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Este blog trata basicamente de ideias, se possível inteligentes, para pessoas inteligentes. Ele também se ocupa de ideias aplicadas à política, em especial à política econômica. Ele constitui uma tentativa de manter um pensamento crítico e independente sobre livros, sobre questões culturais em geral, focando numa discussão bem informada sobre temas de relações internacionais e de política externa do Brasil. Para meus livros e ensaios ver o website: www.pralmeida.org. Para a maior parte de meus textos, ver minha página na plataforma Academia.edu, link: https://itamaraty.academia.edu/PauloRobertodeAlmeida.

domingo, 1 de janeiro de 2023

Trabalhos publicados em 2022 por Paulo Roberto de Almeida

 Trabalhos publicados de Paulo Roberto de Almeida, 27 (2022)

2022: Do n. 1.433 ao n. 1.488

  

Pau1o Roberto de Almeida

Atualizada em 5 de janeiro de 2023

 

Número de trabalhos publicados: 55, ou seja, um por semana.

 

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1433. “Hipólito da Costa, a censura e a independência do Brasil”, Introdução a José Theodoro Mascarenhas Menck: A imprensa no processo de Independência do Brasil: Hipólito da Costa, o Correio Braziliense e as Cortes de Lisboa de 1821 (Brasília: Câmara dos Deputados, 2022, 228 p.; p. 19-41; ISBNs: Papel: 978-65-87317-75-5; E-book: 978-65-87317-76-2; Prefácio: Helena Chagas; Posfácio: Enrico Misasi). Disponível no seguinte link: https://www.academia.edu/70952484/Hipólito_da_Costa_a_censura_e_a_independência_do_Brasil_2022_. Relação de Originais n. 3954.

 

1434. “Disputa pelo mercado brasileiro de remédios contra a Covid-19”, Direito Sem Fronteiras, 14/02/2022; link:https://www.youtube.com/watch?v=kXVg2eRZeSM; entrevista ao programa da TV Justiça, na companhia do advogado e professor de Direito Internacional Matheus Atalanio; reproduzido no blog Diplomatizzando (link:https://diplomatizzando.blogspot.com/2022/02/direito-sem-fronteiras-disputa-pelo.html). Sem original. 

 

1435. “Guerra Rússia vs. Ucrânia; alerta de Biden”, Participação em entrevista no Canal MyNews, com a jornalista Myrian Clark, na companhia do professor Felipe Loureiro, do IRI-USP (link: https://www.youtube.com/watch?v=mlupXkI31Uw; 20/02/2022; 12:00hs; 52mns). Sem original.

 

1436. “O Brasil no turbilhão da guerra civil espanhola”, in: Ismara Izepe de Souza, Angela Meirelles de Oliveira e Matheus Cardoso da Silva (orgs.), A Guerra Civil espanhola e as Américas (São Paulo: Todas as Musas, 2022, 215 p.; e-book-pdf; ISBN: 978-65-88543-52-8, p. 161-196; disponível neste link de Academia.edu: ); informado no blog Diplomatizzando (8/04/2022; link: https://diplomatizzando.blogspot.com/2022/04/livro-sobre-guerra-civil-espanhola-e.html); capítulo destacado PRA, na plataforma Academia.edu (link: https://www.academia.edu/75893891/O_Brasil_no_turbilhão_da_guerra_civil_espanhola_2022_). Relação de Originais n. 3535. 

 

1437. “Entrevista sobre a Ucrânia”, Canal +Brasil News, dia 25/02/2022, a partir de 12mns (ou 18h07, no relógio do jornal) até aproximadamente 52:20:00 (com algumas outras matérias no meio), comentando a invasão da Rússia na Ucrânia e a posição do Itamaraty sobre a questão (link: https://www.youtube.com/watch?v=DGS4mdg4-bw). Sem arquivo original. 

 

1438. “Entrevista sobre a guerra na Ucrânia”, Canal +Brasil News, dia 28/02/2022, a partir de 57:35, até aproximadamente 1.16:00, comentando a invasão da Rússia na Ucrânia e os desenvolvimentos recentes (link: https://www.youtube.com/watch?v=TAXJ-XDNf10). Sem arquivo original.

 

1439. “Sobre a guerra na Ucrânia”, Entrevista concedida a pesquisadores do Rio Grande do Sul, do Gavagai Podcast, por Tito Flores, 1 março 2022, 1:39:08 (link: https://www.youtube.com/watch?v=goRSgzaPEj8). Sem arquivo original.

 

1440. “Três perguntas a Paulo Roberto de Almeida: Entrevista ao Correio Braziliense” Correio Braziliense (2/03/2022; link: https://www.correiobraziliense.com.br/politica/2022/03/4989569-os-ataques-do-ex-chanceler.html); divulgado no blog Diplomatizzando (link: https://diplomatizzando.blogspot.com/2022/03/o-brasil-de-bozo-e-do-ex-chanceler.html). Relação de Originais n. 4092.

 

1441. “Rússia vs. Ucrânia: o que esperar da guerra nos próximos dias”, participação em debate online no Canal MyNews (6/03/2022, 14:00hs, até 14:57hs), sob a coordenação de Mara Luquet, na companhia do jornalista Caio Blinder e do professor Carlos Poggio, professor de Relações Internacionais da FAAP (link: https://www.youtube.com/watch?v=v9sJOOuvV1g). Sem arquivo original.

 

1442. “Renúncia infame: o abandono do Direito Internacional pelo Brasil”, publicado, na condição de membro do Conselho Superior do ramo brasileiro da International Law Association (ILA) (http://ila-brasil.org.br/blog/), no blog eletrônico International Law Agendas (7/03/2022, link: http://ila-brasil.org.br/blog/uma-renuncia-infame/); divulgado no blog Diplomatizzando (link: https://diplomatizzando.blogspot.com/2022/03/uma-renuncia-infame-o-abandono-do.html).  Relação de Originais n. 4098.

 

1443. “A atualidade de Roberto Campos”, Palestra e debate sobre o personagem símbolo da liberdade no Brasil, noMovimento SC Livre (08/02/2022; link: https://youtu.be/L70hyLaBnYQ); divulgada no blog Diplomatizzando (link:https://diplomatizzando.blogspot.com/2022/03/personagens-da-historia-da-liberdade.html); novamente reproduzida no blog Diplomatizzando (3/04/2022; link: https://diplomatizzando.blogspot.com/2022/04/a-atualidade-de-roberto-campos-palestra.html). Relação de Originais n. 4090. 

 

1444. “A construção da diplomacia brasileira por um de seus pais fundadores”, Prefácio ao livro de Paulo Fernando Pinheiro Machado: Ideias e diplomacia: O Visconde do Uruguai e o nascimento da política externa brasileira– 1849-1853 (Lisboa: Lisbon International, 2022, 221 p.; p. 15-29; ISBN: 978-989-37-2189-6); apresentado parcialmente no blog Diplomatizzando (23/12/2021; link: https://diplomatizzando.blogspot.com/2021/12/ideias-e-diplomacia-o-visconde-do.html). Relação de Originais n. 4037.

 

1445. “Desafios do agronegócio brasileiro no contexto da economia global”, entrevista online ao Instituto Brasileiro de Direito do Agronegócio, organizado pelo Centro de Estudos de São Gotardo (MG), focando as temáticas da política agrícola, comercial e internacional, assim como as conexões entre agricultura e desenvolvimento; dia 21/03/2022; 19:30hs. Disponível em formato pdf, plataforma Academia.edu (link: https://www.academia.edu/81728280/4108_Desafios_do_Agronegocio_Brasileiro_em_um_contexto_de_Economia_Global_2022_);divulgado no blog Diplomatizzando (link: https://diplomatizzando.blogspot.com/2022/03/desafios-do-agronegocio-brasileiro-no.html). Relação de Originais n. 4108.

 

1446. “Dia do Diplomata: entrevista na Roda de Conversa, TV Pai Eterno”, Brasília, 20 abril 2022, 2 blocos de 18 e de 19 mns, na companhia do Professor Rafael Manzi, na TV Pai Eterno; 1ro bloco, link: https://youtu.be/mkPkr_rU8Xc; 2do. Bloco, link: https://youtu.be/IQUuW6TuyoE; divulgado no blog Diplomatizzando (24/04/2022; link: https://diplomatizzando.blogspot.com/2022/04/dia-do-diplomata-entrevista-na-roda-de.html). Sem original, notas ou texto.

 

1447. “Eleições na França, Canal MyNews”, Brasília, 24/04/2022, 17hs. Entrevista com jornalistas Jamil Chade (Genebra) e Caio Blinder (EUA) sobre a vitória de Macron no 2do turno das eleições presidenciais e as consequências da ascensão da extrema-direta no cenário francês, europeu e mundial. Disponível no canal YouTube do MyNews (link: https://www.youtube.com/watch?v=YMJiIcg8lXY; 52:25); divulgado no blog Diplomatizzando(24/04/2022; link: https://diplomatizzando.blogspot.com/2022/04/eleicoes-na-franca-canal-mynews.html ). Sem original, notas ou texto.

 

1448. “Assédio institucional no Itamaraty: breve abordagem e depoimento pessoal”, in: José Celso Cardoso Jr., Frederico A. Barbosa da Silva, Monique Florencio de Aguiar, Tatiana Lemos Sandim (orgs.), Assédio Institucional no Brasil: Avanço do Autoritarismo e Desconstrução do Estado. Brasília: Afipea; João Pessoa: Editora da Universidade Estadual da Paraíba, 2022; ISBN: 978-65-994701-7-2; capítulo 9, p. 389-427 (livro disponível no link: https://afipeasindical.org.br/content/uploads/2022/05/Assedio-Institucional-no-Brasil-Afipea-Edupb.pdf); divulgado no blog Diplomatizzando (4/07/2022; link: https://diplomatizzando.blogspot.com/2022/07/assedio-institucional-no-brasil-avanco.html). Relação de Originais n. 4051.

 

1449. “Política internacional e teorias conspiratórias: considerações pessoais”, entrevista na emissão “Psicoeducação”, a convite de Vitor Matos de Souza, por via do YouTube, em 27/04/2022, 20hs (link: https://www.youtube.com/watch?v=-zgJtmI6Fjw; texto postado no blog Diplomatizzando, link: https://diplomatizzando.blogspot.com/2022/04/politica-internacional-e-teorias.html). Relação de Originais n. 4136.

 

1450. “Resenha: “Celso Lafer: o pai fundador das Relações Internacionais no Brasil”, [Apresentação dos dois volumes publicados pela Funag, Celso Lafer, Relações internacionais, política externa e diplomacia brasileira: pensamento e ação (Brasília: Funag, 2018, 2 vols.) no portal da revista Interesse Nacional (Daniel Buarque, editor executivo:daniel.buarque@interessenacional.com.br). Publicado no portal da revista Interesse Nacional (1/05/2022; link: https://interessenacional.com.br/edicoes-posts/resenha-celso-lafer-o-pai-fundador-das-relacoes-internacionais-no-brasil/). Relação de Originais n. 4120.

 

1451. “Paulino, Visconde do Uruguai: apresentação de livro”, Brasília, 2 maio 2022, 3 p. Notas para apresentação-debate em torno do livro de Paulo Fernando Pinheiro Machado: Ideias e diplomacia: O Visconde do Uruguai e o nascimento da política externa brasileira– 1849-1853 (Lisboa: Lisbon International, 2022), em emissão da TV-IAB (2/05/2022, 17hs (links: https://lnkd.in/dGtjhG5k ou: https://www.youtube.com/watch?v=h_pfDXHUtg0). Texto divulgado no blog Diplomatizzando (https://diplomatizzando.blogspot.com/2022/05/debate-lancamento-do-livro-de-paulo.html). Relação de Originais n. 4142. 

 

1452. “O Brasil e a guerra de agressão da Rússia contra a Ucrânia”, página do Centro de Liberdade Econômica das Faculdades Mackenzie (link: https://www.mackenzie.br/liberdade-economica/artigos-e-videos/artigos/arquivo/n/a/i/o-brasil-e-a-guerra-de-agressao-da-russia-contra-a-ucrania); igualmente na plataforma Academia.edu (link: https://www.academia.edu/78954459/O_Brasil_e_a_guerra_de_agressão_da_Rússia_contra_a_Ucrânia_2022_) e no blog Diplomatizzando (13/05/2022: https://diplomatizzando.blogspot.com/2022/05/guerra-na-ucrania-e-suas-implicacoes.html). Vídeo da palestra no canal YouTube do Mackenzie (link: https://www.youtube.com/watch?v=7jQtR277iDc). Relação de Originais n. 4152.

 

1453. “PEBCAST: Política Externa Brasileira, Multilateralismo”, Gravação de entrevista pelos estudantes de Relações Internacionais da Universidade Federal da Paraíba (UFPB), sob a coordenação do professor Tulio Ferreira, em 28/04/2022; Paulo Roberto de Almeida a partir de 15:00 até 1:05:31; (disponível no link: https://open.spotify.com/episode/5hOY0kd2shhwSGKBL57c83?si=323681177dfb4c28). Notas preparadas para a ocasião: “Política internacional e relações econômicas internacionais do Brasil: podcast com alunos da UFPB”, Brasília, 28 abril 2022, 3 p. Notas para entrevista oral com alunos de Relações Internacionais da UFPB. Postado no blog Diplomatizzando (link: https://diplomatizzando.blogspot.com/2022/04/politica-internacional-e-relacoes.html). Relação de Originais n. 4138.

 

1454. “100 dias de guerra na Ucrânia”, “emissão do Instituto Montese divulgada em 10/06/2022, 14h05 (link: https://www.youtube.com/watch?v=CEs-kG1hOjk; exposição PRA de 44:37 a 52:30 minutos da emissão); exposição apoiada no texto “Os 100 primeiros dias da guerra de agressão da Rússia contra a Ucrânia: o Brasil afronta o Direito Internacional e a sua história diplomática”, divulgado no blog Diplomatizzando (9/06/2022; link: https://diplomatizzando.blogspot.com/2022/06/100-dias-de-guerra-de-agressao-da.html)  Relação de Originais n. 4165.

 

1455. A grande ilusão do Brics e o universo paralelo da diplomacia brasileira, Brasília: Diplomatizzando, 2022, 277 p.; ISBN: 978-65-00-46587-7; Edição Kindle: 1377 KB; ASIN: B0B3WC59F4; At Amazon.com: US$ 5.01; link: https://www.amazon.com/dp/B0B3WC59F4; na Amazon.com, Preço: R$ 25,00; link: https://www.amazon.com/grande-ilus%C3%A3o-Brics-diplomacia-brasileira-ebook/dp/B0B3WC59F4/ref=sr_1_1?keywords=A+grande+ilus%C3%A3o+do+Brics+e+o+universo+paralelo+da+diplomacia+brasileira&qid=1656513882&sr=8-1. Relação de Originais n. 4170.

 

1456. “Alcolumbre e a proposta indecorosa”, entrevista à jornalista Myrian Clark, no Canal MyNews, em 13/06/2002; transmitida em 16/06/2002, sobre a PEC 34/2021, sobre missão diplomática permanente para parlamentares, apelidada de Lei Bananinha, abordando igualmente a Cúpula das Américas e o estranho pedido do presidente Bolsonaro a Joe Biden para “ajudar” em sua reeleição (link: https://www.youtube.com/watch?v=fwASxtmOyU4&t=1625s); destaque sobre a repercussão internacional dos assassinatos do jornalista britânico Dom Philipps e do indigenista brasileiro Bruno Pereira na Amazônia (“Suspeitos confessam o assassinato de Dom Phillips e Bruno Pereira”, com 71 mil visualizações; link: https://www.youtube.com/watch?v=HNQesfxSnks&t=54s). Sem Original.

 

1457. “Venezuela: apogeu e tragédia da aventura chavista”, Prefácio ao livro de Paulo Afonso Velasco Júnior e Pedro Rafael Pérez Rojas Mariano de Azevedo (orgs.), Venezuela e o Chavismo em perspectiva: análises e depoimentos(Curitiba: Appris, 2022, 132 p.; ISBN: 978-65-2502-304-5). Relação de Originais n. 4029.

 

1458. “Apogeu e demolição da política externa”, Apresentação do livro homônimo e do livro em formato Kindle “Itamaraty Sequestrado”, no canal YouTube da TV-IAB, em 14/06/2022, com a participação da vice-presidente do IAB, Adriana Brasil Guimarães, da diretora da Biblioteca Marcia Dinis, do embaixador Sérgio Florêncio, do advogado Arnaldo Godoy e do diplomata e jurista Paulo Fernando Pinheiro Machado. Feita apresentação em formato de Power Point (links: https://www.youtube.com/watch?v=V-FaQKa2dzE&t=4s e https://www.youtube.com/watch?v=V-FaQKa2dzE&t=2127s). Relação de Originais n. 4159. 

 

1459. “A Arte da Guerra: Sun Tzu”, in: Jorge Tavares da Silva (coord.), Olhar a China Pelos Livros (Lisboa: Centro Cultural e Científico de Macau; Macau: Universidade de Macau, 2022, 155 p., p. 114-125; ISBN: 978-972-8586-57-7). Divulgado no blog Diplomatizzando (15/06/2022; link: https://diplomatizzando.blogspot.com/2022/06/olhar-china-pelos-livros-livro.html). Relação dos originais. n. 3967.

 

1460. “Hipólito da Costa, o primeiro estadista do Brasil”, Brasília, 30/06/2022; participação no Seminário “O Movimento da Independência: Ontem e Hoje/ 200 anos de independência do Brasil”, promovido pela Câmara dos Deputados, painel sobre Hipólito da Costa, sob a presidência do Deputado Gustavo Fruet, com a participação da historiadora Isabel Lustosa e do jornalista e músico Malcom Forest, às 14:30hs (link da emissão: https://www.youtube.com/watch?v=tkv3v1HZ7_c). Sem trabalho original. Divulgado via blog Diplomatizzando(7/07/2022; link: https://diplomatizzando.blogspot.com/2022/07/hipolito-da-costa-o-primeiro-estadista.html).

 

1461. “A ampliação do Brics e o interesse nacional”, revista Crusoé (1/07/2022; link: https://crusoe.uol.com.br/secao/reportagem/a-ampliacao-do-brics-e-o-interesse-nacional/). Relação de Originais n. 4188.

 

1462. “O reconhecimento diplomático do Império do Brasil: um processo delongado, 1822-1834”, Brasília, 24 junho 2022, 35 slides. Apresentação a pedido de Bruno Cerqueira, para o programa “História do Brasil como você nunca viu”, feita no sábado, 2/07/2022, 20hs (link: https://www.youtube.com/watch?v=x0gbZdnDlfg). Divulgado no blog Diplomatizzando (4/08/2022; link: https://diplomatizzando.blogspot.com/2022/08/o-reconhecimento-diplomatico-do-imperio.html); apresentação em pdf inserida na plataforma Academia.edu (link: https://www.academia.edu/84156685/4181_O_reconhecimento_diplomatico_do_Imperio_do_Brasil_um_processo_delongado_1822_1834_2022_). Relação de Originais n. 4181.

 

1463. “Um insólito encontro com embaixadores estrangeiros para propagar mentiras”, Porto Alegre, 19 julho 2022, 14hs; entrevista gravada para o programa radiofônico da Rádio BandNews de Porto Alegre, Bastidores do Poder, com o jornalista Guilherme Macalossi (link: https://youtu.be/5F40QiDZDr4). Sem original.

 

1464. “O futuro do grupo Brics”, webinar promovido pelo IRICE, do embaixador Rubens Barbosa, em 30/06/2022, sobre a temática na companhia do presidente do NDB, Marcos Troyjo, e da representante da Secretaria de Comércio Exterior do Itamaraty, Ana Maria Bierrenbach. Vídeo do evento disponível no canal do IRICE no YouTube (link: https://www.youtube.com/watch?v=9Q9l8i4gyX4). Texto preparado para o evento, sob título homônimo, postado no Diplomatizzando (link: https://diplomatizzando.blogspot.com/2022/06/o-futuro-do-grupo-brics-ensaio-por.html), ao mesmo tempo em que se divulgou a publicação do livro A grande ilusão do Brics e o universo paralelo da diplomacia brasileira, anunciado no blog (11/06/2022; link: https://diplomatizzando.blogspot.com/2022/06/meu-proximo-kindle-sobre-miragem-dos.html).

 

1465. Paulo Roberto de Almeida e Paulo Fernando Pinheiro Machado, “O Paraná nas relações internacionais do Brasil e o papel do poder judiciário estadual”, Gralha Azul (Revista da EJUD-PR, Escola Judicial do Paraná, v. 1, n. 12, Jul. 2022; link: https://ejud.tjpr.jus.br/documents/13716935/68524001/2+Artigo+Paulo.pdf/c240bf9d-05fc-dcf4-46d3-cca3bd33dffd). Postado no blog Diplomatizzando (28/07/2022; link: https://diplomatizzando.blogspot.com/2022/07/o-parana-nas-relacoes-internacionais-do.html) e divulgado via plataforma Academia.edu (link: https://www.academia.edu/83881540/O_Paraná_nas_relações_internacionais_do_Brasil_e_o_papel_do_poder_judiciário_estadual_2022_). Relação de Originais n. 4202.

 

1466. “O Brasil e sua circunstância geográfica e diplomática”, portal Interesse Nacional (10/08/2022; link:https://interessenacional.com.br/edicoes-posts/o-brasil-e-sua-circunstancia-geografica-e-diplomatica/); reproduzido no blog Diplomatizzando (10/08/2022; link: https://diplomatizzando.blogspot.com/2022/08/o-brasil-e-sua-circunstancia-geografica.html); disponível na plataforma Academia.edu (link: https://www.academia.edu/84437450/4209_O_Brasil_e_sua_circunstância_geográfica_e_diplomática_2022_). Relação de Originais n. 4209.

 

1467. Construtores da Nação: projetos para o Brasil, de Cairu a Merquior (São Paulo: LVM Editora, 2022, 304 p.; ISBN: 978-65-5052-036-6; prefácio de Arnaldo Sampaio de Moraes Godoy, p. 11-17). Divulgado via blog Diplomatizzando (25/08/2022; link: https://diplomatizzando.blogspot.com/2022/08/construtores-da-nacao-projetos-para-o_25.html). Relação de Originais n. 4187. 

 

1468. “O que define a verdadeira liderança? A capacidade de se fazer seguir”, capítulo ao livro: Henrique Marcos, Luciano Meneguetti e Paulo Henrique Reis de Oliveira (orgs.), A expansão sistêmica do Direito Internacional: Liber Amicorum Professor Wagner Menezes (Belo Horizonte: Arraes Editora, 2022; ISBN: 978-65-5929-195-3; p. 17-22). Relação de Originais n. 4196.

 

1469. “Eleições brasileiras de 2022 num cenário de terra arrasada”, revista InterAção (Santa Maria: UFSM; vol. 13, n. 2, edição especial, setembro 2022; ISSN: 2357-7675; no link: https://periodicos.ufsm.br/interacao/; link para o artigo: https://periodicos.ufsm.br/interacao/article/view/71719); divulgado na plataforma Academia.edu (link: https://www.academia.edu/86985301/4222_Eleicoes_brasileiras_de_2022_num_cenario_de_terra_arrasada_2022_) e no blog Diplomatizzando (20/09/2022; link: https://diplomatizzando.blogspot.com/2022/09/eleicoes-brasileiras-de-2022-num.html). Relação de Originais n. 4222.

 

1470. “Rupturas e continuidades na política externa brasileira, 1985-2023: vicissitudes da diplomacia no Brasil”, publicado no site da revista do CEBRI (29/09/2022, link: https://cebri.org/revista/br/artigo/54/rupturas-e-continuidades-na-politica-externa-brasileira-1985-2023); divulgado no blog Diplomatizzando (29/09/2022, link: https://diplomatizzando.blogspot.com/2022/09/rupturas-e-continuidades-na-politica.html) e na plataforma Academia.edu (link: https://www.academia.edu/87577999/4215_Rupturas_e_continuidades_na_pol%C3%ADtica_externa_brasileira_1985_2023_Vicissitudes_da_diplomacia_no_Brasil_2022_). Relação de Originais n. 4215.

 

1471. “O maior pensador econômico brasileiro, embora ainda controverso”, Introdução a Lisboa, José da Silva, Princípios de economia política para servir de introdução à tentativa econômica do autor dos Princípios de Direito Mercantil. São Paulo: LVM Editora, 2022; ISBN: 978-65-5052-041-0; p. 13-39). Trechos selecionados e bibliografia desta Introdução publicados no blog Diplomatizzando (13/08/2022; link: https://diplomatizzando.blogspot.com/2022/08/introducao-uma-nova-edicao-dos.html); Resumo colocado na plataforma Academia.edu (link: https://www.academia.edu/87753213/4216_O_maior_pensador_econômico_brasileiro_Introdução_a_José_da_Silva_Lisboa_2022_Postagem_no_blog_Diplomatizzando_sábado_13_de_agosto_de_2022_Introdução_a_uma_nova_edição_dos_Princ%C3%ADpios_de_Economia_Pol%C3%ADtica_1804_de_José_da_Silva_Lisboa_Principios_de_Economia_Pol%C3%ADtica_1804_). Publicado in: Relação de Originais n. 4216.

 

1472. “Direito sem Fronteiras: Cresce a tensão na península coreana”, Brasília, 10 outubro 2022, Emissão patrocinada pela TV Justiça, jornalista Guilherme Menezes, em companhia do colega diplomata Paulo Fernando Pinheiro Machado (link: https://youtu.be/w_iH8nKD83o). Sem registro de originais.

 

1473. “Ata da Comissão Eleitoral sobre a votação de nova diretoria para o IHG-DF”, Brasília, 20 outubro 2022, 11 p. Relatório da Comissão Eleitoral composta para presidir às eleições de Diretoria e Conselho Fiscal para o biênio 2022-2024, por ocasião de Assembleia Geral Ordinária do Instituto, contendo os resultados da votação: eleita a chapa Candango, presidida por Paulo E. S. Castelo Branco.

 

1474. “Diplomacia econômica e política comercial: entrevista de Paulo Roberto de Almeida a Luiz G. Maluf”, online, outubro 2022, Mundo em Análise. Entrevista sobre política comercial e diferentes temas da diplomacia econômica. Blog Diplomatizzando (link: https://diplomatizzando.blogspot.com/2022/11/depoimento-de-paulo-roberto-de-almeida.html). Sem original escrito. 

 

1475. “Relations internationales du Brésil, de 2019 à 2022”, Problèmes d’Amérique Latine (n. spécial, 119-120, novembre 2021, 1-2, p. 33-43; revue disponible au: https://www.cairn.info/revue-problemes-d-amerique-latine.htm ; article disponible au: https://www.cairn.info/revue-problemes-d-amerique-latine-2021-1-page-33.htm ; DOI :https://doi.org/10.54695/pal.119120.033043); disponível nestes links: https://www.academia.edu/89826043/Relations_internationales_du_Bresil_de_2019_a_2022_Paulo_Roberto_de_Almeida_Problemas_dAmerique_Latine_https://www.academia.edu/89826043/PAL119_120_art2_DE_ALMEIDA; divulgado no blog Diplomatizzando(2/11/2022; link: https://diplomatizzando.blogspot.com/2022/11/relations-internationales-du-bresil-de.html). Relação de Originais n. 4156.

 

1476. “Historiografia da independência: síntese bibliográfica comentada”, Brasília, 9 setembro 2022, 19 p. Seleção de obras sobre o processo da independência. Publicado nos Cadernos do CHDD (ano 21, número especial, segundo semestre de 2022, p. 127-150; ISSN: 1678-586X; disponível: https://funag.gov.br/biblioteca-nova/produto/1-1200); artigo PRA neste link da plataforma Academia.edu (link: https://www.academia.edu/91952768/4234_Historiografia_da_independencia_s%C3%ADntese_bibliografica_comentada_Cadernos_CHDD_2022_); apresentação geral, com sumário e apresentação do embaixador Gelson Fonseca Jr., em postagem no blog Diplomatizzando (30/11/2022; link: https://diplomatizzando.blogspot.com/2022/11/cadernos-do-chdd-numero-especial-do.html). Relação de Originais n. 4234. 

 

1477. “Da construção do primeiro Estado brasileiro aos desafios atuais”, Brasília, 29 maio 2022, 6 p. Prefácio ao livro de Arnaldo Sampaio de Moraes Godoy: Direito e História: formação do Estado brasileiro (Londrina: Thoth, 2022, p. 13-19; ISBN: 978-65-5959-341-5); disponível na plataforma Academia.edu (link: https://www.academia.edu/89838127/Prefacio_ao_livro_de_Arnaldo_Godoy_Direito_e_Historia_formação_do_Estado_brasileiro_2022_); divulgado no blog Diplomatizzando (3/11/2022; link: https://diplomatizzando.blogspot.com/2022/11/prefacio-ao-livro-de-arnaldo-godoy.html). Relação de Originais n. 4163.

 

1478. “Pensamento brasileiro nas relações internacionais: itinerários desde a redemocratização (1985-2022)”, revista Synthesis (Cadernos do Centro de Ciências Sociais da UERJ; v. 15, n. 2, maio-agosto 2022, p. 103-120; ISSN versão impressa: 1414-015X; ISSN versão digital: 2358-4130; DOI: 10.12957/Synthesis.2022.70875; link da revista:https://www.e-publicacoes.uerj.br/index.php/synthesis/issue/view/2801; pdf do artigo: https://www.e-publicacoes.uerj.br/index.php/synthesis/article/view/70875/43915); disponível na plataforma Academia.edu (link: https://www.academia.edu/90549448/Pensamento_brasileiro_nas_relacoes_internacionais_itinerarios_desde_a_redemocratizacao_1985_2022_Synthesis_2022_); divulgado no blog Diplomatizzando (11/11/2022; link: https://diplomatizzando.blogspot.com/2022/11/pensamento-brasileiro-nas-relacoes.html). Relação de Originais n. 4057, 4060, 4061, 4062, 4063, 4064, 4068 e 4145.

 

1479. “Programa Latitude: entrevista sobre política externa de Lula III”, Emissão em forma de entrevista oral no programa Latitude, do site O Antagonista, conduzida pelo jornalista Duda Teixeira, no dia 21/11/2022, divulgada no YouTube (22/11/2022, link: https://www.youtube.com/watch?v=O7tzEZV3P9Q). Formato escrito, sob o título de “A diplomacia de Lula, 2023-2026: mais do mesmo?”, postado na plataforma Academia.edu (link: https://www.academia.edu/91326453/4275_A_diplomacia_de_Lula_2023_2026_mais_do_mesmo_2022_) e no blog Diplomatizzando (21/11/2022; link: https://diplomatizzando.blogspot.com/2022/11/a-diplomacia-de-lula-2023-2026-mais-do.html). Emissão divulgada no YouTube (22/11/2022, link geral, “Os 7 erros diplomáticos de Lula”, 2,1 mil visualizações: https://www.youtube.com/watch?v=O7tzEZV3P9Q; outro link geral: https://www.youtube.com/watch?v=O7tzEZV3P9Q&t=1433s; link parciais: “O PT tem essa mania de se achar o líder da América Latina”, 1,8 mil visualizações: https://www.youtube.com/watch?v=pZ6I78fplEI; “Uma ordem mundial surge com grandes catástrofes”, 5,3 mil visualizações: https://www.youtube.com/watch?v=21jP70kzLVU; “Os relatórios da Oxfam são hipócritas”, 1,1 mil visualizações: https://www.youtube.com/watch?v=cssPH_lTXJY).  Relação de originais n. 4275.

 

1480. “Política externa e diplomacia brasileira a partir de 2023: o que esperar?”, Entrevista para o IDESF, realizada no dia 22/11/2022. Notas postadas no blog Diplomatizzando (22/11/2022l link: https://diplomatizzando.blogspot.com/2022/11/politica-externa-e-diplomacia.html). Emissão disponível no YouTube do IDESF (link: https://www.idesf.org.br/2022/12/01/tema-politica-externa-e-diplomacia-brasileira-a-partir-de-2023-o-que-esperar/). Relação de Originais n. 4267.

 

1481. “Apresentação ao número 12 da revista do IHG-DF”, (com Gustavo Bezerra). Publicada na revista do IHG-DF (n. 12/2022, p. 9-10; ISSN: 2525-6653; link: ). Relação de Originais n. 4262.

 

1482. “Ata da Comissão Eleitoral sobre a eleição de uma nova administração” (com Carlos Eduardo Vidigal e André Heráclio do Rêgo). Publicada na revista do IHG-DF (n. 12/2022, p. 11-12; ISSN: 2525-6653; link: ). Relação de Originais n. 4262b.

 

1483. “A revolução liberal de 1820 como precursora da independência do Brasil: o papel do Correio Braziliense de Hipólito da Costa”. Publicado na revista do IHG-DF (n. 12/2022, p. 139-158; ISSN: 2525-6653; link: ). Relação de Originais n. 3493.

 

1484. “Celso Lafer: pai fundador das Relações Internacionais no Brasil”, Resenha-apresentação de Celso Lafer, Relações internacionais, política externa e diplomacia brasileira: pensamento e ação (Brasília: Funag, 2018, 2 vols., 1437 p.; lo. vol., ISBN: 978-85-7631-787-6; 762 p.; Publicado na revista do IHG-DF (n. 12/2022, p. 205-210; ISSN: 2525-6653; link: ). Relação de Originais n. 4120.

 

1485. “Alocução no IHG-DF sobre a recepção de dois novos membros: Rogerio de Souza Farias e Gustavo Henrique Marques Bezerra”. Publicado na revista do IHG-DF (n. 12/2022, p. 213-216; ISSN: 2525-6653; link: ); divulgado no blog Diplomatizzando (link: https://diplomatizzando.blogspot.com/2021/09/alocucao-no-ihg-df-por-ocasiao-da.html). Relação de Originais n. 3971.

 

1486. “Saudação a Arnaldo Godoy, posse no IHG-DF”, Brasília 4 maio 2022, 4 p. Aproveitamento do CV de Arnaldo Godoy para traçar comentários de apresentação na sua posse. Postado no blog Diplomatizzando (link: https://diplomatizzando.blogspot.com/2022/05/arnaldo-godoy-um-intelectual-que.html); publicado na revista do IHG-DF (n. 12/2022, p. 271-2175; ISSN: 2525-6653; link: ). Relação de Originais n. 4146.

 

1487. “Paz impossível, guerra improvável”, na revista Crusoé (n. 244, sexta-feira, 30/12/2022, link: https://crusoe.uol.com.br/edicoes/244/paz-impossivel-guerra-improvavel/). Relação de Originais n. 4290.

 

1488. “Uma enciclopédia da democracia e das constituições, no Brasil e no mundo”, Prefácio ao livro de Edson Emanoel Simões, Constitucionalismo e Constituição de 1988, volume 1 da coleção Constituições e Democracia no Brasil e no mundo – da antropofagia à autofagia (São Paulo: Almedina, 2022, p. 7-14; ISBN: 978-65-5627-477-5). Relação de Originais n. 4065.

 

 

Paulo Roberto de Almeida

Diplomata, professor

(www.pralmeida.org; diplomatizzando.blogspot.com)

 

Meus melhores votos de sucesso em 2023 vão para… - Paulo Roberto de Almeida

 Meus melhores votos de sucesso em 2023 vão para…

Lula como presidente pela terceira vez, algo inédito na história política brasileira, por ser pela via democrática e não como certos “presidentes” ou chefes de governos, eternizados em eleições fraudadas em diversos países latino-americanos, africanos e em outros países, inclusive europeus, como por exemplo na Hungria de Orban e na Rússia de Putin, assim como na China de Xi Jinping (que acaba de romper um modelo de alternância na autocracia do partido leninista, ao “eleger” pela terceira vez o seu novo imperador).

Lula merece ter sucesso no que é o seu marco distintivo na frágil democracia brasileira, a diminuição, ainda que relativa e altamente instável, da iniquidade da distribuição de renda no país, que sempre a concentrou em favor de nossas medíocres elites patrimonialistas. 

Não tenho nenhuma ilusão que essa pequena redução na concentração de renda se faça em favor dos realmente pobres e miseráveis e que ela seja feita pelos bons méritos de políticas macroeconômicas e setoriais adequadas, pois carregam os sinais distintivos do velho populismo eleitoreiro da subvenção ao consumo dos mais pobres, e não pela via correta e necessária de redução das fontes estruturais da pobreza, que são a não educação de maneira geral e a baixa capacitação técnico-profissional da população economicamente ativa, necessária para a elevação dos níveis de produtividade do capital humano e social, em particular.

Sempre fui, a despeito de ser bastante crítico a esse personagem singular do velho populismo brasileiro, um apoiador sincero de suas medidas redistributivas, que corrigem, ainda que minimamente e modestamente, a tremenda injustiça do eterno patrimonialismo oligárquico do Brasil, uma nação que se caracteriza por séculos de injustiças contra os mais pobres, em primeiro lugar contra os africanos e indígenas escravizados e oprimidos, e que ainda se ressentem da persistência de formas disfarçadas de escravismo e de servidão na pobreza generalizada de seus descendentes.

Continuarei ao longo de 2023, e mais além, meu apoio crítico a tais medidas de redução da miséria abjeta e da pobreza absoluta por parte de um governo que dispõe de um legítimo apoio popular, ao lado de uma convivência incômoda com as “elites” extratoras de sempre, as classes econômicas eternamente privilegiadas, que não são apenas os velhos e novos  proprietários fundiários e os grandes capitalistas, empresários industriais e banqueiros, mas também os mandarins do Estado, a começar pela aristocracia do judiciário e outros altos servidores do Estado, que se servem do Estado para si próprios. 

Manterei, ao longo de 2023 e mais adiante, meu ceticismo sadio em relação a políticas públicas e medidas estatais que atuam apenas nos estoques de riqueza, e não na criação de seus novos fluxos, assim como naquelas iniciativas redistributivas que impactam apenas os muitos efeitos da iniquidade distributiva (entre elas um sistema tributário regressivo), e não exatamente suas múltiplas fontes de criação dos canais de reconcentração de renda, com modestos resultados nas estruturas sólidas do nosso vergonhoso coeficiente de Gini.

Serei especialmente crítico em relação a uma política externa feita de muitos equívocos conceituais (como a velha e anacrônica visão “classista” da divisão do mundo) e de sua primeira diplomacia partidária, com vergonhosos apoios a execráveis ditaduras supostamente de esquerda (e algumas de direita também). 

Sou, em particular, um opositor talvez isolado e de primeira hora do BRIC-BRICS, que considero um grande erro estratégico da diplomacia lulopetista, por nos unir, sem qualquer convergência sólida de objetivos compartilhados, a duas grandes autocracias e a duas outras democracias de baixíssima qualidade (como é a nossa aliás), apenas pela ilusão de que se trataria da construção de uma ordem mundial alternativa à velha dominação de antigas potências colonialistas ou do novo hegemonismo americano, o que é um programa meramente oposicionista, sem qualquer conexão com propostas visando a melhoria da qualidade de políticas públicas de desenvolvimento econômico e social, ou com a elevação dos padrões de governança democrática e de defesa dos direitos humanos e das liberdades individuais.

Também sou um opositor declarado do estatismo desmesurado desse terceiro governo economicamente intervencionista do grande líder populista, e de sua megalomania na política externa, o que nos envolve num certo aventureirismo diplomático, sem grandes efeitos no objetivo que deveria ser essencial num projeto nacional, que é a redução dos níveis exageradamente altos de miséria e de pobreza inaceitáveis.

Com todas essas ressalvas, alertas e sugestões, desejo um bom 2023 a Lula e um bom governo até 2026, esperando que escapemos de uma nova e catastrófica recessão (como a de 2015-16) e que em 2027 estejamos melhor do que agora e livres de qualquer ameaça golpista e de um retorno do destruidor desgoverno desse infeliz último quadriênio, marcado pelo reforço do patrimonialismo oligárquico e do autoritarismo militar, ilegítimo em sua essência. 

Vamos lá Brasil, seja feliz de novo, como nos bons tempos de JK, que viram o nascimento da Bossa Nova e do Rei Pelé!

Com os melhores votos de

Paulo Roberto de Almeida

São Paulo, 1/01/2023

sábado, 31 de dezembro de 2022

Pelé, o insuperável - Veja

 VEJA

Edson Arantes do Nascimento, 23/10/1940 - 29/12/2022

Campeão da Copa do Mundo aos 17 anos, bicampeão aos 21, tricampeão aos 29, onze vezes artilheiro do Campeonato Paulista (em seu tempo a competição mais importante do nosso futebol, ao lado do Campeonato Carioca), dez vezes campeão estadual, seis vezes campeão do Brasil, duas vezes campeão da Libertadores das Américas, duas vezes campeão mundial de clubes. 

Em toda a trajetória profissional, somou 1.281 gols, reconhecidos pela Fifa. O rei do futebol será eterno, mesmo tendo abandonado os gramados há décadas. Em 1974, aos 22 minutos do primeiro tempo de um jogo contra a Ponte Preta de Campinas na Vila Belmiro, sem nenhum roteiro planejado, ajoelhou-se de repente no meio do gramado. Com os braços abertos, virou o corpo em direção aos quatro cantos do estádio onde jogou na maior parte da carreira, em um modesto agradecimento de adeus. 

Foi assim que Pelé aposentou sua camisa branca do Santos, o único clube que havia defendido. Ele a vestira 1 116 vezes durante dezoito anos. Com ela, o número 10 às costas, fizera 1 091 gols. São marcas que nenhum jogador alcançou ou viria a atingir. Beira a impossibilidade que alguém venha a superá-las. 

Nenhum brasileiro, em qualquer campo de atividade, atingiu nem de longe sua dimensão e prestígio. A fama ultrapassou qualquer fronteira. Um gênio, simplesmente. Sem comparações possíveis. 

Veio do nada e tudo conquistou.

sexta-feira, 30 de dezembro de 2022

Russia’s New Winter War - Anthony Beevor (Foreign Affairs)

 Uma reflexão histórica sobre as possibilidades e limites do tal de General Inverno.

Russia’s New Winter War

Could Putin Go the Way of Napoleon and Hitler?


One of Russia’s greatest military victories came with the coldest European winter in 500 years. At the beginning of the eighteenth century, Tsar Peter the Great struggled to repel the formidable forces of Charles XII of Sweden, advancing on Moscow. Then came the Great Frost of 1708–9. Birds were said to have frozen in midflight and dropped dead to the ground. Charles’s army of more than 40,000 men soon lost half its strength from exposure and starvation. In an attempt to escape the cold, the Swedish king led the remnants of his army south into Ukraine to join the Cossack leader, Hetman Ivan Mazepa, and his forces. But the damage was done. The following summer, Peter’s Russian army routed Charles’s weakened forces at the Battle of Poltava, bringing an end to Sweden’s empire and its designs on Russia. 

The Swedes were neither the first nor the last European army to suffer the ravages of “General Winter” on Russia’s frontiers. Exacerbated by the vast expanse of the Eurasian landmass, winter fighting there has often proved to be the downfall of great armies. For centuries, this phenomenon has often worked to Russia’s advantage, as a succession of powerful militaries have succumbed to inadequate equipment, deficient supply lines, and poor preparation. But as Russian President Vladimir Putin’s war in Ukraine enters the harshest months of the year, there are many indications that this time it may be Russia, rather than its adversary, that suffers the worst consequences. 

HIS EMPIRE FOR A HORSE

Europe’s best-known winter defeat in Russia came in 1812—just over a century after the Battle of Poltava—when Napoleon’s Grande Armée retreated from Moscow. Russia’s scorched-earth tactics, which left the French with no food or shelter along the line of withdrawal, made the effect even more deadly. Yet the greatest casualties had occurred earlier.

The Grande Armée had been almost half a million strong when it crossed the River Neman, the frontier between Prussia and Russia, in June 1812. But it soon lost a third of its strength from summer heat, disease, hunger, and exhaustion as the emperor forced his men on toward Moscow. Although the retreat into Russia’s expanse was unintended at first, Tsar Alexander I’s commanders soon realized the advantage. They kept withdrawing east and did not make a stand until General Mikhail Kutuzov was ordered to halt Napoleon at Borodino, 75 miles west of Moscow. The battle proved a costly victory for the French, even though it enabled them to enter Moscow unopposed. 

But it was the approaching winter that proved fatal for the invaders. Napoleon wasted five weeks in Moscow expecting the tsar to come to terms. When the Grande Armée finally started to withdraw to central Europe on October 19, the soldiers were still wearing their summer uniforms. They had also lost their baggage trains and could expect little food along the way. Their greatest deficiency was in cavalry to hold off marauding Cossacks. The shaggy Cossack ponies were accustomed to the winter blizzards, which began a month later, while the last of the chargers and draft horses from western Europe collapsed from the cold and lack of forage. Starving soldiers hacked off their meat even before they were dead. Desertion or surrender was far from a guarantee of survival. Avenging Cossacks waited to skewer enemy soldiers on their long lances; Russian peasants simply slaughtered them with scythes. By early December, Napoleon feared a coup d’état during his absence, and, abandoning his army, headed for Paris before his frozen men could reach safety. By this point, his forces had suffered nearly 400,000 casualties, and he had lost his reputation for invincibility on the battlefield.

Less well known, although perhaps equally significant, was the way Russia won. Despite having lost 200,000 of its own men, Russia’s military leadership was far less concerned about casualties than was Napoleon. Russian officers still treated their peasant soldiers as little better than serfs (and serfdom would not be abolished in Russia for another 50 years). This lack of interest in soldiers’ well-being—and the casual attitude to massive losses through so-called meat-grinder tactics—are apparent in Putin’s army in Ukraine today. 

RED TERROR, WHITE FROST

Another half century later, in World War I, the attitude of Russia’s military authorities had barely changed. Their men were expendable. Trench life for the rank and file along the eastern front that ran through Belorussia, Galicia, and Romania from 1915 to 1917 was an inhuman experience. And many resented that officers retired each night to the warmth and relative comfort of peasant log huts behind the front.

“Having dug themselves into the ground,” the Russian writer and anti-tsarist Maxim Gorky observed of the enlisted men, “they live in rain and snow, in filth, in cramped conditions; they are being worn out by disease and eaten by vermin; they live like beasts.” Many lacked boots and had to resort to bast shoes made from birch bark. Stations for treating the wounded at the front were almost as primitive as they had been in the Crimean War. This reality was in cruel contrast to the photographs of the tsarina and her grand duchess daughters immaculately dressed as nurses before the February 1917 revolution. 

Winter conditions in the Russian Civil War (1917–­21) were even worse. The most pitiful victims were the civilian refugees fleeing the Bolshevik onslaught, or what became known as the Red Terror. During the winter of 1919, the collapse of Admiral Kolchak’s White Russian armies in Siberia produced terrible scenes along the jammed Trans-Siberian Railroad. Aristocrats, middle-class families, and anti-Bolsheviks of all backgrounds were trying to escape to Vladivostok in the Russian Far East to avoid capture by the Communist Red Army, which was advancing from the Urals. 

In World War I, many Russians lacked boots and had to resort to shoes made of birch bark. 

By mid-December of that year, the Reds caught up with the tail of the line and took the southern Siberian city and industrial hub of Novo-Nikolaevsk (present-day Novosibirsk), along with numerous trains still blocked there. The city itself was in the grip of a typhus epidemic. All horses, carts, and sledges available had already been taken, so the desperate set out on foot, not knowing that farther ahead in Krasnoyarsk cases had reached more than 30,000. 

“A mass retreat is one of the saddest and most despairing sights in the world,” Captain Brian Horrocks, a British officer in the Allied intervention in Russia, wrote. “The sick just fell down and died in the snow.” He was horrified by the squalid condition even of those refugees who had managed to find a place in packed cattle wagons. Most wagons lacked any heating as temperatures dropped to as low as minus 30 degrees Celsius. “The thing which impressed me most was the fortitude with which the women, many of them reared in luxury, were facing their hopeless future,” he wrote. “The menfolk were much more given to self-pity.” Kolchak’s staff officers were by then drinking themselves into oblivion.

As White Russian, Czech, and Polish commanders argued bitterly over priority for their troop trains, starving and frozen refugees were dying at an alarming rate. One officer wrote that trains at some Siberian stations were unloading hundreds of bodies of people who had died from cold and disease. “These bodies were stacked up at the stations like so much cordwood,” another officer wrote. “Those who remained alive never talked, never thought of anything save how they might escape death and get farther and farther away from the Bolsheviks.”

In the northern Caucasus, known for its blazing summer heat, winter could sometimes produce drops in temperature of more than 30 degrees Celsius in less than an hour. In February 1920, General Dmitry Pavlov’s cavalry divisions were caught in the open by a sudden blizzard. Pavlov “lost half of his horses which froze in the steppe,” the Red Army high command noted. But the human losses were far worse. “We left behind in the steppe thousands of men frozen to death, and the blizzard buried them,” a Cossack officer recounted. Those who survived did so by huddling against their horses. Pavlov, who had ignored warnings of the possible change in the weather, suffered severe frostbite himself.

STALIN’S ICE BREAKERS

By the twentieth century, winter conditions on the Eurasian landmass posed a growing threat not just to humans and horses but also to military weaponry. Sometimes this worked to Russia’s detriment. Despite its disproportionate strength and its massive expenditure of ammunition, the Soviet army failed to break Finnish resistance in the Winter War of 1939–40, following Stalin’s invasion of Finland. The Finns, proving themselves even better practitioners of winter tactics than their invaders, terrorized Red Army soldiers by day and night as their white-camouflaged ski troops launched surprise attacks from forests, then disappeared like ghosts. Their bravery and skill persuaded Stalin to accept Finland’s independence. But it also served as a lesson for the war to come. 

During the rapid military mechanization between the two world wars, the Soviet Union had created the largest tank force in the world. The Red Army at least learned that guns and engines needed special lubricants in extreme conditions. Such measures proved key in Stalin’s ability to block Hitler’s armies in front of Moscow in December 1941. Both the German army and the Luftwaffe were unprepared. They had to light fires under their vehicles and aircraft engines to defrost them. 

German soldiers referred bitterly to winter conditions as “weather for Russians.” They envied the Red Army’s winter uniforms, with white camouflage suits and padded cotton jackets, which were far more effective than German greatcoats. Russian military historians have attributed the comparatively low rate of frostbite and trench foot among Soviet forces to their old military practice of using layered linen foot bandages instead of socks. German soldiers also suffered more rapidly because their jackboots had steel studs that drained any warmth. In February 1943, when the remnants of Field Marshal Paulus’s Sixth Army finally surrendered at Stalingrad—the psychological turning point of World War II—more than 90,000 German prisoners limped out of the city on frost-ravaged feet. Yet their suffering had been caused less by cold than by Hitler’s orders to hold on there and the inability of German panzers with their narrow tracks to counterattack in the snow. 

General Winter also played a major role in the Red Army’s final victory in 1945. The great Soviet breakthrough in January, a charge from the River Vistula to the River Oder, depended on the weather. Russian forecasters had predicted “a strange winter,” with “heavy rain and wet snow” after the hard frosts of January. An order went out to repair boots. Stalin and the Red Army’s supreme command set January 12 as the start date for the offensive, so that the Soviets’ tank armies could take advantage of the deep-frozen ground before any thaw set in. Characteristically, Stalin falsely claimed that he had advanced the date from January 20 to take pressure off the Americans in the Ardennes. (U.S. forces had already halted the German offensive there just after Christmas.) In fact, there was another motive: Stalin wanted to control the bulk of Polish territory before he met U.S. President Franklin Roosevelt and British Prime Minister Winston Churchill at Yalta in the first week of February. 

More than 90,000 German prisoners limped out of Stalingrad on frost-ravaged feet.

Stalin’s commanders did not let him down. “Our tanks move faster than the trains to Berlin,” boasted the ebullient Colonel Iosif Gusakovsky. He had not bothered to wait for bridging equipment to reach the frontlines before attempting to cross the River Pilica. He simply ordered his leading tanks to smash the ice with gunfire, then to drive straight across the riverbed. The tanks, acting like icebreakers, pushed the ice aside “with a terrible thundering noise,” a terrifying experience for the poor drivers. The German eastern front in Poland collapsed under the armored onslaught, once again because the Soviet T-34’s broad tracks could cope with the ice and snow far better than any German panzer. 

After 1945, the Red Army’s achievements in winter warfare gave it a fearsome reputation in the West. It was not until the Soviet Union’s ill-planned invasion of Czechoslovakia in the summer of 1968—the Warsaw Pact forces lacked maps, food supplies, and fuel—that Western analysts first began to suspect that they might have overestimated the Soviets’ warfighting abilities.

Finally, in the 1980s, the collapse of the Soviet empire was marked by its doomed struggle to control Afghanistan, a terrain that made winter warfare impossible for conventional armies. Then, during the economic collapse in the 1990s, Russian President Boris Yeltsin’s government often proved unable to pay officers and soldiers alike and corruption became institutionalized. Conscripts were frequently on the edge of starvation because their rations were sold off; theft, bullying, and ill discipline became rampant. Spare parts from vehicles, as well as anything from fuel to light bulbs, boots, and especially any cold weather kit, disappeared onto the black market. 

Corruption became even worse following Russia’s chaotic invasion of Georgia in 2008. Putin began throwing money at the armed forces. The waste on prestige projects encouraged contractors and generals alike to pad their bank accounts. Little appears to have been done in reassessing military doctrine. The Russian idea of urban warfare had still not evolved from World War II, with their artillery, the “god of war,” smashing everything to rubble. This approach would continue during Russian intervention in the Syrian civil war from 2015. 

Yet Putin’s greatest triumph in Russian eyes was the covert seizure of Crimea the year before by infiltrating it with un-uniformed “little green men” from special forces. This was part of Putin’s angry reaction to the Maidan revolution in Kyiv, which forced his ally President Viktor Yanukovych to flee and led to the start of fighting in the Donbas region of Russian-speaking eastern Ukraine. 

PUTIN IN DENIAL

In February 2022, eight years later, Putin launched his “special military operation” in Ukraine. At the time, the vanguard was told to bring their parade uniforms ready to celebrate victory—one of the greatest examples of military hubris in history. Yet seven disastrous months later, when the Kremlin was finally forced to order a “partial mobilization” of the Russian population, it had to warn those called up that uniforms and equipment were in short supply. They would have to provide their own body armor and even ask their mothers and girlfriends for sanitary pads to use instead of field dressings. The lack of bandages is astonishing, especially now as winter intensifies, since they are vital to keep frost from entering open wounds. Adding to the dangers are mortar rounds hitting frozen ground: unlike soft mud, which absorbs most of the blast, frozen ground causes fragments to ricochet, in sometimes lethal ways. 

Putin’s new commander in chief in the south, General Sergei Surovikin, is determined to clamp down on attempts by some conscripts to avoid combat. Many have been resorting to the sabotage of fuel, weapons, and vehicles, to say nothing of self-inflicted wounds and desertion. Yet the Russian army’s long-standing structural problem—its shortage of experienced noncommissioned officers—has also led to a terrible record of maintaining weapons, equipment, and vehicles. These problems will become especially costly in winter with sensitive technology such as drones. 

As both sides enter a far more challenging season of fighting, the outcome will largely depend on morale and determination. While Russian troops curse their shortages and lack of hot food, Ukrainian troops are now benefiting from supplies of insulated camouflage suits, tents with stoves, and sleeping bags provided by Canada and the Nordic nations. Putin seems to be in denial about the state of his army and the way that General Winter will favor his opponents. He may also have made another mistake by concentrating his missiles against Ukraine’s energy network and its vulnerable civilian population. They will endure the greatest suffering, but there is little chance that they will break.


Junto com o populismo econômico, vem também o populismo ambiental? - Ana Carolina Amaral (FSP)

 Lançada para europeu ver, gestão ambiental de Lula promete hesitação Brasil adentro

Uso da pauta climática para protagonismo internacional implicará a petista uma compra de brigas políticas em casa

FSP, 28.dez.2022 às 23h15
Ana Carolina Amaral

SÃO PAULO - A hesitação de Lula sobre a nomeação para o comando do Ministério do Meio Ambiente fala mais alto sobre os desafios ambientais do país no próximo ano do que o discurso feito na COP27 do clima da ONU, no Egito, quando o presidente eleito anunciou ao mundo que priorizaria a pauta climática em seu governo.

Enquanto garantiu o controle de pastas fundamentais para sua gestão, como foi o caso do Desenvolvimento Social, Lula cogitou acomodar no Meio Ambiente uma aliada sem trajetória na área —Simone Tebet, agora indicada para o Planejamento. Comum na política, porém recente em órgãos ambientais, a oferta está na origem da precarização da agenda e da abertura das boiadas.

Foi esse tipo de jogada política que criou o antiministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles. O advogado então filiado ao PP estreou na área ambiental como secretário estadual de meio ambiente de São Paulo, em 2016. Ele foi nomeado pelo governador Geraldo Alckmin uma semana após o Progressistas ter aderido ao candidato do PSDB, João Doria, na campanha pela prefeitura da capital.

"Para conter as taxas de desmatamento, uma pessoa com uma forte agenda ambiental e com determinação deve liderar o Ministério do Meio Ambiente", afirmou à Folha a eurodeputada Anna Cavazzini.

Vice-presidente da delegação para relações com o Brasil no Parlamento Europeu, ela defende a renegociação do acordo comercial entre a União Europeia e o Mercosul para fortalecer as garantias ambientais.

Cavazzini aguarda sinais de implementação da política ambiental no Brasil. Para além de recuperar o que foi desmontado sob Bolsonaro, ela cita a preocupação com a liberação de pesticidas agrícolas —algo que o bloco europeu busca banir.

O uso da pauta climática como trampolim para o protagonismo internacional implicará a Lula comprar brigas políticas dentro de casa —e evitar rifar órgãos ambientais.

"Vou fazer tudo. O Meio Ambiente depende da Agricultura e a Agricultura depende do Meio Ambiente, então pode ficar tranquila", Lula se limitou a dizer à Folha, ainda nos corredores da COP27, quando questionado sobre como equacionaria o comando das duas pastas.

Se Lula quer que o mundo acredite no discurso levado à COP27 —quando afirmou que a produção agrícola sem equilíbrio ambiental deve ser considerada uma ação do passado— seu governo precisará assumir a aposta diante de aliados políticos. Porém, boa parte deles tem prioridades antiambientais.

De acordo com o índice do Instituto Democracia e Sustentabilidade, a bancada antiambiental pode ter 61% dos votos da Câmara dos Deputados, considerando aqui os partidos que votaram contra a proteção ambiental em pelo menos três quartos das matérias na última legislatura.

Ao mirar 2023, a gestão Lula ainda terá o desafio de aproximar o discurso diplomático —feito "para europeu ver"— das prioridades dos brasileiros.

Isso significa ir além da reversão do patamar de desmatamento da Amazônia, cujas taxas são acompanhadas pelo mundo todo, afinal indicam qual será a capacidade planetária de conter o aquecimento global.

Brasil adentro, o desafio é outro: a adaptação às mudanças climáticas. Aqui já se sente na pele os efeitos do eventos climáticos extremos nas cidades, nas florestas e no campo. Segundo pesquisa do ITS/Ipec publicada em março, 75% dos brasileiros afirmam que o aquecimento global pode prejudicar suas famílias.

Nas cidades de todo o país, as chuvas intensas e as inundações ameaçam diretamente a vida das pessoas, enquanto o agronegócio perde safras por extremos climáticos como chuvas excessivas ou secas prolongadas. De 2020 para 2021, as indenizações pagas no seguro rural aos produtores brasileiros aumentaram 94%, segundo dados da CNSeg, a Confederação Nacional de Seguros.

A água é termômetro das crises ambiental e climática. Impactada por diversos vetores, como desmatamento, pesticidas, garimpo e uso industrial, a desregulação dos regimes hidrológicos implica em desabastecimento hídrico e de energia elétrica, com efeitos em cadeia para a economia e toda a vida do país.

Berço das águas, o cerrado, que abriga nascentes de 8 das 12 principais bacias hidrográficas brasileiras, sofre desmatamento acelerado. Só neste ano foram mais de 10 mil km2, segundo o Prodes/Inpe.

Apesar do potencial de garantir resiliência climática ao país —uma condicionante inexorável do desenvolvimento em tempos de crise do clima—, o destino do bioma está ameaçado pelo avanço descontrolado de monoculturas voltadas à exportação, como soja e milho, principalmente na região do Matopiba, entre as fronteiras dos estados do Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia.

No oeste baiano, um estudo do Imaterra mostrou que o governo estadual tem concedido licenças irregulares ao agronegócio para desmatamento até mesmo em áreas protegidas por lei, em uma configuração de política de Estado. Há oito anos, a Bahia é governada por Rui Costa (PT), futuro ministro da Casa Civil de Lula.

Para tocar uma nova governança ambiental em 2023, o governo eleito precisará reposicionar politicamente os limites ambientais. Em vez de figurarem em um polo da dicotomia que opõe a proteção ambiental ao desenvolvimento, as condicionantes ambientais precisam entrar como denominador comum na equação das pressões econômicas, políticas e internacionais.

O próximo ano é crucial para definir a capacidade de o país fazer uma guinada rumo a um desenvolvimento resiliente ao clima, que só será possível se o país cumprir a meta do Acordo de Paris de zerar o desmatamento até o fim da década. Com prazos ambientais cada vez mais curtos, sobra ao Brasil pouco tempo entre a hesitação e o êxito.

O projeto Planeta em Transe é apoiado pela Open Society Foundations.

A China prestigia a posse de Lula, pensando em seus objetivos estratégicos- Jamil Chade (UOL)

 Não sei se o mesmo podecser dito do Brasil, nem antes, nem talvez depois. PRA

China envia delegação de mais alto nível que EUA para posse de Lula
Jamil Chade  
Colunista do UOL
29/12/2022 11h04

O governo da China decidiu enviar para a posse do presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva o vice-presidente do país, Wang Qisha, e espera que o encontro com o novo governo brasileiro garanta um "impulso" na relação estratégica entre os dois países. No total, quase 60 delegações estrangeiras desembarcam em Brasília nos próximos dias.

Disputando espaços de hegemonia com os EUA, os chineses optaram por enviar uma delegação de mais alto nível que a missão organizada pela Casa Branca. Numa coletiva de imprensa, o porta-voz do Ministério das Relações Exteriores, Wang Wenbin, explicou que Qishan liderará a delegação chinesa ao Brasil.

No caso americano, apesar da esperança de que o presidente Joe Biden ou a vicepresidente Kamala Harris estivessem presentes à posse, a escolha do governo de Washington foi pela secretária do Interior dos Estados Unidos, Deb Haaland. 

Wang, com 69 anos, foi prefeito de Pequim no auge do surto da Sars, em 2003, e liderou o comitê olímpico da cidade para os Jogos de 2008. Ele ainda foi o negociador chefe nas relações com os EUA e, recentemente, foi escolhido como vice de Xi Jinping. Entre os diferentes cargos, ele ainda liderou os esforços chineses contra a corrupção.

"A China e o Brasil são ambos grandes países em desenvolvimento e importantes mercados emergentes", disse Wenbin nesta quinta-feira. "Somos os parceiros estratégicos abrangentes um do outro. Desde que os laços diplomáticos foram estabelecidos há 48 anos, as relações bilaterais têm desfrutado de um desenvolvimento sólido e estável com uma cooperação prática frutífera em vários setores. A natureza abrangente e estratégica de nossa parceria tem se tornado cada vez mais pronunciada e sua influência global está continuamente em ascensão", afirmou.

Segundo o porta-voz, a viagem do vice-presidente Wang Qishan ao Brasil como representante especial do presidente Xi Jinping "diz muito da alta importância que a China atribui ao Brasil e às nossas relações bilaterais".

"Acreditamos que esta visita dará um forte impulso à nossa parceria estratégica abrangente e a levará a novas alturas, proporcionando mais benefícios tanto para os países quanto para os povos e contribuindo para a paz, estabilidade e prosperidade regional e global", completou.

Lula já indicou que Pequim será um de seus primeiros destinos internacionais, junto com os EUA e Argentina.

Se o discurso do bolsonarismo tentou transformar a China numa espécie de vilã internacional e alvo de acusações sobre a ofensiva comunista no mundo, a realidade é que o mandato de Jair Bolsonaro termina com a relação comercial e de investimentos entre os dois países batendo todos os recordes.

Os números se contrastam com os ataques constantes do ex-chanceler Ernesto Araújo contra Pequim, desmentem os discursos do presidente contra a vacina chinesa e mostram o fracasso da estratégia adotada pelo Itamaraty nos primeiros anos do governo para minar qualquer aproximação entre Brasília e Pequim.

No governo, nos primeiros meses de 2019, a ordem era a de promover uma aproximação total aos EUA de Donald Trump e até mesmo forjar alianças diplomáticas contra o país asiático. Em reuniões da ONU, o comunismo chinês era denunciado pelo Itamaraty, enquanto o então ministro da Saúde Luis Henrique Mandetta chegou a confessar que qualquer aproximação de sua pasta com a China era minada pelo Executivo.

A realidade foi bem diferente do discurso bolsonarista. Dados do próprio governo indicaram que, até o final de novembro, a China representava 27% de toda a exportação do Brasil ao mundo.

Ou seja: de cada quatro dólares que o país obtém no mercado internacional com suas vendas, um vem da China.


A competição estratégica EUA-China e a diplomacia brasileira - Paulo Roberto da Silva Gomes Filho e Paulo Roberto de Almeida

 Um coronel da Reserva, xará meu, Paulo Roberto da Silva Gomes Filho, publicou no Estadão desta sexta-feira, 30/12/2022, um interessante e utilíssimo artigo, “Os inimigos e ‘aliados’ dos Estados Unidos” — quem puder postar o texto na íntegra eu agradeço —, sobre dois novos documentos do governo americano, a Estratégia Nacional de Segurança e a Estrégia Nacional de Defesa dos EUA, com ponderações parcialmente corretas sobre nossos interesses nacionais, no sentido de permanecermos equidistantes do grande conflito estratégico entre os EUA e a China. 

Escrevi “parcialmente corretas” pois que ele tratou mais do cenário geopolítico atual, esquecendo a dimensão do Direito Internacional nas relações internacionais do Brasil e, sobretudo, da dimensão MORAL de certas opções de políticas, que deveriam levar em conta as cláusulas de relações internacionais da CF-1988, assim como valores e princípios tradicionais de nossa diplomacia.

Parece-me que, como na Guerra Fria geopolítica, de 1946 a 1991, estamos em fsce de duas concepções de mundo, de política e de sociedade, uma baseada na liberdade dos indivíduos, a outra no predomínio do Estado e no cerceamento dessas mesmas liberdades. Não é difícil distinguir uma da outra e não creio que os interesses materiais e os fluxos de comércio devam prevalecer sobre o universo dos valores. 

As escolas militares deveriam ter mais aulas sobre direitos humanos, relações internacionais e filosofia política. Se o fizessem, não teriam apoiado um troglodita boçal, inepto e psicopata perverso, como o que conspurcou a cadeira presidencial nos últimos quatro anos (sintomaticamente em troca de vantagens corporativas e de benefícios pessoais). Os militares mancharam seu prestígio nesta mais do que infeliz conjuntura política do Brasil.

Paulo Roberto de Almeida

Brasília, 30/12/2022

Extraído do site pessoal do coronel Paulo Roberto da Silva Gomes Filho (paulofilho.net.br), que foi a base para a redação do artigo mais sintético.

Os dois novos documentos dos EUA

Introdução

Recentemente, o governo norte-americano divulgou dois documentos da área de Segurança e Defesa, em sequência: sua nova Estratégia Nacional de Segurança, no dia 12 de outubro, e sua Estratégia de Defesa, no dia 27 de outubro de 2022.

Em conjunto, os dois documentos desvelam a maneira como os norte-americanos enxergam o mundo e definem os princípios que guiarão suas ações estratégicas, para conformá-lo, de maneira que, no futuro, esteja alinhado aos seus interesses e princípios.

1. Estratégia Nacional de Segurança

De acordo com o diagnóstico do documento, o mundo está atravessando um momento crucial, sendo os próximos anos decisivos para a definição do futuro dos Estados Unidos (EUA) e de todo o planeta. Nessa circunstância, o país teria dois grandes desafios estratégicos: o primeiro seria a competição com a China, cujo resultado definiria a ordem internacional pós Guerra Fria. O segundo seria o enfrentamento dos desafios compartilhados globalmente, quais sejam, as mudanças climáticas, a insegurança alimentar, as doenças pandêmicas, o terrorismo, a escassez energética e a inflação. Por serem desafios compartilhados, esses últimos exigiriam a cooperação entre os países. Entretanto, essa cooperação estaria sendo dificultada pelo próprio ambiente de competição geopolítica, que alimentaria nacionalismos e populismos.

No documento, os EUA se posicionam como líderes das democracias mundiais no enfrentamento às autocracias. A Rússia é apresentada como uma ameaça imediata à ordem internacional aberta e livre, pelo desrespeito ao Direito Internacional e pela invasão à Ucrânia. Os russos são acusados de atuar contra os interesses norte-americanos, em várias partes do mundo, inclusive, dentro dos EUA. O apoio à Ucrânia é reafirmado, bem como a intenção de conter a Rússia em todos os campos do poder.

A China, entretanto, é apresentada como o verdadeiro competidor dos EUA, uma vez que teria a intenção de reconfigurar a ordem internacional em seu próprio benefício e, consequentemente, em desfavor dos norte-americanos.

Ao afirmar que pretendem competir com a China, os EUA asseveram, dentre outros aspectos, que irão apoiar seus aliados no Indo-Pacífico, para que tomem suas decisões de forma livre da coerção chinesa. Também dizem que irão responsabilizar Pequim por “genocídio e crimes contra a humanidade em Xinjiang, violação dos direitos humanos no Tibet e desmantelamento da autonomia e das liberdades em Hong Kong”.

Em relação à Taiwan, os norte-americanos afirmam que a paz e a estabilidade do Estreito de Taiwan são críticas para a segurança da região e do mundo. Afirmam que continuam apoiando a política de “uma só China”, contrária à independência da ilha, discordando de quaisquer tentativas de mudança no “status quo” da região. Entretanto, de acordo com a lei que rege as relações com o país, manterão o apoio militar para que aquela ilha esteja em condições de se defender de qualquer agressão chinesa.

A crise climática recebe destaque, sendo apresentada como o “desafio existencial do nosso tempo”. Afinal, o aquecimento do planeta colocaria em perigo os norte-americanos e demais habitantes do planeta, arriscando os suprimentos de comida e água, a saúde pública, a infraestrutura e a própria segurança nacional norte-americana. O documento cita, ainda, as afirmações de cientistas, segundo os quais, sem uma ação global imediata para reduzir as emissões de gases do efeito estufa, em breve, serão excedidos os 1,5°C de aquecimento, o que ocasionará o aumento do nível do mar e uma perda catastrófica de biodiversidade.

Ao tratar da postura dos EUA em relação às regiões do mundo, o documento esclarece sua opção pela Ásia, mais especificamente pelo Indo-pacífico, considerado o epicentro da Geopolítica no século 21. A Aliança Atlântica, entretanto, não é esquecida, e os EUA reafirmam seu compromisso com a OTAN e seus parceiros europeus. A América do Sul não é citada especificamente, sendo englobada quando o documento trata sobre o Hemisfério Ocidental. Porém, o texto aborda a proteção da “interferência e coerção” que seriam praticadas por Rússia, China e Irã contra países da região. O Brasil só é citado no documento devido à Amazônia, uma vez e superficialmente, para se falar na necessidade de preservação daquele bioma.

O documento deixa nítido o entendimento norte-americano de que, apesar da guerra na Ucrânia e das ameaças nucleares que ressurgiram com ela, o mundo caminha para uma nova disputa bipolar, entre EUA e China. Portanto, na China, estarão a atenção e o foco da política exterior norte-americana. Entretanto, a competição dar-se-á em todo o globo terrestre, com os EUA buscando espaço e alinhamentos que lhes sirvam tanto na disputa contra a China quanto no apoio às políticas e estratégias de enfrentamento dos “desafios compartilhados” por toda a humanidade.

2. Estratégia Nacional de Defesa

Em perfeito alinhamento com a Estratégia de Segurança, a Estratégia de Defesa igualmente apresenta um cenário internacional de segurança complexo, com desafios causados por mudanças geopolíticas, tecnológicas, econômicas e ambientais. A competição estratégica com a China é apresentada como o mais complexo desafio à segurança dos EUA, uma vez que aquele país teria um comportamento “coercivo e crescentemente agressivo, com o objetivo de remodelar a região do Indo-Pacífico e o Sistema Internacional, com a finalidade de adequá-los aos seus interesses”. Por sua vez, a Rússia é apresentada como a ameaça do momento, uma vez que “usa a força para mudar fronteiras, ignorando a soberania de países vizinhos, para reimpor uma esfera de influência imperial”.

Portanto, China e Rússia, nessa ordem, são apresentadas como as mais perigosas ameaças à segurança dos EUA. Na verdade, trata-se do aprofundamento da mudança de foco, que também havia ocorrido no governo Trump, o qual listou China, Rússia, Irã e Coreia do Norte como as principais ameaças, na Estratégia de Defesa divulgada à época. A mudança se detém no fato de que, até então, o terrorismo figurava, nos documentos oficiais dos EUA, como principal ameaça à segurança do país.

O documento também lista como ameaças: a Coreia do Norte, em razão de seu status de potência nuclear; o Irã, em razão de seu programa nuclear, das exportações de armas e de seu papel “desestabilizador no Oriente Médio”; além de grupos terroristas como a Al Qaeda, o ISIS e seus afiliados.

As mudanças climáticas, que são percebidas pela elevação das temperaturas médias, elevação dos níveis do mar, mudança nos regimes das chuvas e maior frequência de eventos climáticos extremos, são apresentadas como motrizes de novos conflitos, como, por exemplo, o derretimento da calota polar, no Ártico, que modifica a geoestratégia da região, aumentando a disputa interestatal naquela parte do globo.

Para enfrentar todos esses desafios, a Estratégia norte-americana apresenta uma ferramenta, a chamada “Dissuasão Integrada”. São ações destinadas a alinhar as políticas, os investimentos e as atividades do Departamento de Defesa dos EUA que sustentem e fortaleçam a dissuasão do país em relação aos seus adversários.

Essa dissuasão envolve o aprimoramento de ações em várias áreas que: neguem aos inimigos a possibilidade de conquistar territórios; aumentem a resiliência norte-americana em face de ataques adversários; e demonstrem aos inimigos que os custos de um eventual ataque serão muito superiores a eventuais benefícios. Nesse sentido, a Estratégia prevê investimentos em novas capacidades, como as de ataques a longas distâncias, sistemas de armas hipersônicas e sistemas autônomos. Ademais, priorizar-se-á o desenvolvimento dos campos espacial e cibernético, a capacidade de combater guerras irregulares, o apoio a aliados que estejam enfrentando os inimigos dos EUA, as medidas diplomáticas e as sanções econômicas.

 3. Outros documentos estratégicos

Em complemento às Estratégias de Segurança e de Defesa, os EUA também publicaram a revisão de sua postura nuclear. No documento, reafirma-se a importância da dissuasão nuclear nesse ambiente de deterioração da segurança internacional. A previsão é de que a China possua 1.000 ogivas nucleares até o final da década. Assim, segundo a avaliação norte-americana, na década de 2030, os EUA enfrentarão, pela primeira vez em sua história, duas grandes potências nucleares como concorrentes estratégicos e potenciais adversários. Isso criará novas tensões na estabilidade e novos desafios para a dissuasão, a segurança, o controle de armas e a redução de riscos.

Embora não seja considerada uma rival na mesma escala que a China e a Rússia, a Coreia do Norte também representaria uma ameaça persistente e um perigo crescente para os EUA e a região do Indo-Pacífico, à medida que expande, diversifica e aprimora suas capacidades nucleares, de mísseis balísticos e não nucleares, incluindo seu estoque de armas químicas. Uma crise ou conflito na península coreana poderia envolver vários atores com armas nucleares, aumentando o risco de um conflito mais amplo.

Ainda segundo o documento, o Irã não possui, hoje, uma arma nuclear. No entanto, as recentes atividades iranianas, anteriormente limitadas pelo acordo nuclear (JCPOA), são motivo de grande preocupação, pois são aplicáveis a um programa de armas nucleares. A política dos EUA é impedir que o Irã obtenha uma arma nuclear.

Os EUA consideram, ainda, que a aquisição de armas nucleares por outros Estados pode levar a novos desafios de dissuasão. A atual instabilidade do ambiente de segurança, incluindo as ações do Irã, da Coreia do Norte e a guerra na Ucrânia, poderia criar ou aprofundar incentivos à proliferação nuclear.

Outro anexo à Estratégia de Defesa é a Revisão de Defesa Contra Mísseis. O documento se destina a fornecer orientação ao Departamento de Defesa sobre a estratégia e política de defesa antimísseis. Segundo a análise, os adversários dos EUA estão desenvolvendo, colocando em campo e integrando capacidades aéreas e de mísseis cada vez mais avançadas. Essas capacidades aéreas e de mísseis representariam um risco crescente para o país, seus aliados e parceiros.

Em razão disso, as defesas antimísseis são consideradas críticas para impedir ataques contra os Estados Unidos. Dessa forma, o documento considera ser um imperativo estratégico continuar os investimentos e a inovação no desenvolvimento de capacidades antimísseis de amplo espectro.

Conclusão

Um aspecto da estratégia de dissuasão integrada proposta pelos EUA, em sua Estratégia de Defesa, que merece especial atenção do Brasil é a previsão de uma cerrada colaboração com “aliados e parceiros”. Nesse sentido, é interessante notar que, na Declaração de Brasília, resultante da 15ª Conferência de Ministros da Defesa das Américas, realizada em julho deste ano, os EUA fizeram constar um item que reconhece a “Dissuasão Integrada como um constructo para manter a paz e a estabilidade no Hemisfério Ocidental, priorizando a cooperação regional em todos os domínios de defesa e segurança e reduzindo barreiras em relação ao compartilhamento de informações e capacidades”. Por não ter sido alcançado um consenso sobre esse item, os Ministros da Defesa decidiram que o conceito de Dissuasão Integrada deveria ser aprofundado em estudos no âmbito da Junta Interamericana de Defesa.

Como se vê na Declaração de Brasília, os EUA tentam, por meio da aproximação com as Forças Armadas dos demais países das Américas, consubstanciada pela Dissuasão Integrada, reunir “aliados e parceiros” no enfrentamento de seus adversários. Uma vez que a China, seu principal oponente, é o principal parceiro econômico da maioria dos países da região e tem estabelecido laços cada vez mais estreitos com vários deles, fica claro que se está caminhando em um terreno particularmente espinhoso nas relações internacionais.

Os documentos de Segurança e Defesa dos EUA refletem o momento de contestação da Ordem Internacional, vigente desde o término da 2ª Guerra Mundial, reforçada pelo fim da Guerra Fria, segundo a qual os EUA ainda se apresentam como potência hegemônica. O desafio militar russo e a ascensão chinesa impõem aos norte-americanos uma série de desafios, no sentido de tentar manter sua proeminência geopolítica, sendo o que se constata com a publicação das Estratégias.

Esse tensionamento entre as grandes potências causa reflexos em todo o mundo. Na América do Sul, ele é percebido com crescente intensidade, com movimentos de ambos os oponentes para conter o adversário e atrair os sul-americanos para sua esfera de influência.

Os governos do subcontinente – e do Brasil, em especial – terão o desafio de atuar com equilíbrio, na busca por alcançar seus próprios objetivos sem abrir mão de seus princípios, mantendo a estabilidade e buscando o desenvolvimento regional, sempre com o foco nos próprios interesses nacionais e na manutenção da paz.