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Este blog trata basicamente de ideias, se possível inteligentes, para pessoas inteligentes. Ele também se ocupa de ideias aplicadas à política, em especial à política econômica. Ele constitui uma tentativa de manter um pensamento crítico e independente sobre livros, sobre questões culturais em geral, focando numa discussão bem informada sobre temas de relações internacionais e de política externa do Brasil. Para meus livros e ensaios ver o website: www.pralmeida.org. Para a maior parte de meus textos, ver minha página na plataforma Academia.edu, link: https://itamaraty.academia.edu/PauloRobertodeAlmeida.

quarta-feira, 28 de dezembro de 2022

Como está e que fim levou o jornalismo de qualidade? Entrevista com Norma Couri (Observatório da Imprensa)

 

Wednesday, 28 de December de 2022 ISSN 1519-7670 - Ano 22 - nº 1219 

Norma Couri: “Não há governos eternos com alergia a jornalistas” 

(Foto: Reprodução Roda Viva)

“Fica claro que os impressos, incluindo livros, são um sustentáculo do Estado democrático pela assimilação mais profunda e por conter muito menos erros do que as matérias virtuais despejadas nas redes por motivações muitas vezes pessoais”, diz em entrevista Norma Couri. “Não é à toa que a fúria do governo autoritário se insurja contra os jornais e revistas”, argumenta.

Quanto à crítica da mídia, Norma diz que jornalistas “precisam se acostumar a ser olhados de fora, julgados enquanto julgam ou investigam. Só vejo benefícios para profissionais e leitores”.

Ela afirma que a ditadura deu à sua geração “aquela experiência que só se adquire na guerra. Não há dúvida de que somos uma geração mais culta e solidária. As novas gerações carecem de um dom que nos foi imposto: saber escrever. E para isso, ler”.

Não se trata de desencorajar os que chegam agora à profissão.

Ela recomenda aos recém-chegados “curiosidade, garra, interesse por todo e qualquer assunto, leituras que vão de Shakespeare aos almanaques, conhecer as entranhas da profissão, ter faro para notícia, e, fundamental, ter emprego para colocar tudo isso em prática. Se não tiver, trabalhar assim mesmo”.

Lamenta que tenha deixado de existir a diversidade etária nas redações, mas lança uma palavra de esperança: “não há governos eternos com alergia a jornalistas nem escuridão que dure para sempre”.

Norma Couri tem 48 anos ininterruptos de profissão. É formada em Jornalismo pela PUC-RJ, com mestrado em Jornalismo na Columbia University de Nova York e doutorado em História Social na USP. Trabalhou no Jornal do Brasil, na Veja, na Folha de S.Paulo, no Estadão, na Época e no Observatório da Imprensa até hoje. Foi correspondente do Jornal do Brasil, baseada em Lisboa, com coberturas pela Europa, África e Ásia por dez anos e correspondente, no Brasil, da revista Visão, de Portugal. Atualmente, trabalha em projeto de pós-doutorado em Jornalismo.

A seguir, a entrevista.

Que importância têm para você jornais e revistas?

Acho indispensável a leitura de jornais e revistas impressos, que trazem análises, permitem reflexões, tomadas de posição e nos dão o tempo necessário para deglutir, arquivar. Assinei algum tempo o Jornal do Brasil virtual, mas, com a rapidez e eficiência das redes, a leitura é sempre mais rápida e menos concentrada. Em contraste com as redes sociais, que inevitavelmente nos invadem e nos tomam mais tempo do que deveriam, tenho a certeza de que a assimilação é diferente; nas telinhas, as informações são multiplicadas, mais superficiais e atropeladas pela quantidade oferecida.

Fica claro que os impressos, incluindo livros, são um sustentáculo do Estado democrático pela assimilação mais profunda e por conter muito menos erros do que as matérias virtuais despejadas nas redes por motivações muitas vezes pessoais. A internet é o paraíso dos mitômanos. Os jornais e revistas impressos mantêm uma hierarquia nas redações, a matéria passa por vários crivos antes de ser publicada. Não é à toa que a fúria do governo autoritário se insurge contra os jornais e revistas. Mantenho as assinaturas que eu e [Alberto] Dines sempre tivemos, dos quatro jornais e duas revistas de informação brasileiros, além do The New York Review of Books, o Magazine Littéraire e a revista The Economist. O excelente El País, agora, só na internet.

É uma conquista ter a imprensa inteira nas mãos, numa telinha que viaja conosco e está ali para informação minuto a minuto. Um plus. Aliás, um alerta para os jornais que querem permanecer como referência investindo em boa reportagem, profissionais experientes e apuro de informação. Só assim não se deixarão engolir pela máquina virtual. O resto é escolher bem o site e ficar feliz quando abrir um blog ou site como um The Intercept, um Observatório da Imprensa, 360, alguns bons de crítica de filmes, este Olha Só, para citar alguns.

Qual é o papel da crítica da mídia?

A crítica é o espelho. Indispensável num ambiente democrático. Jornalistas precisam se acostumar a serem olhados de fora, julgados enquanto julgam ou investigam. Só vejo benefícios para profissionais e leitores.

Fale-nos do legado de Alberto Dines.

Alberto Dines foi o primeiro ombudsman brasileiro com a coluna Jornal dos Jornais, na Folha de S.Paulo, entre 1975 e 1977, não por acaso censurada na ditadura. Criou o Observatório da Imprensa online e na TV, que só alimentou o público com “o outro lado dos assuntos da semana” e tinha o objetivo de fazer pensar; o slogan é “você nunca mais vai ler jornal do mesmo jeito”.

Uma profissão vivida intensamente durante 65 anos não pode ir para o brejo. O Instituto Alberto Dines pretende manter seu legado, aberto a estudantes, estimulando o jornalismo investigativo com prêmios que andam escassos e promovendo uma cátedra para disseminar as áreas mais focadas por ele, jornalismo em todas as áreas, democracia, fascismo, nazismo, humor, biografias, censura, artes gráficas e plásticas, fotografia.

Que perspectiva se estende diante dos grandes jornais, hoje, a braços com um modelo de negócios que foi atropelado pelo advento da esfera digital?

The New York Times não fechou as portas, se reergueu com a versão digital mantendo na redação jornalistas premiados, alargando a cobertura, criticando especialmente o presidente Trump, que, a exemplo do Nixon durante a publicação dos papéis do Pentágono, proibiu a entrada de seus repórteres na Casa Branca.

O mesmo acontece aqui com a Folha de S.Paulo em relação ao Planalto, sinal de que os coleguinhas estão cumprindo bem o seu script. O jornal digital tem essa grande vantagem, dar sobrevida ao papel num momento de agonia. Tem investidores mundo afora, como Warren Buffet, especializado em comprar jornais falidos para relançá-los, para não deixar que morram, como aconteceu com o Jornal do Brasil. A imprensa é o pilar da democracia, não importa o suporte.

O que os novos jornalistas devem fazer para elevar os padrões de qualidade do material que produzem?

A ditadura nos deu aquela experiência que só se adquire na guerra. Não há dúvida de que somos uma geração mais culta e solidária. As novas gerações carecem de um dom que nos foi imposto: saber escrever. E para isso, ler.

Os novos jornalistas têm a ousadia necessária, mas, em geral, falta estofo. Ouço barbaridades nas rádios, leio absurdos nos textos, vejo atrocidades na TV. Eles foram pior educados nas escolas e faculdades, pegaram carona num ambiente social mais pobre, para dar certo têm de nadar de braçada nos assuntos espinhosos – são poucos os que conseguem alcançar a praia. Corro o risco de ser antiga neste quesito mas já fiz um questionário rápido e os bons leitores só param para ler com calma as matérias escritas por profissionais experientes e as que são bem arquitetadas, apuradas. No resto, sempre se dá uma passada de olhos, mas esse tipo de profissional se dá melhor nas redes com miniflashes de notícias e de ideias. Fomos a última geração sem celular ou internet. Cá pra nós, teve suas vantagens.

O que você recomenda aos recém-chegados?

Curiosidade, garra, interesse por todo e qualquer assunto, leituras que vão de Shakespeare aos almanaques, conhecer as entranhas da profissão, ter faro para notícia e, fundamental, ter emprego para colocar tudo isso em prática. Se não tiver, trabalhar assim mesmo. Uma pena que não aconteça a diversidade etária de outros tempos nas redações. Ter com quem aprender. Isso aceleraria o crescimento profissional, como acontecia com gerações anteriores. Mas não há governos eternos com alergia a jornalistas nem escuridão que dure para sempre.

Publicado originalmente no Facebook.

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Mauro Malin é jornalista.


Brasil: fuga de cérebros disparou sob o bolsonarismo destruidor - Fábio Matos (Metrópoles)

 Número de profissionais que deixam Brasil rumo aos EUA bate recorde


A quantidade de profissionais do Brasil que se mudaram para viver e trabalhar nos EUA em 2022 aumentou 13 vezes em relação ao ano passado

Fábio Matos
Metrópoles, 27/12/2022

A quantidade de profissionais brasileiros com nível superior que deixaram o país para trabalhar nos Estados Unidos cresceu mais de 13 vezes em 2022, na comparação com o ano anterior. É o que mostra uma pesquisa do escritório de advocacia AG Immigration, que coletou dados referentes ao ano fiscal americano, que começa em 1º de outubro e termina em 30 de setembro do ano seguinte.

De acordo com o levantamento, em 2021, 147 brasileiros foram aprovados em uma das duas principais categorias de visto EB, conhecido como “green card”, que dá permissão para trabalho e moradia permanente nos EUA. Já em 2022, esse número saltou para 1.983, o maior já registrado.

A quantidade de profissionais do Brasil que se mudaram para viver e trabalhar nos EUA em 2022 supera a soma dos 19 anos anteriores da série histórica, iniciada em 2003.

Neste ano, o país foi o terceiro que mais teve aprovações nas principais categorias de visto EB. Em 2021, o Brasil ficou na 11ª colocação.

A pesquisa aponta que houve um aumento significativo na quantidade de brasileiros preenchendo vagas que exigem qualificação acadêmica nos EUA. Os profissionais que mais têm imigrado são os que atuam na área de tecnologia, como desenvolvedores, programadores, arquitetos e analistas de sistemas e gerentes de TI.

Também houve um crescimento expressivo de dentistas trabalhando nos EUA, pois se trata de uma profissão em que há escassez de profissionais no país. Em geral, os dentistas precisam fazer dois anos de pós-graduação para revalidar o diploma, mas já começam a receber propostas de trabalho em clínicas, consultórios e grandes redes antes mesmo de concluir o curso.

Segundo os últimos dados oficiais, os EUA têm atualmente cerca de 10,3 milhões de vagas abertas no mercado, para um contingente de desempregados que chega a 6 milhões. Ou seja, as empresas têm condições de absorver esse crescimento na oferta de profissionais brasileiros.

PIB dos EUA
O Produto Interno Bruto (PIB) dos Estados Unidos registrou um crescimento de 2,9% no terceiro trimestre deste ano, na base de comparação anual, segundo uma nova estimativa oficial divulgada pelo Departamento de Comércio do governo americano.

A primeira estimativa havia projetado uma expansão de 2,6% da economia americana entre julho e setembro.

A nova projeção para o PIB dos EUA, divulgada no fim de novembro, veio acima das expectativas apuradas pelo consenso Refinitiv, que estimava uma alta de 2,7%.

Com o crescimento entre julho e setembro, o país interrompe uma sequência de dois trimestres consecutivos de retração econômica. No segundo trimestre de 2022, o PIB recuou 0,6%.

Em dólares correntes, o PIB americano subiu 7,3% na comparação anual no terceiro trimestre, para um nível de US$ 25,7 trilhões (R$ 136,3 trilhões). Trata-se de uma revisão para cima de US$ 35,7 bilhões (R$ 189,45 bilhões) em relação à estimativa inicial.

Apesar do bom resultado entre julho e setembro, a perspectiva é a de que os EUA enfrentem uma estagnação ou mesmo uma recessão econômica em meados do ano que vem.

https://www.metropoles.com/negocios/numero-de-profissionais-que-deixam-brasil-rumo-aos-eua-bate-recorde

Crônica de final de ano de Carlos Malamud, 2022 e 2023 sob o signo da guerra de agressão da Rússia contra a Ucrânia

 “La transformación de la naturaleza misma del hombre presagia el triunfo universal y eterno de la dictadura del Estado; la inmutabilidad de la tendencia del hombre a la libertad es la condena del Estado totalitario. 

… Las grandes insurrecciones en el gueto de Varsovia, en Trebklinka y Sobibor, el gran movimiento partisano que inflamó decenas de países subyugados por Hitler, las insurrecciones postestalinianas en Berlín en 1953 o en Hungría en 1956, los levantamientos que estallaron en los campos de Siberia y Extremo Oriente tras la muerte de Stalin… todo ello demostró que el instinto de la libertad en el hombre es invencible. Había sido reprimido, pero existía. El hombre condenado a la esclavitud se convierte en esclavo por necesidad, pero no por naturaleza. 

La aspiración innata del hombre a la libertad es invencible; puede ser aplastada pero no aniquilada. El totalitarismo no puede renunciar a la violencia. Si lo hiciera, perecería. La eterna, ininterrumpida, violencia, directa o enmascarada, es la base del totalitarismo. El hombre no renuncia a la libertad por propia voluntad. En esta conclusión se halla la luz de nuestros tiempos, la luz del futuro.” 

Vasili Grossman, Vida y destino 

 

Cuando 2022 se asomaba no estábamos preparados para asimilar todo lo que viviríamos, pese a nuestra esperanza en dejar atrás lo peor de la pandemia. Este año ha estado marcado por la brutal invasión de Ucrania bajo el insólito argumento de la “desnazificación”.  

En la Ucrania ocupada por las tropas de Vladimir Putin, la que fuera la tierra natal de Vasili Grossman y también la de mi familia, no solo se violan sistemáticamente los más elementales derechos humanos, también se intenta sentar las bases de un nuevo estado totalitario de raíz estalinista. Por eso nuestra solidaridad con Ucrania y los ucranianos. 

Ante la llegada de un nuevo año solo queda trabajar por el retorno de la libertad, de la racionalidad y de la humanidad. No en vano, ser humano, libertad y razón están indisolublemente unidos, son parte de la misma cosa. Sin hombre no hay libertad ni razón, aunque podamos ser, al mismo tiempo, responsables de las mayores atrocidades. 

Me gustaría ante 2023 ser un poco más optimista, pero los desastres de la guerra no hacen albergar demasiadas esperanzas en el futuro inmediato. Sin embargo, sería bueno que con el paso del tiempo retorne la cordura y que la paz nos bendiga con su potencial liberador.  

¡Brindemos entonces por la paz, la libertad y la luz del futuro! 

¡¡¡MUY FELIZ AÑO NUEVO!!! 

Carlos Malamud

Triste fim de Policarpo Araujo; finalmente na lata de lixo de uma fase que se encerra na patetice - Paulo Roberto de Almeida, Ereto da Brocha

 Agora que chega ao fim, do modo mais patético possível, o desgoverno do boçal que afundou a imagem do Brasil no mundo, cabe retomar um aspecto da luta de resistência levada a cabo por um desconhecido diplomata que trouxe um pouco de graça (mas também de desespero) ao período mais sombrio do Itamaraty, sob a gestão do desequilibrado chanceler acidental, que ajudou o boçal a desmantelar a autoestima dos diplomatas. Esse desconhecido atendia pelo nome de Ereto da Brocha, e dele não procurei saber mais do que as crônicas publicadas quase que clandestinamente, e artesanalmente, circulando como os samizdats da época dos dissidentes na finada União Soviética. 

Ajudei quanto pude na divulgação, de que são testemunho os trabalhos que introduziram e fecharam a brochura que eu produzi para uma publicação consolidada, como revelada por estas três fichas sequenciais de trabalhos:

3939. “Introdução às crônicas do diplomata anônimo”, Brasília, 29 junho 2021, 4 p. Prólogo à brochura de Ereto da Brocha, Memorial do Sanatório, ou Ernesto e seus dragões no país de Bolsonaro (Brasília: Ombudsman, 2022, 91 p.). 

3940. “Um cronista misterioso animou a resistência no Itamaraty”, Brasília, 29 junho 2021, 3 p. Epílogo à brochura de Ereto da Brocha, Memorial do Sanatório, ou Ernesto e seus dragões no país de Bolsonaro (Brasília: Ombudsman, 2021, 91 p.). 

3941. Ereto da Brocha, Memorial do Sanatório, ou Ernesto e seus dragões no país de Bolsonaro (Brasília: Ombudsman, 2021, 91 p.). Brochura montada com 58 crônicas do cronista misterioso do Itamaraty, mais meus trabalhos 3939 (Introdução) e 3940 (Epílogo). Publicado digitalmente, disponível na plataforma Academia.edu (link: https://www.academia.edu/71720946/Memorial_do_Sanatorio_Ereto_da_Brocha_Ombudsman_do_Itamaraty_2021_). Relação de Publicados n. 1401bis.


Ereto da Brocha permanece, talvez para sempre, desconhecido, e não me preocupei em desvendar sua verdadeira identidade, e sim em reproduzir suas crônicas desabusadas. Agora que o objeto principal de suas zombarias parece soçobrar num desequilíbrio mental evidente, permito-me reproduzir minha Introdução e o  meu Posfácio que preparei especialmente para a brochura que editei para divulgação do material representativo de uma época pouco memorável. A brochura encontra-se disponível no link acima (trabalho 3941). 


Introdução às crônicas do diplomata anônimo

 

Paulo Roberto de Almeida

 

Aproximadamente em meados de agosto de 2020, e para minha completa surpresa, fui apresentado com certo ar de mistério, e uma defasagem temporal de três meses, a uma dúzia de crônicas desabusadas sobre nosso desprezível chanceler acidental e sua obra destruidora no Itamaraty, deprimente para o seu corpo profissional. Até então, eu me julgava o único dos diplomatas da ativa que ousava criticar, e destratar, aquele que eu sempre chamei de “chanceler acidental”, não só pelo fato do patético chefinho da majestosa Casa de Rio Branco ser uma espécie de servo de gleba, retirado do bolso do colete para servir de capacho voluntário dos novos donos do poder em Brasília, mas também por que o próprio fazia questão de sublinhar sua beata devoção aos ignaros que começaram a conspurcar não só a política externa brasileira, mas também sua diplomacia profissional. O submisso burocrata não só confirmava, a cada vez, sua total sujeição ao bando de novos bárbaros que passaram a rebaixar, terrivelmente, o status do Brasil no plano internacional, como fazia questão, ele mesmo, de expor toda a sua cretinice por meio de postagens estapafúrdias num blog tresloucado, alucinado e alucinante, chamado “Metapolítica 17: contra o globalismo”. 

Eu já tinha publicado em meados do ano anterior, três meses depois de minha exoneração do cargo de diretor do Instituto de Pesquisa de Relações Internacionais da Fundação Alexandre de Gusmão, numa segunda-feira de Carnaval, um primeiro livro sintomaticamente chamado Miséria da diplomacia: a destruição da inteligência no Itamaraty, que expressava exatamente a minha opinião – fundamentada exatamente nas loucuras que li, vi e ouvi, saídas da boca balbuciante do patético chanceler acidental –, mas que imaginava que seria o único registro de meu horror ante o espetáculo grotesco que o desequilibrado personagem representava em desfavor de nossa diplomacia cada vez que decidia gaguejar em defesa do antiglobalismo de seus amos e patrões. Mal eu imaginava que aquele seria o primeiro de um ciclo tratando do que apelidei de bolsolavismo diplomático, uma série de quatro brochuras de autor – todas disponíveis em minhas ferramentas de comunicação social – com os sugestivos títulos de: O Itamaraty num labirinto de sombrasUma certa ideia do Itamaraty e O Itamaraty Sequestrado (ver no meu blog Diplomatizzando).

Estava eu, portanto, entregue às minhas exegeses acadêmicas sobre o fenômeno mais bizarro que já tinha acontecido nos duzentos anos de história de nossa política externa, quando me deparei – remetidos por interposto colega – com a primeira dúzia de petardos entre o humor e o escárnio, que vinham assinados por esse nome também bizarro de Ereto da Brocha, autonomeado Ombudsman do Itamaraty. Nunca fui um apreciador desse nom de plume – tanto que o chamava de Cronista Misterioso ou de Batman do Itamaraty –, mas encantei-me imediatamente com a verve saborosa, picante e escrachada, do colega obscuro que sabia, com muito maior impacto que tinham minhas críticas pretensamente intelectuais, zombar do infeliz mequetrefe que insistia em diminuir o prestígio do Itamaraty dentro e fora do Brasil.

Desde Aristófanes que a melhor crítica aos demagogos, aos populistas ignorantes, mas donos do poder, é aquela representada pela crítica mordaz das sátiras, dos enredos absurdos, das descrições humorísticas, que destroem toda a pompa vazia desses chefetes ridículos e seus criados amestrados, como era o caso daquele que pode ser classificado como o pior chanceler da história da diplomacia brasileira. Perdão: corrijo-me. Falar em “pior” pode dar a impressão de que tivemos alguns menos ruins do que o sabujo que desgraçou o Itamaraty durante toda a sua desastrosa gestão de dois anos e três meses. Não, isso é impossível: o infeliz chanceler acidental não tem quem lhe possa ser, de perto ou de longe comparado; ele foi um desvio-padrão absoluto na história de nossa chancelaria, nunca teve precedentes e (espera-se) não terá sucedâneos no futuro previsível de nossa instituição. Ele merece todo o desprezo que lhe devotam, pelos meus cálculos, 99,9% do corpo funcional do Itamaraty, tendo sido apenas seguido de modo muito envergonhado pelos oportunistas sacripantas que o seguiram mais por obrigação do que por convicção.

De fato, é praticamente impossível imaginar quem poderia apreciar tão ridículo personagem, aqui “imortalizado” nestas crônicas entre o amargo e o histriônico, entre o risível e o desprezível, entre a troça e a desgraça, em torno do serviçal caninamente fiel aos ineptos que mandavam e desmandavam no visivelmente desequilibrado funcionário. O cronista misterioso do Itamaraty foi muito mais feliz, e eficiente, do que eu fui, com minhas análises supostamente sérias sobre o que foi, de fato, uma experiência grotesca, burlesca, deplorável, na trajetória de uma Casa tida por séria e respeitada. O Itamaraty, sob o tacão dos novos bárbaros e do seu capataz submisso, tornou-se o objeto das troças das chancelarias vizinhas, dos nossos amigos europeus, e até dos americanos que não rezavam pelo credo trumpista que também infernizou a vida dos colegas do Departamento de Estado. Fomos, durante mais de dois anos, o alvo das zombarias de toda a imprensa nacional e internacional, e das lamúrias dos profissionais da diplomacia que não encontravam vazão para expressar o seu horror pelo circo dos novos bárbaros.

Através das crônicas semanais do Cronista Misterioso – insisto no apelativo, pois que até hoje não se conhece a identidade do nosso vingativo Lone Ranger, e eu mesmo nunca fiz questão de inquirir meu intermediário – a Casa toda se sentiu vingada, pois que cada novo petardo circulava febrilmente nas redes restritas de grupos de diplomatas conectados por relações de amizade e de confiança. A mim, essa crônicas sempre chegaram com certo atraso temporal – dificultando, aliás, o estabelecimento de uma cronologia correta, pois elas eram apenas identificadas pela numeração serial de cada semana, não por uma data do calendário –, mas a cada vez transcrevia cada uma em meu blog Diplomatizzando, com pequenas notas introdutórias para contextualizar o seu teor para eventuais leitores “paisanos” – aqueles não pertencentes à carreira – e depois tratava de reunir o conjunto recebido num determinado período, colocando a brochura à disposição dos interessados. 

Ao longo do ano que quase transcorreu desde que tomei conhecimento destas crônicas desabusadas, compus algumas brochuras improvisadas, em sucessivas edições que responderam a títulos como estes: Crônicas do Itamaraty bolsolavistaUm ornitorrinco no Itamaraty O Brasil virou um pária internacional? (cujo autor era legendado como “um diplomata desconhecido” ou “o cronista misterioso do Itamaraty”). A série fez tanto sucesso, mesmo entre o público externo, que a Associação dos Funcionários do Ipea (Afipea) preparou sua própria brochura, recolhendo as 40 primeiras crônicas então disponíveis, acompanhadas de minhas notas introdutórias e respectivos prefácios, colocando o conjunto à disposição de todos em seu site, sob o título de Crônicas Tragicômicas de um Diplomata Resistente, por Ereto da Brocha, Ombudsman (disponível neste link: https://afipeasindical.org.br/content/uploads/2021/03/Pilulas_de_Bom_Senso_Caderno_06.pdf).

Eu estava me preparando para compor uma edição definitiva das crônicas, uma espécie de Gesamtkunstwerke, para honrar o trabalho do nosso cronista misterioso, quando tive a ideia de oferecer ao Batman, via meu colega intermediário, a chance dele mesmo assinar uma brochura, coroando sua obra enfim concluída, logo após a demissão do infeliz e patético objeto de seus petardos bem assestados contra a gestão certamente a tresloucada em quase duzentos anos de história. Tendo ele aceito a ideia, propus que ele fizesse o prefácio, cabendo-me, pelo esforço de organização, uma introdução sintética com o único fito de contar um pouco esta historieta inédita nos anais do Itamaraty. Ela o é, há mais de um título, pois nunca antes nessa trajetória bissecular tínhamos enfrentado um tão patético personagem de desventuras temporárias, mas certamente marcantes em termos de ridículo e horror. Agora que a agonia passou, o ex-chanceler acidental deveria desaparecer em escaninhos obscuros da galeria dos ex-chanceleres, um seleto clube no qual ele nunca deveria ter sido normalmente chamado a integrar. 

Os comentários mordazes, inteligentes e divertidos do Cronista Misterioso – alguns deles amargos, ao contemplar o espetáculo histriônico que nos oferecia quase todos os dias o farsante que servia caninamente a um bando de palhaços – já integram a história “secreta” do Itamaraty, independentemente de que venhamos a descobrir, ou não, a identidade de seu autor, o que é menos importante do que a obra de resistência que ele conduziu solitariamente, e clandestinamente, durante um ano inteiro. Se ouso me associar ao esforço, mais como editor e comentarista superficial, é porque também me considero parte desse pequeno grupo de dissidentes declarados da barbárie que presidiu aos destinos do Itamaraty durante a gestão do ex-chanceler acidental. 

Meu trabalho foi conduzido diuturnamente, persistentemente, denodadamente, por meio do quilombo de resistência intelectual que sempre foi o Diplomatizzando, esforço representado pelos quatro títulos já informados a acima e que será complementado por um último livro desse infeliz ciclo do bolsolavismo diplomático – ainda que contendo um espectro mais amplo de análises de nossas relações exteriores –, cujo título é Apogeu e demolição da política externa: itinerários da diplomacia brasileira. 

Quero, por fim, deixar meu registro de admiração, reconhecimento e agradecimento ao “cronista misterioso”, que manteve a chama de nossa resistência à ignorância torpe, ao servilismo abjeto, à subserviência desastrosa ao prestígio anterior da diplomacia brasileira, temporariamente colocada sob os tacões dos novos bárbaros. Ereto da Brocha cumpriu um papel que se apresentou sob a forma de crônicas improvisadas, mas que devem e podem legitimamente integrar o histórico de resistência política do Itamaraty ao desgoverno sob o qual o Brasil vive desde 2019. Esta pequena brochura rende uma homenagem de todo o Serviço Exterior brasileiro ao resistente anônimo de uma época que logo passará para a lata de lixo da história. 

 

 

Paulo Roberto de Almeida

Diplomata e professor

Brasília, 29 de junho de 2021


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Epílogo:

 

Um cronista misterioso animou a resistência no Itamaraty

 

 

Paulo Roberto de Almeida

 

 

Acabou-se o que era doce (algumas vezes amargo): nosso cronista misterioso, o Batman do Itamaraty, aquele que se chamava pelo estranho nome de Ereto da Brocha, e que se classificava como Ombudsman (foi bem mais do que isso) se despediu de seus inúmeros leitores, a maior parte diplomatas, que se sentiram vingados pelas suas ferinas diatribes contra aquele que já ganhou o galardão de “pior chanceler” de toda a história do Itamaraty. Creio que é impossível que tenha havido alguém tão ruim quanto ele, mesmo no passado remoto, e é improvável que um paspalho semelhante se apresente novamente em nosso futuro, ainda que o Brasil tenha o péssimo costume de sempre nos surpreender com coisas peculiarmente bizarras (e bizarro certamente ele foi, o ex-chanceler acidental). 

Damos assim adeus ao nosso impoluto guerreiro de capa e espada (neste caso uma pluma acerada, embora o mais provável seja um computador pessoal), ele que foi o nosso vingador mascarado, nunca revelado, até hoje procurado pelos arapongas da ABIN, aquele escritório feito para a segurança do Estado, mas que foi colocado a serviço dos novos bárbaros, que não conseguiram ainda se vingar do nosso Pimpinela Escarlate, nosso Arsène Lupin, nosso Zorro (sem o Tonto), um Lone Ranger dos bons, que nos divertiu durante um ano inteiro, mas que sempre li defasado no tempo e perdido numa cronologia não explícita.

Confesso meus mixed feelings nesta despedida: por um lado, aliviado que o objeto obscuro e medíocre destas crônicas desabusadas já não forneça matéria-prima gratuita para os lances mais ousados do cronista misterioso; por outro lado, preocupado em que ainda tenhamos motivos para requisitar os serviços do nosso Chapolim diplomático (pois tudo é bizarro no reino dos novos bárbaros).

Adieu Batman. Confirmo por esta última nota em uma brochura que é da sua lavra, que tive o prazer de oferecer a um número um pouco mais vasto de leitores a coleção completa de suas crônicas, dirigidas originalmente ao público mais seleto e mais circunspecto composto por nossos colegas diplomatas. Sua obra, imortalizada nestas crônicas desabusadas, é coisa para ficar na memória dos viventes e dos sobreviventes de uma fase das mais infelizes em nossa trajetória diplomática, ainda que ainda estejamos em tempos um pouco mais infelizes, com a contagem das vítimas dos novos bárbaros ultrapassando a marca do meio milhão de mortos no país. Mas é preciso registrar para as futuras gerações que nem todos foram passivos e indiferentes; a chama da resistência, como aquela que alimentou suas crônicas semanais, aliviou nossas agruras de dois anos e três meses inteiros de recuerdos miseráveis.

O infeliz e desastroso ciclo bolsolavista de nossa diplomacia não ficou impune nesse período, graças em grande medida às suas crônicas implacáveis, esforço para o qual eu também concorri, embora modestamente, nessa vertente aborrecida dos ensaios de cunho acadêmico. Creio que a maioria dos nossos colegas – eu até diria que a quase totalidade, mesmo aqueles que tinham de servir de perto o patético chanceler acidental – se divertiu amplamente ao ler, na calada de suas ferramentas de comunicação, estas crônicas desabusadas, e certamente passou discretamente adiante os petardos semanais.

Fomos, eu e você, dois diplomatas dissidentes que nos dedicamos a desancar o patético personagem, que insistia em diminuir o Itamaraty e o seu corpo profissional, como se ele não tivesse servido fielmente todos os governos e regimes anteriores. Ele conseguiu ofender a inteligência do Itamaraty, mas não diminuiu nossa capacidade de resistência, pelo menos no que dependeu de você, clandestinamente, e de mim, de modo totalmente aberto. Cabe-nos agora empreender um projeto de reconstrução da política externa e de restauração da diplomacia profissional, pois que a isso nos obriga nossa condição e consciência de diplomatas dissidentes do atual desgoverno. Em sua última crônica já constam algumas recomendações aos jovens, que darão continuidade a esse trabalho de soerguimento da diplomacia profissional. Pois foi um jovem diplomata que me abasteceu, embora com certo retardo, com seus petardos sempre esperados, que eu ia postando sequencialmente em meu quilombo de resistência intelectual, para depois reunir alguns blocos em brochuras improvisadas que fui publicando por minha conta e risco, e sem autorização explícita de seu autor. 

Creio que a maioria dentre nós muito se divertiu com seus petardos, embora alguns fossem mais propriamente desoladores. Mas esse é o retrato do governo atual, assim como ele foi da administração bolsolavista no Itamaraty, felizmente interrompida pela metade. Não espero receber mais crônicas do nosso cronista misterioso, ainda que eu pressinta que esse diplomata ainda não identificado continuará atento às idas e vindas do desgoverno agônico, pronto para voltar ao combate se as circunstâncias assim o exigirem. Quando estes tempos obscuros passarem, ele talvez apareça com seu nome próprio (talvez para reivindicar seu justo copyright, sendo que ele já tem os moral rights pela produção) e será devidamente saudado como o iniciador do processo de resistência, um bravo entre muitos outros bravos (talvez mais discretos).

Eu servi apenas como um assistente de editoração, digamos assim, sendo que meus comentários pontuais a cada uma das crônicas figuraram nas postagens do meu blog Diplomatizzando; elas também serão objeto de uma nova brochura, para registro de um outro tipo de resistência nestes tempos obscuros. Em todo caso, como diriam os companheiros, a luta continua...

 

Paulo Roberto de Almeida

Diplomata e professor

29 de junho de 2021

 

 

 




BRICS: uma bola de ferro atada aos pés do Brasil: relação das notícias (Google Alerts)

 Continuo considerando o BRIC-BRICS um dos maiores erros estratégicos do Brasil: 

Google (27/12/2022)

BRICS
Atualização semanal  27 de dezembro de 2022
NOTÍCIAS 
De acordo com o presidente eleito: “conversei hoje com o presidente russo Vladimir Putin, que me cumprimentou pela vitória eleitoral, desejou um bom ...
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A segunda edição de um programa de treinamento em jornalismo online para profissionais de mídia dos países do BRICS começou na segunda-feira.
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Nesta quinta-feira (22), o presidente da Argélia, Abdelmadjid Tebboune, declarou que a Argélia espera aderir ao BRICS já no ano que vem.
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Presidente eleito do Brasil e mandatário da Rússia mencionaram estratégias russo-brasileiras e cooperação no BRICS.
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BRICS é um bloco econômico que inclui o Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul e que foi escanteado pelo governo Bolsonaro.
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... no âmbito do grupo BRICS, bloco de economias emergentes que reúne Brasil, Rússia, ... inclusive no âmbito dos BRICS", diz a nota do Kremlin, ...
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Também está na mira do novo governo o fortalecimento de mecanismos como o Mercosul e o Brics, grupo formado pelo Brasil, Rússia, Índia, ...
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Lula esteve na Rússia durante seus dois mandatos, a primeira vez em 2005 e depois em 2010. Temas. Lula Vladimir Putin BRICS.
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Brasil e Rússia fazem parte dos Brics, ao lado também de Índia, China e África do Sul.
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O texto acrescenta que os dois expressaram confiança de que a cooperação estratégica entre Rússia e Brasil – ambos membros do grupo BRICS ...
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Rússia dá ultimato para Ucrânia acabar com a guerra - Pavel Polityuk, Oleksandr Kozhukhar (Reuters)

Rússia dá ultimato para Ucrânia acabar com a guerra

O ministro das Relações Exteriores da Rússia, Sergei Lavrov, disse que Ucrânia deveria aceitar as exigências russas para acabar com o conflito

Por Pavel Polityuk e Oleksandr Kozhukhar
Reuters, 27/12/2022

O ministro das Relações Exteriores da Rússia acusou a Ucrânia e os países do Ocidente de tentar destruir seu país e disse que Kiev tem que aceitar as exigências de Moscou para acabar com a guerra ou então assistir às forças armadas russas dominarem o campo de batalha.

Os comentários de Sergei Lavrov, feitos na noite de segunda-feira (26) em meio a intensos combates no leste da Ucrânia, vieram um dia depois que o presidente russo, Vladimir Putin, disse que estava aberto a negociações, mas apenas nos termos de Moscou.

Isso inclui a Ucrânia reconhecer a conquista de um quinto de seu território pela Rússia. Kiev, armada e apoiada pelos Estados Unidos e seus aliados da Otan, diz que recuperará todo o território ocupado e expulsará todos os soldados russos do país.

“Nossas propostas para a desmilitarização e desnazificação dos territórios controlados pelo regime, eliminação das ameaças à segurança da Rússia que emanam de lá, incluindo nossas novas terras, são bem conhecidas do inimigo”, disse Lavrov à agência de notícias estatal Tass.

“O ponto é simples: cumpra-as para o seu próprio bem. Caso contrário, a questão será decidida pelo exército russo.”

Putin lançou sua invasão da Ucrânia em 24 de fevereiro, chamando-a de “operação especial” para “desnazificar” e desmilitarizar a Ucrânia, que ele classificou como um peão do Ocidente que ameaçava a Rússia.

Kiev e o Ocidente dizem que a invasão de Putin equivale a uma apropriação imperialista de terras. Os Estados Unidos e seus aliados impuseram sanções abrangentes à Rússia pela invasão e enviaram bilhões de dólares em assistência ao governo ucraniano.

Na semana passada, quando o presidente ucraniano Volodymyr Zelensky visitava Washington, os Estados Unidos anunciaram mais US$ 1,85 bilhão em assistência militar para a Ucrânia, incluindo a transferência do Sistema de Defesa Aérea Patriot, irritando Moscou.

“Não é segredo para ninguém que o objetivo estratégico dos Estados Unidos e seus aliados da Otan é derrotar a Rússia no campo de batalha como um mecanismo para enfraquecer significativamente ou mesmo destruir nosso país”, disse Lavrov à Tass.

Embora Moscou tenha planejado uma operação rápida para dominar sua vizinha, a guerra está agora em seu 11º mês, marcada por muitos reveses embaraçosos da Rússia no campo de batalha.

No mais recente ataque para expor falhas nas defesas aéreas russas, um drone que se acredita ser ucraniano penetrou centenas de quilômetros no espaço aéreo russo na segunda-feira, causando uma explosão mortal na base principal de seus bombardeiros estratégicos.

Os combates mais intensos atualmente ocorrem nas províncias orientais de Donetsk e Luhansk, que juntas formam a região industrial de Donbass. A Rússia afirmou em setembro tê-las anexado, junto com as províncias de Kherson e Zaporizhzhia, no sul, mas não controla totalmente nenhuma delas.

Em sua mensagem de vídeo noturna na segunda-feira, Zelensky chamou a situação na linha de frente em Donbass de “difícil e dolorosa”.