com o agronegócio?
Vamos ver no governo...
Paulo Roberto de Almeida

Marina e o agronegócio
Marcos Jank
O Estado de S. Paulo, 2/09/2014

Marcos Sawaya Jank é diretor global de Assuntos Corporativos da BRF e foi presidente da União da Indústria de Cana-de-Açúcar e (Unica).

Marina Silva aproximou-se do agronegócio na última semana. Esteve numa importante feira do setor sucroenergético, jantou com 60 lideranças na sexta-feira e seus assessores vêm dialogando com pessoas-chave do setor.
Todos sabem que o agronegócio viveu momentos de atrito com Marina no período em que ela foi ministra do Meio Ambiente. Exemplos são os embates em torno do Código Florestal e o zoneamento da soja transgênica, num momento em que produtores gaúchos plantaram variedades argentinas que ainda não haviam sido aprovadas no Brasil. Já se passaram dez anos. Desde então a Comissão de Biossegurança autorizou um amplo uso de sementes transgênicas no Brasil, a exemplo do que vem ocorrendo em quase todo o mundo. O novo Código Florestal virou lei em maio de 2012 e hoje há total consenso entre o agronegócio e a comunidade ambiental de que o desafio é implementar mais rapidamente o que foi definido.
Tendo participado de diversas conversas com Marina e seu grupo nos últimos cinco anos, permito-me fazer aqui uma análise das perspectivas dos temas do agronegócio à luz do seu programa de governo, recém-divulgado. O programa reconhece a competência dos produtores brasileiros, os ganhos de produtividade alcançados, o fato de o País dispor da melhor tecnologia tropical do planeta e o papel salvador que o setor desempenhou na garantia do equilíbrio das contas externas. Em síntese, os principais destaques do programa são:
1) Políticas tradicionais - taxas de juros mais baixas para a agricultura; continuidade das políticas de aquisição de alimentos, preços mínimos e estoques reguladores; ampliação de programas de seguro rural, cobrindo riscos climáticos e de renda; reforço das estruturas de pesquisa e controle sanitário; avanço no zoneamento agroecológico e melhorias na legislação trabalhista.
2) Acordos internacionais - ampliação dos acordos de comércio com os países mais relevantes para o agronegócio, independentemente do Mercosul.
3) Plano ABC - o Plano de Agricultura de Baixo Carbono ganhará prioridade, recebendo mais recursos para estimular o manejo e a recuperação de pastagens e áreas degradadas e buscar a meta de "desmatamento zero".
4) Governança dos ministérios da área - segundo o texto, no mundo inteiro o Ministério da Agricultura também cuida de questões fundiárias, de florestas plantadas e da pesca. "No Brasil temos quatro ministérios cuidando desses temas, disputando o mesmo orçamento e prestígio junto ao Palácio do Planalto, ao Legislativo, à mídia e à sociedade em geral. Ainda interferem no agronegócio mais uma dezena de ministérios e duas dezenas de agências correlatas. É preciso enxugar esse emaranhado de órgãos federais que engessam as ações para o setor rural".
5) Política energética - o diagnóstico e as diretrizes apresentados são claros e corretos. O ponto de maiores destaque é a prioridade de recuperar e revitalizar a produção de biocombustíveis e bioeletricidade, que não deveriam ficar a reboque da intervenção estatal em razão de políticas de controle artificial de preços da gasolina. "A intervenção do governo no setor deveria ser mínima e as regras para o desenvolvimento da energia de biomassa devem ser previsíveis e transparentes."
6) Infraestrutura e logística - o programa propõe ampliar e acelerar concessões, parcerias público-privadas e investimentos, aprimorando os marcos regulatórios, diversificando modais de transporte e aprimorando o diálogo com os investidores.
O programa traz temas que devem gerar embates com o setor, mas podem perfeitamente ser tratados de forma racional pelo Executivo pelo Legislativo:
O texto reconhece a queda expressiva do desmatamento em áreas de floresta, mas menciona seu avanço em certas áreas do cerrado, afirmando "que a agropecuária brasileira não precisa mais avançar sobre novas áreas de vegetação nativa para duplicar ou até triplicar sua produção". Creio que o agronegócio concorda plenamente com a necessidade de eliminar o desmatamento ilegal em todos os biomas. Defende, porém, o desmatamento legal de áreas férteis sob cerrado, seguindo estritamente o novo Código Florestal. A solução do "desmatamento líquido zero" - desmatamento legal de áreas com aptidão agrícola compensado por reflorestamento incentivado de áreas sem aptidão - pode ajudar a resolver a questão.
A atualização dos indicadores de produtividade agrícola relacionados com o diagnóstico da função social da propriedade rural, que permitiria rápida desapropriação de terras nos casos previstos em lei ou prêmio para quem faz uso correto da terra.
A demarcação de terras indígenas e quilombolas, prevista na Constituição, mas que causa discórdias com os agricultores nas áreas onde há disputas.
Na minha modesta opinião, o programa atende às principais expectativas do agronegócio. Ele diz ainda que a agropecuária tem uma agenda própria, que será considerada pelo novo governo, reconhecendo-se a importância do setor para o País. Marina afirmou ainda que o programa divulgado é um "projeto em construção" que será revisado sempre que necessário (como, aliás, já o foi no fim de semana).
Precisamos acabar com a falsa dicotomia que tem colocado agricultura e meio ambiente em lados opostos. O agronegócio global só sobrevive com desenvolvimento sustentável. Ele terá de produzir alimentos, bebidas, têxteis, papel, borracha e bioenergia para mais 9 bilhões de habitantes em 2050. Terá de gerar renda para quem nele trabalha e enfrentar crescentes restrições de recursos naturais e clima.
O mundo deposita enorme esperança no Brasil para servir como exemplo global na conciliação de questões econômicas, sociais e ambientais na agricultura. Nossa História recente mostra que estamos em posição bem melhor do que qualquer outro país para dar esse salto. Ou seja, há muito mais convergências do que divergências entre as agendas do agronegócio moderno e a agenda de gestão sustentável dos recursos naturais proposta por Marina Silva.

Desastres economicos: Brasil ruim, Argentina pior, Venezuela catastrofica - noticias preocupantes

Parece que tem gente pior do que a gente. Disso eu não tenho dúvidas: basta olhar para o Iraque, ou para certos países da África.
Mas, bem que poderíamos estar melhor, se não fossem essas políticas malucas, aplicadas por peronistas e companheiros.
Se espera que, depois de enterrar dinheiro em Cuba, o Brasil não perca mais passando para a Argentina...
Solidariedade se presta com alguém que tenta fazer as coisas corretamente, não com quem continua a incidir nos mesmos erros do passado. Aí já é burrice...
Paulo Roberto de Almeida

El comercio con Brasil se desplomó 28% en agosto
La Nación, 2/09/2014

El comercio bilateral entre la Argentina y Brasil pasa, en opinión de la consultora abeceb.com, "por su peor momento histórico". Las cifras oficiales sustentan esa afirmación: en agosto, de acuerdo con el Ministerio de Desarrollo, Industria y Comercio Exterior de Brasil, las importaciones argentinas desde ese país sumaron US$ 1163 millones, 36% menos que en el mismo mes del año pasado. Las exportaciones argentinas hacia Brasil, en tanto, pasaron de US$ 1280 millones en agosto de 2013 a US$ 1078 millones durante el mes pasado, lo que implica una caída de 16 por ciento.
En consecuencia, el comercio bilateral de los dos principales socios del Mercosur se contrajo 28% en agosto y acumula una caída de 22% en los primeros ocho meses del año. La caída acumulada, según resalta abeceb.com, se explica tanto por una caída de las importaciones argentinas (24,5%) como de las exportaciones (19,2%). "Este comportamiento se ve influenciado por las restricciones a las importaciones que se encuentran vigentes en la Argentina, más una caída de su mercado interno, junto con una coyuntura recesiva por parte del país vecino", dice el informe.
El director de la consultora Desarrollo de Negocios Internacionales (DNI), Marcelo Elizondo, tiene una opinión similar: "La caída del comercio bilateral responde a la recesión económica que atraviesan los dos países y que provoca una menor demanda recíproca. A esto se suma la incertidumbre política que se vive en Brasil por las próximas elecciones, las restricciones al comercio que viene aplicando el Gobierno en la Argentina y las malas expectativas que hay en el país".
Lo cierto es que en el acumulado de los primeros ocho meses del año, según las cifras oficiales de Brasil, la participación de la Argentina como mercado de destino de las exportaciones de ese país fue de apenas 6,4%, casi dos puntos menos que en el mismo período de 2013. En tanto, dentro del total importado por Brasil en lo que va del año, los productos procedentes de la Argentina representan apenas el 6,1%, cuando en el mismo período del año anterior abarcaban el 7,2 por ciento.
En los primeros ocho meses del año, las importaciones argentinas desde Brasil suman US$ 9821 millones, 24% menos que en el mismo período del año pasado. "Más de un 70% de esa caída se explica por la reducción de las compras de la cadena automotriz", resalta el informe de abeceb.com. Y añade: "Otros rubros que contribuyen a explicar esa caída son los bienes de capital, los minerales y combustibles y los químicos". En tanto, las exportaciones hacia Brasil, principal destino de los productos industriales argentinos, sumaron US$ 9340 millones entre enero y agosto, 19% menos que un año atrás. "En este caso, los envíos de automóviles y autopartes explican gran parte de la caída, aunque también lo hacen otros rubros como los bienes agrícolas y los minerales y combustibles", dice el informe.
El hecho de que las exportaciones hacia Brasil hayan caído menos que las importaciones desde ese país permitió que en los primeros ocho meses del año la Argentina registrara un déficit de US$ 483 millones, 66% menor que en el mismo período de 2013. Para el año completo, abeceb.com proyecta un déficit de 700 millones.
DOS SOCIOS QUE SE DISTANCIAN
24% menos importaciones
La caída en las compras al país vecino se explica, sobre todo, por la crisis del sector automotor.
483 millones de dólares
Es el déficit que acumula la Argentina hasta agosto.

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Kicillof viaja hoy a China a pedir que no se frenen los créditos
La Nación, 2/09/2014

El Gobierno intentará destrabar esta semana los créditos otorgados por China para obras públicas, que se frenaron por el default de la deuda argentina, y avanzar en el financiamiento de una nueva central nuclear.
El ministro de Planificación, Julio De Vido, partió anteanoche a China y hoy viajará con el mismo destino su par de Economía, Axel Kicillof, según indicaron a LA NACION fuentes del Palacio de Hacienda. Ambos estarán hasta el miércoles, con la intención de que lleguen los desembolsos para las represas Néstor Kirchner y Jorge Cepernic, prometidos por el presidente chino, Xi Jinping, en su visita a Buenos Aires en junio último.
El problema es que, con la decisión de la Corte Suprema de EE.UU. de no tomar el caso del pari passu y el default de hecho generado desde fines de junio, esos dólares tan esperados por el Gobierno quedaron en standby, pese a que en el Palacio de Hacienda juran que el evento "estaba contemplado y no será un problema para que llegue el financiamiento". Sin embargo, como informó LA NACION la semana pasada, el contrato por los créditos indica en el punto 21 del artículo 7, referido a "Casos de incumplimiento", que "cualquier hecho o condición que resulta en la aceleración del vencimiento de cualquier deuda externa pública, o si la Argentina deja de efectuar cualquier pago de capital o interés cuando sea exigible, o declara una moratoria o suspensión de pagos en cualquier porción de su deuda externa pública" será considerado "incumplimiento cruzado". Y aunque la Argentina insiste en que no está en default, la agencia de calificación china sí la colocó en ese peldaño, al igual que sus colegas norteamericanas.
Desde el Banco Central también admitieron este inconveniente para avanzar con las mencionadas obras públicas, aunque aclararon que éste no alcanza al swap acordado con su par chino, que permitiría reforzar parcialmente las reservas desde el mes próximo.

VALOR EMBLEMÁTICO
A los dos ministros se suman el secretario de Obras Públicas, José López; la titular de la Comisión Nacional de Energía Atómica, Norma Boero, y el presidente de Nucleoeléctrica Argentina, José Luis Antúnez. Las fuentes de Economía precisaron que Kicillof y De Vido, además de intentar destrabar los préstamos acordados, harán un road show para financiar una nueva central nuclear y prepararán la visita que la presidenta Cristina Kirchner realizará a ese país.
El Ministerio de Planificación afirmó que el conflicto con los holdouts no afecta el financiamiento acordado con China, pero en Economía admitieron que ahora se suma la amenaza del pedido del fondo buitre NML de embargar esos fondos, lo que puede demorar más aún esas inversiones.
Los contratos con China también parecen contener cláusulas que el Gobierno actualmente repudia en los casos contra los holdouts, que se discuten en el tribunal neoyorquino del juez Thomas Griesa, como las de "aceleración" de los vencimientos de la deuda, que llevan a que si el país entra en default con un pago, el acreedor tiene derecho a pedir de inmediato el pago total del capital, aunque falten muchos años para su vencimiento.
De esta manera, el Gobierno le terminó concediendo a la banca china jurisdicción extranjera, sometimiento a otros tribunales y todo lo que quiere quitarles a los holdouts con el proyecto de ley de pago soberano. Al incluir la cláusula del "default cruzado", queda abierta la idea de que si no se alcanza una solución con los fondos buitre sería imposible ejecutar las obras de las represas, que para el Gobierno tienen un valor emblemático y práctico.

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Argentina y Venezuela tienen las peores notas económicas de la región
Clarin, 31/08/14

Son los únicos países de América latina que no crecerán en 2014. El mundo no se cae: EE.UU., Europa y China también se expanden.
“Se nos cayó el mundo encima” o “la crisis global es la culpable de nuestros problemas” son las dos muletillas preferidas del Gobierno para justificar las penurias económicas. Pero revisando un poco qué pasa fuera de la Argentina, el panorama es bien distinto a como lo describe, por caso, el ministro de Economía Axel Kicillof.
La verdad es que la Argentina y Venezuela parecen haberse caído en el pozo que sus propios gobiernos cavaron. Hablando en términos futbolísticos , son dos jugadores que “se cayeron solos”.
Esto se puede constatar rápidamente comparando las principales variables económicas de Argentina y Venezuela con las del resto de los países de la región.
Periódicamente, la consultora Latin Focus realiza sondeos de expectativas sobre toda la región. Indaga a la principales consultoras de cada uno de los países y arma los pronósticos de “consenso”.
Según el último sondeo, Argentina y Venezuela son, por lejos, los peores de la región.
En crecimiento esperado del PBI para este año, solo dos países sufrirán contracción: Argentina, que se espera una caída de al menos 1%, y Venezuela, que podría caer 2%. Los datos contrastan con el promedio de América Latina, que crecerá 1,6%. Si la región no crece más es por la mediocre performance de México (2,5%) y sobre todo Brasil, que ya entró en recesión y crecería, con suerte, 1%.
El resto del mundo también está creciendo. Se espera que los Estados Unidos crezca 2%, la Unión Europea 1,1%, Japón 1,5% y China 7,4%.
Se sabe que Argentina y Venezuela son dos rarezas en inflación: acá se espera que 2014 cierre con una suba de precios cercana al 40%. Venezuela apunta al 70%. En el resto de la región la suba de precios es de un dígito, y el más comprometido es Uruguay, con el 8,4%.
El peso y el bolívar son las dos monedas que más se devaluaron. En lo que va del año el peso oficial cayó 23%, y la brecha con el dólar blue está en el 70%. En Venezuela, el dólar paralelo vale 13 veces más que el oficial.
También serán los dos únicos países de América Latina en los que caerá el consumo: según el sondeo de Latin Focus se contraerá 2% en Venezuela y 1,1% en la Argentina. Todo, claro, por culpa de la caída del poder adquisitivo de la población, justamente el valor que los dos gobiernos dicen defender.
En la región, el consumo se expandirá 1,9%.
La inversión caerá 6,2% en Venezuela y 3,2% en la Argentina. Las exportaciones, pese a la debilidad de la moneda, caerán: 1,5% en Argentina y 4,5% en Venezuela, contra un crecimiento regional promedio del 2,6%.
Estos dos países son, además, los únicos que no logran incrementar sus reservas monetarias.
Cifras, datos objetivos, que muestran que el recurso de buscar culpables afuera está agotado.

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Argentina pediría ayuda financiera a Brasil para frenar las reservas
La República (Colômbia), 30 Agosto  2014 - Buenos Aires

Con el objetivo de frenar la sangría de reservas, la presidenta de Argentina, Cristina Kirchner, pediría una ayuda financiera a Brasil, principal socio del país la región.
El auxilio financiero se trataría de un swap de monedas similar al que se acordó con China, señala infobae.
En este sentido, el ministro de Economía, Axel Kicillof, se reunió en San Pablo con su par Guido Mantega para analizar la situación automotriz y el intercambio bilateral. A pesar de que Mantega desechó la posibilidad de una ayuda, en el mercado financiero de Brasil se menciona la posibilidad de un préstamo del Banco de Desarrollo (Bndes).
Desde hace tiempo la caída de reservas es señalada por varios economistas. Sobre el cierre de la semana, en el Pre-Coloquio de Idea que se desarrolló en Rosario, varios consultores y ex funcionarios se expresaron en ese sentido.
Miguel Kiguel expresó su "preocupación" por la caída en el nivel de reservas del Banco Central y estimó que la baja en el precio de la soja provocará un descenso de US$6.000 millones, para el 2015, equivalente a 10% de las exportaciones.
Advirtió que el país está enredado en una "trampa" y sostuvo que para superar esa encrucijada es necesario "acceder al crédito y eso implica resolver el problema con los holdouts".
"No veo cómo puede crecer la economía el año que viene", afirmó el especialista, y alertó sobre el impacto que tendrá en las reservas del Central el hecho de tener que enfrentar vencimientos de deuda y pagos al exterior, mientras que continuarán bajando las liquidaciones de exportadores.
Dante Sica consideró que habrá "un mayor ajuste en el sector privado cuando mas tardemos en acordar con los holdouts" y afirmó que "lamentablemente con el proyecto de cambio de jurisdicción de la deuda se acabo la idea que el default se acaba en enero".
El titular de Abeceb.com consideró que la Argentina está en "un fuerte proceso devaluatorio" y estimó que "para finales de año el dólar oficial se ubicará entre 9,40 a 9,50".
Evaluó que el 2014 concluirá "con una caída del PBI de 2,5%" y proyectó que las reservas del Banco Central se ubicarán en torno a los US$27.000 a US$28.000 millones.

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Viaje a una Venezuela de contrabando
Alfredo Meza - Maracaibo
El País, 31 AGO 2014

EL PAÍS recorre la ruta de los pequeños ‘bachaqueros’ desde Maracaibo hasta el otro lado de la frontera colombiana, cerrada cada noche por orden del Gobierno de Nicolás Maduro

El 22 de agosto el presidente de Venezuela, Nicolás Maduro, prohibió mediante un decreto la exportación de hasta 89 productos de consumo masivo como parte de los esfuerzos de su Gobierno para reducir el contrabando. Esa disposición no impide que Obama —el mote del protagonista de esta historia— intente una vez más vender carne, pollo y queso en Colombia para obtener un ingreso adicional a los 6.000 bolívares mensuales (67 dólares, 51 euros, a la tasa de cambio del mercado negro) que gana como empleado de un frigorífico.
Obama, de 25 años, recién casado y padre de una niña, reside en Maracaibo —capital del Estado petrolero de Zulia y segunda ciudad más importante de Venezuela— y vive como bachaquero. El Gobierno define así a las personas que trasladan artículos subsidiados por el Estado al otro lado de la frontera para revenderlos a precio de mercado. La furtiva desaparición de hasta un 40% de los productos regulados destinados al mercado interno, según cifras oficiales, ha provocado una respuesta de Caracas en dos frentes: una estricta vigilancia militar en los 2.200 kilómetros de frontera colombiana y la incorporación voluntaria de supermercados, farmacias y pequeños comercios a un programa de captura de las huellas digitales de sus clientes.
Esta semana, las principales cadenas de supermercados de Maracaibo comenzaron a instalar sistemas biométricos que pretenden limitar la compra de alimentos básicos. A simple vista la medida evita el patético espectáculo de ver a los clientes liándose a golpes por las escasas existencias —una escena muy común en la actual Venezuela—, pero no garantiza el abastecimiento. El pasado miércoles, en la sede de Súper Tienda Latino de la avenida 15, en la acomodada zona norte de Maracaibo, había anaqueles repletos de desinfectante, arroz, café, margarina y papel higiénico, pero escaseaban la harina de maíz precocida y la carne. “Hace mucho que no llegan”, confesaba Frank Vergara, gerente del local.
Obama, en cambio, sí tiene carne y pollo de primera —regulados a 90 bolívares (un dólar, 0,76 euros) y 43 bolívares (medio dólar), respectivamente, por kilogramo— que le ha vendido su jefe a precio de mayorista, y quiere ofrecérselos a tres clientes en Maicao, en el departamento de La Guajira, el primer poblado colombiano tras cruzar la frontera. Parece un plan arriesgado. El pasado día 23, el canal Venezolana de Televisión mostraba al vicepresidente venezolano Jorge Arreaza y al número dos del Gobierno, Diosdado Cabello, rodeados de 63.000 litros de combustible y diez toneladas de alimentos empacados cerca del río Limón, en uno de los puestos de control que Obama deberá salvar antes de completar su negocio. “Habrá sanciones graves a cualquier funcionario público o miembro de las Fuerzas Armadas que permita la salida del país del alimento del pueblo”, prometió Arreaza entonces con el evidente objetivo de disuadir a los aventureros.
Obama se persigna antes de introducir su cargamento —13 kilos de carne, 20 de pollo y 40 de queso blanco duro— en la maleta de un viejo Caprice Classic de 1983 que pertenece al taxista Jorge, un evangélico que jamás falta a la iglesia los domingos. Son vehículos muy apreciados en esta zona por su enorme tanque de gasolina, de unos 110 litros, que permite revender parte del combustible al otro lado de la frontera. El viaje es un negocio para todos. Para Obama, que venderá el kilo de carne a 4,6 dólares (3,5 euros) el kilo, y para Jorge, que negociará un punto de gasolina —una medida que equivale a 23 litros— por unos 13 dólares.
Con esa cuenta en mente, el sol empieza a ocultarse en la ruta hacia Maicao, a 100 kilómetros de distancia por una vía recién asfaltada a orillas del Caribe. Por el camino, Obama y Jorge van recordando las experiencias más hilarantes que han vivido como bachaqueros para disimular la angustia. No debería ser más de hora y media de trayecto, pero los puestos de control del lado venezolano convierten el viaje en una travesía de hasta tres horas. Además, por órdenes de Maduro, la frontera permanece cerrada entre las diez de la noche y las cinco de la madrugada para evitar el contrabando. Hay que apurarse porque la carne y el pollo se están descongelando.
Cuando se aproximan a la primera alcabala o puesto de policía, en una de las márgenes del río Limón, Obama le da unos siete dólares a Jorge para pagar el primer soborno o coima. Tienen suerte. El guardia les indica que sigan adelante. En el siguiente punto, en el retén de Las Guardias, un teniente de las Fuerzas Armadas ordena detener el vehículo. Jorge abre la puerta:

—¿Qué llevas ahí en la maleta?
—Te voy a dar tu picada (coima).
—Bájate y ábrela.
Jorge le pide a Obama la factura de la carne. Con ese comprobante podrán demostrar a la autoridad que la mercancía les pertenece. Obama saca del bolsillo delantero de su pantalón un papel doblado que le extiende a su amigo.
Diez minutos después Jorge regresa y dice:

—Debemos esperar un rato.
—¿Aceptó o no aceptó la picada? —pregunta Obama un poco inquieto.
—Tranquilo, coño. El hombre va a hablar con el capitán que comanda el pelotón para que podamos seguir.

El teniente introduce medio cuerpo en el asiento del piloto esperando su coima. Resignado, Jorge toma cinco billetes de 100 bolívares (algo más de cinco dólares) y se los coloca dentro de la guerrera. De inmediato el teniente cierra la puerta y hace sonar un silbato para que acelere.

Os mandarins da Republica, que estao afundando a republica...

Da coluna do jornalista Carlos Brickmann, 2/09/2014:

O preço da Justiça
Com o aumento pedido pelo Supremo Tribunal Federal, cada ministro brasileiro receberá praticamente os mesmos vencimentos da Suprema Corte americana. Com três diferenças: a população americana é 50% maior que a brasileira, o país é bem mais rico e o pagamento ao ministro é tudo o que ele recebe. No Judiciário americano, só há carro oficial para uma pessoa: o presidente da Suprema Corte. Todos os demais ministros, desembargadores, juízes, cuidam do próprio transporte. No Brasil, a partir dos tribunais de Justiça, todos os desembargadores e juízes têm carro, motorista, gasolina, manutenção, seguros, tudo por conta do Estado generoso e rico. Só em São Paulo há cerca de 400 desembargadores.
www.brickmann.com.br

Aquecimento global: os custos e as alternativas de mercado - Ryan McMaken

Must Free-Marketers Reject Global Warming?
Ryan McMaken
Mises Institute, Friday, August 29th, 2014

You can’t make this stuff up. Someone at the UK Guardian named David Grimes has declared that “economic liberalism,” by which he means the ideology of laissez-faire, “clashes” with “scientific evidence.” Which scientific evidence, you might ask? Well, the unassailable scientific dogma of global warming is one:

Climate change illustrates this well, because despite overwhelming evidence of anthropogenic influence, there is a tendency for those with pronounced free-market views to reject the reality of global warming. The reason underpinning this is transparent – if one accepts human-mediated climate change, then supporting mitigating action should follow. But the demon of regulation is a bridge too far for many libertarians.

There is no doubt that some people who purport to be advocates for free markets reject arguments of anthropogenic global warming out of hand without even considering the evidence. I’m agnostic on the matter myself, although I certainly reject the ludicrous assertion that there is such a thing as “settled science” and that the matter is not debatable. And unlike many allegedly great men and women of scientific inquiry, I refuse to agree that global warming “deniers” are heretics who should be burned at the stake (or the modern equivalent of having one’s career ruined). To anyone capable of logical thought, it should be obvious that one’s support for free markets is utterly independent from one’s opinions on the matter of global warming. There’s no reason at all why someone who accepts the reality of anthropogenic global warming would have to support government regulation of all energy usage. To argue such would be like arguing that one’s acceptance of the Bering Strait theory determines one’s opinions about the minimum wage. So why would Grimes think this? We can see it in his quotation above where he says:

The reason underpinning this is transparent – if one accepts human-mediated climate change, then supporting mitigating action should follow.

Ah, so there it is. Acceptance of global warming = acceptance of “mitigation” = acceptance of government regulation. Case closed.

Grimes packs many assumptions into just this one statement. Let’s look more closely:

If one accepts that global warming is a grave danger, is it nonetheless necessary to support “mitigating action” even if it can’t be shown to actually improve anything at all? Even assuming that global warming were proven beyond a reasonable doubt, the burden of proof of success is still on those who want mitigating action. Specifically, they need to be able to prove that such action has a reasonable chance of achieving the desired ends. They most certainly have not done so. Indeed, many scientists say it’s already too late to stop it. Many argue that even if major global action were taken right now, the expected result over the next century would be too small to make any difference. In other words, it’s futile at this point to enact mitigating actions. (Also here.) Presumably, if it’s too late, then there’s no reason we should still be debating mitigating action. But of course, having realized that the “it’s too late” message is a PR disaster, the message has instead been changed to “it won’t be too late if we act right now!”
By their own admission, if global controls on production and energy use are not imposed by 2020, we’re all doomed. When 2020, rolls around, however, look for the date to be changed to 2025, and so on. Indeed, the global warming gang is like the Seventh Day Adventists who kept predicting the end of the world in the nineteenth century, and then changing the date when it didn’t happen.

Note, however, that the entire narrative depends on the assumption that all mitigating action must consist of socialist edicts and regulations. Could there be mitigating action that is not based on socialist command and control systems? We all know that any such suggestion would be laughed out of the room by global warming scientists, who in addition to being experts on climate, are also experts on politics, economics, and anything else they decide to be “experts” on. Private solutions aren’t even worth discussing in their view, so even if a laissez-faire minded global-warming enthusiast were to suggest something other than government control of the global economy, he would be immediately excluded from the debate. We all know what “mitigating action” really means.

So, there may be any number of mitigating actions supported by global-warming minded free-market people, from better water filtration, to agricultural engineering, to desalinization, to water delivery systems, all which might be done within the context of markets. But no, none of that is acceptable. The only acceptable “mitigating action” for people like Grimes is global governmental control of the entire means of energy usage and production.

Also important to the support of any mitigating action is an analysis of the cost. Knowing that the true cost to people of submitting to a global warming regulatory regime would be very high, it is necessary for the global warming regulators to portray the effects of global warming as being nothing less than a nightmarish post-apocalyptic landscape of Mad Max proportions. This enables them to argue that no cost is too high to adopt their regime.

Back in the real world, however, costs must always be considered.

Most of the “solutions” to global warming offered by the global elites involve the widespread impoverishment of much of the human population by limiting the production of goods, and the use of transportation resources. Such “solutions” would massively undermine advances in the standards of living for billions of ordinary people just as they are finally starting to come out of grinding levels of poverty. In other words, most of the anti-global warming regulators (most of whom are wealthy white people in first-world countries) want to deny the poor of the world their washing machines. For Grimes, a white intellectual in a wealthy country, he won’t bear the true brunt of the global warming “solutions.” But for many people, the cost of the “solutions” for global warming will be extremely high indeed. So perhaps many people can be forgiven for rejecting the rich-white-man assumption that restrictions on energy usage and production are the bee’s knees.

The proponents of global warming regulation completely ignore these costs, and instead insist that desertification will destroy human society, so it’s better to just make everyone poor now, rather than later. The argument goes something like this: global warming will make many areas of the earth uninhabitable and people will become starving bands of scavengers as a result. So, the only solution to this is to force people back down to nearly-unbearable subsistence levels now, so that they don’t become post-apocalyptic cannibals later. They argue, for example, that much of the American South will become a desert and that many coastal cities will be flooded by rising water levels.

All they’re really saying, of course, is that in case of global warming, large numbers of people will have to migrate to other places. When noting that the South will become a desert, they never mention, for example, that Canada, will become much more hospitable in climate, or that the Hudson Bay would become a more temperate area and a natural location for major trade networks and new cities.

So what the global warming crowd has to do is prove that the cost of migration in the future is evidently higher than the cost of destroying the global economy right now. This has most certainly not been proven, and given that huge migratory flows are relatively common in human history, depicting such a situation as akin to the apocalypse is dishonest at best. Moreover, since the sea levels and desertification processes would not occur overnight, we also know that there would be time for persons to migrate, and we also know that many of the places to which they would migrate, are now virtually uninhabited.

Indeed, it would seem that if mass migration is in our future, we would want to do everything we can to encourage economic growth now. To invest in technologies that contribute to making capital more easily transportable (like smaller and lighter computers and vehicles) and encouraging people to save for the future.

The alternative offered by the proponents of global warming regulation -pushing much of the developing world back into abject poverty- would be sure to bring something far worse, such as endless civil wars among populations where had a middle-class lifestyle within sight, but was then ripped away by the global elites in the name of saving the world.

So, if global warming is indeed on our horizon, it would appear that perfecting technologies like water desalinization, aqueducts, improved agricultural practices, and lowering the costs of basic staples such as housing and labor-saving appliances would be essential. Much of the world has already been working on these problems, and global warming has had nothing to do with it. The Israelis have been developing better and better water and agriculture systems for decades. Many desert countries (including the western United States) have been working on better water filtration and delivery systems. Many societies, such as The Netherlands and Singapore already deal with various issues related to dense populations.[1]

But can you guess which societies are the best as dealing with these issues? Not surprisingly, the societies that have the wealthiest populations and the most industrialized and capital-intensive economies offer the best solutions for dealing with all the problems that global warming has to offer. In other words, the most free economies offer the best hope for addressing these issues. We don’t hear much from Venezuela, for example, about the latest scientific advances in energy production, water cleanliness, and housing.

Meanwhile, those who support global warming “mitigation” are most interested in crippling the very system that makes it easiest to deal with climate-related issues. By impoverishing the world, the global warming regulators wish to see to it that few could afford the very sorts of technologies that would be most helpful in a warmer world. For David Grimes, “science” apparently tells him that poor population are better at mastering their environment than rich populations. If that’s “science” then we can only hope that “anti-science” eventually prevails.

Notes

[1] See the Copenhagen Consensus project for more reasonable comments along these lines.

Across the Empire (6): leituras no Colorado


Crossing the Empire, 2014 (6)
Leituras no Colorado

Paulo Roberto de Almeida

            Ler é a minha segunda natureza, como todo mundo sabe. Talvez não, acredito mesmo que seja a primeira, pois não tenho a menor ideia de qual seria a minha natureza profunda, minha essência primordial, como diriam os filósofos (não me perguntem quais). Então fiquemos com essa única que já me basta: como sou um produto dos livros, vivo com os livros, para os livros, nos livros e pelos livros, e assim vou indo pela vida, sem tropeçar em nenhuma pedra literária, pois sei escolher o que leio, embora leia de tudo. Ah, sim: uma vez bati o carro atrás de um outro, coisa pouca, pois estava lendo e dirigindo, obviamente. Mas é que eu estava recém começando meu doutoramento, em Berna, e tinha recebido uns livros que tinha encomendado de uma livraria americana pelo correio: apressadinho, já fui desembrulhando no carro para ver o que eu tinha recebido, e pimba: o gelo do inverno fez meu carro derrapar numa freada brusca em semáforo. Não me lembro o que aconteceu depois, mas me lembro perfeitamente de ter emprestado um dos livros para um amigo, que nunca mais me devolveu. Ah, esses amigos traiçoeiros...

            Bem, nesta manhã de terça-feira, 2 de setembro, Carmen Lícia e eu fomos visitar as esculturas em vidro do Chihuly, no jardim botânico de Denver, como relatei no post anterior. Já de saída, na lojinha, enquanto Carmen Lícia ficava remexendo em coisas bonitas (mas acabou comprando só um magneto), eu fiquei vendo os livros, como sempre. Coisas da natureza, botânica, jardinagem, conservação, essas coisas chatas da sustentabilidade, nada para mim. Mas, claro, tinha algo, este livro: The Flower of Empire, de Tatiana Holway, a história da vitória régia.


Nada a ver com o Brasil e o nosso Amazonas, e sim com a Guiana Britânica, que pelo mapa do livro era muito maior do que ficou posteriormente, com um grande pedaço hoje pertencente ao Brasil, e um enorme pedaço que a Venezuela abocanhou depois. Enfim, foi um explorador britânico quem descobriu aquela enorme flor num rio amazônico, em 1847, teve o maior trabalho para desvencilhá-la de todas as suas raízes, embrulhar tudo (maneira de dizer) e mandar para a capital do império, no mesmo ano em que a Rainha Vitória começa o seu longo reinado de mais de meio século. Em sua homenagem, a planta ficou sendo assim conhecida, e até serviu de inspiração para a construção do Crystal Palace em Londres, que serviu de local para a primeira exposição universal, em 1851. Toda essa história está detalhadamente documentada e contada no livro dessa escritora formada em ciências naturais, com um bom suporte iconográfico, entre eles o mapa da Guiana ampliada.
            A esse propósito, os colegas do setor sabem que a Venezuela reivindica, há muito tempo, praticamente metade da Guiana, toda a sua extensão ocidental, o que deixaria o país bastante diminuído. O Coronel Chávez, aquele botocudo do socialismo do século 18, ameaçou invadir a Guiana, uma vez, tendo sido dissuadido pelo Brasil (isso foi antes dos companheiros chegarem ao poder, ainda bem). A razão da nossa “ingerência” no assunto é muito clara. Na arbitragem feita mais de cem anos atrás a propósito da disputa territorial entre o Brasil e a Grã-Bretanha, na qual nosso árbitro foi o infeliz Joaquim Nabuco – que saiu amargurado da “solução” pró-britânica dada pelo rei italiano –, o Brasil acabou consentindo na demarcação injusta para nós (com base nos materiais preparados pelo barão do Rio Branco), apenas para não criar uma nova contenda territorial, pois já tínhamos o caso ainda em curso do Acre, com a Bolívia. A partir dessa “derrota”, o Barão decidiu nunca mais recorrer à arbitragem para a solução dos casos pendentes, passando à negociação direta. Mas, quando o botocudo do Chávez ameaçou invadir a Guiana, o Brasil de FHC (não ele, mas os diplomatas que trataram do caso, que não eram os amigos do Chávez, nem os amadores que vieram depois) disseram que se o Chávez invadisse aquelas terras ele estaria invadindo território brasileiro, e nesse caso o Brasil seria obrigado a não aceitar mais o laudo do rei italiano e novamente declarar seus direitos sobre aquele imenso território. Apenas com isso Chávez recuou, mas não sei se algum novo maluco por lá, e mais amadores do nosso lado fazem a situação desandar novamente.
            Bem, isso não está no livro, obviamente, apenas sou em quem lembro, pois enquanto eu folheava o livro, e contemplava o mapa e as outras ilustrações, eu meu lembrei dessa história antiga e atual.
Concluo: a vitória régia não foi roubada do Brasil pelos ingleses, mas por um inglês de um território inglês. E digo isso porque até hoje alguns historiadores improvisados ficam falando do roubo da hevea brasiliensis pelos ingleses, como se todo mundo não praticasse esse tipo de “empréstimo” natural. A unificação alimentar, animal e vegetal do mundo sempre se fez à base de empréstimos voluntários e involuntários. O café, ao que se saiba, foi trazido ao Brasil por um português que o buscou numa das Guianas, onde tinha chegado trazido por alguém das costas da África. Temos centenas, milhares de espécies que cruzam os continentes, algumas sendo verdadeiras pragas no novo ambiente. Exotismo sempre pode dar errado, como no caso dos companheiros.
Mas divago. Deixem-me falar agora das duas outras leituras que fiz, numa livraria de Boulder, onde estivemos pela tarde.
Comecei pela estante de economia, mas acabei indo para a de história, e retirei dois livros para ler no café. O primeiro é o último de Eric Hobsbawm, uma coleção de ensaios culturais, sobre o mundo burguês, vários deles inéditos em inglês, com várias conferências feitas na Áustria: Fractured Times: Culture and Society in the Twentieth Century (NY: The New Press, 2014).

Fiquei lendo várias partes, entre elas a introdução, partes de ensaios nas suas três partes, e o último, sobre o mito do cowboy americano. Todos os ensaios revelam a cultura clássica da Europa central, adquirida por Hobsbawm em sua juventude, e não têm aquele ranço marxista de seus outros livros de história. Eu, que conheço bem a obra de Hobsbawm, o considero um grande historiador, com alguns senões aqui e ali, pela sua adesão religiosa ao comunismo. Aliás, no plano moral, creio que se trata de uma falha extremamente grave, pois afinal de contas o comunismo trucidou com centenas de milhões de pessoas nos seus setenta anos de vida, ainda condena outros milhões aos Gulags norte-coreanos, às prisões abjetas de Cuba, e a uma situação de autocracia e de opressão política no caso da China, sem falar nos candidatos a ditadores aqui do lado. Mas recomendo o livro, pois o Hobsbawm que ali está é o intelectual da alta cultura germânica, não o historiador marxista instalado na Inglaterra.
Por acaso, acabei pegando para ler, e depois comprei, o número atual da revista conservadora americana The National Interest, onde figura uma bela resenha de David A. Bell (professor da era das revoluções norte-atlânticas em Princeton) sobre esse livro, e ele chama o Hobsbawm de burguês e de judeu (o que é absolutamente verdade). Com toda a sua virulência revolucionária e comunista, Hobsbawm nunca deixou de ser um burguês e um judeu, mesmo que ele não gostasse dos estereótipos associados a esses dois personagens típicos da era do capitalismo moderno.
O outro livro que fiquei lendo foi o de Michael Reid, ex-correspondente da Economist no Brasil, que acaba de publicar um livro sobre o qual já falei aqui – e até corrigi uns dois ou três erros dele, o que acho natural num estrangeiro – e que pode ser buscado na janela de pesquisa deste blog: Brazil: the troubled rise of a global power
Considero que existem diversos problemas com a análise dele, uma vez que se trata de um estrangeiro que tenta entender o Brasil a partir de leituras e conversas, com um pouco de pesquisa. Está razoável para um público externo, mas continua alimentando as mesmas ilusões que muitos analistas, inclusive brasileiros, mantém sobre a fase atual, dos companheiros. Sintetizo o erro fundamental: eles confundem políticas dos companheiros com orientações do Brasil, e para mim existe uma distância enorme entre as duas coisas. Mas, um dia me explico.
Termino, finalmente, recomendando a leitura do n. 133 (setembro-outubro de 2014) da revista The National Interest, com muitos artigos interessantes sobre a política externa de Obama, o problema da Rússia e vários outros temas mais. Talvez exista alguma coisa no site da revista (www.nationalinterest.org/), mas não deve ser permitido aos não assinantes.
Bem, vou ler a revista agora, junto com a Foreign Affairs, que também tem material sobre a Rússia, nossa aliada no Brics (enfim, não seria a minha, só é dos companheiros, que gostam de escolher ditaduras para adular).
Paulo Roberto de Almeida
Denver, 2 de setembro de 2014

Across the Empire (5): em Denver, num jardim botânico de vidro (Chihuly)


Crossing the Empire, 2014 (5)
Em Denver, num jardim botânico de vidro (Chihuly)

Paulo Roberto de Almeida

            Tudo de extraordinário nesta terça-feira, depois do feriado de Labor Day na segunda, quando tudo estava fechado, e posso garantir que o dia foi proveitoso.
Carmen Lícia e eu escolhemos começar por uma visita matinal ao Botanic Gardens de Denver, um dos melhores jardins botânicos que já conheci no mundo (embora eu confesse que não conheço muitos, pois plantas, árvores e matinho em geral nunca foi o meu forte, e não conheço, por exemplo, os famosos Kew Gardens, de Londres), mas posso garantir que este de Denver é excepcional, tanto pela concepção paisagística, quanto pela riqueza de espécies, todas catalogadas, e com placas indicando origens, transmigração, história vegetal, importância econômica, se alguma, tudo isso de maneira civilizada e agradável. Quem aparecer em Denver, deve visitar: 1007 York Street, Denver, CO 80206.
Mas, na verdade, viemos ao jardim não pelas maravilhas vegetais, mas pelo fato de que havia uma exposição (que vai até novembro) do excepcional artista do vidro, o americano do estado de Washington, Chihuly. Não vou perder tempo descrevendo o que vimos, apenas vou postar algumas das dezenas de fotos que eu fiz, com meu modesto iPhone. Carmen Lícia fez mais, e melhores, com sua máquina (e tinha esquecido a grande, só atuando com uma pequena. Quem quiser ter uma ideia de quem é Chihuly, do que ele faz, pode procurar na internet que tem dezenas, talvez centenas de fotos, vídeos e informações sobre ele. Quanto à exposição especial, sendo que algumas peças vieram de outros lugares, mas a maioria foi feita especialmente para esta exposição, pode consultar este link: www.chihulydenver.com.
Apenas esclareço que o resto do dia também foi produtivo. Saímos do jardim ao meio dia, já com o sol a pino, e começando a fazer os 33 graus prometidos para este dia. Descansamos no hotel, passeamos à tarde pela cidade (Capitólio e jardins), e depois fomos à cidade universitária próxima de Denver, Boulder (distante 28 milhas), onde visitamos a universidade e ficamos algum tempo numa livraria local; mas disso eu falo depois.
Deixo agora todo mundo com uma pequena seleção das maravilhas que vimos durante esta manhã memorável.
Paulo Roberto de Almeida
Denver, 2 de setembro de 2014








Eleicoes 2014: o Brasil em ritmo de desenho animado, no abismo - Mansueto Almeida

A atual situação brasileira me lembra aqueles desenhos animados de antigamente -- não sei se ainda fazem assim -- nos quais um personagem qualquer corre freneticamente para a frente de um precipício e, por um momento, continua a correr no ar, tranquilamente, até que se dá conta de que já saiu da terra firme e vai abaixo pelo precipício.
Assim me parecem os milhões de eleitores que vão votar na Marina Silva: embevecidos com o que querem deixar para trás, não percebem que talvez estejam caminhando no ar, antes da queda, que pode ser brutal. Pode ser, ou não. Não sabemos, exatamente, mas pelo que conheço da personagem, ela é a própria inconsciente, a sonâmbula econômica, que promete maravilhas, sem ter condições de cumprir.
Não tenho nada a dizer aos eleitores da soberana, pois eles se dividem em poucas categorias: os assistidos, e que pretendem continuar a sê-lo, e acreditam que só a soberana pode garantir isto; os militantes da causa, que não gostam, visivelmente, da candidata, mas se sacrificam pela causal; e os oportunistas, aqueles que estão sempre com o governo, qualquer que seja ele, e que podem trocar de time, se sentirem o precipício eleitoral chegando.
Finalmente, aos eleitores do Aécio, creio que posso repetir as palavras do meu amigo, economista Mansueto Almeida: eles querem o melhor para o país, mas parece que não vão conseguir, pelo menos não desta vez.
Enfim, o Brasil parece condenado a ficar nas mãos dos mafiosos ou dos sonháticos, e assim vamos caminhando para o precipício...
Paulo Roberto de Almeida

O senador Aécio está bem, mas o Brasil?

Vejo nos jornais muita especulação e uma excessiva preocupação com o futuro do senador Aécio. Algumas analistas colocam a candidatura do senador Aécio nos seguintes termos: “se o senador quiser ganhar……” ; “o senador estuda como descontruir sua oponente….”, etc.
Algumas vezes, da forma que alguns analistas colocam a disputa eleitoral, tenho a impressão que se trata de uma disputa entre candidatos cujo o grande vencedor é “o candidato” e não os seus eleitores. Quem perde em não eleger o senador Aécio Neves presidente da república não é ele, mas sim os eleitores que acreditam no seu projeto e a população brasileira que deixará de contar, na minha opinião que conheço o candidato, com um homem público com vasta experiência política e de gestão.
É o único candidato com uma experiência nas duas casas do legislativo e no executivo como governador de Minas Gerais por oito anos. O senador Aécio tem uma experiência comprovada na costura de alianças políticas que serão necessárias para quebrar a letargia da falta de reformas no Brasil, algumas bastantes complexas que ainda não foram postas à mesa por nenhum dos candidatos.
A impressão que tenho é que o senador Aécio está muito bem. Está empolgado com a sua campanha, nos últimos dois anos vem participando ativamente de debates no Brasil e, independente do resultado das eleições, continuará como um político influente no cenário nacional, seja como Presidente da República ou como Senador da República. Aqui vejo um cenário ganha-ganha para o PSDB qualquer que seja o resultado das eleições.
Depois de quatro anos, o PSDB poderá ter o seu time reforçado no Senado Federal com um conjunto de políticos que são formadores de opinião e com forte inserção na mídia nacional. Alguém já parou para pensar o que poderá ser o novo senado com nomes como Tasso Jereissati (PSDB-CE), Anastasia (PSDB-MG), José Serra (PSDB-SP) e, ainda, com Aécio Neves (PSDB-MG) e Aloysio Nunes (PSDB-SP) no Senado Federal ou no Palácio do Planalto? São nomes com experiência de governo e com forte inserção no meio empresarial e na imprensa brasileira.
Em um governo do PSDB, eles fariam a diferença e, em um governo da oposição, esse grupo será motivo de alegria ou de dor de cabeça para o executivo. Motivo de alegria porque o grupo não será um obstáculo à provação de reformas que o país precisa. Mas poderá trazer dor de cabeça porque esse grupo conhece muito bem como funciona a máquina pública e não será empulhado por falsas promessas.
Ainda é muito cedo para se definir o resultado das eleições pelas pesquisas. Se pesquisa eleitoral definisse eleição, vários dos candidatos hoje a governador deveriam renunciar suas candidaturas, pois alguns deles não alcançam nem 10% das intenções de voto. O mesmo valeria para aqueles candidatos com elevada taxa de rejeição em um segundo turno. Mas alguém no seu pleno juízo acha que pesquisa eleitoral com pouco mais de dois mil eleitores define eleição? Não. Mostra tendência é claro, mas não define eleição.
Uma coisa, no entanto, é possível afirmar. O próximo presidente não terá três meses para definir o que irá fazer para recuperar o tripé macroeconômico. A situação fiscal hoje está muito ruim e enganam-se aqueles que acham que será fácil recuperar o superávit primário de forma rápida. Não será possível termos um choque fiscal na magnitude que se fez em 1998-1999 e 2003. Adicionalmente, o cenário fiscal para os próximos anos vem se deteriorando muito rápido devido as despesas e programas já contratados.
O próximo presidente não terá muito tempo para definir sua equipe econômica, um plano consistente para recuperar o superávit primário e controlar o crescimento do gasto público no pós-eleição. Acho até que a construção de uma acordo multipartidário com os lideres dos partidos imediatamente após a eleição seria um boa opção para acalmar o nervosíssimo do mercado.
É claro que, como analista, não acredito nesse cenário para o atual governo que, por quatro anos sucessivos, tentou “enganar” analistas de mercado, jornalistas e a população quanto a real dimensão da piora fiscal. Ademais,  tem atuado de forma consistente e não transparente para esconder o custo de suas políticas, vide o caso da política de subsídios.
A presidenta Dilma, corretamente, questionou a candidata Marina ontem em debate do custo dos programas do PSB, que não cabem no PIB. A conta que fiz é que seria necessário um crescimento da despesa primária do Governo Central perto de 2,5 pontos do PIB até 2018 para cumprir com as várias promessas (ou compromissos) do programa do PSB. As três mais caras seriam: (i) passe livre para os estudantes; (ii) 10% da receita bruta da União para saúde; e (iii) antecipação do cronograma de aumento do gasto com educação (% do PIB) do Plano Nacional de Educação.
Um crescimento da despesa primária de 2,5 pontos do PIB em quatro anos é maior do que o crescimento da despesa primária do Governo Central (governo federal, previdência e banco central) de 1998 a 2010 – 12 anos de governo FHC-1, LULA-1 e LULA-2. Como o superávit primário hoje está próximo de “zero”, um crescimento tão grande em quatro anos só seria possível com um violento aumento da carga tributária. Mas a presidenta Dilma e o seu governo tem “zero” de credibilidade para falar de responsabilidade fiscal. Repito: “zero”.
Eu já falei isso diversas vezes e torno a repetir. No início do governo Dilma tínhamos um superávit primário de 3,1% do PIB. Ao longo de quatro anos, o governo perdeu 1% do PIB com desonerações que fez, sem ter criado o espaço fiscal para essa política, e a despesa primária (não financeira do Governo Central) crescerá um pouco acima de 2 pontos do PIB. Assim, o superávit primário de 3,1% do PIB foi transformado em praticamente “zero”. O que “sustenta” o superávit primário um pouco acima de 1% do PIB são truques contábeis e receitas não recorrentes.
Não é comum ter refinanciamento de divida (Refis) em anos sucessivos, não é comum a ciranda financeira que se faz com o BNDES para gerar um falso lucro pelo carregamento de títulos públicos, não é comum os atrasos de repasses para a Caixa Econômica Federal pagar os benefícios sociais e previdência, não é comum a crescente dívida do Tesouro com bancos públicos (subsídios do PSI e do crédito agrícola) e não é comum tanto desprezo pela transparência na execução do orçamento.
No sábado falei com o senador Aécio Neves por telefone e ele vai muito bem e, como sempre, empolgado com as eleições. Nós eleitores que deveríamos estar muito preocupados com o futuro do Brasil, pois estamos a um mês das eleições e tenho a sensação que o eleitor espera soluções mágicas do próximo governo. Sonhar é preciso, mas é também necessário maior realismo com a nossa situação econômica atual. Um realismo que não virá do atual governo, que encara os truques fiscais como uma “estratégia” de crescimento, e nem tão pouco do compromisso com maiores gastos.
Assim, vamos nos preocupar um pouco mais com as propostas dos candidatos e com o debate mais profundo que deveria estar ocorrendo nesta campanha eleitoral e não está. O senador Aécio Neves vai muito bem e cada vez mais empolgado em debater os rumos do Brasil. Mas o Brasil está bem?