O que é este blog?

Este blog trata basicamente de ideias, se possível inteligentes, para pessoas inteligentes. Ele também se ocupa de ideias aplicadas à política, em especial à política econômica. Ele constitui uma tentativa de manter um pensamento crítico e independente sobre livros, sobre questões culturais em geral, focando numa discussão bem informada sobre temas de relações internacionais e de política externa do Brasil. Para meus livros e ensaios ver o website: www.pralmeida.org. Para a maior parte de meus textos, ver minha página na plataforma Academia.edu, link: https://itamaraty.academia.edu/PauloRobertodeAlmeida.

terça-feira, 14 de maio de 2013

China so' cresceu 7,7pc; oh, que horror!

O mundo está perdido: a China só cresceu 7,7%, em lugar dos 8% esperados pelos economistas.
O que será do mundo, o que será do Brasil? 
Quem poderá sustentar agora o baixo crescimento brasileiro?
Vamos ter de apelar para os perversos imperialistas e seus tsunamis ( pronuncie-se tiçunami) financeiros, sua financeirização calamitosa, nossa antiga dependência comercial. Oh, que horror!
Paulo Roberto de Almeida

April Growth in China Fails to Impress

HONG KONG — Chinese factory activity and retail sales picked up a notch in April, according to data released on Monday. But expansion remained underwhelming, analysts said, reinforcing the conclusion that the once surging Chinese economy is making a long-term transition toward slower growth.

Industrial output, the National Bureau of Statistics said, expanded 9.3 percent from April of last year, compared with the 8.9 percent reading in March, while retail sales grew 12.8 percent, compared with 12.6 percent in March. Analysts cautioned that the improvements did not represent a substantive pickup in growth and that the momentum in the Chinese economy remained muted.

Fixed-asset investment, an important engine of economic growth, grew 20.6 percent in the first four months of the year, but the figure was lower than analysts had forecast.

“This is not the start of a rally. It is a sputtering whimper as momentum continues to fade,” Xianfang Ren and Alistair Thornton, economists at IHS Global Insight in Beijing, said in a research note.

Although they emphasized that “fading momentum is not the same as collapsing growth” and that the government would probably be able to engineer full-year gross domestic product growth of more than 7.5 percent this year, they added, “we feel the risks remain firmly on the downside.”

The data suggest that the Chinese economy is stabilizing, Helen Qiao, chief economist for Greater China at Morgan Stanley, said at a news briefing. But “the question remains whether the growth recovery is sustainable or not” and how long the current softness will last, she said.

The figures released on Monday were the latest in a series of disappointing indicators from the Chinese economy in recent weeks. Data released last month showed that the economy had expanded 7.7 percent in the January-to-March quarter, compared with the same period last year. Analysts expected 8 percent. Two surveys of purchasing managers in the manufacturing sector showed that April activity was disappointing, thanks in large part to weakness in new orders for exports. And last week, the Canton Fair, China’s biggest export event, announced that export orders placed at the spring session had fallen 1.4 percent from a year ago.

In part, the weakness stems from the euro zone’s festering debt crisis and austerity measures, which have eroded the ability and desire of European customers to spend, hurting exports from China. Rising wages in China and a gradually appreciating currency have also started to erode the country’s international competitiveness.

China is putting its own brakes on the economy with reforms that are likely to ensure that the double-digit expansion rates of much of the last three decades are over. Aware that the economy cannot continue to grow on the strength of exports and heavy industry alone, Beijing has begun to steer China toward growth focused on domestic demand and urbanization. While that should help raise living standards and productivity, it will also mean slower growth, analysts say.

At the same time, Beijing is trying to keep a lid on risk like the expansion in local government debt, which some analysts worry could turn sour, and lending activity outside the regulated banking system. Such so-called shadow banking has been growing rapidly in the last few years and has become an important source of financing for companies and local governments. But shadow banking is relatively opaque and loosely regulated, and it carries greater credit risk, analysts warn.

Moody’s underlined the concerns about shadow banking in a report released on Monday. The credit ratings agency welcomed recent regulatory steps to tighten controls and restrict the growth of shadow banking, but, it said, “The opacity associated with shadow banking products and the threat of loss and contagion outweigh their potential benefits in terms of diverting riskier borrowers from the formal banking system.”

Cortem-lhes as maos, e os pes....; onde estamos?

Não, não é em nenhum país muçulmano "moderno", como a Arábia Saudita. Nem no famoso conto de Lewis Carroll: a rainha preferia que fosse logo cortada a cabeça, o que, reconheçamos, é muito mais eficaz.
Foi no Portugal moderno -- sim, o primeiro Estado moderno da Europa -- a dispor de uma legislação consequente com a gravidade do crime.
Devo esta a meu amigo Paulo Werneck, pesquisador de coisas impossíveis.
Acho que funcionaria, hoje também...
Paulo Roberto de Almeida

Paulo Werneck
Blog Guardamoria,  13 May 2013

Afonso II, terceiro rei de Portugal, reinou de 1211 a 1223.
Fonte:Wikipedia

Menos belicoso que seu pai, D. Sancho I, e que seu avô, D. Afonso I, o famoso Afonso Henriques, fundador do estado português, dedicou-se a organizar o reino e deu atenção à legislação.

Desenvolveu talvez o primeiro conjunto de leis portuguesas, as quais  são as mais antigas dentre as contidas nas Ordenações del Rei Dom Duarte, nome dado a uma compilação de legislação, da qual restam poucas cópias, feita para o uso pessoal desse que foi o décimo primeiro rei de Portugal.

Das leis de Afonso II, que pouco tem a ver com o tema deste blogue, extraí apenas uma lei, que reprime a falsificação de metais preciosos e de moeda, medida necessária para o desenvolvimento do comércio. 
Constitucom xxiiij que pena deuem auer os que falsam moeda ou prata

Se o noso moedeiro ou outro falsar moeda . E desto forem ueençidos talhem-lhe os pees E as maãos E perca quanto ouuer E esto meesmo estabellecemos nos ouriuezes que se trabalham de falsar o ouro E a prata mesturando-lhes algũa outra cousa ou doutra guisa.
A leitura é algo difícil para quem não está acostumado: os caracteres "j" e "u" podem ter o valor de "i" e "v", conforme o contexto; as letras maiúsculas servem para marcar a pontuação; a grafia é bem diferente da atual; até mesmo o significado das palavras pode ser traiçoeiro... Atualizando apenas a grafia, temos: 
Constituição xxiv que pena devem haver os que falseiam moeda ou prata

Se o nosso moedeiro ou outro falsear moeda . E disso forem vençidos talhem-lhe os pés E as mãos E perca quanto houver E esto mesmo estabelecemos nos ourives que se trabalham de falsear o ouro E a prata misturando-lhes alguma outra cousa ou doutra guisa.
Atualizando a sintaxe e semântica, temos: 
Lei XXIV: Da pena aplicável aos falsificadores de moedas, ouro e prata.

Se um cunhador oficial ou outro qualquer falsificar moeda, e por isso for condenado, deve ter os pés e as mãos amputados, e perder todos os seus bens. A mesma pena deve ser aplicada aos ourives que falsificarem ouro e prata misturando, misturando-lhes alguma outra coisa ou de qualquer outra forma.
Era bem arriscado ser falsificador naquela época...

Observação: essa lei foi referenciada no "Additamentos e Retoques á Synopse Chronologica", da seguinte maneira:
Reinado do Senhor D. Affonso II
Era 1229 (An. 1211)
Leis feitas nas Cortes de Coimbra, em que o mesmo Snr.
...
23ª Que fossem punidos os que fazem moeda falsa; ou falsificão ouro, ou prata.
...
Fonte:
PORTUGAL. Ordenações del-Rei Dom Duarte. Pag. 52. Lisboa: Fundação Calouste Gulbenkian, 1988.
RIBEIRO, João Pedro. Additamentos e Retoques á Synopse Chronologica. Pag. 4. Lisboa: Academia Real das Sciencias de Lisboa, 1829.

segunda-feira, 13 de maio de 2013

China-Japan clash: Gilbert Rozman (FPRI)


The Sino-Japanese Clash: What is behind it?


Foreign Policy Research Institute, May 2013

As observers struggle to predict the future of East Asia, they face a familiar choice among three schools of thought -- realist theorists, who foresee the danger of conflict over the balance of power; liberal theorists, who have argued for economic integration resulting in shared values; and constructivist theorists, who focus on national identities and how they shape perceptions of gaps between countries. Given the way relations between China and Japan have evolved in the past five years, it is easy to conclude that realist theory has bested liberal theory. In May 2008 President Hu Jintao’s visit to Japan led many to exclaim that the thaw begun when Prime Minister Abe Shinzo traveled to China in October 2006 had blossomed into a full flowering of relations. There was talk that “hot economics” is conducive to “warm politics” as the exchange of trust-building summits continued. Looking back, we see that liberal assumptions about the goodwill generated by economic integration have lost credibility. Yet, relying on realist assumptions may lead to erroneous predictions without considering a recent surge in the intensity of national identities, which may support constructivist views.
It has been well understood that “cold culture,” such as the impact of visits by the Japanese prime minister to the Yasukuni Shrine is an independent force in relations between China and Japan. In the exchange of visits by Prime Minister Fukuda Yasuo in December 2007 to China, including the birthplace of Confucius at Qufu, followed by Hu Jintao’s trip to Japan, especially to Nara, where Japanese civilization took shape, much attention was given to narrowing the cultural gap. Yet, with the rise of the territorial dispute over the Senkaku/Diaoyu islands and Japan’s continued caution in 2009-12 in raising sensitive historical issues, the focus shifted to realism as the explanation for deteriorating relations. That argument still commands wide attention even if national identity themes are increasingly difficult to overlook. As these bilateral relations cooled in 2010, went into a deep freeze in 2012, and even threaten to impact Sino-U.S. relations in 2013, we should look more closely at what is driving this clash. Being able to distinguish between realist and identity factors is needed in order to choose appropriate responses to what is now a volatile situation.
The case for realism focuses on China but also covers Japan. Since the 1980s it has been widely assumed that China turned decisively to realism under the leadership of Deng Xiaoping, the supreme pragmatist. Maoist ideology was set aside. Economic growth became an obsession. Deng left a legacy of putting aside thorny problems, among them the territorial dispute with Japan. As comprehensive national power grew, China would have the economic clout and, as its double-digit expansion of the People’s Liberation Army (PLA) budget demonstrated, the military might to alter the status quo. According to this realist argument, the PLA navy has grown to the point it can and does challenge the Japanese military presence in the East China Sea. Gaining control of the waters around the Diaoyu islands and treating them in the same way China treats its claims to disputed islands in the South China Sea would give breathing space to China’s naval power. Eventually, the challenge would extend to the U.S. Pacific Fleet. A rising power is, thus, establishing its sphere of control. It is using the growing economic dependency of other states to pressure them to agree.
The rise of realism in Japan is also unmistakable. Abe Shinzo has capitalized on it, charging that the three-year tenure of the Democratic Party of Japan (DPJ) damaged relations with the United States, and insisting that he deserves credit for rebuilding these ties as the most critical step in resisting military threats from China and North Korea. In his first months as prime minister, Abe appeared to jettison the LDP party platform used in the late 2012 elections to the Lower House of the Diet, recalling his pragmatism toward China in 2006-07 despite beliefs that were expected to take him to Yasukuni. Along with rejuvenating economic growth, Abe’s policies mainly center on national security. Given postwar Japan’s legacy of pacifism and the slowness with which the military budget has grown since Japan’s bubble burst, Abe’s tone is a real departure.
The United States is undeniably a force for realism in the Asia-Pacific. Prioritizing the threat from North Korea and striving to expand military exchanges with China in order to prevent an arms race and destabilization from a lack of transparency, U.S. leaders have encouraged Japan to expand its military and to strengthen the alliance. One step sought by U.S. officials is for Japan and South Korea to cooperate militarily and to exchange intelligence. To make the case against North Korean aggression and also to send a message to China, they highlight the realist nature of responses to threatening behavior. Yet, they have found themselves increasingly forced to take into account statements and actions that defy realist logic. Since he became party secretary, Xi Jinping and China’s media have framed disputes, especially with Japan, in constructivist terms, while Abe has shown his true stripes with comments that hark back to the revisionist thinking for which he is well known. A case can be made for national identities trumping realism in each state, fueling a national identity gap.
A national identity gap arises when one or both countries in a bilateral relationship conceive of the other country as highly significant for what makes their own country distinctive. This normally means blaming the other country for humiliation, while seeking national pride by proving that weakness toward that country is no longer tolerable. Given Japan’s imperialist aggression toward China to 1945, it is an ideal target for widening the national identity gap when China’s leaders decide that this is desirable. Many in Japan’s political elite have long struggled to arouse the Japanese public to take pride in Japan’s history leading to 1945. A wider identity gap with China conveniently serves that purpose, even if it begins as a response to what is being done by China to confront or demonize Japan. The gap is huge and growing.
Ever since the Tokyo Tribunal of 1947, members of Japan’s political elite have been obsessed with the goal of reversing the verdict on the war. On April 24, 2013 Abe apparently denied this was a war of aggression (shinryaku) when he answered a question before the Upper House of the Diet that the concept could be viewed differently depending on which side you are on, repeating a view with which he has long been associated. Whether he uses the term “beautiful Japan” or “normal Japan,” the implication is that only by revisiting the negative judgment that was drawn by “victors’ justice” will Japanese recover their pride. The current dispute with China, it appears, is perceived as an opportunity by Abe to revise the constitution, rethink history, and reconstruct national identity in Japan. Compromising on the territorial dispute, even to the degree of acknowledging a dispute exists, would undermine these goals. Abe’s professed warmth to the United States fits a realist interpretation, but his questioning of the San Francisco Peace Treaty stems from a revisionist worldview. His early caution in arousing South Korea over the “comfort women” issue and “Takeshima Day” suggested that realism was his priority, but in a series of snubs, including sending much of his cabinet to the Yasukuni Shrine, which caused Park Geun-hye to cancel a trip by her foreign minister to Japan, he proved that he views South Korea primarily through the lens of reshaping Japan’s national identity. Under U.S. pressure, however, he shows restraint, as in recent acknowledgment that the Abe cabinet would stick with the 1995 Murayama statement, a genuine apology.
Compromise on the territorial dispute with Japan also is problematic for Xi Jinping’s national identity agenda. Expectations have been raised by a litany of claims about how China must, at last, confront the humiliation it has faced. Since 2009, criticism of Japan has broadened to the point of demonization, leaving little room for finding common ground. Consolidating power from the end of 2012, Xi has made the “China dream” his primary theme, insisting that China’s rejuvenation is under way without any hint of the importance of reassuring neighbors and building trust, as Hu Jintao had stressed with the theme “peaceful development.” Linking today’s Japan to the militaristic Japan that brutally invaded China serves Xi’s agenda. As in the case of Abe, the hidden target is the United States, whose threat is much more serious to the national identity of greatest concern. If Abe’s historical obsession is to reverse the verdict that was reached from 1945, Xi’s obsession, arguably, is to reverse the verdict on the history of communism that was reached around the world in 1989. As Chinese sources in early May were raising new questions about whether Okinawa (the Ryukyu islands) belongs to Japan, the historical case against Japan was intensifying.
Xi Jinping and Abe Shinzo feed off each other. To the extent that each is vilified in the other country, it serves the national identity agenda of both sides. Realist theory has no explanation for what is happening. Indeed, relying on it alone would mislead one into thinking that U.S. policy should simply stand firmly behind Japan. Narrowing the focus to one prominent theme of national identity—Japan’s revisionist approach to history—would also have misleading consequences, as if realism does not matter and China is not driven by a national identity obsession of its own with dangerous potential. On other dimensions of national identity, Japan is a partner in pursuit of the principles for which the United States stands. In contrast, China since 2008 in numerous policy decisions and rhetoric that is splashed across its media and the bulk of academic publications is posing a serious challenge to the values to which most of the international community subscribes. In these circumstances, there is a need for the new Obama administration team to devise a multi-layered response, recognizing China’s challenge as more threatening.
The first priority to impress on both China and Japan is the need for calm, avoiding moves that not only might lead to a military confrontation in the East China Sea but also could arouse emotions on the other side of the sea. Given wariness across East Asia about being forced to choose between the United States and China, Washington should position itself as a calming influence. The second priority is to intensify engagement with China while avoiding moves that might give it a chance to drive a wedge between Japan and the United States. Without any idealism about China’s behavior, its willingness to cooperate in stabilizing the region should be repeatedly tested, notably with North Korea in the forefront, as in May 2013 moves by Chinese banks to suspend business with North Korea. The third priority, which has been rising in urgency when Sino-U.S. talks are not proceeding well and China is showing little regard for calming tensions, is to strengthen the U.S. alliance system while striving to forge an Asia-Pacific community, including the Trans-Pacific Partnership (TPP). This is more than an FTA since it sets standards for business conduct at a time when China is using economic leverage and even commercial cyber war in ways that undermine the security of other states. The fourth priority, given North Korea’s recent threats to use force backed by nuclear weapons and China’s increasing willingness to use military pressure to address territorial disputes, is to prepare more seriously for conflict than the United States has previously.
The lessons to be drawn from the widening Sino-Japanese rift extend beyond policy makers to analysts looking for a theoretical framework. As much as some tinker with realism, seeking to make it fit the developments in East Asia, and others grasp for a revival of liberalism, as if the past several years is just an aberration, there is no way to make sense of what is transpiring without constructivism. Moreover, that general rubric requires specification. National identity studies are making headway in differentiating various dimensions of identity and reassessing bilateral relations in terms of national identity gaps, such as the one between China and Japan that has been widening sharply in recent years. Without appreciating the identity aims of Xi Jinping and Abe Shintaro as well as those governing with them, a realist perspective would be misleading. The Senkaku/Diaoyu dispute is not driven, as some argue, by natural resources, and is much more than a clash over control of critical maritime routes, as many realists conclude. It is a test of two national identities in the process of being reshaped by leaders with far-reaching ambitions. China and Japan stand in the way of the other country’s leader’s national identity obsessions. In the background is the United States, not just as the critical force in the realist struggle between them, but also as the ultimate test for reconstructing the national identity of each country. Given the goodwill that most Japanese have to the United States as opposed to the susceptibility of China’s political elite to demonization of the United States, efforts to calm Abe’s identity quest can be kept low-key, in contrast to the need to challenge Xi’s growing obsession.

Gilbert Rozman, Senior Fellow of the Foreign Policy Research Institute, is Musgrave Professor of Sociology Emeritus at Princeton University as of July 2013. He recently edited two books on national identity -- East Asian National Identities: Common Roots and Chinese Exceptionalism and National Identities and Bilateral Relations: Widening Gaps in East Asia and Chinese Demonization of the United States; two books through the Korea Economic Institute -- Asia at a Tipping Point: Korea, the Rise of China, and the Impact of Leadership Transitions and Asia’s Descent into Instability: Korea, China’s Assertiveness, and New Leadership; and for the Asan Institute, China’s Foreign Policy: Who Makes It, and How Is It Made? This E-Note is based on his remarks at an FPRI conference on April 23 on The East China Sea and South China Sea Disputes: Implications for Regional Security and US-China Relations, co-sponsored by the Reserve Officers Association. 

Nao existem intelectuais no Brasil: Milton Simon Pires

Capturado no blog do meu amigo Orlando Tambosi:


Blog Orlando Tambosi, 13/05/2013

Milton Simon Pires, de Porto Alegre, envia nova colaboração em que discorre sobre a ideia de intelectual - para ele, uma categoria inexistente no Brasil:

Recentemente, numa das aulas do curso de espanhol que venho fazendo (talvez como preparo para a chegada dos colegas médicos cubanos..rss), surgiu um acalorado debate entre a turma. Queria o nosso professor, natural da Andaluzia, saber se no Brasil os intelectuais são suficientemente valorizados na sua atividade profissional. Respondi, causando “verdadeiro horror” nos colegas brasileiros, que não sabia como abordar a questão pois acreditava (e continuo acreditando) que não existem intelectuais no país faz muito tempo. A reação da turma aumentou ainda mais: perguntaram como podia eu dizer algo assim. Fizeram questão de lembrar que temos Chico Buarque, Luís Fernando Veríssimo e tantos outros dignos de receber esta designação: intelectuais. Fiquei perplexo! A primeira pergunta que fiz  foi:  o que vocês entendem pelo termo intelectuais? Não houve um só colega capaz de fazer a distinção correta entre ser um verdadeiro intelectual e alguém com “cultura geral”. Pois bem, nessas rápidas linhas, vamos tentar falar um pouco sobre a diferença e, como dizem os açougueiros, vamos por partes.

Na Europa dos séculos XII e XIII o conceito de universidade não era nem de perto algo próximo da vida do cidadão comum. Lugares como Bolonha, Paris e Oxford (apenas para citar as três mais antigas instituições de ensino superior) estavam tão distantes da realidade de um europeu como a NASA está de um brasileiro hoje.  O que havia de comum nessas escolas não era o que ensinavam, mas sim o perfil cultural de quem entrava nela – gente e mais gente que vivia, como diria Carl Sagan, num mundo assombrado pelos demônios. Em outras palavras, não havia forma de cultura que pudesse escapar da visão religiosa da sociedade. Seria exagero dizer que os alunos todos entravam na universidade com uma visão semelhante a respeito da vida? Todos eles acreditavam em Deus e viviam aterrorizados pela perspectiva do pecado e de uma eternidade no inferno. Nesse sentido, cabia à Universidade receber um “monte de gente que pensava igual” e mandar para o mundo um “monte de gente pensando diferente”. Foi para isso que a chamada cultura superior se organizou nas universidades. 

Dessas instituições saíram pessoas como Paracelso, Nicolau Copérnico, São Tomás de Aquino e tantos outros que mudaram a História. Isso foi possível porque lhes foi oferecido um ambiente de trabalho e estudo onde puderam exercitar a razão livremente. Suas idéias eram revolucionárias pelo fato de não partirem de nenhum tipo de cosmovisão. A história jamais foi para esses homens um gigantesco mecanismo, complexo como um grande relógio, a ser desmontado e compreendido através de regras e leis imutáveis – duvido muito que Hegel tivesse lugar de professor nos primórdios da universidade. É nessa, e absolutamente somente nessa hipótese, que pode alguém se tornar verdadeiramente um intelectual.

Quando afirmei aos meus colegas de curso que não existem intelectuais brasileiros há muito tempo, era isso que eu queria dizer. Era à morte de um pensamento brasileiro verdadeiramente original que eu estava me referindo. Isso aconteceu no país  em função da apropriação total da razão livre por um partido político. Afirmo (peremptoriamente, como gosta de dizer um certo governador gaúcho) não haver espaço para produção acadêmica dentro da universidade brasileira nas áreas de história, filosofia e ciência política, para aqueles que não têm uma interpretação marxista da realidade. Filiados ou não a essa organização criminosa chamada Partido dos Trabalhadores, os estudantes até podem buscar lugares como a UFRGS, USP ou UNICAMP com idéias diferentes, mas todos, ou a grande maioria, vão sair de lá lá pensando quase sempre a mesma coisa – Deus não existe, liberar as drogas pode ser algo bom, a Terra está aquecendo, viva o casamento gay e as ONGS, e por aí vai.

Em texto anterior em que citei The Closing of American Mind e Tenured Radicals eu expliquei como esse trabalho se deu de forma metódica e constante a partir da década de 1960. Seu resultado pode ser visto hoje numa sociedade em que ser intelectual é ter escrito alguma letra de samba durante a ditadura militar ou ter uma coluna na Revista Playboy. É essa  nação que jamais ouviu falar em Gilberto Freire, não tem a mínima ideia de quem sejam Otto Maria Carpeaux, Mário Ferreira dos Santos ou Olavo de Carvalho que acredita que Paulo Coelho é tão importante quanto Machado de Assis ou que Caetano Veloso tem a dimensão de Heitor Villa Lobos.

Pobre país que perdeu a única referência importante que deve ter quando busca a verdade – a honestidade dos seus intelectuais. Sem ela ainda vamos fazer grandes Copas do Mundo, vamos continuar com mulheres maravilhosas e grandes carnavais encantando o resto do planeta como eternos imbecis. 

CORRUPCAO DA GROSSA: ufa! nao e' no Brasil...

Que bom, não é? Nosso país está a salvo dessas bandalheiras.
Ainda bem que aqui as coisas são diferentes...
Ou fiderentes?
Paulo Roberto de Almeida


O jornalista que é a maior dor de cabeça de Cristina Kirchner

  • Janaína Figueiredo
  • O Globo, 13.05.2013

  • Escândalos de corrupção e lavagem de dinheiro envolvendo empresários amigos da presidente estão entre revelações feitas por Jorge Lanata em programa de TV
BUENOS AIRES — As noites de domingo são as mais difíceis da semana para Cristina Kirchner. Às 22hs começa o programa de TV “Jornalismo para todos” no canal 13 (do grupo Clarín), apresentado por Jorge Lanata, hoje a maior dor de cabeça da Casa Rosada. Nos primeiros cinco programas deste ano, Lanata revelou escândalos de corrupção e lavagem de dinheiro envolvendo empresários amigos da família Kirchner, colaboradores (no último domingo foi a vez do jardineiro, hoje dono de várias empresas) e funcionários. No domingo, o programa confirmou a existência de um gigantesco cofre na residência dos Kirchner na cidade de El Calafate com capacidade para guardar até 3 bilhões de euros. A mesma informação foi confirmada ao GLOBO por um engenheiro que trabalhou numa reforma da famosa residência e viu o cofre, localizado debaixo de uma escada (Lanata mostrou os planos).
No último fim de semana, o jornal “Clarín” publicou o depoimento de um piloto sobre um secretário de Kirchner que teria feito, segundo ele, três viagens por semana para Santa Cruz, carregando uma ou duas malas com entre 10 e 15 milhões de euros cada uma. As denúncias de Lanata foram parar na Justiça e os tribunais portenhos estão avançando em investigações que incluem até o ex-presidente Néstor Kirchner (2003-2007), acusado de associação e enriquecimento ilícito. A inédita repercussão das reportagens tornaram-se um fenômeno político e social. Muitos analistas acreditam que as denúncias do programa deram forte impulso à última onda de panelaços contra o governo, que apenas em Buenos Aires reuniram mais de um milhão de pessoas. Em entrevista em seu apartamento do centro portenho, Lanata, fundador do jornal “Página 12” (hoje um dos mais alinhados com o kirchnerismo), falou sobre o modus operandi do governo K, a eventual sucessão de Cristina e a mudança de humor social no país. “Os kirchneristas ficam com as empresas, o menemismo pedia propina. No longo prazo, os kirchneristas roubam mais”, afirmou o jornalista.
O GLOBO: O senhor confirmou a existência de um enorme cofre na casa dos Kirchner em Calafate, no qual caberiam 3 bilhões de euros.
Jorge Lanata: Existem dois cofres, mas conseguimos o plano do primeiro. O segundo foi colocado numa segunda reforma. O problema é que cinco milhões de pessoas ficaram sabendo dessa informação, será difícil para a Justiça não fazer nada.
O caso do empresário Lázaro Báez (que era amigo e sócio de Kirchner) já era conhecido entre jornalistas e, principalmente, em Santa Cruz...
Jorge Lanata: Muitas vezes acontece que contamos alguma coisa, mas as pessoas não estão preparadas para ouvi-las. Também existe a diferença entre meios de comunicação impressos e audiovisuais. O caso Watergate surgiu no “Washinton Post”, mas tornou-se popular no programa 60 minutos. Antes estava no microclima de Washington. Abordamos assuntos que muitas pessoas conheciam, mas o impacto de mostrar a casa de Cristina na TV é muito diferente de escrever sobre o assunto.
Por que as denúncias de corrupção contra o vice-presidente, Amado Boudou, não tiveram tanto impacto?
Jorge Lanata: Surpreende-me que o caso não tenha escandalizado tanto a população como o de Báez. Imagine que no caso Boudou foram afastados um juiz, um procurador e um promotor. Ele continua no cargo por teimosia de Cristina.
O governo está preocupado com as denúncias contra Báez?
Jorge Lanata: Sei que estão preocupados, mas não podem fazer nada. O governo respondeu com outra acusação. Falaram sobre um caso de lavagem de dinheiro envolvendo o grupo Clarín, algo que escrevi há alguns anos no jornal “Crítica”. Já disse na rádio Mitre (do grupo Clarín) que se o Clarín for culpado, que vá preso.
Com a reforma do Judiciário aprovada, os tribunais poderão avançar nas investigações?
Jorge Lanata: Minha sensação é de que essa reforma será anulada pela Corte Suprema. Mas é difícil saber se avançarão. Até agora, o que o procurador está fazendo está bem feito. O problema é que nós continuamos trabalhando. Agora surgiu um personagem novo, o jardineiro. Hoje ele é Donald Trump e seu filho é secretário de Cristina. O jardineiro tem 40 empresas! São dessas pessoas muito próximas a eles que têm uma quantidade de dinheiro impossível de justificar. Mostramos as casas de todos, os carros e o cofre de Cristina. Lázaro era funcionário do banco de Santa Cruz e começou a construir sua fortuna em 2003 (ano em que Kirchner chegou ao poder).
A corrupção do kirchnerismo é maior do que a do menemismo?
Jorge Lanata: Existe uma diferença. Os kirchneristas ficam com as empresas, o menemismo pedia propina. No longo prazo, os kirchneristas roubam mais. E seu modus operandi é mais efetivo, em termos políticos. Há algum tempo li um livro que descrevia as estratégias do fascismo na década de 40, na Itália, e são as mesmas. Não estou dizendo que este pessoal é fascista, o que digo é que existe um paralelo na História que pode ser comprovado.
O senhor acredita que o governo será castigado nas urnas nas eleições legislativas de outubro?
Jorge Lanata: Sim, mas acho que isso não fará com que Cristina desista da ideia de uma nova reeleição. Vão tentar encontrar um caminho, porque estão condenados à re-reeleição. O kirchnerismo não tem sucessor e ninguém faz uma revolução para abandoná-la. Eles acreditam fazer uma revolução e isso explica muita coisa. Nenhuma revolução tem liberdade de imprensa, nem mercado econômico livre. Acho que Cristina tentará a reeleição e será um suicídio, porque vai perder.
Cristina está vivendo seu pior momento?
Jorge Lanata: Eles mesmos me dizem, em off, que a coisa terminou. Me contam que os ministros dizem que Cristina está louca. Mas ninguém vai embora, porque ela não deixa. Este será um ano complexo.
E como o senhor imagina o final desta história?
Jorge Lanata: Como estão as coisas, será um final feio. Existe muito fanatismo, violência social crescente, a economia cada vez pior. A herança mais pesada que este governo deixará é a polarização social.

bRICS?: Um dos BRICS falha no destino glorioso da sigla: adivinhe qual...

Um Bric sem rumo e sem estratégia

O Estado de S.Paulo, 6 de maio de 2013
Rolf Kuntz

O economista Jim O’Neill parecia ter feito uma boa aposta quando inventou a sigla Bric, em 2001, para indicar quatro países – Brasil, Rússia, Índia e China – com potencial para mudar o equilíbrio global e ultrapassar as maiores nações capitalistas em algumas décadas. Só parece ter esquecido ou negligenciado um detalhe: a qualidade da política. Isso inclui a capacidade de fixar metas, identificar obstáculos e desenhar estratégias sem tropeçar em preconceitos e sem sobrepor interesses de curto prazo – partidários e até pessoais – às ações de longo alcance.
Os estragos impostos à Petrobrás, agora forçada a desinvestir para fazer caixa, bastariam para mostrar o ponto fraco da avaliação de O’Neill. Mas a coleção de provas é muito maior e é enriquecida, dia após a dia, pelo empenho do governo em demolir os fundamentos da economia brasileira. A piora das contas externas, a erosão fiscal, a tolerância à inflação e a estagnação dos investimentos são indisfarçáveis.
O esforço de recuperação da Petrobrás pela nova administração apenas começou. A empresa realizou maus investimentos, negligenciou a produção, perdeu dinheiro com preços controlados e foi convertida irresponsavelmente em instrumento de política industrial. Para cumprir integralmente esse papel seria forçada a deixar seus objetivos empresariais em plano inferior. O aumento da importação de combustíveis e lubrificantes – de janeiro a abril 28,4% mais que em igual período do ano passado – é uma das consequências desses erros. A decisão de vender a participação de 20% em seis blocos exploratórios no Golfo do México é outra. Isso é apenas parte do desinvestimento necessário.
A autossuficiência no setor de petróleo, alardeada no tempo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, é agora prevista para 2020. Deixou de constar do repertório de bravatas oficiais. Mas a expansão das importações da Petrobrás é só um dos componentes negativos da balança comercial. Erros semelhantes aos cometidos na gestão da estatal ocorreram em muitas outras áreas.
Os itens mais importantes de uma política de longo prazo foram substituídos por ações eleitoreiras e pela distribuição de favores a favoritos da corte. Gastou-se muito para salvar algumas empresas em dificuldades – só as escolhidas, é claro. Sem critério estratégico, aplicaram-se bilhões na formação de grandes vencedores nacionais, em alguns casos com notáveis prejuízos. O Banco Nacional do Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) nunca errou tanto. Ao mesmo tempo, a infraestrutura entrou em colapso. Pequenos apagões – alguns nem tão pequenos – tornaram-se rotineiros, afetando às vezes vários Estados. O setor de transportes entrou em pane, mesmo depois da faxina parcial no ministério em 2011. Neste ano, mais uma vez o agronegócio teve dificuldade para embarcar seus produtos, enquanto navios se enfileiravam ao largo e importadores ameaçavam cortar encomendas.
No ano passado o investimento em máquinas, equipamentos, construção civil e obras de infraestrutura foi 4% menor que em 2011. Governo e empresários projetam para este ano um aumento, mas, ainda assim, o total investido provavelmente ficará abaixo de 20% do produto interno bruto (PIB), muito abaixo do mínimo necessário para desatolar a economia, A meta oficial é algo em torno de 24%, mas esse nível, segundo projeção do governo, só deve ser alcançado em mais ou menos cinco anos.
A perda geral de eficiência e de competitividade é evidente no comércio exterior. Entre janeiro e abril o País faturou US$ 71,47 bilhões com a exportação, 3,1% menos que no primeiro quadrimestre do ano passado, pelas médias diárias. Enquanto isso, o valor importado, US$ 77,62 bilhões, foi 10,1% maior que o de igual período de 2012, pelo mesmo critério. O saldo comercial, um déficit de US$ 6,15 bilhões em quatro meses, é de longe o pior em muitos anos e produzido basicamente por erros cometidos internamente.
O Brasil tem perdido espaço em seus principais mercados, incluídos China, Estados Unidos, União Europeia e Argentina, embora esses países tenham aumentado suas importações totais. Ao mesmo tempo, concorrentes estrangeiros continuam conquistando fatias do mercado brasileiro, apesar das barreiras criadas pelo governo.
O aumento do déficit em transações correntes é uma das consequências da erosão do saldo comercial. O buraco formado em 12 meses passou de 2,05% do PIB em março de 2012 para 2,93% um ano depois. Não é um desastre, mas a piora é rápida e a tendência é clara. Basta ver o descompasso entre exportação e importação de mercadorias.
Do lado fiscal, o governo proclamou a decisão de jogar as metas de superávit primário para segundo plano, em troca de uma política anticíclica. Mas isso é coisa de governos sérios e disciplinados: economizar nos tempos bons e gastar mais quando a economia fraqueja. O padrão brasileiro é outro. Consiste em gastar sempre, por motivos políticos e porque o Orçamento é cada vez mais engessado. O recente anúncio da nova orientação pelo secretário do Tesouro, Arno Augustin, apenas oficializa o abandono da responsabilidade fiscal e a opção pela farra nas finanças públicas. Quanto às desonerações, são uma coleção de remendos mal feitos e desarticulados. Política tributária é outra coisa.
A irresponsabilidade fiscal é irmã da tolerância à inflação. Quem quiser negar essa tolerância terá de explicar por que o governo mantém desde 2005 a meta de 4,5% com a escandalosa margem de dois pontos. Países emergentes com governos respeitáveis têm adotado metas bem mais severas. Ainda é preciso esperar para saber se o recente aumento de juros pelo Banco Central foi o início de uma mudança. Por enquanto, o mais seguro é duvidar.

E por falar em Thomas Sowell e ideias inteligentes...

Um artigo dele para o qual minha atencao foi chamada pelo leitor Eduardo R., do Rio:

Lugares comuns que substituem o raciocínio crítico
por 
Insitituto Mises Brasil, quinta-feira, 9 de maio de 2013


Se algum dia criarem um concurso para aquelas palavras que se passam por pensamento profundo e crítico, "diversidade" e pluralidade certamente iriam para a final e teriam um embate duríssimo.
A beleza destas duas palavras mágicas e encantadoras é que você não necessita de nenhuma nódoa de evidência empírica e nem de nenhum processo de encadeamento lógico para recitar rapsódias sobre os supostos benefícios da diversidade e do pluralismo.  A própria ideia de querer testar estes belos termos em relação a algo tão feio quanto a realidade é em si vista como um ato sórdido.
Gorilla origin of man.jpgDiversidade e pluralidade são termos que, justamente por englobarem de tudo, dispensam seus promovedores de explicar especificamente o que defendem.  Há diversidade e pluralidade de gênero, de cor, de preferências sexuais, de renda, de inteligência, de etnia etc.  Sendo assim, perguntar se aquelas instituições que promovem a diversidade 24 horas por dia e sete dias por semanas apresentam melhores resultados do que as instituições que não dão a mínima para estes "pré-requisitos" fará apenas com que você seja visto como um reacionário insensível, malicioso, racista, misógino e homofóbico. 
Citar evidências empíricas que mostram que aquelas localidades obcecadas com pluralidade e diversidade geram relações ruins entre as pessoas forçadas a conviver sob o mesmo ambiente é se arriscar a ser rotulado e marginalizado.  O livre pensamento e a liberdade de expressão não são livres.
A moda agora ao redor do mundo é afirmar que os governos devem promover a diversidade e a pluralidade — o que na prática significa que alguns grupos organizados têm mais direitos do que outros, o que por sua vez significa a abolição da ideia de "igualdade perante a lei".
Neste cenário, algumas perguntas se fazem necessárias.  Como é possível que um país racialmente homogêneo como o Japão consiga apresentar uma educação de alta qualidade sem ter de recorrer ao essencial ingrediente da diversidade e do pluralismo, uma necessidade "premente" segundo os sociólogos da atualidade?
Inversamente, por que a Índia, uma das mais plurais e diversas nações da terra, apresenta um histórico de intolerância e de violência letal entre seus diversos grupos de pessoas pior do que aquele observado no sul dos EUA durante a vigência da segregação racial?
O simples ato de fazer tais perguntas já é garantia de ser acusado de recorrer a táticas desonestas e de possuir motivações torpes demais para serem dignificadas com uma resposta.  Não que os genuínos defensores da pluralidade tenham alguma resposta, é claro.
Dentre os candidatos que disputam a segunda colocação no torneio dos lugares comuns que tornam o pensamento algo obsoleto está o termo "socialmente excluído" e todas as suas variáveis.
Pessoas que não se encaixam nos pré-requisitos básicos exigidos por determinados objetivos e funções, desde admissão em uma universidade a um empréstimo bancário, passando por empregos em cargos que exigem diversas habilidades, são tidas como pessoas socialmente excluídas cuja ascensão social lhes foi "negada pela sociedade".  Donde surgem as desculpas de que tais pessoas estão moralmente eximidas de seguirem uma vida pautada pelas mesmas regras aplicáveis ao restante da população — como, por exemplo, não recorrerem à criminalidade.
Tanto o 'pluralismo' quanto a 'exclusão social' devem ser corrigidos por políticas públicas, como por exemplo as cotas.  Segundo os teóricos, tais políticas equalizariam as "oportunidades de acesso".  O problema é que os defensores dessa tese sempre refugam quando instados a explicar por que uma igual oportunidade de acesso seria sinônimo de igual probabilidade de sucesso.
Há um exemplo interessante disso na própria política.  Peguemos um estado americano conhecido mundialmente: a Califórnia.  Trata-se de um estado majoritariamente progressista.  Neste estado, eleitores conservadores e eleitores progressistas têm exatamente a mesma oportunidade de votar.  No entanto, as chances de um candidato conservador ser eleito na Califórnia são muito menores do que as chances de um candidato progressista.  Será que os progressistas defenderiam cotas e uma lei de "igual oportunidade de acesso" para políticos conservadores na Califórnia?
Similarmente, todas as pessoas podem tentar adentrar uma universidade, pedir um empréstimo bancário ou disputar um determinado emprego.  Se todas essas solicitações forem julgadas pelos mesmos critérios, então todos tiveram uma igual oportunidade de acesso.  Se aquele sujeito com pouquíssimas qualificações intelectuais não conseguiu o emprego na multinacional ou o ingresso em uma universidade, ou se um sujeito de histórico creditício duvidoso não conseguiu o empréstimo bancário, isso não significa que lhe foi negada a mesma oportunidade de acesso.  Simplesmente nunca houve uma igual probabilidade de sucesso.
A 'diversidade' e a 'exclusão social' geram um terceiro lugar comum: 'redistribuição de renda' — ou, sua variável próxima, 'justiça social'.
Aparentemente, todas as pessoas têm direito a receber uma "fatia justa" da prosperidade da sociedade, não importa se elas trabalharam 16 horas por dia para ajudar a criar essa prosperidade ou se não fizeram nada mais do que viver na mendicância ou recorrer ao crime.  No final, tudo indica que devemos alguma coisa a estas pessoas pelo simples fato de elas nos agraciarem com sua existência.  Tudo indica que elas "têm o direito" de viver à custa dos pagadores de impostos, mesmo que sintamos que poderíamos viver muito bem sem elas.
No outro extremo da escala da renda, os ricos supostamente devem pagar sua "fatia justa" em altos impostos.  Mas para nenhum dos dois extremos da escala da renda há uma definição concreta do que é uma "fatia justa".  Há um determinado número ou uma proporção exata?  Nunca se soube.  'Justiça social' e 'redistribuição de renda' são apenas sinônimos políticos para "mais poder arbitrário para o governo", cuidadosamente adornado por uma retórica sonoramente moralista. 
intelligentsia vem há décadas promovendo a ideia de que não deve haver nenhum estigma em se aceitar auxílios do governo.  Viver à custa dos pagadores de impostos é retratado como um "direito", ou, mais ponderadamente, como parte de um "contrato social".
É claro que você não se lembra de ter assinado qualquer contrato desse tipo, mas tal lugar comum soa poético e pomposo.  Ademais, e isso é o que interessa, ele rende muitos votos entre os ingênuos, e este é exatamente o objetivo de políticos que defendem assistencialismo.
Por fim, "acessível" é outro termo popular que substitui toda e qualquer necessidade de pensamento crítico.  Dizer que todo mundo tem direito a "moradia acessível" é bem diferente de dizer que todo e qualquer indivíduo deve poder decidir qual tipo de casa quer ter.
Programas governamentais que distribuem "moradias a preços acessíveis" nada mais são do que programas que dão a algumas pessoas o poder de não apenas decidir qual imóvel elas querem ter como também o de obrigar outras pessoas — os pagadores de impostos, os donos dos imóveis etc. — a absorver uma fatia do custo desta decisão, uma decisão da qual elas nunca foram convidadas a participar.
E, ainda assim, a crença de que pessoas que preferem que as decisões econômicas sejam feitas voluntariamente por indivíduos no mercado não são tão compassivas quanto aquelas pessoas que preferem que tais decisões sejam tomadas coletivamente por políticos nunca é vista como uma crença que deveria ser comprovada por fatos.
Mas, por outro lado, isso não é algo recente.  A crença na compaixão superior dos políticos é um fenômeno mundial que data ainda do século XVIII.  E, em todas as épocas e em todos os locais, nunca houve nenhum esforço genuíno dos progressistas para verificarem se esta pressuposição crucial é sustentada por fatos.
A realidade econômica, no entanto, é que o governo fazer, por meio de decretos, com que várias coisas sejam mais "acessíveis" de modo algum aumenta a quantidade de riqueza na sociedade.  Colocar o governo para redistribuir propriedade e determinar seu "valor justo" não faz com que a sociedade seja mais rica do que seria caso os preços dos imóveis fossem "proibitivos".  Ao contrário: tais políticas, que nada mais são do que controles de preços e redistribuição de propriedade, reduzem os incentivos para se produzir.
Nada do que aqui foi dito é uma ciência obscura e inacessível.  Porém, se você é do tipo que jamais se põe a pensar criticamente e se contenta com a mera repetição de lugares comuns, então não importa se você é um gênio ou um deficiente mental.  Palavras fáceis que impedem as pessoas de pensar criticamente reduzem até mesmo o mais reconhecido gênio ao nível de um completo idiota.

The Chinese Are Coming (with money, that is...) - NYTimes

Nos tempos da Guerra Fria, um filme fez muito sucesso nos EUA: The Russians Are Coming, e se tratava apenas de um submarino soviético avariado que acaba adernando numa praia da California, despertando os instintos guerreiros dos alarmados habitantes da pequena aldeia próxima da praia.
Agora são os chineses que estão chegando, não em submarinos, mas em aviões, e num volume que pode representar  metade da antiga população da Rússia soviética. Eles estão invadindo as universidades americanas, e agora parece que resolveram também chegar antes.
Pelo que pude perceber, existem três tipos de "bolsas" que sustentam os estudantes chineses nos EUA: a bolsa normal, de apoio científico governamental (tipo CNPq ou Capes, no caso brasileiro); as "bolsas família", de que trata o artigo abaixo, ou seja, ricas famílias chinesas que mandam seus pupilos estudar nos EUA, a seu encargo e custo (e esses dispõem de carros e muito dinheiro para gastar); e o que poderia ser chamado de "bolsa corrupção", que é quando um capitalista paga os estudos de um filho de funcionário do PCC que lhe facilitou os negócios na China. Enfim, todos são grandes estudiosos, e devem começar a se destacar, como o fizeram os estudantes coreanos durante muito tempo...
Paulo Roberto de Almeida 


Seeking College Edge, Chinese Pupils Arrive in New York Earlier



Weiling Zhang, a sophomore at the Léman Manhattan Preparatory School, yearned to communicate with more conviction and verve than her peers back home — the “American way,” she said.

Yijia Shi, a freshman, wanted to increase her chances of an acceptance letter from Brown University. And Meng Yuan, a junior, was seeking Western-style independence, not to mention better shopping. When she is not heading to track practice or doing her homework, she is combing Bergdorf Goodman for Louis Vuitton limited edition handbags and relishing in the $295 tasting menu at the celebrated Columbus Circle restaurant Per Se.
New York City private schools have always been the province of the city’s young and wealthy, students whose home lives and educations can inspire both disdain and envy. But these students are the children of Shanghai real estate magnates, shipping giants, luxury hotel owners and doctors from coastal regions bordering the East China Sea. They are also part of a small, but growing, cadre of teenagers from wealthy families in China who are attending school in New York City.
According to the Department of Homeland Security, 638 Chinese students with visas attended high schools in the city in 2012, up from 114 five years earlier.
The influx has not been seamless. But the schools — particularly ones with lagging enrollment — have actively sought an international component and parents who can pay full tuition, even if that means accepting students who speak limited English. Chinese students and their parents have seen the schools as a way to gain an advantage on the thousands of students at home who apply to United States colleges every year. They are also availing themselves of a more well-rounded educational model than they find in China, including that decidedly American college application line-item: extracurricular activities.
“At home, I couldn’t do any activities because we had too much work,” said Yijia, 15, who plays basketball at Léman.
A large contingent of Chinese students attends the school, a young for-profit academy trying to generate more interest from applicants.
In September, Léman welcomed 27 Chinese students, about one-fifth of the high school population, and 10 students from other countries.
The students settled into studio apartments in a residential tower on Wall Street above a Tiffany & Company store and across from a Trump office building. The apartments feature marbled bathrooms, bean bags and bunk beds. The students are supervised by a team of houseparents who live in the same building and serve as round-the-clock caretakers to help ease their transition to a new city. The total tuition: $68,000 a year, compared with $36,400 for nonboarders.
When the students are not in classes, which they attend with their American peers, poring over quadratic equations and analyzing passages from American classics like “The Great Gatsby,” they are exploring the city.
They attend Broadway shows and Cirque du Soleil with their houseparents, shop for designer sneakers in SoHo, get manicures at Wall Street spas and eat waffles and cheese-omelet brunches cooked for them every Sunday by one of the school’s chefs.
Léman, known as the Claremont Preparatory Academy before it was purchased two years ago by Meritas, a chain of international boarding schools, is not the only New York City private high school with students from China. However, it is the only one that currently houses them. At theBeekman School in Midtown Manhattan, the school’s four Chinese students board with local families.
Last year, when Avenues: The World School, a for-profit institution in Chelsea, opened its doors, 20 students from Beijing applied. But the school was unable to accept them because of delays in student visa approval, which the school says will be resolved by the time it opens a 200-student international dorm in 2016.
Administrators at Léman say the cross-cultural exchange has enriched the whole school. The Chinese students are discovering Halloween, school dances and plays. The American students are learning how to be welcoming hosts.
“We have a symbiotic relationship going on here,” Drew Alexander, the head of the school, said. Max Rosenthal, a junior, said he was often paired with students from China during class discussions on American Civil War battles or Prohibition-era mores.
“It really helps you to understand the big picture when you have to explain it to someone,” he said.
But other students said that same need to explain could get in the way.
“I love that they are here,” said Osiris Vanible, a 10th grader. “But they don’t understand a lot of what I say. There’s a language barrier that you need to break through.”
That barrier was evident one day last week, during an 11th-grade English class discussion on Toni Morrison’s novel, “Song of Solomon.”
Meng, who has adopted the nickname Monroe, after President James Monroe and her idol Marilyn Monroe, followed the conversation, which centered on the depiction of African-American women and their struggles, and sometimes she interjected points. But at least two of her Chinese classmates were logged into a translation site, plugging in phrases they did not know. Some students were following along in online Mandarin versions of the book. A second teacher sat in the back, taking notes for students who would need them later.
The teacher, Jessica Manners, said some of her international students struggled to grasp nuances that were simple for American students.
“I try to talk more slowly than I normally would,” she said. “And I almost never do cold-calling,” selecting students who do not have their hands raised to answer questions.
Mr. Alexander said foreign students were required to have a “minimum level of proficiency” before being accepted. And once enrolled, many are given different tests and homework assignments as well as more rudimentary reading material than American students. Those who need extra help take a special English-language class.
According to Nicole Xu, a representative from Usaedu International Consulting Group, one of several international agencies that places Chinese students in American schools, this type of full immersion is a main reason Chinese parents are eager to send their children to the United States.
Weiling, the 16-year-old daughter of an entrepreneur from the Mongolian uplands, said her parents had sought out a place where she would learn to negotiate more effectively and become skilled at solving real-world problems. Both are traits she said her parents deemed more American than Chinese and good for business.
“In China, we only learn academics,” she said.
Reached by e-mail, some parents have reported immediate results.
Yulan Hu, Monroe’s mother, said that she noticed a newfound streak of self-sufficiency in her daughter when she arrived in Shanghai for winter break. Monroe, 18, is now on the track team and has learned to swim. But perhaps, most notable, Monroe had declined a longstanding household ritual — breakfast brought to her every morning in bed.
“Literally, she has changed,” she wrote.

O declinio da OMC e o protecionismo brasileiro, segundo o Wall Street Journal


The Decline of the WTO
Editorial The Wall Street Journal, May 13, 2013

The trade body picks a Brazilian who helped to scuttle the Doha talks.

A depressing rule of international institutions is that whatever their founding intentions they inevitably evolve to serve themselves or their worst members more than their original cause. The latest example is the World Trade Organization, which began as a rule-making body to promote free trade and has drifted toward protectionism when it isn't useless.
That drift was illustrated last week with the election of Brazilian Roberto Azevedo as new WTO director-general. The 55-year-old career diplomat beat out Mexican economist Herminio Blanco, who had U.S. support and has a reputation as a more assertive free trader. Mr. Azevedo is by all accounts a charming diplomat who won because of support among developing nations.
Yet he won that support in large part by helping to scuttle the Doha round of free-trade talks. Mr. Azevedo was Brazil's chief Doha negotiator, and opposition to freer trade in manufacturing by Brazil, India, South Africa and other emerging economic powers made a worthwhile Doha deal impossible. It's now moribund.
The result has been that the WTO is increasingly a bystander as the world's economic powers ignore the global talks and pursue their own bilateral and regional trade pacts. The most important trade diplomacy today is taking place within the trans-Pacific and Europe-U.S. negotiations.
"I think we're getting a very sick patient. The WTO at this point in time is not doing well. It's almost like the next DG [director-general] is coming to the operating table with a very sick patient on it," Mr. Azevedo conceded in the lead up to the vote. No one doubts his diagnosis. The question is whether he's Dr. Kevorkian.
According to IMF data, Brazil is among the most protected economies in the Americas. If his goal is to spread his country's trade model, Mr. Azevedo will guarantee that the WTO will become even less relevant. Let's hope he tries to do a Nixon goes to China and overcome his previous Doha handiwork.