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segunda-feira, 18 de dezembro de 2006

660) Brasil: encalhado no meio do caminho

Encalhado no meio do caminho
Eduardo Gianetti da Fonseca
Portal Exame, 15 dezembro 2006

Há no mundo um grupo de países que conseguiram, ao longo da história, acumular capital e educar a população. E há um conjunto de nações pobres que vêm encurtando a distância em relação aos ricos. O Brasil encontra-se estagnado entre esses dois blocos

Primeiro a foto: onde estamos? Do ponto de vista da produção média por habitante ou PIB per capita, os países do mundo podem ser classificados em três grandes grupos -- ricos, remediados e pobres. O Brasil representa um caso intermediário entre os pólos extremos representados pela Índia e pelo Canadá.

Com uma população 5,9 vezes maior que a brasileira, a Índia tem um PIB per capita (ajustado pelo poder de compra do rupee na própria Índia) de apenas 3 320 dólares anuais. Quer dizer: mesmo que a distribuição de renda na Índia fosse perfeitamente igualitária, isso só teria como resultado condenar toda a população do país à pobreza. A produção média por habitante na Índia é tão reduzida que não há cenário distributivo concebível que permita à massa da população sair de uma condição precária de vida.

No outro extremo está o Canadá. Com menos de um quinto da população brasileira, os canadenses têm um PIB per capita (ajustado) de 34 273 dólares anuais. Mesmo que a distribuição de renda no Canadá fosse tão desigual quanto ela é no Brasil, isso não condenaria a parte mais pobre de sua população a viver na miséria. Se os 50% mais pobres do Canadá recebessem a mesma fatia da renda nacional destinada à metade de baixo da pirâmide social brasileira (ou seja, cerca de 16% da renda do país), ainda assim esse grupo menos favorecido de canadenses teria uma renda média de 10 566 dólares ao ano -- número 23% superior à média dos brasileiros. O valor gerado a cada ano por um canadense é, em média, cerca de dez vezes maior que o gerado por um indiano e quatro vezes maior que o gerado por um brasileiro.

Até aqui a foto: o simples registro de uma situação de fato. O que mais importa, no entanto, é o filme -- o enredo que produziu esse instantâneo e que determinará a trajetória futura. Como explicar as enormes diferenças de PIB per capita observadas na economia mundial? Quais são os principais determinantes do crescimento, ou seja, das taxas de variação do PIB per capita em diferentes países? E o que as respostas a essas perguntas podem nos dizer sobre o fraco desempenho recente e as perspectivas de nossa economia nos próximos anos?

AS CAUSAS DOS ENORMES DIFERENCIAIS de produção média por habitante no mundo são fundamentalmente duas. A primeira é o estoque de capital físico e capital humano por trabalhador. A diferença de produtividade entre canadenses, brasileiros e indianos, para ficarmos nos termos do exemplo citado, decorre do fato de que os primeiros investiram na formação de um estoque de capital que permitiu trocar enxadas por tratores e o mundo do roçado pelo mundo da informática. Esse capital potencializa a produtividade da hora trabalhada. É a existência de uma enorme massa de trabalhadores sem qualificação, ocupando empregos de ínfima produtividade ou subempregados, que deprime o PIB per capita dos países de menor renda, como Índia e Brasil. A importância crescente do capital humano no mundo contemporâneo transparece na estimativa feita pelos economistas Robert Fogel e Gary Becker, da Universidade de Chicago, de que ele hoje representa cerca de dois terços do estoque total de capital na economia americana.

O segundo fator responsável pelas diferenças de PIB per capita é a eficiência alocativa do sistema. Não basta uma dotação adequada de capital. É igualmente fundamental que esses recursos estejam de fato empregados nos setores e ramos de atividade em que são mais rentáveis. Para isso, é necessário que o ambiente institucional e as regras do jogo econômico (direitos de propriedade, grau de abertura comercial, segurança jurídica etc.) promovam a eficiência alocativa, estimulando os indivíduos e as empresas a direcionar seus recursos e talentos para as atividades em que o seu potencial de geração de valor é maior. A diferença de PIB per capita entre as duas Alemanhas antes da queda do muro de Berlim torna patente o impacto da eficiência alocativa num contexto em que o capital humano per capita era basicamente uniforme nos dois países.

O estoque de capital físico e humano e a eficiência alocativa determinam o nível do PIB per capita: a disparidade entre um Canadá, um Brasil e uma Índia. Mas eles nada nos dizem sobre as variações do PIB per capita ao longo do tempo. Para isso é preciso avançar da radiografia para o enredo da trama do crescimento.

O PRIMEIRO PASSO É DISTINGUIR com clareza duas realidades distintas que se escondem -- e muitas vezes se confundem -- sob o termo crescimento: uma simples recuperação cíclica, de um lado, e o crescimento sustentado propriamente dito, fruto da formação de capital e de ganhos de eficiência alocativa, de outro. Aí reside o ponto crucial, creio eu, para uma correta compreensão das causas do baixo crescimento do PIB per capita brasileiro no período recente.

A recuperação cíclica é um movimento de curto prazo e tem fôlego curto. Ela consiste numa expansão da oferta agregada, mas dentro dos limites definidos pela capacidade de produção já instalada. Trata-se, portanto, de não mais que uma volta à normalidade após um período em que a economia vinha operando, por algum motivo, abaixo de seu pleno potencial. É o que ocorre após alguma melhoria das condições de demanda, que leva os empresários a expandir a oferta via redução da capacidade ociosa. A recuperação cíclica se desenrola num ritmo desigual entre os setores, alguns reagindo mais rapidamente que outros, mas tende a se difundir com o tempo pelo conjunto do sistema.

Coisa muito distinta, entretanto, é o crescimento sustentado -- um enredo de crescimento baseado não na maior utilização dos recursos existentes, mas na criação de capital físico e humano por meio da transferência de recursos do presente para o futuro. Trata-se, no fundo, de uma troca intertemporal, por meio da qual a sociedade gera um excedente transferível e decide não consumir no desfrute imediato o equivalente pleno de seus esforços, ou seja, poupar e investir parte de sua renda em um futuro melhor.

O fato inescapável é que há um momento a partir do qual a recuperação cíclica se esgota, pois já não há mais capacidade ociosa disponível para acomodar no curto prazo o aumento da demanda. A expansão da oferta passa a depender do crescimento sustentado: a ampliação da capacidade de produção por meio de investimentos em formação de capital (infra-estrutura, máquinas, edificações, educação, treinamento, P&D etc.). Esse investimento, por sua vez, depende de duas coisas: a) financiamento adequado, ou seja, poupança a custos compatíveis com o retorno esperado dos projetos; e b) um ambiente institucional que promova a eficiência alocativa e estimule o investidor privado a empatar recursos em formação de capital específico.

POR QUE O BRASIL CRESCE TÃO POUCO? O cerne da resposta, creio, está na distinção entre recuperação cíclica e crescimento sustentado. Entre 1995 e 2005, o PIB real per capita brasileiro cresceu em média irrisório 0,9% ao ano. Em apenas três dos 11 anos transcorridos desde o Plano Real, a variação anual do PIB per capita ficou acima de 2,8%. Foram os anos em que a economia ensaiou uma retomada do crescimento, mas o movimento -- contrariando as expectativas de muitos dentro e fora do governo -- teve fôlego curto: 1995, 2000 e 2004. Esses três episódios de flerte com o crescimento foram movimentos clássicos de recuperação cíclica. A retração do crescimento em 2005, sem que houvesse qualquer tipo de choque externo ou doméstico, é sem dúvida aquela que melhor ilustra o padrão descrito. Bastaram quatro trimestres de expansão um pouco mais vigorosa do PIB para o surgimento de pressões inflacionárias que levaram o Banco Central a se ver compelido a apertar outra vez a política monetária e "retirar o barril de chope quando a festa começava a ficar animada".

A grande questão, portanto, é entender por que a economia brasileira tem flertado com o crescimento, mas não consegue firmar um casamento duradouro com ele. Os ciclos de redução do juro primário são perfeitamente capazes de promover uma recuperação cíclica, mas eles não têm condições de conduzir a economia ao crescimento sustentado. Não é porque os juros são altos que a recuperação cíclica não leva ao crescimento sustentado, mas é porque a recuperação cíclica não leva a uma retomada dos investimentos e ao crescimento sustentado que os juros precisam ser novamente elevados. Há boas razões para crer que o crescimento factível no Brasil esteja atualmente em patamar bastante modesto, ou seja, algo em torno de 3,5% ao ano ou 2% ao ano para o PIB per capita.

DOIS FATORES LIMITAM HOJE NOSSO CRESCIMENTO sustentado: 1) uma gigantesca drenagem de recursos do setor privado para financiar gastos correntes do setor público; e 2) as deficiências do arcabouço jurídico-institucional que definem as regras do jogo econômico e terminam distorcendo o funcionamento normal dos mercados, tolhendo o empreendedorismo e inibindo o investimento privado.

Qual a magnitude da drenagem fiscal para o setor público? A carga tributária bruta atinge hoje cerca de 38% do PIB (o padrão para países de renda média é 20% a 25% do PIB). Apesar disso, nosso setor público apresenta, em condições normais, um déficit nominal consolidado da ordem de 3% do PIB. Quer dizer: algo em torno de 41% da renda nacional brasileira é intermediado pelo Estado. O fato espantoso é que, não obstante essa extraordinária cifra, a capacidade de investimento do setor público seja irrisória: a infra-estrutura se deteriora a olhos vistos, a ameaça de "apagões" é constante e os alunos brasileiros ficam nas piores colocações sempre que enfrentam testes internacionais de aprendizado.

O mecanismo de drenagem fiscal se dá por três canais principais. O primeiro é a via da tributação: em 2004, por exemplo, embora o PIB nominal brasileiro tenha crescido 213 bilhões de reais, o governo se apropriou de 47% (cerca de 100 bilhões de reais) desse total graças ao aumento da carga tributária. O segundo canal é o mecanismo de preço: os juros primários extremamente elevados pagos pelo governo para garantir a rolagem da dívida pública, o que desloca parcela expressiva da poupança nacional para o financiamento dos gastos correntes do Estado em detrimento do crédito e de investimentos privados. E, por fim, a pletora de artifícios regulatórios visando criar "poupança compulsória" (como FGTS, FAT etc.) e a canaliza ção de recursos subsidiados (como no caso do BNDES) para usos e destinações que não refletem critérios alocativos de mercado, mas os interesses, os parceiros e a "visão estratégica" dos governantes.

Isso significa que uma parcela expressiva da poupança do setor privado -- recursos que poderiam estar financiando os gastos das famílias e das empresas em formação de capital físico e humano -- está sendo deslocada para cobrir os gastos correntes do "Leviatã anêmico" em que se tornou a federação brasileira (União, 27 estados e 5 563 municípios). Exemplo: os 3 milhões de aposentados do setor público geram um déficit previdenciário maior que o gasto total do governo com 37 milhões de crianças na rede pública de Ensino Fundamental. Não é apenas que "o Estado brasileiro não cabe no PIB brasileiro", como diz o economista Delfim Netto. É que ele está matando por asfixia o crescimento do PIB brasileiro.

As falhas do arcabouço jurídico-institucional se somam a esse quadro. O investimento privado e a eficiência alocativa dependem de incen tivos adequados (mercado competitivo regido pelo sistema de preços) e de regras claras e confiáveis para as decisões econômicas. Embora dotado de vigorosa vocação empreendedora, o Brasil é hoje um dos países mais complicados do mundo para se abrir, gerir e fechar empresas. O tempo para iniciar um novo negócio (formal) no Brasil, segundo estudo recente do Banco Mundial, anda em torno de 152 dias; no Canadá, são necessários três dias. Uma vez criadas, contudo, nossas empresas ganham o dom da imortalidade -- as pendências tributárias e trabalhistas tornam praticamente impossível fechá-las legalmente.

As distorções do sistema tributário e do mercado de trabalho estão empurrando parcelas crescentes da força de trabalho e do setor empresarial para a selva da informalidade: cada um por si e todos (ou quase) na lona. Isso condena milhões de brasileiros a uma existência precária, faz cair a produtividade e mina a motivação de investidores nacionais e estrangeiros para criar novos negócios ou expandir os existentes. A "classe média" das empresas é uma categoria em extinção: o equivalente brasileiro de uma Microsoft dificilmente teria conseguido sair da garagem onde nasceu. Paralelamente, a ausência de um marco regulatório confiável e de agências reguladoras livres da intromissão dos governos inibe os investimentos privados em infra-estrutura e nos setores que dela dependem para crescer. Embora as instituições não tenham o dom de garantir sozinhas a prosperidade de todos, elas seguramente têm o poder de condenar uma nação à frustração de seu potencial empreendedor.

O PIB PER CAPITA É DETERMINADO pelo estoque de capital e pela eficiência alocativa. O aumento continuado do PIB per capita resulta de um fluxo adequado de formação de capital (poupança e investimento) e da melhoria do ambiente de negócios (reformas microeconômicas). O Canadá dispõe de um elevado estoque de capital e de instituições que garantem alta eficiência alocativa: é um país rico. A Índia, por seu turno, parte de um baixo PIB per capita, mas vem fazendo espetacular avanço graças a um enorme esforço de formação de capital (físico e humano) e de reformas pró-mercado: o PIB per capita indiano tem crescido 4,3% ao ano desde 1995.

Uns têm estoque (Canadá), outros têm fluxo (Índia). O Brasil encalhou a meio caminho entre os dois: estoque medíocre, fluxo anêmico. Em 2006, o crescimento do PIB deve ficar abaixo de 3%, ante uma taxa projetada de 7,3% para os países emergentes e de 5,1% para o mundo. Medido pela paridade do poder de compra, o PIB brasileiro encolheu de 3,9% para 2,7% do PIB mundial nos últimos 25 anos. Até quando?

domingo, 17 de dezembro de 2006

659) Um tratado inedito para os padroes internacionais

Brasil e EUA selam acordo pró-etanol
Agnaldo Brito
O Estado de S. Paulo, 17 de dezembro de 2006

Brasil e Estados Unidos vão assinar amanhã, em Miami, Flórida, o primeiro acordo bilateral pró-etanol. O negócio, que terá gestão privada, é patrocinado pelo governador da Flórida, John Ellis 'Jeb' Bush (irmão de George W. Bush), pelo ex-ministro da Agricultura e atual presidente do Conselho Superior do Agronegócio da Fiesp, Roberto Rodrigues, e pelo presidente do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), Luis Alberto Moreno. Os três criarão a Comissão Interamericana do Etanol, que tem a pretensão de dar um novo status ao tema da agroenergia em âmbito continental.

O tratado é o primeiro a contemplar a construção de estratégias de médio longo prazos para o desenvolvimento do mercado, da pesquisa e das relações comerciais no campo da agroenergia. Brasil e EUA são hoje os maiores produtores mundiais de etanol, o combustível líquido renovável de maior sucesso no mundo. Juntos, os dois países produzem cerca de 34 bilhões de litros por ano e se preparam para mais que dobrar a produção em uma década.

Combustível líquido de fonte renovável é, apontam especialistas em energia, a alternativa mais efetiva para substituição do petróleo. 'Caminhamos para o fim da era do petróleo e outra civilização começou a emergir, mais justa, mais democrática, ambientalmente mais correta. E isso será construído com o suporte da agroenergia', disse Rodrigues, em entrevista exclusiva ao Estado.

Além de Rodrigues, mais 14 representantes de setores ligados à pesquisa e produção agrícola e industrial do País embarcam hoje para Miami para o evento que cria a Comissão Interamericana do Etanol. A seguir, Roberto Rodrigues, agora fora do governo, explica como a idéia surgiu e como esse passo inédito no agronegócio brasileiro pode mudar o perfil do setor no continente.

Quando surgiu a idéia de criar um acordo binacional Brasil-Estados Unidos de gestão privada para desenvolvimento do etanol?
Em novembro de 2005, mas a idéia inicial não era privada, era pública. Quando o presidente Bush esteve no Brasil, tive a oportunidade de dizer a ele que era preciso buscar uma alternativa de combustível baseada na agroenergia. Depois, ele fez um discurso que repercutiu muito na abertura dos trabalhos do parlamento dos EUA em que dizia ser necessário os Estados Unidos deixarem a dependência do petróleo e buscar alternativas de energia renovável. O plano, lá, é ambicioso. A meta é produzir quase 50 bilhões de litros até 2015. Hoje, eles produzem o que nós produzimos, 16 bilhões de litros.

Quem arquitetou essa Comissão Interamericana do Etanol?
Jeb Bush, governador da Flórida, teve a idéia de montarmos uma instituição para promoção do etanol em todo o hemisfério. Depois que saí do governo, fui procurado pela equipe dele com a idéia. Como o governador da Flórida vai deixar o governo em janeiro, o plano foi o de criar uma comissão binacional, de abrangência continental, na esfera privada, fora do governo. Concordei com o plano, mas sugeri que o BID fosse informado sobre a nova proposição. O BID concordou e aceitou integrar a comissão.

O que irá fazer essa comissão?
O trabalho da Comissão, em primeiro lugar, será o de conhecer a demanda potencial de etanol no mercado mundial, a capacidade de produção dos países, quais políticas podem contribuir com a pesquisa de novas fontes de matéria-prima, como transformar o etanol em commodity para negociação internacional e como deve ser a relação comercial para exportação desse produto.

A discussão da agroenergia tem força para envolver a discussão comercial sobre agricultura?
Esse é um ponto importante. Essa comissão que será criada amanhã em Miami tem uma importância histórica, já que não existe nada semelhante no mundo. É o primeiro tratado internacional com envolvimento do setor privado de ambos os países e de um organismo multilateral, como o Banco Mundial, com objetivo de desenvolver a bioenergia. Vou dizer algo perigoso. Mas veja: quando esse tema ganhar a dimensão que acho que ganhará, isso pode ser, na verdade, a alavanca para mudança dos acordos agrícolas na Organização Mundial do Comércio (OMC). É tamanha a envergadura desse projeto que a OMC pode se mover contra os subsídios agrícolas tendo como base a discussão da agroenergia.

Mas a discussão na OMC hoje está travada exatamente por causa da agricultura.
Se eu fosse Pascal Lamy (diretor-geral da OMC), travaria por mais tempo a discussão agrícola, como aliás já está travada para ver o seguinte: para onde caminha a discussão sobre agroenergia. Vamos ver como vai caminhar esse negócio, depois a gente vê como fica na OMC. Isso porque a agroenergia é o novo paradigma agrícola do mundo e ela está fora das discussões da organização. Acho que lá na frente, o governo vai ampliar essa discussão na OMC e retomar a visão agrícola sob o conceito da agroenergia.

A Comissão binacional para agroenergia hemisférica tem potencial de destravar a Alca?
Esse era o projeto de Jeb Bush. Na cabeça da assessoria dele, essa comissão poderia destravar a Alca (Área de Livre Comércio das Américas) . Eu disse, olha não acho que seja o caso de usar isso para fazer a Alca voltar a andar. Tirei esse tema da agenda da comissão, mas estava na idéia deles. Nas primeiras conversas que tive com Jeb, ele dizia que esse é um mecanismo para retomar a Alca. Insisti: não é.

Do ponto de vista comercial, esse tratado privado orientado para a discussão da agroenergia pode beneficiar de que forma o setor no Brasil?
Temos de assumir a liderança desse novo negócio. Acho que não precisamos exportar só etanol, podemos exportar inteligência, uma usina completa, a gestão da usina de açúcar e de álcool. Quero exportar a gestão de logística. Quero exportar carro flex-fuel. É uma ação que pretende agregar valor às exportações brasileiras. Vou levar muita gente do setor para assinarmos esse acordo que cria essa comissão. O grupo que vai a Miami tem gente de todos os setores, exatamente para envolvê-los num plano mais amplo.

Essa iniciativa pode derrubar a sobretaxa que o álcool brasileiro é obrigado a pagar para entrar nos Estados Unidos?
Pode, mas não no curto prazo. O governador Jeb Bush já tinha pedido ao Congresso americano que reconsiderasse e retirasse a taxa de US$ 0,54 por galão. Hoje, essa taxa representa um custo de 35% acima do preço cobrado na usina, o que inviabiliza a exportação direta. O Congresso ratificou a tarifa por mais dois anos. Sinceramente, não acho que essa tarifa seja um problema sério. Pior do que isso é a indicação. É um sinal, mais um, de que os Estados Unidos dão na OMC. Esse é o ponto negativo, não acho que tenha grandes efeitos comerciais.

Qual será o papel do governo brasileiro?
Hoje, acho que temos um problema de ordem governamental. Existem oito ministérios no Brasil trabalhando no tema da agroenergia. Agricultura, Desenvolvimento Agrário, Minas e Energia, Ciência e Tecnologia, Indústria e Comércio Exterior, Itamaraty, Meio Ambiente e Casa Civil, que coordena uma comissão interministerial, uma tentativa de criar uma política que fale uma coisa só. Ainda não está pronto, mas há uma comissão criada para isso. A primeira missão é harmonizar as políticas públicas. A segunda é harmonizar o tema no setor privado e, por fim, harmonizar o tema no ponto de ligação entre os setores público e privado, como por exemplo estocagem.

O sr. fala em iniciativa histórica. Por quê?
Precisamos perceber o momento que vivemos. A civilização está mudando. Caminhamos para o fim da era do petróleo e outra civilização começou a emergir, mais justa, mais democrática, ambientalmente mais correta. E isso será construído com o suporte da agroenergia. A minha ambição, e tratei isso no governo, enquanto estava lá, é a de que o Brasil pode ser líder nessa mudança mundial.

O Brasil parece ter apetite. Esse avanço da cana não compromete outras culturas?
De forma nenhuma. Hoje, no País, existem 62 milhões de hectares agricultados. Desses, apenas 6 milhões tem cana, 3 milhões para produção de açúcar e 3 milhões para produção de etanol. Temos 220 milhões de hectares de pastagens, 90 milhões são aptos para a agricultura, dos quais 22 milhões são bons para a cana. Só em pastagem, não é Mata Atlântica, Floresta Amazônica, ou qualquer outro bioma. Os 3 milhões de hectares produzem 16 bilhões de litros de álcool. O crescimento de 12 bilhões de litros nos próximos anos pode ser obtido com apenas mais 1,8 milhão de hectares. Isso para os padrões tecnológicos atuais. Não há, portanto, nenhum risco de a cana atrapalhar a produção de alimentos. Aliás, a cana poderá aumentar a produção de grãos, com a rotação de cultura.

terça-feira, 12 de dezembro de 2006

658) Movimentos sociais contra a integracao fisica da America do Sul

AMÉRICA DEL SUR: Dos Cumbres, dos rumbos de integración
Por Carlos Tautz

COCHABAMBA, Bolivia, 9 dic 2006 (IPS) - Las dos Cumbres sudamericanas que concluyeron este sábado en esta central ciudad boliviana plantearon rumbos distintos de integración. Mientras el encuentro social puso por delante los derechos de los pueblos, los presidentes se concentraron en impulsar obras de infraestructura.

Al encuentro oficial, la II Cumbre de la Comunidad Sudamericana de Naciones (CSN) asistieron ocho presidentes. Al tope de la agenda en esta reunión estuvo la interconexión física entre los 12 países del bloque.

Los mandatarios aprobaron la idea de instalar una secretaría general temporal de la CSN por un año en Río de Janeiro, destinada a elaborar estudios sobre la formalización y consolidación de la comunidad. Se trata de un plan de profundización de las relaciones, según dijo el presidente boliviano Evo Morales

Pero el trabajo de la secretaría no será fácil.

Según representantes de varios gobiernos e instituciones financieras presentes en Cochabamba, ese plan de profundización incluye la integración de los gasoductos, las plantas hidroeléctricas y las carreteras, a pesar de la franca oposición de la mayoría de las organizaciones que participaron de la Cumbre Social por la Integración de los Pueblos, que también se celebró en esta ciudad.

"Estamos dispuestos a escuchar a los movimientos sociales como los que están aquí para superar eventuales desconfianzas en la relación a este u otro proyecto", dijo el vicepresidente de infraestructura de la Corporación Andina de Fomento (CAF), Antonio Juan Sosa, en un debate durante la Cumbre Social.

Las organizaciones sociales que participaron de este encuentro, y que elaboraron una declaración con sugerencias que entregaron a los jefes de Estado sudamericanos, consideran equivocada la prioridad que le dan los gobiernos a las obras públicas y subrayan la importancia del desarrollo social.

Para ellos, las grandes centrales hidroeléctricas, los gasoductos y las autopistas entrañan impactos sociales y ambientales que no contribuyen a la integración de los pueblos.

La CSN "no debe ser una prolongación del modelo de libre mercado, basado en la exportación de productos básicos y bienes naturales, fundamentada en el endeudamiento y en la distribución desigual de la riqueza", señala el texto final de la Cumbre Social, que congregó a casi 4.500 personas, en su gran mayoría indígenas.

Pero, carentes de recursos fiscales, los presidentes prefieren ser pragmáticos y aprovechar la buena oferta de créditos en el mercado internacional. En su declaración final, los mandatarios no incluyeron ninguna de las sugerencias hechas en la Cumbre Social.

La CAF, el Banco Interamericano de Desarrollo (BID) y el Banco Nacional de Desarrollo Económico y Social de Brasil disponen juntos de 30.000 millones de dólares en 2006 para préstamos en proyectos.

Esas instituciones están particularmente interesadas en colocar esos recursos en las obras de la Iniciativa de Integración de Infraestructura de la Región de América del Sur (IIRSA), coordinada por el BID.

Casi todos los gobiernos expresaron en la Cumbre de la CSN su respaldo a la IIRSA, y tres de ellos pasaron de la crítica abierta a un apoyo condicionado.

El presidente venezolano Hugo Chávez calificó de "economicista" a la iniciativa, y leyó ante los demás mandatarios un documento en el que los movimientos populares acusan a la IIRSA de ser un instrumento de las empresas multinacionales para exportar recursos naturales sudamericanos a los países ricos.

Chávez también criticó la sucesión de reuniones presidenciales y sugirió la institucionalización de la CSN. "Vamos de cumbre en cumbre, y el pueblo va de abismo en abismo", afirmó.

"Necesitamos (crear) el Banco del Sur, un sistema de salud, universidades y otras instituciones que ayuden a nuestros pueblos a salir de la condición en que se encuentran", añadió.

Mientras, el presidente brasileño Luiz Inácio Lula da Silva, principal defensor de la IIRSA, propuso que un futuro parlamento de la CSN tenga como sede esta ciudad boliviana.

"No tenemos derecho a fallarle al pueblo de este continente. No nos llevará 50 años integrarnos, como le llevó a Europa. El siglo XXI, que no será un siglo perdido como el XX, será el siglo de América del Sur", dijo Lula.

El presidente electo de Ecuador, Rafael Correa, que asistió a la Cumbre de la CSN como invitado, sostuvo que la mayoría de los 31 proyectos de la IIRSA deben ser revisados.

No obstante, dio su respaldo a algunos planes, como la construcción de autopistas y puertos para la exportación de bienes brasileños al Pacífico a través de Ecuador.

En una carta abierta a los movimientos de la Cumbre Social, Morales también mostró cierta reticencia sobre la IIRSA.

Sin embargo, su viceministro de Electricidad, Jerjes Mercado, dijo a IPS que Bolivia quiere participar del primero y hasta ahora más polémico proyecto de la iniciativa: la construcción de dos usinas eléctricas en el río Madeira, en Brasil.

Ambientalistas alertan que esto podría provocar inundaciones que afecten parte del territorio boliviano.

En el campo político, los encuentros en Cochabamba dejaron en claro que, para que la CSN pueda seguir adelante, es necesario unificar los dos bloques de integración: la Comunidad Andina de Naciones (CAN) y el Mercado Común del Sur (Mercosur)

Analistas consideran posible que la elección del izquierdista Rafael Correa en Ecuador ayude a la región a caminar en ese sentido.

"Si él confirma la adhesión al Mercosur, romperá con el eje neoliberal andino de Perú y Colombia, que firmaron tratados de libre comercio con Estados Unidos", señaló el sociólogo Edgardo Lander, de la Universidad Central de Venezuela y uno de los principales teóricos de la Alianza Social Continental, red de organizaciones sociales que participó de la Cumbre paralela.

Lander abandonó Cochabamba con cierto optimismo, a pesar de alertar en varias oportunidades que la CSN necesita tomar decisiones concretas y salir de los "bellos discursos diplomáticos".

A este respecto, Lander puede quedarse tranquilo. Correa confirmó a IPS que este miércoles viajará a Argentina para discutir con el presidente Néstor Kirchner la promoción de Ecuador como nuevo miembro asociado del Mercosur.

segunda-feira, 11 de dezembro de 2006

657) Os objetivos de Hugo Chavez

Segundo informações vindas de Caracas, os elementos centrais da doutrina chavista para o "socialismo do século XXI" seriam os seguintes:

1) a nova ética bolivariana socialista;
2) um modelo produtivo socialista, a economia socialista;
3) uma democracia protagônica revolucionária, na qual o povo detenha o máximo poder da República;
4) a suprema felicidade social;
5) uma nova geografia nacional, por meio da distribuição do desenvolvimento endógeno do país;
6) uma nova geopolítica internacional, com um mundo pluripolar;
7) a Venezuela como potência energética mundial.

Não disponho de maiores elementos de informação sobre cada um desses elementos revolucionários, mas o ponto 4), por exemplo, me relembra imediatamente os princípios revolucionários termidorianos, com jacobinos e outros idealistas desejando criar um regime de felicidade sobre a terra, ou ao menos na França...

656) Instituto Millenium: enfim um foro inteligente para o debate de ideias

Os estudiosos, estudantes ou simples curiosos estão convidados a visitar o site do Instituto Millenium, uma entidade dedicada ao debate de idéias, o que é raro no Brasil.

Apresento abaixo, em ordem cronológica decrescente, uma lista de artigos que ofereci em colaboração ao Instituto Millenium.

18) O Bric é só um exercício intelectual, em 6 de dezembro de 2006.

17) Milton Friedman meets Bob Fields: O reencontro de dois grandes economistas, em 24 de novembro de 2006.

16) Sugestões para uma administração sintonizada com os novos tempos, em 08.11.2006.

15) Colapso!: a decadência econômica do Brasil, em 18.08.2006.

14) Fidel e o Brasil: uma reflexão pessoal, em 13 de agosto de 2006.

13) Teoria da jabuticaba, II: estudos de casos, em 5 de julho de 2006.

12) Idéias fora do lugar, 5, em 26 de junho de 2006.
Já que dispomos de baixo poder de barganha no plano mundial, a defesa mais consistente de nossas posições nos foros multilaterais tem necessariamente de passar por uma ação concertada, através de grupos como o G-77, o Mercosul e o G-20?

11) Idéias fora do lugar, 4, em 8 de junho de 2006
Se o Brasil não consegue exportar devido ao protecionismo dos países ricos, que protegem seus setores estratégicos ou sensíveis, deveríamos, em retaliação, fazer o mesmo?”, 1616.

10) Idéias fora do lugar, 3, em 1º de junho de 2006.
Você acha que a dominação econômica das empresas multinacionais atua como obstáculo para nossa independência tecnológica e se reflete em relações desiguais na balança tecnológica?

9) Idéias fora do lugar, 2, em 26 de maio de 2006
Você acha que o Brasil, por estar situado na periferia, só pode ser dependente de nações poderosas?

8) Os milionários do Rio de Janeiro e o ‘ótimo’ paretiano, em 16.05.2006.

7) Idéias fora do lugar, 1, 09.05.2006.
Você acha que o mundo é injusto, desigual, arbitrário e violento?

6) Uma proposta modesta: a reforma do Brasil”, em 26.04.2006.

5) Sorry, antiglobalizadores: a pobreza mundial tem declinado, ponto!, em 12.04.2006.

4) O Mercosul aos 15 anos, em 29 março 2006

3) A decadência econômica brasileira: uma inevitável tendência pelos próximos vinte anos?, em 08.03.06

2) A insustentável rigidez das sociedades islâmicas, em 2 de março de 2006.

1) América Latina: novo rumo na direção da esquerda?, em 22 fevereiro 2006

domingo, 10 de dezembro de 2006

655) Pequeno balanço das postagens: furtivas visitas

Em meados de junho de 2006, no dia 17, mais exatamente, dei partida a este novo blog Diplomatizzando (http://diplomatizzando.blogspot.com/). Eu havia acumulado até então a marca de 9.133 hits no blog anterior, Diplomatizando.
Este blog alcança, no momento em que escrevo (14hs do dia 9/12/2006), a marca de 24.821 hits, o que dá a base de partida para os cálculos relativos às visitas recebidas (ou hits).
Obviamente, deve-se descontar meus próprios hits de verificação, que não sei se são computados ou não pelo sistema (preferia que não fossem, mas não sei dizer, e agradeceria se alguém mais versado do que eu nos blogs do Google pudesse me informar se as "visitas" do proprietário são computadas como quaisquer outras visitas externas, ou de terceiros).
De junho até aqui diminuiu muito meu ritmo de novas inserções, tanto por causa da preparação e lanamento de meu mais recente livro (O Estudo das Relações internacionais do Brasil), como em virtude do trabalho profissional e acadêmico.
Considerando-se a passagem de mais ou menos 143 dias desde sua inauguração, poder-se-ia afirmar que o Blog recebeu cerca de 110 visitas por dia (24.821 menos 9.133, igual a 15.688, dividido por 143).
Considerando-se que mesmo computados meus próprios hits, que raramente foram superiores a 3 ou 4 por semana, o volume total alcança tal cifra, pode-se dizer que mais de cem pessoas por dia acessaram o meu Blog.
Tenho notícias de poucos visitantes, e muito poucos comentários a respeito dos posts, o que enquadra a maior parte dos visitadores na categoria dos anônimos, dos desconhecidos, dos interessados furtivos.
Qualquer que seja a hipótese mais provável, trata-se de um público interessado, o que certamente aumenta minhas responsabilidades em termos de informação fiável, atualizada, interessante e diferente.
Boa sorte, a mim mesmo, no caminho ulterior...

654) Sobre colegas, livros e leituras...

(uma crônica dos costumes correntes)

Paulo Roberto de Almeida

Como sabem todos os que me conhecem pessoalmente, ou que pelo menos acompanham os meus escritos – e eles são muitos, exageradamente numerosos, confesso –, eu mantenho uma dupla atividade, duas carreiras, quase, que não necessariamente se confundem (mas que podem se completar ou, por vezes, se “atrapalhar” mutuamente): sou diplomata, no plano profissional, e, ao lado disso, exerço lides acadêmicas, em caráter complementar e acessório. Em ambas atividades, tenho por hábito sintetizar minhas leituras, fazer pesquisas, buscar informações, refletir sobre o que leio ou assisto em encontros e reuniões de que participo e, depois, na labuta solitária das noites de computador, tento colocar meus resumos, resenhas, notas e elaborações no papel (ou melhor, em arquivos eletrônicos, como costuma ser mais freqüente hoje em dia).
Dessa múltipla atividade de leitor, observador, sintetizador e escrevinhador resultam, como seria de se esperar, artigos, notas, resenhas de livros, ensaios mais ou menos alentados e, de vez em quando, algum livro destinado ao público universitário. Entendo que essa produção possa ser útil a todos aqueles que estudam ou trabalham os mesmos temas que eu, ainda que seja para que alguns possam oferecer contestação e interpretações divergentes sobre esses temas. Eles costumam ser os de economia internacional e brasileira, desenvolvimento econômico comparado, problemas de integração, relações internacionais, em especial na vertente econômica, história e atualidade diplomática, com maior ênfase na política externa brasileira, e outros campos afins.
Prezo muito o debate intelectual, o confronto de idéias, o exame sério e responsável de argumentos bem informados e embasados empiricamente em todos esses campos citados, com vistas ao enriquecimento de minhas próprias reflexões, ao esclarecimento daqueles mais jovens, à busca, enfim, das melhores soluções possíveis aos problemas de desenvolvimento do Brasil e de outros países em condições similares (que não são, obviamente, as do melhor desenvolvimento humano possível). Entendo que o debate de idéias contribui para a elevação dos argumentos e para a maior racionalidade dessas soluções, inclusive como forma de enfocar questões objetivas vinculadas às dificuldades de desenvolvimento da maior parte dos países de baixo IDH. Não é preciso dizer que lamento muito que no Brasil se pratique tão pouco, e por vezes de forma tão canhestra, o debate de idéias, se é que ele existe, de verdade.

Pois bem, a propósito do quê, exatamente, estou escrevendo estas notas, um pouco egocêntricas, é verdade, em torno dessas minhas características de leitor e de escrevinhador?
Confesso que me senti motivado a fazer estas novas reflexões em vista dos comentários indiretos de um colega – que não revelarei agora se ele, ou ela, é da carreira diplomática ou da academia – que pretendeu fazer troça comigo nesta semana que se passou (4 a 8 de dezembro de 2006). Sem se referir ao meu nome, mas deixando claro sobre quem falava de modo irônico, este distinto colega mencionou que havia “um colega que escreveu muitos livros, que eu não li nenhum”. Não estava presente à cena – e creio que ele não teria feito esse tipo de comentário desairoso em minha presença, mas é possível que sim – e não sei descrever o que se passou em seguida, mas imagino que todos riram, alguns zombeteiramente, outros com sorriso amarelo, para satisfação e deleite do autor da frase, que pretendia, obviamente, ser ferino.
O que poderia ser dito de tal comentário? Em primeiro lugar, que de modo algum ele me diminui. Creio mesmo que o mesmo tipo de sentimento deva ser partilhado por todos aqueles que o ouviram, pois eu não entenderia pessoas normais cultivando o dom da ignorância, ou do desconhecimento voluntário e deliberado. Trata-se, sem dúvida alguma, de uma típica frase de um despeitado, dessas que pertencem à família do “não li e não gostei”. Ela tem a intenção de demonstrar que o seu autor não atribui nenhuma importância aos escritos de um colega, mas que ele não é néscio ao ponto de ignorar os seus, os meus, escritos (pois do contrário nem saberia que esse colega é autor de “muitos livros”).
Não sendo néscio, o autor da frase apenas quer declarar, de público, que é um oponente ideológico – no sentido de detentor de outras idéias – dos argumentos do autor desses “muitos livros”. Algo como: “não li nenhum porque não concordo com as idéias do autor”. É seu direito, claro, mas ele seria mais claro se dissesse em que, e por que, não concorda com essas idéias, sob risco de ficar realmente aparentado ao grupo daqueles que não lêem, mas que não gostam do que não leram. Contraditório, não é mesmo? Patético, aliás.
Em segundo lugar, pode-se dizer que o colega em questão pratica a singular e bizarra arte da ignorância, e não se peja de o declarar de maneira aberta e zombeteira. Surpreende-me, assim, que essa arte encontre adeptos entre membros desta nobre profissão, qualquer que seja ela. O que se deveria presumir é que pessoas engajadas nesse tipo de atividade – acadêmica ou diplomática, pouco importa – cultivem o hábito da leitura e da reflexão pausada, antes de emitir qualquer conceito que possa revelar, não conhecimento, mas de fato ignorância, e o que é pior, deliberada, declarada e voluntária. Patético, mais uma vez, não é mesmo?
Não creio que o colega em questão – da academia ou da diplomacia, não importa aqui – pratique normalmente esse culto à ignorância, tal como demonstrado de maneira pública. Ao contrário. Ele deve ser daqueles que lêem regularmente, jornais, revistas e até mesmo livros, mas que selecionam cuidadosamente aquilo que lêem. No seu rol de leituras só devem entrar aqueles materiais que presumivelmente estejam em pleno acordo com suas próprias idéias. Ou se não for assim, ele pode até, de forma condescendente, se dignar a ler os escritos de algum oponente ideólogico para depois castigá-lo de forma apropriada, através de escritos outros ou declarações públicas que tenham algum embasamento melhor do que o argumento do “não li e não gostei”.
Não me consta, porém, que o colega em questão seja um autor muito prolífico. Da sua produção própria descobri pouca coisa. Seu nome não figura no Google Scholar, que parece ser o padrão da produção acadêmica “citável” (apenas a título de comparação, sob o meu nome, por exemplo, existiam mais de uma centena de entradas em 9.12.2006, mas eu não pretendo humilhar esse meu colega com esse tipo de comparação descabida). No Google normal, aparecem muitas entradas sob o seu nome, mas elas se referem, no mais da vezes, a notícias de imprensa ou a citações indiretas, a propósito de atividades profissionais. Da sua bibliografia própria, conheço uma tese publicada e dois ou três artigos em revistas da área. Pas mal, diriam alguns. Mas, parece que alguns desses artigos foram feitos em colaboração com outros colegas, alguns subordinados, e fica difícil separar agora o que realmente é de Cesar. Mais passons.
Entendo que o colega em questão seja uma pessoa bastante ocupada e que ele certamente teria publicado mais, se suas muitas atividades de caráter profissional não o tivessem impedido. Isso não constitui motivo, porém, para fazer comentários que se pretendem jocosos em relação a um colega, eu, que de resto nunca o confrontou, direta ou indiretamente, por escritos ou palavras, e talvez nem tivesse por que fazê-lo, em vista da pouca visibilidade – com minhas desculpas sinceras – de seus próprios escritos. Na verdade, entendo que provavelmente ele leu, sim, alguns dos meus escritos, e não gostou do que leu. Se não leu algum livro meu – no que acredito que ele é absolutamente sincero –, ele deve, pelo menos, ter lido alguma entrevista minha, sobre algum problema qualquer de relações internacionais, e não deve ter gostado nada do que leu.
Concedo-lhe o direito de se considerar meu opositor ideológico e, se ele aceitasse, eu até o convidaria para um entrevero de plumas, uma espécie de combate de idéias, sobre os temas que ele julga estarem em contradição com o que ele mesmo pensa. Aliás, isso é tudo o que peço dos que não concordam com as minhas idéias: que eles exponham claramente os seus argumentos e que possamos, na saudável exposição e confrontação de idéias, conceitos, fatos e opiniões, chegar a alguma posição comum que possa contribuir para a solução dos muitos problemas que devem preocupar a ambos, como brasileiros que somos e engajados na melhoria intelectual e material de nosso país e dos seus cidadãos desfavorecidos.
Não creio, contudo, que ele venha a fazer isto. Uma pessoa com tal postura moral – isto é, que se permite fazer troça contra um suposto “inimigo intelectual”, ausente do local, aliás – não costuma normalmente se expor ao debate de idéias. Um colega de tal estatura moral costuma fazer isso mesmo que ele fez: fazer troça dos que lhe parecem arrogantes, vaidosos ou exagerados (sim, pois o fato de escrever “muitos livros” deve constituir algum defeito de caráter, que não consigo perceber exatamente qual seja). Ao ostentar essa opinião de maneira aberta, o colega em questão pretende, de fato, diminuir o colega que sou eu, que mesmo tendo escrito “muitos livros” não merece que eles sejam lidos, sobretudo por ele mesmo. É seu direito, certamente.
Lamento, não por mim, mas pelo mau exemplo dado aos colegas mais jovens, que espero não sintam obrigados a seguir esse meu colega em seu culto à ignorância.
Não sei por que, mas me veio agora à mente aquela famosa frase de um general fascista, franquista mais bem dito, Millan Astray, que respondeu assim a um famoso intelectual espanhol, Miguel de Unamuno, que tentava defender a Universidade de Salamanca das agruras da guerra civil: “Viva la muerte. Abajo la inteligencia.” Não quero exagerar, mas creio que a frase ferina do meu colega pertence a um ramo distante da mesma família. Esperemos que ela não se dissemine em seu meio.

PS.: Como estou colocando esta nota em um dos meus blogs, convido este meu colega, se ele desejar, é claro, a se pronunciar a respeito – em caráter anônimo, obviamente – na seção de comentários que está democraticamente à disposição de amigos e inimigos de minha produção intelectual. Não precisa sequer fazer comentários muito elaborados ou argumentos específicos. Pode xingar à vontade. Eu entenderei...

Paulo Roberto de Almeida
Brasília, 9 de dezembro de 2006
(pralmeida@mac.com; www.pralmeida.org)
No blog Diplomatizzando, número 654

sábado, 9 de dezembro de 2006

653) Concurso do IRBr: Programa e bibliografia

Transcrevo abaixo uma parte do programa e da bibliografia do próximo concurso à carreira diplomática (2007):

PORTUGUÊS (Segunda Fase):
1 Língua Portuguesa: modalidade culta usada contemporaneamente no Brasil.
1.1 Sistema gráfico: ortografia, acentuação e pontuação; legibilidade. 1.2 Morfossintaxe. 1.3 Semântica. 1.4 Vocabulário.
2 Leitura e produção de textos.
2.1 Compreensão, interpretação e análise crítica de textos em língua portuguesa. 2.2 Conhecimentos de Lingüística, Literatura e Estilística: funções da linguagem; níveis de
linguagem; variação lingüística; gêneros e estilos textuais; textos literários e não-literários;
denotação e conotação; figuras de linguagem; estrutura textual. 2.3 Redação de textos dissertativos dotados de fundamentação conceitual e factual, consistência argumentativa, progressão temática e referencial, coerência, objetividade, precisão, clareza, concisão, coesão textual e correção gramatical. 2.3.1 Defeitos de conteúdo: descontextualização, generalização, simplismo, obviedade, paráfrase, cópia, tautologia, contradição. 2.3.2 Vícios de linguagem e estilo: ruptura de registro lingüístico, coloquialismo, barbarismo, anacronismo, rebuscamento, redundância e linguagem estereotipada.

Bibliografia obrigatória:
ASSIS, Machado de. Memórias Póstumas de Brás Cubas. ---. Papéis Avulsos.
CANDIDO, Antonio. Formação da Literatura Brasileira.
FREYRE, Gilberto. Casa Grande e Senzala.
FURTADO, Celso. Formação Econômica do Brasil.
HOLANDA, Sérgio Buarque de. Raízes do Brasil.
PRADO Jr., Caio. Formação do Brasil Contemporâneo.
RAMOS, Graciliano. Vidas Secas. ---. Memórias do Cárcere.
RIBEIRO, Darcy. O Povo Brasileiro: A formação e o sentido do Brasil.

HISTÓRIA DO BRASIL (Terceira Fase):
1 O período colonial.
A Configuração Territorial da América Portuguesa. O Tratado de Madri e Alexandre de Gusmão.
2 O processo de independência.
Movimentos emancipacionistas. A situação política e econômica européia. O Brasil sede do Estado monárquico português. A influência das idéias liberais e sua recepção no Brasil. A política externa. O Constitucionalismo português e a Independência do Brasil.
3 O Primeiro Reinado (1822-1831).
A Constituição de 1824. Quadro político interno. Política exterior do Primeiro Reinado.
4 A Regência (1831-1840).
Centralização versus Descentralização: reformas institucionais. (o Ato Adicional de 1834) e revoltas provinciais. A Dimensão Externa.
5 O Segundo Reinado (1840-1889).
O Estado centralizado; mudanças institucionais; os partidos políticos e o sistema eleitoral; a questão da unidade territorial. Política externa: as relações com a Europa e Estados Unidos; questões com a Inglaterra; a Guerra do Paraguai. A questão da escravidão. Crise do Estado Monárquico. As questões religiosa, militar e abolicionista. Sociedade e Cultura: população, estrutura social, vida acadêmica, científica e literária. Economia: a agroexportação; a expansão econômica e o trabalho assalariado; as políticas econômico-financeiras; a política alfandegária e suas conseqüências.
6 A Primeira República (1889-1930).
A proclamação da República e os governos militares. A Constituição de 1891. O regime oligárquico: a “política dos estados”; coronelismo; sistema eleitoral; sistema partidário; a hegemonia de São Paulo e Minas Gerais. A economia agro-exportadora. A crise dos anos 1920: tenentismo e revoltas. A Revolução de 1930. A política externa: a obra de Rio Branco; o panamericanismo; a II Conferência de Paz da Haia (1907); o Brasil e a Grande Guerra de 1914; o Brasil na Liga das Nações. Sociedade e cultura: o Modernismo.
7 A Era Vargas (1930-1945).
O processo político e o quadro econômico financeiro. A Constituição de 1934. A Constituição de 1937: o Estado Novo. O contexto internacional dos anos 1930 e 1940; o Brasil e a Segunda Guerra Mundial. Industrialização e legislação trabalhista. Sociedade e cultura.
8 A República Liberal (1945-1964).
A nova ordem política: os partidos políticos e eleições; a Constituição de 1946. Industrialização e urbanização. Política externa: relações com os Estados Unidos; a Guerra Fria; a “Operação Panamericana”; a “política externa independente”; o Brasil na ONU. Sociedade e cultura.
9 O Regime Militar (1964-1985).
A Constituição de 1967 e as modificações de 1969. O processo de transição política. A economia. Política externa: relações com os Estados Unidos; o “pragmatismo responsável”; relações com a América Latina, relações com a África; o Brasil na ONU. Sociedade e cultura.
10 O processo democrático a partir de 1985.
A Constituição de 1988. Partidos políticos e eleições. Transformações econômicas. Impactos da globalização. Mudanças sociais. Manifestações culturais. Evolução da política externa. Mercosul. O Brasil na ONU.

GEOGRAFIA (Terceira Fase):
1 Conceitos e teorias da Geografia.
1.1 Espaço, território, região, lugar e paisagem: conceituação. 1.2 Meio ambiente e desenvolvimento sustentável: conceituação. 1.3 As teorias geográficas da relação sociedade/natureza. 1.4 O campo geográfico: divisões e interfaces.
2 A formação territorial do Brasil.
2.1 Macrodivisão natural do espaço brasileiro (relevo, clima, vegetação, hidrografia). 2.2 Os grandes eixos de ocupação do território e a cronologia do processo de formação territorial. 2.3 A cartografia e a definição das fronteiras do Brasil. 2.4 A estruturação da rede de cidades no Brasil e os processos recentes de urbanização. 2.5 O processo de industrialização e as tendências atuais da localização das indústrias no Brasil. 2.6 O processo de modernização da agricultura no Brasil e suas tendências atuais. 2.7 Regionalização e divisão inter-regional do trabalho no Brasil.
3 O Brasil no contexto geopolítico mundial.
3.1 O processo de mundialização da economia e a divisão internacional do trabalho: globalização e periferia na atualidade. 3.2 Herança colonial, condição periférica e industrialização tardia: a América Latina. 3.3 A globalização e a América do Sul na nova ordem política internacional. 3.4 A questão ambiental no Brasil e os desafios do desenvolvimento sustentável. 3.5 Os ecossistemas brasileiros e as principais causas de sua degradação. 3.6 Perspectivas de integração nas bacias do rio da Prata e do rio Amazonas. 3.7 Os fluxos e redes transnacionais e o território brasileiro.
4 Temas de Geografia contemporânea.
4.1 Soberania, identidade nacional e multiculturalismo. 4.2 Geografia da População: migrações e direitos humanos. 4.3 Degradação ambiental e gestão de recursos naturais. 4.4 Desigualdades sociais e padrões de consumo no mundo atual. 4.5 Conflitos geopolíticos contemporâneos.

POLÍTICA INTERNACIONAL (Terceira Fase):
1. Relações internacionais: conceitos básicos, atores, processos, instituições e principais paradigmas teóricos.
2. A política externa brasileira: evolução desde 1945, principais vertentes e linhas de ação.
3. O Brasil e a América do Sul. Mercosul. 4. A política externa argentina. A Argentina e o Brasil.
5. A política externa norte-americana e relações com o Brasil.
6. Relações do Brasil com os demais países do hemisfério.
7. Política externa francesa e relações com o Brasil.
8. Política externa inglesa e relações com o Brasil.
9. Política externa alemã e relações com o Brasil.
10. A União Européia e o Brasil.
11. Política externa russa e relações com o Brasil
12. A África e o Brasil.
13. A política externa da China, da Índia e do Japão; relações com o Brasil.
14. Oriente Médio: a questão palestina; Iraque; Irã.
15. A Comunidade dos Países de Língua Portuguesa.
16. O Brasil e o projeto de área de livre comércio das Américas (ALCA).
17. A agenda internacional e o Brasil:
17.1 Desenvolvimento; 17.2 Pobreza e ações de combate à fome; 17.3 Meio ambiente; 17.4 Direitos Humanos; 17.5 Comércio internacional e Organização Mundial do Comércio (OMC); 17.6 Sistema financeiro internacional; 17.7 Desarmamento e não-proliferação; 17.8 Terrorismo; 17.9 Narcotráfico; 17.10 A reforma das Nações Unidas.

NOÇÕES DE DIREITO E DIREITO INTERNACIONAL PÚBLICO (Terceira Fase):
I– Noções de direito e ordenamento jurídico brasileiro.
1 Normas jurídicas. Características básicas. Hierarquia.
2 Constituição: conceito, classificações, primado da Constituição, controle de constitucionalidade das leis e dos atos normativos.
3 Fatos e atos jurídicos: elementos, classificação e vícios do ato e do negócio jurídico.
Personalidade jurídica no direito brasileiro.
4 Estado: características, elementos, soberania, formas de Estado, confederação, república e monarquia, sistemas de governo (presidencialista e parlamentarista), estado democrático de direito.
5 Organização dos poderes no direito brasileiro.
6 Processo legislativo brasileiro.
7 Princípios, direitos e garantias fundamentais
da Constituição Federal de 1988 (CF/88).
8 Noções de organização do Estado na CF/88: competências da União, dos Estados-membros e dos municípios; características do Distrito Federal.
9 Atividade administrativa do Estado brasileiro: princípios constitucionais da administração pública e dos servidores públicos, controle de legalidade dos atos da Administração.
10 Responsabilidade civil do Estado no direito brasileiro.
II – Direito internacional público.
1 Caráter jurídico do direito internacional público (DIP): fundamento de validade da norma jurídica internacional; DIP e direito interno; DIP e direito internacional privado (Lei de Introdução ao Código Civil).
2 Fontes do DIP: Estatuto da Corte Internacional de Justiça (artigo 38); atos unilaterais do Estado; decisões de organizações internacionais; normas imperativas (jus cogens).
3 Sujeitos do DIP: Estados
[conceito; requisitos; território; população (nacionalidade, condição jurídica do estrangeiro, deportação, expulsão e extradição); governo e capacidade de entrar em relações com os demais Estados; surgimento e reconhecimento (de Estado e de governo); sucessão; responsabilidade internacional; jurisdição e imunidade de jurisdição; diplomatas e cônsules: privilégios e imunidades]; organizações internacionais (definição, elementos constitutivos, classificação, personalidade jurídica), Organização das Nações Unidas (ONU); Santa Sé e Estado da Cidade do Vaticano; Indivíduo. 4 Solução pacífica de controvérsias internacionais (artigo 33 da Carta da ONU): meios diplomáticos, políticos e jurisdicionais (arbitragem e tribunais internacionais).
5 Direito internacional dos direitos humanos: proteção (âmbito internacional e regional); tribunais internacionais; direito internacional humanitário; direito do refugiado.
6 Direito da integração: noções gerais;
MERCOSUL e União Européia (gênese, estrutura institucional, solução de controvérsias).
7 Direito do comércio internacional: conhecimentos elementares;
Organização Mundial do Comércio (gênese, estrutura institucional, solução de controvérsias). 8 Cooperação jurídica internacional em matéria penal.

NOÇÕES DE ECONOMIA (Terceira Fase):
1 Conceitos básicos.
1.1 O objeto da Economia: escassez e usos alternativos; bens econômicos; sistema de preços e alocação de recursos. 1.2 Noções sobre a evolução da análise econômica: pensamento clássico e
marxista; a escola neoclássica; Keynes; desenvolvimentos pós-keynesianos. 1.3 Medida da
atividade econômica: produto e renda; contas nacionais: os grandes agregados e sua estimação; valores nominais e valores reais; índices de preços. 1.4 Noções de Microeconomia: determinantes da procura e da oferta; elasticidades; o equilíbrio de mercado; concorrência perfeita, monopólio e outras estruturas de mercado. 1.5 Moeda e sistema bancário: oferta e procura de moeda; Banco Central e política monetária; inflação. 1.6 Noções de Economia Internacional: taxas de câmbio e sua determinação; o balanço de pagamentos; a noção de vantagens comparativas e vantagens competitivas. Movimentos internacionais de capitais. Taxa de juros interna e externa. Integração econômica, comércio mundial e acordos regionais.
2 Formação da Economia Brasileira.
2.1 A economia brasileira no período colonial: a economia açucareira do Nordeste; auge e declínio da mineração. 2.2 A economia brasileira no século XIX: expansão da lavoura cafeeira;
transformações no final do período: abolição do escravismo, início do desenvolvimento industrial. 2.3 A economia brasileira na primeira metade do século XX: as duas guerras mundiais; a depressão dos anos trinta e seus reflexos; o processo de industrialização: fases,
características. 2.4 A economia brasileira na segunda metade do século XX: desenvolvimentismo e planejamento econômico; endividamento público e processo inflacionário; choques externos e planos de estabilização; opções de política econômica; mercado de trabalho; ciência, tecnologia e inovação; comércio exterior e integração econômica.

(Programas completos e outras informações, ver no próprio edital, citado no post abaixo)

sexta-feira, 8 de dezembro de 2006

652) Futuros diplomatas, preparem suas canetas...

Acaba de sair o edital para o concurso à carreira diplomática de 2007.
Neste link: http://www.irbr.mre.gov.br/edital_CACD_2007.pdf

Agora, não dá mais para ficar enrolando. Quem precisa estudar, pode esquecer festejos de fim de ano, bebidas, diversão, sonecas e tudo o mais.
Não há tempo a perder: agora é só livro e internet...
Boa sorte a todos os candidatos...

651) Onde tem pensão, não precisa lutar pelo pão...

Uma realidade que eu já temia, quando do seu lançamento: o Bolsa Família está retirando pessoas do mercado de trabalho, em lugar de incluí-las. Com o arroz e feijão assegurado no decorrer do mês, por que se preocupar em arrumar um emprego?

Cafeicultores do Espírito Santo não estão conseguindo mão-de-obra para a colheita por causa do Bolsa-Família
A Gazeta - ES, 5/12/2006

Preocupações crescentes
Por Uchôa de Mendonça

Os produtores de café do Espírito Santo estão passando por um momento de dificuldades: a mão-de-obra para a colheita. Antes, abundante, oriunda de vários pontos, ela surgia nas ocasiões propícias, na busca daquele dinheiro certo. Hoje, com o advento do Bolsa-Família, a situação tomou um rumo surpreendente, e os produtores rurais estão enfrentando um problema que nunca imaginaram.

Com a pressão do Ministério do Trabalho e Emprego, para que o empregador assine a carteira de trabalho do chamado bóia-fria, a surpresa veio com a recusa do trabalhador em entregar seu documento, que, se assinado for, impedirá que ele receba o Bolsa-Família, que beneficia quem está desempregado...

O mesmo está acontecendo com o produtor de cana, que não está encontrando, no momento que mais precisa, aquela mão-de-obra sempre disponível, obrigando-o a ingressar no campo da mecanização, que, entretanto, não pode atender a todos os produtores, mormente os que possuem plantações nas áreas montanhosas.

A respeito do Bolsa-Família tivemos recentemente o pronunciamento do presidente da Comissão Pastoral para o Serviço da Caridade, Justiça e Paz, dom Aldo Pagotto, que fez a seguinte observação: "É só uma ajuda pessoal e familiar. É verdade que 11 milhões de famílias recebem o Bolsa-Família no Nordeste e no Norte, mas isso levou a uma acomodação, a um empanzinamento. Não se busca mais, parece que não há visão do crescimento, desenvolvimento e inserção".

Na visão de dom Aldo a política de gestão do "professor" Lula tem desencadeado o que chamou de "favelização rural", devido a essa ausência de crédito e assistência técnica. "O povo vai desistindo de plantar", defendendo ele que o presidente ouça mais o povo.

A reforma agrária brasileira é uma tragédia, está promovendo a favelização do meio rural, onde as famílias, sob o comando do MST, se amontoam à beira das estradas como um espécie de propaganda contra o desenvolvimento nacional. Onde tem uma fazenda organizada, um campo experimental, principalmente de grupo estrangeiro, promovem invasões, com o objetivo de destruir tudo que encontram pela frente.

Estamos caminhando para uma agitação social sem precedentes na história nacional. Não existe dinheiro, não há mecanismo de salvação para essa gente despreparada, que precisa ser sustentada eternamente, de cesta básica, porque não produz nada, gasta tudo que recebe com bebidas e até mesmo festas, com grande irresponsabilidade, para satisfação de uma liderança que se mobiliza exatamente pela destruição dos sentimentos de desenvolvimento nacional.

A CNBB, por meio de suas mais expressivas lideranças, como dom Aldo Pagotto, Geraldo Magella e outros, que criticam a política social de Lula, lastimam esse processo de negociação de cargos públicos em troca de apoio político.

Não vai demorar muito para ocorrer uma grande tragédia nacional, no campo das insatisfações sociais, pela irresponsabilidade governamental.

Gutman Uchôa de Mendonça escreve às terças e aos sábados.e-mail: fecomes.vix@zaz.com.br

quarta-feira, 6 de dezembro de 2006

650) How the US distorts its self-image, by Robert Kagan

How the US distorts its self-image
By Robert Kagan
Financial Times, December 5 2006

It is astonishing how little Americans understand their own nation. Recently, the president of the Council on Foreign Relations, a man long on intellect and government experience, opined that the Iraq war has generated so much controversy because it is such an aberration: “The emphasis on promotion of democracy, the emphasis on regime change, the war of choice in Iraq – all of these are departures from the traditional approach.”

Many Europeans would certainly like to believe that Iraq was the product of aberrant “neo-conservative” ideas about foreign policy and that a traditional America lies just around the corner. Many Americans would like to believe this, too. We prefer to see ourselves as a peace-loving, introspective lot, a nation born in innocence and historically never choosing war but compelled to war by others.

This self-image is at odds with reality, however. Americans have gone to war frequently in their history, rarely out of genuine necessity. Since the cold war, America has launched more military interventions than all other great powers combined. The interventions in Somalia, Haiti, Bosnia and Kosovo were wars of choice, waged for moral and humanitarian ends, not strategic or economic necessity, just as realist critics protested at the time. Even the first Gulf war in 1991 was a war of choice, fought not for oil but to defend the principles of a “new world order” in which aggression could not go unpunished. The US might have drawn the line at Saudi Arabia, as Colin Powell, then chairman of the Joint Chiefs of Staff, proposed.

The first US military intervention of the post-cold war era, the 1989 invasion of Panama, was a war for “regime change” and democracy. President George H. W. Bush sent 22,500 troops to oust Manuel Noriega and, as he declared, “to defend democracy” in a conflict “between Noriega and the people of Panama”. The conservative columnist George Will favoured this “act of hemispheric hygiene” even though American national interests, “narrowly construed”, did not justify war. That was an argument “against the narrow construing of national interests”.

Americans, in fact, have always defined their interests broadly to include the defence and promotion of the “universal” principles of liberalism and democracy enunciated in the Declaration of Independence. “The cause of America is the cause of all mankind,” Benjamin Franklin declared at the time of the American revolution, and as William Appleman Williams once commented, Americans believe their nation “has meaning . . . only as it realises natural right and reason throughout the universe”.

This is the real “traditional approach”: the conviction that American power and influence can and should serve the interests of humanity. It is what makes the US, in Bill Clinton’s words, the “indispensable nation”, or as Dean Acheson colourfully put it six decades ago, “the locomotive at the head of mankind”. Americans do pursue their selfish interests and ambitions, sometimes brutally, as other nations have throughout history. Nor are they innocent of hypocrisy, masking selfishness behind claims of virtue. But Americans have always had this unique spur to global involvement, an ideological righteousness that inclines them to meddle in the affairs of others, to seek change, to insist on imposing their avowed “universal principles” usually through peaceful pressures but sometimes through war.

This enduring tradition has led Americans into some disasters where they have done more harm than good, and into triumphs where they have done more good than harm. These days, this conviction is strangely called “neo-conservatism”, but there is nothing “neo” and certainly nothing conservative about it. US foreign policy has almost always been a liberal foreign policy. As Mr Will put it, the “messianic impulse” has been “a constant of America’s national character, and a component of American patriotism” from the beginning.

The other constant, however, has been a self-image at odds with this reality. This distorted self-image has its own noble origins, reflecting a perhaps laudable liberal discomfort with power and a sense of guilt at being perceived as a bully, even in a good cause. When things go badly, as in Iraq, the cry goes up in the land for a change. There is a yearning, even among the self-proclaimed realists, for a return to an imagined past innocence, to the mythical “traditional approach”, to a virtuous time that never existed, not even at the glorious birth of the republic.

This is escapism, not realism. True realism would recognise America for what it is, an ambitious, ideological, revolutionary nation with a belief in its own world-transforming powers and a historical record of enough success to sustain that belief.

Whether the US conducts itself successfully or stumbles in the coming years will depend on the wisdom and capacity of the statesmen and women the American people choose to shape and carry out their foreign policy. But the broad direction of that foreign policy will remain much as it has been for over two centuries. Anything else would be an aberration.

The writer is an author, most recently, of “Dangerous Nation,” a history of American foreign policy (Knopf)

Copyright The Financial Times Limited 2006

sábado, 2 de dezembro de 2006

649) Uma reflexao pessoal sobre as relacoes entre Estado e governo

(que também pode ser lida como uma declaração de princípios)
Paulo Roberto de Almeida

As relações entre funcionários de carreira do Estado e os governos em vigor são sempre delicadas, uma vez que governos costumam solicitar adesões imediatas, em geral incondicionais, ao passo que Estados são entidades impessoais, aparentemente desprovidas de vontade própria, ainda que pautando-se por normas constitucionais mais ou menos permanentes. Os governos passam, o Estado fica, mas ele pode ser transformado pelo governo em vigor, se este último imprime uma ação de transformação estrutural das condições existentes ao início de seu mandato.
Funcionários de Estado devem ater-se, antes de mais nada, às normas constitucionais, tendo como diretrizes adicionais as leis gerais e os estatutos particulares que regem sua categoria ou profissão. Geralmente, mas nem sempre, os governos respeitam os estatutos próprios e os princípios que devem enquadrar as diferentes categorias de servidores do Estado, estabelecendo determinações que incidem mais sobre a conjuntura do que sobre a estrutura. Em alguns casos, governos pretendem não apenas transformar estruturalmente o Estado e a sociedade, mas também os regulamentos e as formas de atuação do Estado.
Desde que respaldada nas normas constitucionais em vigor e na vontade legítima da sociedade, tal como expressa pela via democrática das eleições, essa vontade transformista pode concorrer para a melhoria das condições de bem-estar da sociedade, pois se supõe que o governo encarna aquilo que em linguagem rousseauniana se chamaria “vontade geral”. A “vontade geral” é, contudo, algo tão difícil de ser definida quanto o chamado “interesse nacional”, suscetível de receber diferentes interpretações, tantas são as correntes políticas, os grupos sociais, os partidos em disputa pelo poder e outras configurações sociais que gravitam em torno do poder. Sim, antes de qualquer outra coisa, “vontade geral” e “interesse nacional” são basicamente definidos por quem detém o poder, não necessariamente em conclaves abertos ao conjunto da sociedade.
O moderno Estado democrático deveria ostentar um sistema de freios e contrapesos que impeça – ou pelo menos dificulte – sua manipulação por minorias partidárias que pretendem agir com base em “interesses peculiares” ou com base na “vontade particular” do grupo que ocasionalmente ocupa o governo. Tais são os papéis respectivos do parlamento e dos tribunais constitucionais, segundo o velho sistema do “equilíbrio de poderes”, ou segundo o moderno sistema – de inspiração anglo-saxã – dos checks and balances, que transformam toda vontade de alteração institucional em um delicado jogo de pressões e contra-pressões. Há que se atentar, também, para a necessária continuidade da ação do Estado, que poderia ficar comprometida caso a ação de um grupo detendo o poder temporariamente – isto é, exercendo o governo de forma legítima – busque alterar radicalmente políticas e orientações estabelecidas através de consensos anteriormente alcançados.
Pode-se dizer que as democracias modernas funcionam quase sempre segundo essa visão gradualista, qual seja, a de uma custosa negociação entre os grupos políticos representados no parlamento, seguida de uma lenta implementação das decisões alcançadas. A construção de consensos é tipica dos regimes parlamentaristas, baseados numa maioria mais ampla do corpo político e social, mas é menos típica nos regimes puramente presidencialistas, onde tendem a se desenvolver comportamentos cesaristas ou bonapartistas (isto é, com um apelo direto às massas). Neste caso, o carisma do líder político pode resultar num canal de comunicação direta deste com os eleitores, por cima e acima dos demais poderes, que encontram dificuldades para participar do processo decisório em bases rotineiras.
Tal tipo de situação também pode colocar desafios não convencionais aos funcionários de Estado, que podem ser chamados a implementar decisões que resultem, não de um processo gradual de consensus building, mas de uma decisão solitária do líder cesarista. Velhas normas e antigas tradições podem ser contestadas ou postas à prova nesse novo roteiro, o que coloca esses funcionários ante o dilema de aderir simplesmente à vontade do governo ou de buscar respaldo nas formas mais convencionais de atuação do Estado.
Não há uma resposta simples a esse dilema, pois ele implica em que o funcionário possa aferir se o processo decisório que conduziu a uma determinada tomada de decisão política está seguindo os canais institucionais consagrados ou se os novos procedimentos estão atropelando as normas e procedimentos do Estado. Em geral, a resposta é dada pela linha de menor resistência, que passa pela afirmação dos conhecidos princípios da hierarquia e da disciplina. Do funcionário de Estado se pede obediência aos ditames do governo, não necessariamente uma reflexão pessoal sobre os fundamentos da ação do governo. Esta última atitude é própria dos agentes políticos, não dos funcionários de carreira, aos quais se demanda obediência e aquiescências às ordens e determinações superiores, não uma contestação filosófica, ou prática, dessas determinações. A rigor, ao funcionário não se pede nem se requer reflexão própria, mas sim acatamento de decisão já tomada.
Quando o próprio funcionário é convertido em agente político, pode surgir algum conflito de consciência entre a antiga forma de procedimento coletivo – as burocracias estatais são sempre construções coletivas – e as novas condições de trabalho, que impõem adesão incontida e total ao poder do qual emana o seu novo cargo. Dele se espera, então, equilíbrio e ponderação na forma de conduzir sua ação.
Em que condições, nessas circunstâncias, pode o funcionário de Estado continuar a exibir independência de pensamento – e uma certa faculdade na propositura de novos cursos de ação – quando a autoridade legítima requer adesão pura e simples a decisões emanadas de uma fonte cesarista de poder? Não há respostas teóricas a esta questão, que exige uma reflexão de ordem essencialmente prática, em função das relações sociais, modos de atuação e poder de barganha respectivos dos agentes de Estado e de governo envolvidos num determinado processo decisório.
Minha própria ordem de prioridades tenderia a colocar esse processo decisório numa escala de preferências que parte da Nação, passa pelo Estado e, finalmente, desemboca no governo. Pragmaticamente, porém, sou também levado a reconhecer que os dois primeiros conceitos, os de Nação e Estado – assim como os de “vontade geral” e de “interesse nacional” –, são suficientemente vagos e arbitrários para abrigar todo tipo de postura em face de determinações governamentais. Em última instância tende a prevalecer o bom senso e uma certa capacidade de avaliação racional dos “custos de oportunidade” envolvidos em cada uma das decisões governamentais com as quais o funcionário de Estado pode ser confrontado.
Quero crer que a construção de um Estado “racional-legal” e a consolidação de uma democracia efetiva no Brasil já avançaram o suficiente como para permitir que funcionários de Estado – como o que aqui escreve – possam contribuir, de forma mais ou menos institucionalizada, para a tomada de decisões em sua esfera de atuação, independentemente de posturas mais ou menos marcadas pela vontade momentânea de alguma autoridade governamental. Ou estarei enganado?


Paulo Roberto de Almeida
Brasília, 2 de dezembro de 2006
(pralmeida@mac.com; www.pralmeida.org)

648) L.I.V.R.O.



L.I.V.R.O.

Existe entre nós, muito utilizado, mas que vem perdendo prestígio por falta de propaganda dirigida, e comentários cultos, embora seja superior a qualquer outro meio de divulgação, educação e divertimento, um revolucionário conceito de tecnologia de informação.

Chama-se de Local de Informações Variadas, Reutilizáveis e Ordenadas – L.I.V.R.O.

L.I.V.R.O. que, em sua forma atual, vem sendo utilizado há mais de quinhentos anos, representa um avanço fantástico na tecnologia. Não tem fios, circuitos elétricos, nem pilhas. Não necessita ser conectado a nada, ligado a coisa alguma. É tão fácil de usar que qualquer criança pode operá-lo. Basta abri-lo!

Cada L.I.V.R.O. é formado por uma seqüência de folhas numeradas, feitas de papel (atualmente reciclável), que podem armazenar milhares, e até milhões, de informações. As páginas são unidas por um sistema chamado lombada, que as mantém permanentemente em seqüência correta. Com recurso do TPO Tecnologia do Papel Opaco – os fabricantes de L.I.V.R.O.S podem usar as duas faces (páginas) da folha de papel. Isso possibilita duplicar a quantidade de dados inseridos e reduzir os custos à metade!

Especialistas dividem-se quanto aos projetos de expansão da inserção de dados em cada unidade. É que, para fazer L.I.V.R.O.S com mais informações, basta usar mais folhas. Isso porém os torna mais grossos e mais difíceis de ser transportados, atraindo críticas dos adeptos da portabilidade do sistema, visivelmente influenciados pela nanoestupidez.

Cada página do L.I.V.R.O. deve ser escaneada opticamente, e as informações transferidas diretamente para a CPU do usuário, no próprio cérebro, sem qualquer formatação especial. Lembramos apenas que, quanto maior e mais complexa a informação a ser absorvida, maior deverá ser a capacidade de processamento do usuário.

Vantagem imbatível do aparelho é que, quando em uso, um simples movimento de dedo permite acesso instantâneo à próxima página. E a leitura do L.I.V.R.O. pode ser retomada a qualquer momento, bastando abri-lo. Nunca apresenta "ERRO FATAL DE SENHA", nem precisa ser reinicializado. Só fica estragado ou até mesmo inutilizável quando atingido por líquido. Caso caia no mar, por exemplo. Acontecimento raríssimo, que só acontece em caso de naufrágio.

O comando adicional moderno chamado ÍNDICE REMISSIVO, muito ajudado em sua confecção pelos computadores (L.I.V.R.O. se utiliza de toda tecnologia adicional), permite acessar qualquer página instantaneamente e avançar ou retroceder na busca com muita facilidade. A maioria dos modelos à venda já vem com esse FOFO (softer) instalado.

Um acessório opcional, o marcador de páginas, permite também que você acesse o L.I.V.R.O. exatamente no local em que o deixou na última utilização, mesmo que ele esteja fechado. A compatibilidade dos marcadores de página é total, permitindo que funcionem em qualquer modelo ou tipo de L.I.V.R.O. sem necessidade de configuração. Todo L.I.V.R.O. suporta o uso simultâneo de vários marcadores de página, caso o usuário deseje manter selecionados múltiplos trechos ao mesmo tempo. A capacidade máxima para uso de marcadores coincide com a metade do número de páginas do L.I.V.R.O.

Pode-se ainda personalizar o conteúdo do L.I.V.R.O., por meio de anotações em suas margens. Para isso, deve-se utilizar um periférico de Linguagem Apagável Portátil de Intercomunicação Simplificada – L.A.P.I.S.

Elegante, durável e barato, L.I.V.R.O. vem sendo apontado como o instrumento de entretenimento e cultura do futuro, como já foi de todo o passado ocidental. São milhões de títulos e formas que anualmente programadores (editores) põem à disposição do público utilizando essa plataforma.

E, uma característica de suprema importância: L.I.V.R.O. não enguiça!

647) A matter of definition...

Em matéria de religião, eu me defino como "irreligioso", simplesmente.
Não tenho nada contra as religiões, aliás, nem algo a favor.
Sou simplesmente indiferente, no plano pessoal.
Como sociólogo, apenas reconheço a tremenda importância das religiões, na vida das pessoas, no destino das sociedades em geral.
O mundo não existe sem religião, elas são importantes e necessárias, pois são elas que dão, à maior parte das pessoas, valores pelos quais viver.
No meu caso, tenho os meus valores e dispenso os das religiões, embora vários dos meus valores se confundam com os de várias religiões.
Mas trata-se de uma coincidência, não de uma imposição ou necessidade...

646) Bouvard e Pecouchet, American Style...

Para quem ainda nao conhece, uma versão americana de Bouvard et Pecouchet:

Ambrose Bierce's The Devil's Dictionary

Link: http://www.online-literature.com/bierce/devilsdictionary/
Acesso: 2 Dez 2006

PREFACE
The Devil's Dictionary was begun in a weekly paper in 1881, and was continued in a desultory way at long intervals until 1906. In that year a large part of it was published in covers with the title The Cynic's Word Book, a name which the author had not the power to reject or happiness to approve. To quote the publishers of the present work:

"This more reverent title had previously been forced upon him by the religious scruples of the last newspaper in which a part of the work had appeared, with the natural consequence that when it came out in covers the country already had been flooded by its imitators with a score of 'cynic' books -- The Cynic's This, The Cynic's That, and The Cynic's t'Other. Most of these books were merely stupid, though some of them added the distinction of silliness. Among them, they brought the word 'cynic' into disfavor so deep that any book bearing it was discredited in advance of publication."
Meantime, too, some of the enterprising humorists of the country had helped themselves to such parts of the work as served their needs, and many of its definitions, anecdotes, phrases and so forth, had become more or less current in popular speech. This explanation is made, not with any pride of priority in trifles, but in simple denial of possible charges of plagiarism, which is no trifle. In merely resuming his own the author hopes to be held guiltless by those to whom the work is addressed -- enlightened souls who prefer dry wines to sweet, sense to sentiment, wit to humor and clean English to slang.
A conspicuous, and it is hope not unpleasant, feature of the book is its abundant illustrative quotations from eminent poets, chief of whom is that learned and ingenius cleric, Father Gassalasca Jape, S.J., whose lines bear his initials. To Father Jape's kindly encouragement and assistance the author of the prose text is greatly indebted.
*
Related Links:
o The Devil's Dictionary Summary and Author Biography
http://www.online-literature.com/scripts/out.php?id=736

645) Stephen Jay Gould: uma pagina nao-oficial, muito rica

Para aqueles que, como eu, se interessam por biologia evolucionaria e apreciam a obra do paleontologo de Harvard, falecido, Stephen Jay Gould:

http://www.stephenjaygould.org/

Stephen Jay Gould (1941-2002) was among the best known and widely read scientists of the late 20th century. A paleontologist and educator at Harvard University, Gould made his largest contributions to science as the leading spokes-person for evolutionary theory. His monthly columns in Natural History magazine and his popular works on evolution have earned him numerous awards and one of the largest readerships in the popular-science genre — penning altogether over twenty successful books throughout his career.

For more than 30 years Gould served on the faculty at Harvard, where he was Alexander Agassiz Professor of Zoology, Professor of Geology, Biology, and the History of Science, as well as curator for Invertebrate Paleontology at the institution's Museum of Comparative Zoology. On this website you will find articles by Gould and his colleagues focusing on the finer points of his work, the nature of life's evolution, and the general ontogeny of evolutionary theory.

Tem tudo isto aqui:
Biography Bibliography Quotations Media Library Reviews Interviews People Reflections Books Links

Coloquei, só de curiosidade, a palavra "Brazil" no Search instrumento do site, e acabou resultando nisto:

Results from This Site: 1 - 10 of 16 total results for Brazil

A.C. Seward, "Darwin and Modern Science," 1909 - Chapter 15
... note-books and collections of W.J. Burchell, the great traveller in Africa (1810-15) and Brazil (1825-30). The most interesting of his records on this subject are brought together in the following paragraphs ...
http://www.stephenjaygould.org/library/modern-science/chapter15.html - 78k - 2005-11-17

Charles Darwin, "On the Origin Of Species," 1859 - Chapter 10
... seen in the wonderful collection of fossil bones made by MM. Lund and Clausen in the caves of Brazil. I was so much impressed with these facts that I strongly insisted, in 1839 and 1845, on this `law ...
http://www.stephenjaygould.org/library/on-the-origin/chapter10.html - 67k - 2005-11-17

A.C. Seward, "Darwin and Modern Science," 1909 - Chapter 3
... the beautiful blue of our little Lycaenidae to the magnificent azure of the large Morphinae of Brazil. In a great many cases, though not by any means in all, the male butterflies are "more beautiful" ...
http://www.stephenjaygould.org/library/modern-science/chapter03.html - 139k - 2005-11-17

A.C. Seward, "Darwin and Modern Science," 1909 - Chapter 17
... -line or a series of islands interrupted by shallow seas, just as one would expect if, and when, a Brazil-Ethiopian mass of land were breaking up. Lastly from Central America to the Mediterranean stretches ...
http://www.stephenjaygould.org/library/modern-science/chapter17.html - 56k - 2005-11-17

Charles Darwin, "Autobiography," 1902
... in the same cabin. We had several quarrels; for instance, early in the voyage at Bahia, in Brazil, he defended and praised slavery, which I abominated, and told me that he had just visited a great slave ...
http://www.stephenjaygould.org/library/darwin_autobiography.html - 139k - 2005-09-26

Robert Chambers, "Vestiges of the Natural History of Creation," Ch. 10, 1844
... least two other parts of the earth,—namely, the sub-Himalayan hills, near the Sutlej, and in Brazil, (both in the tertiary strata ;) the first being a large species of semnopithecus, and the second ...
http://www.stephenjaygould.org/library/vestiges/chapter10.html - 14k - 2005-09-26

A.C. Seward, "Darwin and Modern Science," 1909 - Chapter 7
... . That fertility is the more usual is shown by the excessive fertility of the hybrid population of Brazil. This, and the great variability of the distinguishing characters of the different races, as well ...
http://www.stephenjaygould.org/library/modern-science/chapter07.html - 74k - 2005-11-17

A.C. Seward, "Darwin and Modern Science," 1909 - Chapter 9
... ", "Archiv fur Religionswissenschaft", VIII. (1905), page 248.) The Borororos, an Indian tribe of Brazil, will have it that they are parrots of a gorgeous red plumage which live in their native forests ...
http://www.stephenjaygould.org/library/modern-science/chapter09.html - 58k - 2005-11-17

A.C. Seward, "Darwin and Modern Science," 1909 - Chapter 18
... by the discovery of these fossil bones, was doubtless deepened as, in his progress southward from Brazil to Patagonia, he found similar species of Edentate animals everywhere replacing one another among ...
http://www.stephenjaygould.org/library/modern-science/chapter18.html - 142k - 2005-11-17

A.C. Seward, "Darwin and Modern Science," 1909 - Chapter 20
... -fertilisation produces no result. This self-sterility is affected by climatic conditions: thus in Brazil Eschscholzia californica is absolutely sterile to the pollen of its own flowers; the descendants ...
http://www.stephenjaygould.org/library/modern-science/chapter20.html - 70k - 2005-11-17

Unofficial SJG Archive - People - Theodosius Dobzhansky (1900-1975)
... of fruit flies in the mountains of Arizona, New Mexico, California and even the rain forests of Brazil. Dobzhansky's intimate familiarity with the processes of variation and evolution in these fast-breeding ...
http://www.stephenjaygould.org/people/theodosius_dobzhansky.html - 9k - 2006-02-01

SJG Archive - People - William D. Hamilton - Interview
... groups there is male winglessness and in others, female winglessness. Frans Roes: You went to Brazil in 1975 to study the fig wasp. What did you discover? W. D. Hamilton: Actually, I went to study life ...
http://www.stephenjaygould.org/library/hamilton_interview.html - 13k - 2005-09-26

Charles Darwin, "On the Origin Of Species," 1859 - Chapter 11
... America a host of peculiar species belonging to European genera occur. On the highest mountains of Brazil, some few European genera were found by Gardner, which do not exist in the wide intervening hot ...
http://www.stephenjaygould.org/library/on-the-origin/chapter11.html - 73k - 2005-11-17

Charles Darwin, "On the Origin Of Species," 1859 - Chapter 12
... manner throughout the world. I well remember, when first collecting in the fresh waters of Brazil, feeling much surprise at the similarity of the fresh-water insects, shells, &c., and at the dissimilarity ...
http://www.stephenjaygould.org/library/on-the-origin/chapter12.html - 56k - 2005-11-17

Michael Shermer, "Glorious Contingency," 1999
... this the butterfly effect and by now the metaphor is well known: A butterfly flaps its wings in Brazil, producing a storm in Texas. The uncertainty, of our past and unpredictability of our future created ...
http://www.stephenjaygould.org/library/shermer_contingency.html - 17k - 2005-09-26

Unofficial SJG Archive - People - Alexander Agassiz
... assistant in zoology at the museum, taking charge of it in 1865 during his father's absence in Brazil. In 1865 he became engaged in coal mining in Pennsylvania, and during the following year in the copper ...
http://www.stephenjaygould.org/people/alexander_agassiz.html - 8k - 2005-09-26

Afinal de contas, sua cadeira era a "Louis Agassiz", um sabio de Harvard, amigo do imperador Pedro II e que aprendeu um pouco de paleontologia passeando pelo Brasil, em meados do seculo XIX.

Boas visitas e boas leituras a todos.

PS: Tenho um antigo artigo, publicado na revista "Ciencia e Cultura", da SBPC, analisando a obra de Gould. Aos interessados, basta pedir.
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Paulo Roberto de Almeida

644) Balanco de Pagamentos do Brasil: medias historicas

Tal como recebido do economista Ricardo Bergamini:

Balanço de Pagamentos – Fonte BCB
Base: De Janeiro de 2003 até Outubro de 2006

Balança Comercial
Série história de nossa balança comercial com base na média/ano foi como segue: 85/89 (superávit de US$ 13,5 bilhões = 4,57% do PIB); 90/94 (superávit de US$ 12,1 bilhões = 2,70% do PIB); 95/02 (déficit de US$ 1,1 bilhão = -0,16% do PIB). De janeiro de 2003 até outubro de 2006 (superávit de US$ 36,8 bilhões = 5,30% do PIB).

Necessidade de Financiamento do Balanço de Pagamentos
Série histórica de nossa necessidade de financiamento de balanço de pagamentos com base na média/ano foi como segue: 85/89 (US$ 13,4 bilhões = 4,56% do PIB); 90/94 (US$ 17,4 bilhões = 3,89% do PIB); 95/02 (US$ 50,9 bilhões = 7,86% do PIB). De janeiro de 2003 até outubro de 2006 (US$ 22,3 bilhões = 3,20% do PIB).

Investimentos Externos Líquidos (Diretos e Indiretos)
Série histórica dos investimentos externos líquidos (diretos e indiretos) com base na média/ano foi como segue: 85/89 (negativo de US$ 6,3 bilhões = -2,14% do PIB); 90/94 (positivo de US$ 7,0 bilhões = 1,57% do PIB); 95/02 (positivo de US$ 23,9 bilhões = 3,69% do PIB). De janeiro de 2003 até outubro de 2006 (positivo de US$ 0,4 bilhão = 0,06% do PIB).

Arquivos oficiais do governo estão disponíveis aos leitores.
Ricardo Bergamini
http://paginas.terra.com.br/noticias/ricardobergamini

643) Falcoes (e outras aves de rapina): atualizem sua contabilidade nuclear

A matéria abaixo, do Washington Post deste sábado (2/12/06), nos remete ao coração da Guerra Fria: a dissuasão nuclear.
Na era Bush, significa assegura a fiabilidade e eficácia dos vetores nucleares já disponíveis e, se necessário, produzir novas ferramentas, mais modernas e ainda mais eficientes.
Não se mencionam os custos, que devem andar pela casa das centenas de bilhões de dólares, em todas as vertentes da panóplia nuclear.
É um bocado de dinheiro, mas parece que é para a tranquilidade do Império...
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Paulo Roberto de Almeida

New Nuclear Weapons Program To Continue
By Walter Pincus
Washington Post, Saturday, December 2, 2006; A07

The Nuclear Weapons Council, made up of senior Defense Department and National Nuclear Security Administration officials, said yesterday that they plan to continue developing a new nuclear weapons program even though recent studies suggested that existing stockpiles are in better condition than had been thought.

The announcement comes just two days after the release of studies by the Los Alamos and Lawrence Livermore national laboratories showing that plutonium triggers in currently stockpiled weapons will remain reliable for 90 to 100 years.

A major reason for starting the new weapons program -- known as the Reliable Replacement Warhead (RRW) -- was the belief that highly radioactive plutonium would degrade so much within 45 years that it could affect the reliability of the weapons in the current stockpile, many of which were built in the late 1960s.

The Nuclear Weapons Council determined that competing designs submitted by both national labs could result in reliable warheads "without underground testing," a key requirement of the program. The council members are expected to choose one of the two designs in the next few weeks and to develop cost estimates. Moving to the next phase of warhead development will require the approval of Congress, which will be controlled by Democrats next year.

Some members of Congress have said the plutonium studies raised questions about the need for the RRW program. Rep. David L. Hobson (R-Ohio), considered the father of the RRW program, said yesterday that, based on the plutonium studies, "they should take a breath because there are lots of demand for money." He added: "Congress is not going to be as robust about this though there is a need to have some scientific work done."

Yesterday, Rep. John M. Spratt Jr. (D-S.C.), the incoming chairman of the House Budget Committee, said it may be time to review not only the RRW program but also the Bush administration's 2001 Nuclear Posture Review (NPR), which established the underlying need for nuclear weapons over the next 20 years.

Sen. Pete V. Domenici (R-N.M.) yesterday hailed the council decision to proceed with RRW, saying it could lead to "a weapon that is safer to store and defend, more reliable, and less costly to manufacture and maintain." Domenici, whose state is home to the Los Alamos laboratory, is currently chairman of the Senate Appropriations subcommittee that handles funds for the NNSA.

Robert W. Nelson, senior scientist at the Union of Concerned Scientists, said that based on the recently released plutonium studies, the submarine-launched warhead up for replacement under the RRW program, the W-76, has a minimum age for reliability of about 85 years. Production of the W-76, the warhead for the Trident I and Trident II sub-launched missiles, began in 1978 and ended in 1987, during which time about 3,000 were turned out. The Trident I can carry up to eight warheads, the Trident II up to 14.

The Bush NPR contemplated reducing deployed warheads, then totaling about 3,800, to a level of 1,700 to 2,200 by 2012. At the same time there would be a non-deployed stockpile of 2,000 to 3,000 more weapons and a capability to resume underground testing and production of new warheads within a reasonable time. The RRW program envisions the initial production of new warheads almost 20 years from now.

Meanwhile, an ongoing program to refurbish the nonnuclear components in currently stockpiled warheads and bombs will continue, giving them an estimated 20 to 30 years of additional reliability.

Administrator Linton F. Brooks of the National Nuclear Security Administration described the RRW program yesterday as providing "the tools we need to build on the president's vision of maintaining the smallest nuclear stockpile that is consistent with national security requirements."

Resumindo: não há nenhuma possibilidade de que o desarmamento nuclear se faça, any time soon...

642) Produtividade em energia: um relatorio importante

Transcrevo abaixo o sumario executivo de um estudo da consultoria McKinsey sobre ganhos de produtividade em energia:

Productivity of growing global energy demand: A microeconomic perspective
McKinsey Global Institute
November 2006

Executive summary

To date, the global debate about energy has focused too narrowly on curbing demand. We argue that, rather than seeking to reduce end-user demand, and thereby the choice, comfort, convenience, and economic welfare desired by consumers, the best way to meet the challenge of growing global energy demand is to focus on energy productivity—how to use energy more productively—which reconciles both demand abatement and energy-efficiency.
According to McKinsey Global Institute (MGI) research, global energy demand will grow more quickly over the next 15 years than it has in the last 15. Demand will grow at a rate of 2.2 per cent per year in our base-case scenario, boosted by developing countries and consumer-driven segments of developed economies.
This acceleration in demand growth—particularly problematic amidst escalating world-wide concerns about the growing costs of energy, global dependence on volatile oil-producing regions, and harmful global climate change—will take place despite global energy productivity continuing to improve by 1.0 percent a year.
MGI’s in-depth case studies indicate that there are substantial and economically viable opportunities to boost energy productivity that have not been captured—an estimated 150 QBTUs (1), which could represent a 15 to 25 percent cut in the end-use energy demand by 2020. This would translate into a deceleration of global energy-demand growth to less than 1 percent a year, compared with the 2.2 percent anticipated in our base-case scenario—without impacting economic growth prospects or consumer well-being.
Unfortunately, market-distorting subsidies, information gaps, agency issues, and other market inefficiencies, are currently impeding improvements in energy productivity. Overall energy demand is not highly responsive, even under high energy-price scenarios. Consumers lack the information and capital they need to become more energy-productive, and tend to make comfort, safety, and convenience higher priorities than price. The small and fragmented nature of energy costs tends to deter businesses from seeking higher energy productivity.
In addition, a range of policies dampen price signals and reduce incentives for end-users to adopt viable energy-productive improvements. These include, for instance, fuel subsidies in many oil-exporting countries; lack of metering in Russian residential gas usage; and widespread energy subsidies to state-owned enterprise.
Shifting global energy demand from its current rapid growth trajectory will require the removal of existing policy distortions; improving transparency in the pricing and usage of energy; and the selective deployment of demand-side energy policies, such as standards. Policies will need to be targeted at and tailored to the various large end-user segments to encourage higher energy productivity; they will only be effective if they are predicated on a real understanding of the microeconomic dynamics of demand within specific end-use segments.
This report, “Productivity of Growing Energy Demand: A Microeconomic Perspective”, is the first of a two-stage series by MGI to introduce microeconomic analysis of end-use segments to the global-energy debate. Building on detailed global case-sector studies, it provides a useful context for discussing global energy demand and its complex dynamics. A further report, which we will publish in early 2007, will elaborate on our findings—particularly those at the sectoral
and fuel mix levels—and on their broader implications for the global economy.

(1) In view of a multitude of energy-demand definitions, we use Quadrillion British Thermal Units—QBTUs—as the base unit for all energy-demand segments in this document.


Aos interessados no estudo completo, recomendo seguir este link para cadastramento e download: Productivity of Growing Energy Demand: A Microeconomic Perspective (PDF - 2.04 MB).
Ou então me solicitar em particular, que eu posso enviar.

Complementação metodológica:
What is Energy Productivity?

Like labor or capital productivity, energy productivity measures the output and quality of goods and services generated with a given set of inputs. MGI measures it as the ratio of value added to energy inputs, which is the inverse of energy intensity of GDP, measured as a ratio of energy inputs to GDP.

Energy productivity is a useful tool with which to analyze the public-policy aims of demand abatement and energy-efficiency because it encapsulates both. By looking merely in terms of shrinking demand, there is a danger of denying opportunities to consumers—particularly those in developing economies who are an increasingly dominant force in global energy-demand growth. Rather than seeking to reduce end-user demand—and thus the level of comfort, convenience, and economic welfare demanded by consumers—there should be a focus on using the benefits of energy most productively.

The concept of energy productivity provides an overarching framework for understanding the evolving relationship between energy demand and economic growth. Energy-productivity improvements can come either from reducing the energy inputs required to produce the same level of energy services, or from increasing the quantity or quality of economic output. Within each of these, there are multiple components that can change over time.

The same level of energy services can be produced with fewer inputs if use is less intensive (e.g., smaller appliances); if technical efficiency improves (e.g., higher-mileage-car engines); or if fuel-mix shifts, say, from biomass to more efficient electricity. In turn, output can grow more quickly than demand for energy services because of sectoral shifts—say, from energy-intensive industrial sectors to services—or from an increasing share of growth taken by non-energy-intensive, high value-added activities within a sector (e.g., increasing share of investment banking versus retail banking).

By being explicit about the relative importance of each, energy productivity acts as a useful tool to enable us better to understand the nature and source of change and more effectively seek to improve growth and energy outcomes.