O que é este blog?

Este blog trata basicamente de ideias, se possível inteligentes, para pessoas inteligentes. Ele também se ocupa de ideias aplicadas à política, em especial à política econômica. Ele constitui uma tentativa de manter um pensamento crítico e independente sobre livros, sobre questões culturais em geral, focando numa discussão bem informada sobre temas de relações internacionais e de política externa do Brasil. Para meus livros e ensaios ver o website: www.pralmeida.org. Para a maior parte de meus textos, ver minha página na plataforma Academia.edu, link: https://itamaraty.academia.edu/PauloRobertodeAlmeida.

segunda-feira, 15 de abril de 2024

Canal YouTube de Paulo Roberto de Almeida: modesto, apenas 22 vídeos, audiência limitada

 Meu canal no YouTube é, digamos claramente, medíocre. Nunca me dediquei a esse tipo de ferramenta e os poucos vídeos exibidos nunca foram produzidos por mim: eu seria incapaz de fazê-lo e não tenho nenhuma disposição para auto-exibição. Todos eles foram recolhidos à mon insu, como diriam os franceses. Mas, alguns parecem ter alguma validade substantiva, ou seja, informação válida do ponto de vista da informação sobre relações internacionais ou política externa brasileira. 

Vejamos quais são: 

Brasil Paralelo: Paulo Roberto de Almeida (14/10/2016)


domingo, 14 de abril de 2024

Tudo o que o Itamaraty não desejava: a paralisação da agenda multilateral - Paulo Roberto de Almeida

Tudo o que o Itamaraty não desejava: a paralisação da agenda multilateral 

 

Paulo Roberto de Almeida, diplomata, professor.

Nota sobre o estado fragmentado do sistema internacional e sobre a capacidade limitada da diplomacia brasileira de imprimir sua marca nas agendas multilateral, regional e bilateral.

  

Uma das consequências indesejáveis para o Brasil do recrudescimento dos conflitos externos — Rússia-Ucrânia, Hamas-Israel, Venezuela-Guiana, e agora Irã-Israel — é a completa paralisação das agendas de debates nas instâncias multilaterais (Bretton Woods, OMC, ONU), nas regionais (coordenação na América Latina e integração no Cone Sul) e até bilaterais (Brasil-Argentina, por exemplo).

Esse capítulo, o multilateral, da política externa brasileira e da sua diplomacia, tem sido prejudicado desde antes da inauguração do governo Lula 3, tanto pela deterioração das relações interimperiais, digamos assim, como pelo distanciamento de posições entre o chamado Ocidente e os seus grandes contestadores (basicamente Rússia e China, mas também Irã e alguns outros), o que repercute igualmente numa ampla série de temas que têm a ver tanto com o terreno clássico da paz e da segurança internacionais, quanto na área do desenvolvimento e do meio ambiente. O diálogo entre esses “parceiros” tem sido afetado pelas grandes discordâncias básicas sobre como deve ser organizada a própria agenda internacional, o que afeta, por exemplo não só o G7 como o próprio G20.

Pensemos, por exemplo, nas três grandes prioridades do Brasil para as reuniões setoriais e a de cúpula do G20 no Brasil: crescimento dos países em desenvolvimento, combate à fome e às desigualdades sociais e regionais; desenvolvimento sustentável e limitação do aquecimento global, o que atinge a todos; e, finalmente e mais importante, a reforma das instituições internacionais de governança. Tudo isso, mas especialmente este terceiro domínio, terá imensas dificuldades para recolher um consenso mínimo em torno de propostas concretas. O Brasil poderá sempre argumentar que a responsabilidade pelos atrasos, impasses e até fracassos de quaisquer avanços decorre da situação de desentendimentos entre os grandes atores e seus prepostos regionais.

Mais difícil é a situação no plano multilateral regional, no qual a inabilidade e os improvisos da diplomacia presidencial personalista de Lula respondem pelos impasses e até pelos desentendimentos entre “parceiros” sul- e latino-americanos nos encontros promovidos no Brasil. Tanto a cúpula de chefes de Estado e de governo dos países sul-americanos, presidida por ele, em Brasília em maio de 2023, quanto a dos dirigentes do Pacto Amazônico e da OTCA, em agosto seguinte, fugiram completamente ao resultado esperado pela diplomacia brasileira (que no caso pode ter sido atropelada pelo personalismo do chefe). A primeira reunião começou dando errado quando Lula recebeu, um dia antes, com honras de visita de Estado, o ditador da Venezuela, Nicolás Maduro, e o incensou com panegíricos como se fosse um campeão da democracia. Até líderes de esquerda protestaram contra o absurdo. Lulu não obteve o que pretendia: reconstruir a Unasul, que tinha sido dominada pelos chavistas desde o início (inclusive a luxuosa sede em Quito, construída com petrodólares chavistas).

Da mesma forma, a reunião com os membros do Pacto Amazônico não resultou no consenso previsto por Lula, seja em torno do desmatamento e da preservação dos recursos florestais, seja no que respeita à exploração de jazidas petrolíferas na própria Amazônia ou na faixa marítima adjacente do Atlântico. Assim como o presidente Gabriel Boric do Chile havia protestado, naquela primeira reunião, contra os elogios feitos por Lula ao ditador venezuelano, o presidente Gustavo Petro da Colômbia, crítico Lula, nesta segunda reunião, criticou a intenção de Lula de continuar explorando petróleo na Amazônia e na franja marítima. 

Parte da agenda multilateral passa por reuniões de cúpula em escala mais restrita do que as grandes conferências diplomáticas da ONU, ou os debates na Assembleia geral. G7, G20, Brics (agora no formato de Brics+), reunião ministerial da OCDE, summits da OTAN, Conselho da UE, Mercosul, Celac, todas essas são instâncias de consulta, coordenação e tomadas de posição e para declarações solenes, são todos momentos de exercícios de diplomacia multilateral, ainda que em escala mais restrita. 

O Brasil participa oficialmente de algumas, é convidado para outras (o G7, por exemplo) e se julga no direito de opinar e de manifestar sua posição diplomática em cada uma das oportunidades. Mas cabe reconhecer que, com a evolução deletéria do sistema internacional desde o início dos anos 2000 – ascensão de Putin ao poder na Rússia, ingresso da China na OMC e seu fulgurante crescimento econômico e comercial desde então, a tentativa americana de "contenção" da China, a agressividade de Putin no seu entorno, Georgia, Moldova, Ucrânia, etc. –, assim como a deterioração dos processos de integração na América Latina – crise do Mercosul, e em diversos outros países internamente, do próprio chavismo – minaram a base de atuação do Brasil, enquanto potência média, sem capacidade real de projeção de poder, grande economia, mas comerciante medíocre (sem qualquer marca internacional, fora da Embraer, exportando quase só commodities), dispondo de uma diplomacia profissional de excelente qualidade, mas deformada pela "diplomacia" presidencial personalista, impressionista e improvisada do chefe de Estado, que pensa administrar processos complexos, com base em meia dúzia de frases simples ("quando um não quer, dois não brigam", "resolvemos isso numa mesa de bar, com uma cervejinha", etc.).

Como, nessas condições, fazer aprovar um programa de Fome Zero Universal e de distribuição de renda (via “taxação dos super ricos”), fazer todos convergirem para as mesmas metas ambientais (sendo que cada país possui uma matriz energética diferenciada), ou "transformar as estruturas da governança mundial", sendo que cada país tem os seus próprios objetivos nacionais? Tudo leva a crer que os resultados do G20 de 2024 serão necessariamente modestos, limitados ou praticamente inexistentes. 

Como, nas condições regionais – brigas entre presidentes latino-americanos, paralisia dos processos de liberalização comercial –, fazer com que o Brasil exerça uma suposta "liderança regional" para levar a América Latina a falar de uma só voz nos grandes conclaves mundiais, se o presidente Lula não consegue imprimir sua marca em face das demais prioridades nacionais, nem se mostra à altura dos desafios (nas ameaças da Venezuela contra a Guiana, por exemplo, ou na condução de seu próprio processo eleitoral) ou das demandas das grandes potências globais? 

Como, em qualquer hipótese, imaginar que o presidente Lula consiga se fazer respeitar de "gregos e troianos", de ocidentais e contestadores, se ele demonstra, por um sem-número de declarações ambíguas, que já escolheu o seu campo, que é claramente o das potências revisionistas da atual ordem global (que é, sim, claramente ocidental, aliás a mesma que venceu o socialismo sem dar um tiro). 

O Itamaraty talvez tivesse condições de conduzir processos e negociações diplomáticas com seus dotes de profissionalismo testado numa preparação técnica de excelente qualidade, mas ele vem sendo cerceado, manietado, tangido pela impulsividade do chefe de Estado e pelas preferências ideológicas de seu assessor preferencial nessa área. Como se trata de um corpo disciplinado, o Itamaraty se dobra à vontade do presidente e depois precisa ficar colmatando as brechas e feridas abertas pelos improvisos impensados do presidente, suas frases deslocadas de objeto, seus adjetivos claramente inadequados para certos interlocutores. Uma tarefa de Sísifo, essa de corrigir palavras ofensivas a um determinado público.

Não estranha, assim, que nas mais recentes pesquisas de opinião pública, a política externa contribuiu com certo peso para a rebaixa da popularidade presidencial, tanto junto ao corpo político, como para o público em geral: as avaliações da política externa – Ucrânia, Israel, Venezuela – foram todas negativas para o presidente.

Os argumentos acima me levam a repetir o julgamento do título: o ativismo do presidente, a excelência da diplomacia profissional, a escolha de objetivos razoavelmente aceitáveis para o exercício da política externa brasileira em 2024 não conseguirão remediar uma característica já evidente no cenário internacional: há uma paralisia da agenda multilateral, um acirramento de dissensões, a emergência de conflitos velados e abertos, o crescimento da anarquia no sistema internacional.

Infelizmente é o que vejo neste início do segundo trimestre de 2024. Veremos se meus prognósticos pessimistas se confirmam nos próximos meses, mas muitos dos problemas não se devem exclusivamente ao Brasil – que só tem o G20 ao seu encargo, neste ano –, mas a condições objetivos do cenário mundial na presente conjuntura. Mas ajudaria se a diplomacia presidencial fosse menos personalista e mais baseada na experiência do Itamaraty no trato de agendas bilaterais, regionais e multilaterais bem mais complexas do que pode supor a "sapiência" do chefe de Estado e de seus assessores já dotados de opções pré-concebidas.

Voltarei no início do segundo semestre para renovar minha avaliação do segundo trimestre transcorrido e para fazer um novo balanço dos sucessos e fracassos da diplomacia brasileira.

 

Paulo Roberto de Almeida

Brasília, 4631, 14-15 abril 2024, 3 p.


Nota do Itamaraty: o máximo de contenção no Oriente Médio

 

Ataques do Irã a Israel  

O Governo brasileiro acompanha, com grave preocupação, relatos de envio de drones e mísseis do Irã em direção a Israel, deixando em alerta países vizinhos como Jordânia e Síria.

Desde o início do conflito em curso na Faixa de Gaza, o Governo brasileiro vem alertando sobre o potencial destrutivo do alastramento das hostilidades à Cisjordânia e para outros países, como Líbano, Síria, Iêmen e, agora, o Irã.

O Brasil apela a todas as partes envolvidas que exerçam máxima contenção e conclama a comunidade internacional a mobilizar esforços no sentido de evitar uma escalada.

Em vista dos últimos acontecimentos no Oriente Médio, o Ministério das Relações Exteriores orienta os brasileiros que evitem viagens não essenciais à região, em particular a Israel, Palestina, Líbano, Síria, Jordânia, Iraque e Irã e que os nacionais que já estejam naqueles países sigam as orientações divulgadas nos sítios eletrônicos e mídias sociais das embaixadas brasileiras.

O Itamaraty vem monitorando a situação dos brasileiros na região, em particular em Israel, Palestina e Líbano desde outubro passado.

Sobre a necessidade de ajudar a Ucrânia a se defender da Rússia, como Israel de Teheran - Anton Geraschenko

Transcrevendo:

Iran, for the first time in history, dared to launch a direct strike against Israel but proved incapable of achieving not only the objectives set by the leadership but also of inflicting any serious damage on Israeli territory.

In the aftermath of this attack, once again, we can see that allied solidarity is important. If air targets hadn't been destroyed by Jordan, the US, France, or Great Britain, it would have been so much more difficult for Israel to repel the Iranian attack. If Western countries did not fear a clash with Russia and did not restrict aid, it would be easier for Ukraine to fend off attacks by an aggressor state.

Regarding future predictions: the question for today is whether and how Israel will respond to Iran's actions on the night of April 13-14. If it raises the bar with its  response, Iran, in turn, will also respond, and thus, we will find ourselves in a real huge war.

So, as I have said many times before, if the Russian-Ukrainian war is not stopped within a few months, it could metastasize into the globalization of conflicts in critical areas around the world and, as a result, World War III.

The just and sustainable end of the Russian-Ukrainian war remains essential if the world is to have any hope of surviving the confrontation between democracies and dictatorships and not waiting until a major devastating war.

The issue of aid to Israel and Ukraine must have this consequence - a feeling of common sense and a realization of the need to confront dictatorships such as Russia and Iran more forcefully.

Adequacy is now the main response to the serious challenges that the democratic world is facing as dictatorships feel their impunity and ability to change other countries' borders and determine which countries will exist on the political map of the world and which will not.

Unless the democratic world proves that it can effectively combat this, conflicts will only intensify, and it won't be possible to avoid heavy casualties and serious damage as a result of attacks by dictatorial regimes.

Anton Geraschenko

Amores incompreensíveis dos petistas - Paulo Roberto de Almeida

Amores incompreensíveis dos companheiros

 

 

Paulo Roberto de Almeida, diplomata, professor.

Comentários sobre as preferências dos petistas por ditaduras antiamericanas.

 

 

Fica muito difícil compreender por que os petistas só defendem regimes completamente fracassados, que só trouxeram miséria e opressão a seus povos.

Vejam os casos de Cuba, uma ilha miserável que acaba de pedir ajuda ao Programa Mundial de Alimentos, ou o da Venezuela, outrora o país mais rico da América Latina: ambos “conseguiram exportar” milhões de seus nacionais, que fugiram da pobreza, da escassez de alimentos e de medicamentos, da opressão política, da perseguição aos simples dissidentes.

O caso da Nicarágua é único no mundo, pois seu ditador simplesmente retira a nacionalidade dos cidadãos não submetidos ao regime e os impede de trabalhar normalmente. Prenderam padres e ofenderam até o papa.

E a ditadura teocrática misógina dos aiatolás do Irã? Trata as mulheres a chibatadas, chega a matá-las, pela simples falta de uma cobertura sobre os cabelos. Como é possivel defender um regime totalmente contrário ao que eles proclamam aqui sobre direitos da mulher, das minorias e também no terreno das liberdades religiosas?

O caso de amor com a Rússia é ainda mais esquizofrênico e dificilmente compreensível. Trata-se de uma ditadura de direita, declaradamente anti-LGBTQI+, que massacra um povo vizinho que era considerado irmão, apenas pela vontade expansionista do seu ditador. Existe alguma defesa possível quanto aos crimes de guerra e contra a humanidade que estão sendo cometidos diariamente na Ucrânia? Tem alguma razão especial, minimamente aceitável para os petistas serem lenientes com, e até defenderem um regime opressor e criminoso?

Mas o caso mais estranho é mesmo o amor incompreensível para com a China. Os petistas se enganam completamente quanto aos motivos do único regime supostamente socialista ter tido êxito na melhoria das condições sociais do povo chinês, que sob o maoismo era um dos mais pobres do mundo. Eles não se deram conta de que a construção do socialismo foi bem mais superficial na China, comparativamente aos 70 anos de terra arrasada na finada União Soviética. Não perceberam que Deng, um antigo operário no Ocidente, abandonou os antigos dogmas marxistas e passou a construir um capitalismo com características chinesas. Do antigo regime, eles só guardaram a ditadura do partido leninista, ainda assim muito mais pragmático do que certos petistas, pois que seus novos mandarins se guiam mais por Peter Drucker do que por Karl Marx. A China se inseriu com ardor nos mercados globais, postura temida pelos companheiros petistas.

Existe alguma explicação para esses amores incompreensíveis dos petistas? Pode ser alguma deficiência de compreensão sobre a eficiência econômica dos regimes de mercado, de uma difícil aceitação das liberdades democráticas, e o que dizer quanto aos direitos das mulheres ou dos gays, em vários desses casos? Seria porque o antiamericanismo deles é muito mais forte do que a adesão a certos valores humanistas? O anti-ocidentalismo deles tem alguma explicação racional?

Busco incessantemente as razões que explicariam certas amizades, ou até mesmo amor, dos petistas por regimes pouco compatíveis com o que eles pregam aqui mesmo no Brasil.

Devem existir alguns motivos, talvez até psiquiátricos. Ainda não descobri exatamente quais…


Brasília, 14 abril 2024

sábado, 13 de abril de 2024

Os impactos para o Brasil em caso de uma vitória de Donald Trump nas eleições estadunidenses - Luciana Wietchikoski (revista KAS)


Luciana Wietchikoski, cientista política e professora na Unisinos

Revista da Fundação Konrad Adenauer, abril 2024

Em março passado, Donald Trump venceu as primárias do partido republicano e assegurou sua candidatura à presidência dos EUA. Mesmo faltando meses para Trump e Joe Biden se enfrentarem nas urnas, avistar a possibilidade do retorno de um extremista de direita à Casa Branca tem gerado questionamentos, se não apreensão, na comunidade internacional. Se eleito, as falas de Trump apontam para uma retomada das ações do seu primeiro mandato, marcadas pelo discurso nacionalista de permanente polarização doméstica e internacional com grupos identificados à esquerda, restrições ao multilateralismo e críticas às instituições responsáveis pela governança global....

Call for papers: Special issue of IANUS.NET, about Brazil - e-journal of International Relations

 Call for papers: Special issue of IANUS.NET, e-journal of International Relations (https://janusonline.autonoma.pt/en/

Francisco Leandro: fleandro@um.edu.me (University of Macau)

Kaian Lam: kaianlam@um.edu.me (University of Macau)

Yichao Li: liyichao@zjnu.edu.cn (Zhejiang Normal University)

Special Issue 1: Brazil, China and International Relations

Submission of article ready for review by June 2024

Brazil is a major economy of Latin America that acts with increasing prominence on the global economic and political stage. Brazil has over 200 million people. It is a member of international groups as diverse as G20, Mercosur and BRICS.

Brazil has diversified sectors and abundant natural resources. It continues to be a global leader in the export of agricultural commodities and present promising economic growth indicators. The country has also in recent decades managed to expand its industries and service sector, attracting both domestic and foreign investments. The political landscape of Brazil is a complex one. While the country has witnessed economic growth and social progress, it has also been confronted with major challenges related to social inequality, corruption and political trust. Against this background, JANUS.NET, e-journal of International Relations will be publishing a special issue that discusses Brazil in a greater context. It is hoped that this initiative will bring together experts and scholars interested in the Federative Republic of Brazil and its international forays, asking what the future holds for emerging partners hailing from as far as the People's Republic of China.

We call for:

• New approaches for the study of Brazil with a focus on world engagement preparedness
Novel epistemologies and conceptualizations that advance our knowledge of Brazil and its preparedness for engagement;
Studies of Brazil that address "the modern international" using innovative and unconventional IR methods;
Up-to-date studies of Brazil by humanistic social sciences scholars that also pertain to "the modern international";
Studies of Brazil that actively engage with the latest Global South, Feminist and Post-Humanist epistemologies;
Studies on Brazil with a focus on Chinese presence, engagement and interests;

  • Studies that highlight the knowledge produced in Brazil / the South Atlantic that is also applicable to our undires ahai ad vace our action ta ting of cobal China and its global engagement;
    Studies that put Asian Studies, Latin American Studies, Lusophone Studies and other area studies in conversation;
  • Historicized transcontinental studies of agency and identity that promote greater awareness of world connectivity and interdependence;

Scholars may use qualitative, quantitative and mixed method approaches. They may be interested in different subjects and based in different parts of the world. While we may expect greater interest from International Relations scholars, we are open also to submissions from other members of the learned community. They are expected to place Brazil and its connections with the outside world, especially Asian partners such as China, at the center of their analysis. It is hoped that the special issues will be published in December 2024.

Important notes:

• The article should be written in good, scholarly English.

Interested authors are welcome to discuss their ideas with the editors before they prepare their first draft.

  • For additional information and administrative matters, you may send an email, in either English or Portuguese, to Kaian Lam (kaianlam@um.edu.me).
  • Your article should be ready for review no later than June 2024.
    Submission may be directed to Kaian Lam's mailbox (kaianlam@um.edu.mo).

We look forward to receiving your proposals!

Guest editors:

Francisco Leandro: fleandro@um.edu.mo (University of Macau)

Kaian Lam: kaianlam@um.edu.me (University of Macau)

Yichao Li: livichao@zjnu.edu.cn (Zhejiang Normal University)