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quarta-feira, 25 de junho de 2008

896) Relatorio FAO-OCDE sobre agricultura globa, 2007-2016

OECD-FAO Agricultural Outlook 2007-2016
© OECD/FAO 2007
ISBN 978-92-64-02509-7

Transcricao do resumo do relatorio:

Outlook in Brief
● Currently strong world market prices for many agricultural commodities in international trade
are, in large measure, due to factors of a temporary nature, such as drought related supply
shortfalls, and low stocks. But, structural changes such as increased feedstock demand for
biofuel production, and the reduction of surpluses due to past policy reforms, may keep prices
above historic equilibrium levels during the next 10 years.
● Higher commodity prices are a particular concern for net food importing developing countries as
well as the poor in urban populations, and will evoke on-going debate on the “food versus fuel”
issue. Furthermore, while higher biofuel feedstock prices support incomes of producers of these
products, they imply higher costs and lower incomes for producers that use the same feedstock
in the form of animal feed.
● The expectation that world market prices have attained a higher plateau may facilitate further
policy reform away from price support. This would reduce the need for border protection and
would provide flexibility for tariff reductions.
● Growing use of cereals, sugar, oilseeds and vegetable oils to satisfy the needs of a rapidly
increasing biofuel industry, is one of the main drivers in the outlook. Over the outlook period,
substantial amounts of maize in the US, wheat and rapeseed in the EU and sugar in Brazil will
be used for ethanol and bio-diesel production. This is underpinning crop prices and, indirectly
through higher feed costs, the prices for livestock products as well.
● Given that in most temperate zone countries ethanol and bio-diesel production are not
economically viable without support, a different combination of production technologies,
biofuel policies and crude oil prices than is assumed in this Outlook could to lead to lower prices
than are projected in this Outlook.
● The assumed strong growth in demand in many developing and emerging economies will spur
expansion in imports as well as provide the impetus to the development of domestic production
capacity. As a result, OECD countries as a group are projected to lose production and export
shares in many commodities to non-OECD countries over the outlook period.
● Measured by global imports, world trade is projected to grow for all commodities reviewed in this
report, without exception. By 2016, and compared to the average for 2001-05, trade expansion
remains modest for SMP (7%), is situated at 13% to 17% for coarse grains and wheat respectively,
but grows by between over 50% for beef, pigmeat and WMP and by close to 70% for vegetable oils.
● Imports grow more strongly in developing countries than in OECD countries for all products
except vegetable oils. And for all products except wheat and coarse grains, these growing
markets are increasingly satisfied through larger exports from other developing countries.
Agricultural world markets are thus characterised by growing south-south trade, raising the
competition for exporting countries within the OECD.
● The growing presence on export markets of Argentina and Brazil is staggering. While Brazil’s
growth is mostly concentrated in sugar, oilseeds and meats, Argentina’s export performance also
covers cereals and many dairy products. Other growing exporters in the developing and transition
economies include Russia and the Ukraine for coarse grains, Viet Nam and Thailand for rice,
Indonesia and Thailand for vegetable oils, and Thailand, Malaysia, India and China for poultry.
● Import growth is much more widely spread across countries. However, China’s dominance of
oilseeds and oilseed products trade is striking. By 2016, China will have become the world’s largest
importer of oilseed meals and it will have further consolidated its leading position in imports of
oils and oilseeds. For the latter product, its share in global imports will have risen to almost 50%.

terça-feira, 24 de junho de 2008

895) Uma lei autoritaria, de um Estado que pretende mandar no cidadão

Em nome do "grande irmão" (que na verdade é um bobão e incapaz), são punidos todos os cidadãos de bem, que ousam tomar uma taça ou duas de vinho na refeição (muitos sob recomendação médica), a pretexto de que alguns, bebedores irresponsáveis, cometem acidentes, ou até crimes, ao dirigir alcoolizados.
Acredito que essa legislação é autoritária, se não inconstituilão, pelo menos imoral.

PERGUNTAS DOS LEITORES DE ZERO HORA (edição 23/6/08)
SOBRE A NOVA LEI DE TRÂNSITO "ÁLCOOL: TOLERÂNCIA ZERO"

Caso uma pessoa coma uma sobremesa que contenha vinho, como sagu, ou tenha tomado algum tipo de medicamento com álcool, poderá ser constatada alguma dosagem de álcool nos exames de bafômetro? Se der positivo, essa pessoa poderá ser presa?
Qualquer alimento ou medicamento que contenha álcool poderá ser identificado pelo bafômetro. Por causa disso, a nova legislação determina a necessidade de disciplinar margens de tolerância para esses casos específicos. Isso ainda vai ser feito. Para o período de indefinição, vale um decreto que permite aos motoristas, por enquanto, apresentar até 0,2 g de álcool por litro de sangue. Isso é o equivalente a um cálice de vinho para uma pessoa de 80 quilos.

Posso me recusar a fazer o teste com o bafômetro sob a justificativa de que, pela legislação brasileira, ninguém é obrigado a produzir prova contra si mesmo?
Esse entendimento amparava, até aqui, os motoristas que não queriam fazer o exame com o bafômetro. Mas a nova legislação é explícita quanto às penalidades para quem se negar a isso. O entendimento é que a regra não vale para o trânsito. Dirigir não seria um direito, mas uma permissão do poder público, concedida apenas a quem se habilita e segue determinadas regras.

O teste com o bafômetro é obrigatório?
O motorista pode ser recusar, mas, nesse caso, sofrerá a mesma penalidade destinada à pessoa comprovadamente alcoolizada: infração gravíssima, multa de R$ 955 e suspensão do direito de dirigir por um ano. Essa punição também será aplicada se o condutor se negar a outros exames para atestar a embriaguez.

O que acontecerá se eu me recusar a fazer o exame e depois entrar com um recurso, alegando que não estava bêbado?
Prevendo que motoristas embriagados possam recorrer a essa artimanha para escapar da punição, a lei prevê que o testemunho do agente de trânsito ou policial rodoviário tenha força de prova diante do juiz.

Como o índice de álcool vai ser verificado?
Fiscais de trânsito e agentes das polícias rodoviárias poderão submeter os motoristas a testes com o bafômetro. A autoridade de trânsito também poderá levar o motorista suspeito para um exame clínico, se não houver um bafômetro.

Se tomar uma ou duas taças de vinho no almoço de domingo, quando poderei dirigir? Quantas horas são necessárias para eliminar por completo o álcool?
O tempo de permanência do álcool no organismo varia de uma pessoa para outra, conforme idade, peso e condições de saúde. O certo é que não basta esperar algum tempo depois da bebida para pegar a estrada. Mesmo que você beba dois copos de chope, o álcool pode ser detectável durante um período que vai de três a seis horas. No caso de uma bebedeira, pode estar sem condições mesmo na manhã seguinte, porque a presença do álcool se mantém por períodos prolongados.

Nunca mais poderei sair com minha esposa para um jantar romântico regado a uma taça de vinho. Por que neste país sempre os bons pagam pelos mal educados?
A alternativa é tomar um táxi ou o transporte coletivo na hora de voltar para casa ou então entregar a direção a quem não bebeu. O entendimento da lei é que, não importa a quantidade de álcool consumida, o motorista vai colocar a si e a outras pessoas em risco caso tome o volante. Mesmo quando são consumidas quantidades pequenas e não há sinais exteriores de embriaguez, as chances de a pessoa se envolver em um acidente aumentam.

Tenho o costume de beber no almoço uma taça de vinho tinto seco. Se logo após necessitar dirigir meu automóvel, for barrado por autoridade de trânsito e ficar comprovado que ingeri essa pequena quantidade de álcool, posso sofrer punição?
Sim. Você vai receber uma multa de R$ 955 e perde o direito de dirigir por um ano, porque a lei proíbe dirigir com qualquer quantidade de álcool no organismo. Quando uma pessoa tem álcool no sangue, mesmo que não apresente sinais de embriaguez, ela está mais sujeita a sofrer acidentes. Uma taça de vinho significa de 0,2 a 0,3 grama de álcool por litro de sangue, o que configura infração mesmo com a margem de tolerância que vai valer nos primeiros tempos da lei.

894)Lancamento da Plataforma Democratica em SP

Programação do seminário de lançamento do projeto
Plataforma Democrática
(www.plataformademocratica.org)

30 de junho de 2008, das 09h00 às 18h30
Auditório do Instituto Fernando Henrique Cardoso
(Rua Formosa, 367, 6º andar, Centro, SP)

09h00 – 09h30: Café de boas-vindas
09h30 – 10h00: Abertura, com Fernando Henrique Cardoso e Joel Edelstein

10h00 – 12h15: Primeiro painel
A América Latina não é mais aquela:
procurando entender as novas dinâmicas sociais e políticas
Expositor: Bernardo Sorj
Moderador: Boris Fausto
Comentaristas: Gilberto Dupas, Francisco Weffort e Paulo Renato Souza

12h30 – 14h00: Intervalo para almoço

14h15 – 16h00: Segundo painel
Novos meios de comunicação, opinião pública e democratização (ou não)
do poder político na América Latina
Expositores: Danilo Martuccelli e Manuel Mora y Araújo
Moderador: Simon Schwartzman
Comentaristas: Antônio Lavareda, Fernando Gabeira e Luiz Garcia

16h00 – 17h45: Terceiro painel
Democracia e experiências nacionais:
Bolívia e Venezuela em foco
Expositores: Francine Jácome e Gonzalo Chávez
Moderadora: Maria Hermínia Tavares
Comentaristas: Demétrio Magnoli, Ricardo Seitenfus e Sérgio Fausto
18h00 – 18h30: Encerramento.

domingo, 22 de junho de 2008

893) Relatorio sobre as liberdades no mundo: o Brasil segundo a Heritage Foundation

Todo ano a Heritage Foundation, organização libertária americana, apresenta o seu relatório sobre as liberdades no mundo. O Brasil, segundo o relatório de 2008, é considerado apenas parcialmente livre, em função da grande intervenção do governo na economia, ou seja, o grande papel que o Estado possui na regulação das atividades econômicas, o que diminui, segundo a organização, o grau de liberdade individual e a capacidade da iniciativa privada de conduzir seus próprios negócios sem intervenção pública.
O relatório sobre o Brasil, em inglês, pode ser encontrado neste link (mas ele existe em português, também, no próprio site da Heritage).
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Paulo Roberto de Almeida

Brazil 2008: Freedom report

Brazil's economy is 55.9 percent free, according to our 2008 assessment, which makes it the world's 101st freest economy. Its overall score is 0.2 percentage point lower than last year, with lower scores in freedom from corruption and labor freedom. Brazil is ranked 21st out of 29 countries in the Americas, and its overall score is below the regional average.

Brazil is a regional economic power but is not notably strong in any of the 10 economic freedoms. The personal tax rate and the corporate tax rate are burdensome. Overall tax revenue is high as a percentage of GDP relative to other developing countries.

Brazil suffers from weak financial freedom and a large central government. Regulatory inflexibility makes starting a business take much longer than the world average. Significant restrictions on foreign capital exist in many areas, and the government remains heavily involved in banking and finance. The judicial system and other areas of the public sector are inefficient and subject to corruption.

Background:
The world's fifth-largest country, Brazil has abundant natural resources but has not realized its full economic potential. Real GDP growth was positive but relatively low over the past decade. High income inequality and the rapid growth of the urban poor population have fueled pressure for socialist policies. A convoluted tax system, inadequate transportation infrastructure, and barriers to foreign investment have also impeded growth. Other problems include government management of most of the oil and electricity sectors, an ineffective judiciary, weak public education, and excessive regulation. Agriculture and industry account for 10 percent and 40 percent, respectively, of GDP.

Business Freedom - 53.6%
The overall freedom to start, operate, and close a business is limited by Brazil's national regulatory environment. Starting a business takes more than three times the world average of 43 days, and obtaining a business license takes more than the global average of 234 days. Despite reform efforts, regulation is complex, discretionary, and non-transparent. Closing a business is difficult.

Trade Freedom - 70.8%
Brazil's weighted average tariff rate was 7.1 percent in 2005. Import and export quotas, bans and restrictions, market access barriers in services, prohibitive tariffs, border fees, restrictive regulatory and licensing rules, export support programs, non-transparent government procurement, and problematic protection of intellectual property rights persist. An additional 15 percentage points is deducted from Brazil's trade freedom score to account for these non-tariff barriers.

Fiscal Freedom - 68.6%
Brazil's top income tax rate is 27.5 percent. The standard corporate tax rate is 15 percent, but a surtax of 10 percent and a 9 percent social contribution on net profit bring the effective rate to 34 percent. Other taxes include a financial transactions tax and a tax on interest. In the most recent year, overall tax revenue as a percentage of GDP was 35 percent.

Freedom from Government - 55.5%
Total government expenditures, including consumption and transfer payments, are relatively high. In the most recent year, government spending equaled 38.5 percent of GDP. Public debt is still around 50 percent of GDP. Besides debt service, government spending is focused mainly on pensions, transfers to local governments, and bureaucracy.

Monetary Freedom - 75.7%
Inflation is relatively high, averaging 5.1 percent between 2004 and 2006. Relatively unstable prices explain most of the monetary freedom score. Although such public services as railways, telecommunications, and electricity have been privatized, the government oversees prices through regulatory agencies. The National Petroleum Agency fixes the wholesale price of fuel, and the government controls airfare prices. An additional 10 percentage points is deducted from Brazil's monetary freedom score to adjust for price controls.

Investment Freedom - 50%
Foreign capital enters freely and since 1995 has received national treatment. Foreign investment is restricted in nuclear energy, health services, media, rural and border property, fishing, mail and telegraph services, aviation, and aerospace. The government has carried out three major financial and energy privatizations since 2004 but has also established a more central role in setting energy prices and forecasting energy demand. Foreign exchange accounts are subject to limited restriction, and foreign participation in certain economic activities is prohibited. The central bank approves outward direct investment in some cases, including transfers and remittances, where it has broad administrative discretion.

Financial Freedom - 40%
Brazil's financial system is South America's largest and one of the largest among all emerging markets. Despite state involvement, banking and capital markets are diversified, dynamic, and competitive. Technically forbidden by the 1988 constitution, foreign investment in banking is nonetheless almost always approved. About 200 public and private commercial banks and many non-banking financial institutions conform to international best practices guidelines after a long period of consolidation. The top 10 banks hold 82.4 percent of total assets, and the sector is dominated by three publicly controlled banks. The growing insurance market remains fairly small. The stock market is not a major source of domestic corporate finance, but it is growing, and trading is active; there were 26 new IPOs in 2006.

Property Rights - 50%
Contracts are generally considered secure, but Brazil's judiciary is inefficient, somewhat arbitrary, subject to political and economic influence, and lacking in resources and staff training. Decisions can take years, and decisions of the Supreme Federal Tribunal are not automatically binding on lower courts. Protection of intellectual property rights has improved, but piracy of copyrighted material persists.

Freedom from Corruption - 33%
Corruption is perceived as significant. Brazil ranks 70th out of 163 countries in Transparency International's Corruption Perceptions Index for 2006. Businesses bidding on government procurement contracts at times encounter corruption, which is also a problem in the lower courts and can discourage investment.

Labor Freedom - 61.9%
Brazil's inflexible employment regulations should be improved to enhance employment and productivity growth. The non-salary cost of employing a worker is high, and dismissing a redundant employee can be costly. Benefits mandated by rigid labor legislation amplify overall labor costs. The high cost of laying off a worker creates a risk aversion for companies that would otherwise hire more people and grow.

Brazil

* Rank: 101
* Regional Rank: 21 of 29

Quick Facts

* Population:
186.4 million
* GDP (PPP):
$1.57 trillion
2.9% growth in 2005
3.1% 5-yr. comp. ann. growth
$8,402 per capita
* Unemployment:
9.8%
* Inflation (CPI):
6.9%
* FDI (net inflow):
$12.5 billion
* Official Development Assistance:
$361.8 million (6% from the U.S.)
* External Debt:
$188.0 billion
* Exports:
$134.4 billion
Primarily transport equipment, iron ore, soybeans, footwear, coffee, automobiles
* Imports:
$97.8 billion
Primarily machinery, electrical and transport equipment, chemical products, oil, automotive parts, electronics

sábado, 21 de junho de 2008

892) Um dos projetos para lamentar é aprovado

Dos três projetos listados abaixo (vide post 890), um foi aprovado:

Proposição: PL-4224/1998
Autor: ALDO REBELO - PCDOB /SP
Data de Apresentação: 05/03/1998
Ementa: Proíbe a instalação de bombas de auto-serviço nos postos de abastecimento de combustíveis e dá outras providências.
Última Ação:
12/1/2000 - Mesa Diretora da Câmara dos Deputados (MESA) - TRANSFORMADO NA LEI 9956/00. DOFC 13 01 00 PAG 0001 COL 01.

Ou seja, já temos o nosso projeto "luddita", um dos muitos que pretendem deter a tecnologia, interromper ganhos de produtividade e reduzir a modernização da economia brasileira, a pretexto de "salvar empregos".
O deputado que assim atuou aparentemente não tem a menor idéia de que ele está atrasando a economia brasileira e contribuindo para mantê-la num estado de equilíbrio precário com empregos de baixa remineração (frentistas de postos de gasolina), em lugar de promover empregos de maior qualidade tecnológica e de maior remuneração (fabricantes de postos automatizados, manutencionistas de tecnologia mais avançada em postos automatizados, serviços eletrônicos e informatizados de uma forma geral).
Como diria Marx, esse deputado pretende fazer rodar para trás a roda da história. Trata-se, portanto, de um perfeito reacionário.
Para lamentar, como vários outros projetos aprovados de afogadilho, ou por pura ignorância econômica, por parte de deputados manifestamente despreparados para exercer um mandato consistente.

quinta-feira, 19 de junho de 2008

891) Ainda na" ordem" parlamentar (mas para limpeza publica)

Deveria ser considerado um serviço de e utilidade pública, mas neste caso precisamos mesmo jogar no lixo alguns elementos puco recomendaveis..
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Recebido de uma lista com a recomendação de quem não beneficiar-se do seu voto nas próximas eleições:

NOME CARGO PARTIDO ACUSAÇÃO OU CRIME A QUE RESPONDE
1 ABELARDO LUPION Deputado PFL-PR Sonegação Fiscal
2 ADEMIR PRATES Deputado PDT-MG Falsidade Ideológica
3 AELTON FREITAS Senador PL-MG Crime de Responsabilidade e Estelionato
4 AIRTON ROVEDA Deputado PPS-PR Peculato
5 ALBÉRICO FILHO Deputado PMDB-MA Apropriação Indébita
6 ALCESTE ALMEIDA Deputado PTB-RR Peculato e Formação de Quadrilha, Sanguessugas (Escândalo das Ambulâncias)
7 ALEX CANZIANI Deputado PTB-PR Peculato
8 ALMEIDA DE JESUS Deputado PL-CE Sanguessugas (Escândalo das Ambulâncias)
9 ALMIR MOURA Deputado PFL-RJ Sanguessugas (Escândalo das Ambulâncias)
10 AMAURI GASQUES Deputado PL-SP Sanguessugas (Escândalo das Ambulâncias)
11 ANDRÉ ZACHAROW Deputado PMDB-PR Improbidade Administrativa
12 ANÍBAL GOMES Deputado PMDB-CE Improbidade Administrativa
13 ANTERO PAES DE BARROS Senador PSDB-MT Improbidade Administrativa e Formação de Quadrilha
14 ANTÔNIO CARLOS PANNUNZIO Deputado PSDB-SP Crime de Responsabilidade
15 ANTÔNIO JOAQUIM Deputado PSDB-MA Improbidade Administrativa
16 BENEDITO DE LIRA Deputado PP-AL Sanguessugas (Escândalo das Ambulâncias)
17 BENEDITO DIAS Deputado PP-AP Sanguessugas (Escândalo das Ambulâncias)
18 BENJAMIN MARANHÃO Deputado PMDB-PB Crime Eleitoral
19 BISPO WANDERVAL Deputado PL-SP Sanguessugas (Escândalo das Ambulâncias)
20 CABO JÚLIO (JÚLIO CÉSAR GOMES DOS SANTOS) Deputado PMDB-MG Crime Militar, Sanguessugas (Escândalo das Ambulâncias)
21 CARLOS ALBERTO LERÉIA Deputado PSDB-GO Lesão Corporal
22 CELSO RUSSOMANNO Deputado PP-SP Crime Eleitoral, Peculato e Agressão
23 CHICO DA PRINCESA (FRANCISCO OCTÁVIO BECKERT) Deputado PL-PR Crime Eleitoral
24 CIRO NOGUEIRA Deputado PP-PI Crime Contra a Ordem Tributária e Prevaricação
25 CLEONÂNCIO FONSECA Deputado PP-SE Sanguessugas (Escândalo das Ambulâncias)
26 CLÓVIS FECURY Deputado PFL-MA Crime Contra a Ordem Tributária
27 CORIALANO SALES Deputado PFL-BA Sanguessugas (Escândalo das Ambulâncias)
28 DARCÍSIO PERONDI Deputado PMDB-RS Improbidade Administrativa
29 DAVI ALCOLUMBRE Deputado PFL-AP Corrupção Ativa
30 DILCEU SPERAFICO Deputado PP-PR Apropriação Indébita
31 DOUTOR HELENO Deputado PSC-RJ Sanguessugas (Escândalo das Ambulâncias)
32 EDSON ANDRINO Deputado PMDB-SC Crime de Responsabilidade
33 EDUARDO AZEREDO Senador PSDB-MG Improbidade Administrativa
34 EDUARDO GOMES Deputado PSDB-TO Crime Eleitoral, Sanguessugas (Escândalo das Ambulâncias)
35 EDUARDO SEABRA Deputado PTB-AP Sanguessugas (Escândalo das Ambulâncias)
36 ELIMAR MÁXIMO DAMASCENO Deputado PRONA-SP Falsidade Ideológica
37 EDIR DE OLIVEIRA Deputado PTB-RS Sanguessugas (Escândalo das Ambulâncias)
38 EDNA MACEDO Deputado PTB-SP Sanguessugas (Escândalo das Ambulâncias)
39 ELAINE COSTA Deputada PTB-RJ Sanguessugas (Escândalo das Ambulâncias)
40 ELISEU PADILHA Deputado PMDB-RS Corrupção Passiva
41 ENIVALDO RIBEIRO Deputado PP-PB Crime Contra a Ordem Tributária, Sanguessugas (Escândalo das Ambulâncias)
42 ÉRICO RIBEIRO Deputado PP-RS Crime Contra a Ordem Tributária e Apropriação Indébita
43 FERNANDO ESTIMA Deputado PPS-SP Sanguessugas (Escândalo das Ambulâncias)
44 FERNANDO GONÇALVES Deputado PTB-RJ Sanguessugas (Escândalo das Ambulâncias)
45 GARIBALDI ALVES Senador PMDB-RN Crime Eleitoral
46 GIACOBO (FERNANDO LUCIO GIACOBO) Deputado PL-PR Crime Contra a Ordem Tributária e Seqüestro
47 GONZAGA PATRIOTA Deputado PSDB-PE Apropriação Indébita
48 GUILHERME MENEZES Deputado PT-BA Improbidade Administrativa
49 INALDO LEITÃO Deputado PL-PB Crime Contra o Patrimônio, Declaração Falsa de Imposto de Renda
50 INOCÊNCIO DE OLIVEIRA Deputado PMDB-PE Crime de Escravidão
51 IRAPUAN TEIXEIRA Deputado PP-SP Sanguessugas (Escândalo das Ambulâncias)
52 IRIS SIMÕES Deputado PTB-PR Sanguessugas (Escândalo das Ambulâncias)
53 ITAMAR SERPA Deputado PSDB-RJ Crime Contra o Consumidor, Sanguessugas (Escândalo das Ambulâncias)
54 ISAÍAS SILVESTRE Deputado PSB-MG Sanguessugas (Escândalo das Ambulâncias)
55 JACKSON BARRETO Deputado PTB-SE Peculato e Improbidade Administrativa
56 JADER BARBALHO Deputado PMDB-PA Improbidade Administrativa, Peculato, Crime Contra o Sistema Financeiro e Lavagem de Dinheiro
57 JAIME MARTINS Deputado PL-MG Crime Eleitoral
58 JEFERSON CAMPOS Deputado PTB-SP Sanguessugas (Escândalo das Ambulâncias)
59 JOÃO BATISTA Deputado PP-SP Falsidade Ideológica, Sanguessugas (Escândalo das Ambulâncias)
60 JOÃO CALDAS Deputado PL-AL Sanguessugas (Escândalo das Ambulâncias)
61 JOÃO CORREIA Deputado PMDB-AC Declaração Falsa de Imposto de Renda, Sanguessugas (Escândalo das Ambulâncias)
62 JOÃO HERRMANN NETO Deputado PDT-SP Apropriação Indébita
63 JOÃO MAGNO Deputado PT-MG Lavagem de Dinheiro
64 JOÃO MENDES DE JESUS Deputado PSB-RJ Sanguessugas (Escândalo das Ambulâncias)
65 JOÃO PAULO CUNHA Deputado PT-SP Corrupção Passiva, Lavagem de Dinheiro e Peculato
66 JOÃO RIBEIRO Senador PL-TO Peculato e Crime de Escravidão
67 JORGE PINHEIRO Deputado PL-DF Crime Ambiental
68 JOSÉ DIVINO Deputado PRB-RJ Sanguessugas (Escândalo das Ambulâncias)
69 JOSÉ JANENE Deputado PP-PR Estelionato, Improbidade Administrativa, Lavagem de Dinheiro, Corrupção Passiva, Formação de Quadrilha, Apropriação Indébita e Crime Eleitoral
70 JOSÉ LINHARES Deputado PP-CE Improbidade Administrativa
71 JOSÉ MENTOR Deputado PT-SP Corrupção Passiva
72 JOSÉ MILITÃO Deputado PTB-MG Sanguessugas (Escândalo das Ambulâncias)
73 JOSÉ PRIANTE Deputado PMDB-PA Crime Contra o Sistema Financeiro
74 JOVAIR ARANTES Deputado PTB-GO Improbidade Administrativa
75 JOVINO CÂNDIDO Deputado PV-SP Improbidade Administrativa
76 JÚLIO CÉSAR Deputado PFL-PI Peculato, Formação de Quadrilha, Lavagem de Dinheiro e Falsidade Ideológica
77 JÚLIO LOPES Deputado PP-RJ Falsidade Ideológica
78 JÚNIOR BETÃO Deputado PL-AC Declaração Falsa de Imposto de Renda, Sanguessugas (Escândalo das Ambulâncias)
79 JUVÊNCIO DA FONSECA Deputado PSDB-MS Improbidade Administrativa
80 LAURA CARNEIRO Deputada PFL-RJ Improbidade Administrativa e Sanguessugas (Escândalo das Ambulâncias)
81 LEONEL PAVAN Senador PSDB-SC Contratação de Serviços Públicos Sem Licitação e Concussão
82 LIDEU ARAÚJO Deputado PP-SP Crime Eleitoral
83 LINO ROSSI Deputado PP-MT Sanguessugas (Escândalo das Ambulâncias)
84 LÚCIA VÂNIA Senadora PSDB-GO Peculato
85 LUIZ ANTÔNIO FLEURY Deputado PTB-SP Improbidade Administrativa
86 LUPÉRCIO RAMOS Deputado PMDB-AM Crime de Aborto
87 MÃO SANTA Senador PMDB-PI Improbidade Administrativa
88 MARCELINO FRAGA Deputado PMDB-ES Crime Eleitoral, Sanguessugas (Escândalo das Ambulâncias)
89 MARCELO CRIVELA Senador PRB-RJ Crime Contra o Sistema Financeiro e Falsidade Ideológica
90 MARCELO TEIXEIRA Deputado PSDB-CE Sonegação Fiscal
91 MÁRCIO REINALDO MOREIRA Deputado PP-MG Crime Ambiental
92 MARCOS ABRAMO Deputado PP-SP Sanguessugas (Escândalo das Ambulâncias)
93 MÁRIO NEGROMONTE Deputado PP-BA Sanguessugas (Escândalo das Ambulâncias)
94 MAURÍCIO RABELO Deputado PL-TO Sanguessugas (Escândalo das Ambulâncias)
95 NÉLIO DIAS Deputado PP-RN Sanguessugas (Escândalo das Ambulâncias)
96 NELSON BORNIER Deputado PMDB-RJ Improbidade Administrativa
97 NEUTON LIMA Deputado PTB-SP Sanguessugas (Escândalo das Ambulâncias)
98 NEY SUASSUNA Senador PMDB-PB Sanguessugas (Escândalo das Ambulâncias)
99 NILTON CAPIXABA Deputado PTB-RO Sanguessugas (Escândalo das Ambulâncias)
100 OSMÂNIO PEREIRA Deputado PTB-MG Sanguessugas (Escândalo das Ambulâncias)
101 OSVALDO REIS Deputado PMDB-TO Apropriação Indébita
102 PASTOR AMARILDO Deputado PSC-TO Sanguessugas (Escândalo das Ambulâncias)
103 PAULO AFONSO Deputado PMDB-SC Peculato, Crime Contra o Sistema Financeiro e Improbidade Administrativa
104 PAULO BALTAZAR Deputado PSB-RJ Sanguessugas (Escândalo das Ambulâncias)
105 PAULO FEIJÓ Deputado PSDB-RJ Sanguessugas (Escândalo das Ambulâncias)
106 PAULO JOSÉ GOUVEIA Deputado PL-RS Porte Ilegal de Arma
107 PAULO LIMA Deputado PMDB-SP Extorsão e Sonegação Fiscal
108 PAULO MAGALHÃES Deputado PFL-BA Lesão Corporal
109 PEDRO HENRY Deputado PP-MT Formação de Quadrilha, Lavagem de Dinheiro e Corrupção Passiva, Sanguessugas (Escândalo das Ambulâncias)
110 PROFESSOR IRAPUAN Deputado PP-SP Crime Eleitoral
111 PROFESSOR LUIZINHO Deputado PT-SP Lavagem de Dinheiro
112 RAIMUNDO SANTOS Deputado PL-PA Sanguessugas (Escândalo das Ambulâncias)
113 REGINALDO GERMANO Deputado PP-BA Sanguessugas (Escândalo das Ambulâncias)
114 REINALDO BETÃO Deputado PL-RJ Sanguessugas (Escândalo das Ambulâncias)
115 REINALDO GRIPP Deputado PL-RJ Sanguessugas (Escândalo das Ambulâncias)
116 REMI TRINTA Deputado PL-MA Estelionato e Crime Ambiental
117 RIBAMAR ALVES Deputado PSB-MA Sanguessugas (Escândalo das Ambulâncias)
118 RICARDO BARROS Deputado PP-PR Sonegação Fiscal
119 RICARTE DE FREITAS Deputado PTB-MT Improbidade Administrativa e Formação de Quadrilha, Sanguessugas (Escândalo das Ambulâncias)
120 RODOLFO TOURINHO Senador PFL-BA Gestão Fraudulenta de Instituição Financeira
121 ROMERO JUCÁ Senador PMDB-RR Improbidade Administrativa
122 ROMEU QUEIROZ Deputado PTB-MG Corrupção Ativa, Corrupção Passiva e Lavagem de Dinheiro
123 RONALDO DIMAS Deputado PSDB-TO Crime Eleitoral
124 SANDRO MABEL Deputado PL-GO Crime Contra a Ordem Tributária
125 SUELY CAMPOS Deputada PP-RR Crime Eleitoral
126 TATICO (JOSÉ FUSCALDI CESÍLIO) Deputado PTB-DF Crime Contra a Ordem Tributária, Declaração Falsa de Imposto de Renda e Sonegação Fiscal
127 TETÉ BEZERRA Deputado PMDB-MT Sanguessugas (Escândalo das Ambulâncias)
128 THELMA DE OLIVEIRA Deputada PSDB-MT Improbidade Administrativa e Formação de Quadrilha
129 VADÃO GOMES Deputado PP-SP Improbidade Administrativa e Crime Contra a Ordem Tributária
130 VALDIR RAUPP Senador PMDB-RO Peculato, Uso de Documento Falso, Crime Contra o Sistema Financeiro, Crime Eleitoral e Gestão Fraudulenta de Instituição Financeira
131 VALMIR AMARAL Senador PTB-DF Apropriação Indébita
132 VANDERLEI ASSIS Deputado PP-SP Crime Eleitoral, Sanguessugas (Escândalo das Ambulâncias)
133 VIEIRA REIS Deputado PRB-RJ Sanguessugas (Escândalo das Ambulâncias)
134 VITTORIO MEDIOLI Deputado PV-MG Sonegação Fiscal
135 WANDERVAL SANTOS Deputada PL-SP Corrupção Passiva
136 WELLINGTON FAGUNDES Deputada PL-MT Sanguessugas (Escândalo das Ambulâncias)
137 ZÉ GERARDO Deputado PMDB-CE Crime de Responsabilidade
138 ZELINDA NOVAES Deputada PFL-BA Sanguessugas (Escândalo das Ambulâncias)
139 Ângela Guadagnin Deputada PT-SP Dançarina do Plenário da Câmara, comemorando absolvição de corrupto
140 Antônio Palocci Ex-Ministro PT-SP Quebra de Sigilo Bancário
141 Carlos Rodrigues Ex-Deputado PL-RJ Bispo Rodrigues
142 Delúbio Soares Tesoureiro PT-GO Ex Tesoureiro do PT
143 José Dirceu Ex-Deputado PT-SP Mensalão
144 José Genoíno Ex-Deputado PT-SP Mensalão, Dólares na Cueca
145 José Nobre Guimarães DeputadoEst. PT-CE Dólares na Cueca (Agora Candidato a Dep. Federal)
146 Josias Gomes Deputado PT-BA Mensalão, CPI dos Correios
147 Luiz Gushiken Ex-Ministro PT-SP CPI dos Correios
148 Paulo Salim Maluf Ex PPB-SP Corrupção, Falcatruas, Improbidade Administrativa, Desvio de Dinheiro Público, Lavagem de dinheiro
149 Paulo Pimenta Deputado PT-RS Compra de Votos, Mensalão, CPI Correios
150 Pedro Corrêa Ex-Deputado PP-PE Cassado em associação ao Escândalo do Mensalão, Compra de Votos
151 Roberto Brant Deputado PFL-MG Crime Eleitoral, Mensalão, CPI Correios
152 Roberto Jefferson Ex-Deputado PTB-RJ Mensalão
153 Severino Cavalcanti Ex-Deputado PP-PE Escândalo do Mensalinho (Renuncio para evitar a cassação)
154 Silvio Pereira SecretárioPT PT Mensalão
155 Valdemar Costa Neto Exc-Deputado PL-SP Mensalão (renunciou para evitar a cassação)

quarta-feira, 18 de junho de 2008

890) Grandes projetos parlamentares (para lamentar...)

De um eminente deputado do PCdoB, partido progressista e até mesmo revolucionário, vem esta série de atentados à mais simples racionalidade econômica, que deveria certamente concorrer a um Prêmio Nobel da inteligência econômica:

- PL. 4502/1994 - Proíbe a adoção, pelos órgãos públicos, de inovação tecnológica poupadora de mão-de-obra (sic);

- PL. 4224/1998 - Proíbe a instalação de bombas de auto-serviço nos postos de abastecimento de combustíveis;

PL. 2867/2000 - Proíbe a instalação de catracas eletrônicas ou assemelhados nos veículos de transporte coletivos.

Estes projetos ficam automaticamente integrados à minha "teoria da jabuticaba", a ser desenvolvida em próxima ocasião.
Para quem quiser ler mais a respeito dessa teoria, ver:
(I) Teoria da jabuticaba, I: prolegômenos
(II) Teoria da jabuticaba, II: estudos de casos

quinta-feira, 12 de junho de 2008

889) Universidades da solidariedade periferica...

Primeiro um artigo do conhecido sociólogo especialista em educação:

Saudades da Universidade Patrice Lumumba
Postado por Simon Schwartzman no Simon's Blog em 6/11/2008

Em 1960, a União Soviética criou a Universidade Patrice Lumumba, hoje a "Universidade Russa de Amizade dos Povos", para estudantes do terceiro mundo. Na mesma inspiração, o governo brasileiro está criando agora a Universidade Latino-Americana, em Foz de Iguaçu, e conforme anunciado hoje pelo Secretário de Educação Superior do MEC, a Universidade da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa, para estudantes da África, a ser estabelecida em Redenção, a 60 quilômetros de Fortaleza, considerada a primeira cidade brasileira a abolir a escravidão.

Não sei como anda a Universidade Pratice Lumumba hoje. Olhando na wikipedia, dá para ver que, entre seus ex-alunos notáveis, está Carlos o Chacal; Mahmoud Abbas, dirigente do Fatah; Aziz al-Abub, psiquiatra e torturador do Hezzbolah; o espião da KGB Yuri B. Shvets, hoje refugiado nos Estados Unidos; e a linguista brasileira Lucy Seki, que depois completou seu doutorado na Universidade do Texas. Com o fim da União Soviética, além da mudança de nome, o curriculo também mudou, e a doutrinação leninista foi substituida por cursos de administração de empresas, entre outros. Há alguns anos atrás, a universidade foi palco de ataques racistas violentos contra africanos e orientais, que revelaram o isolamento e as péssimas condições de vida dos estudantes de terceiro mundo que ainda se aventuravam por lá. Na página da universidade na Internet dá para ver que com 25 mil estudantes, todos eles pagantes, e mais de 2000 professores, ela está se esforçando por se transformar em uma universidade de qualidade, embora sua produção acadêmica ("for the last 3 years 167 monographs, 58 textbooks and 485 manuals have been published at the University") não chega a impressionar. Mas ela deve ter coisas boas, sobretudo a localização em uma grande cidade que é Moscou.

Duvido que os idealizadores das universidades de terceiro mundo brasileiras conheçam a experiência da Patrice Lumumba, mas a idéia é a mesma, com o agravante que seus estudantes ficarão exilados em regiões remotas do país. A Universidade Latinoamericana, por exemplo, segundo seus organizadores, tem como propósito "a integração da América Latina através de um novo elo substantivo: a integração pelo conhecimento e a cooperação solidária entre os países do continente mais do que nunca em uma cultura de paz." Lembra alguma coisa?

Não há dúvida de que o Brasil poderia ter um papel muito mais importante do que tem tido em estimular e apoiar a vinda de estudantes da América Latina, África e outras regiões para nossas melhores universidades. Isto seria bom para eles, a nos ajudaria a sair de nosso provincianismo. O melhor instrumento para isto são as universidades já existentes, que precisariam de apoio, estímulo e liberdade – inclusive de cobrar - para atrair possíveis candidatos com o que elas têm de melhor a oferecer - os cursos profissionais de qualidade, os programas de pós-graduação, a capacidade instalada de pesquisa e a interação com seus estudantes e com sociedade mais ampla da qual elas participam, nos principais centros urbanos do país em que estão instaladas. Universidades de primeiro mundo, e não de terceiro.

Agora o comentário de um ex-estudante da Patrice Lumumba:
Comentário sobre "Saudades da Universidade Patrice Lumumba"
Tamo Chattopadhay

As someone who completed his first graduate studies in Patrice Lumumba, I completely agree with Simon's opinion. I was born in India, and in 1983 (at the height of the cold war, when India and USSR were strategic allies) I got a scholarship to study Physics in Russia. I was 19 and was hungry to get out of Calcutta and see the world. I had no control over the university where I could study – it was a lottery (a propaganda stance by the Soviet regime which insisted that ALL its universities are equally good!).

I was admitted to Patrice Lumumba. While there were quite a few good professors in the Physics department, overall, the university had a very poor reputation – especially among ordinary Russians / Soviet citizens, and among Russian scholars / scientists. Indeed, it did not take me a very long time to understand that I was in effect attending a second (or third) tier university of former Soviet Union. The most depressing part of that education was the student body itself – who have been 'selected' from all over the world primarily for their (or their countries') political inclinations. Ultimately there are two most important elements in higher education – a stimulating faculty and a stimulating student body. On both these counts Patrice Lumumba failed miserably. In fact most of the students (from Africa, Asia, Latin America) were not interested in study – the atmosphere was nothing like what one would see in other regular universities of USSR, which I had visited as well, including the famous Moscow State University and Kiev State University (Ukraine). Given the political nature of the university; the administrative leadership was very closely aligned with the political party and this led to academics and research excellence being delegated to a lower priority.

I know what a good university looks and feels like. I attended two of them – later in my life in the United States: City University of New York (where I did an MBA) and Columbia University in New York (where I did my Doctorate). I have been also teaching at Columbia University's School of International and Public Affairs. So I know what a university classroom full of engaged graduate students who really want to learn (because they have paid a lot of money to receive their education) look like. Patrice Lumumba University, in my days (1983 – 1989) was not one of those stimulating environments. It was an environment of overwhelming mediocrity. Indeed, many of my fellow classmates (Indian students) who directly returned to India after their studies at Patrice Lumumba had a very hard time finding proper employment in their professions. Incidentally, two years ago on Avenida N-S Copacabana near Posto 4, I ran into a Peruvian student whom I knew back in 1983 in Patrice Lumumba – who is still re-doing his studies in Physics – and this time as a foreign student in Brazil.

May be with full tuition paying foreign students Patrice Lumumba has improved today. But as a model of "promoting friendship among nations" Brazil should look into other education collaboration alternatives with African countries, than recreating a recipe for mediocrity and political nepotism.

Dr. Tamo Chattoapdhay
Adjunct Assistant Professor
School of International and Public Affairs, Columbia University in New York

quarta-feira, 11 de junho de 2008

888) Retrato de uma outra epoca: polemica na Anpuh

Parece que foi ontem, mas a distância é de quase um século, provavelmente.

Matéria do jornal O Estado de São Paulo sobre minha participacao numa mesa redonda da Anpuh, em outubro de 2003 (retirada do blog Acredite se quiser: link)

24.10.03
Polêmica e bate-boca: é o governo 'no divã'

"Um bate-boca entre o ex-ministro Luiz Carlos Bresser Pereira e o sociólogo Octávio Ianni, num debate que por pouco não virou assembléia estudantil, foi, na quarta-feira à noite, o momento culminante do 27.º Encontro Anual da Associação Nacional de Pesquisa e Pós-Graduação em Ciências Sociais (Anpocs), em Caxambu (MG). Na platéia, Ianni acusou Bresser, que estava na mesa, de ter "colaborado com o maior desmonte da máquina pública deste País" quando foi ministro da Administração do governo Fernando Henrique. Bresser, irritado, lamentou, "a manifestação patética". Foi interrompido por Ianni: "Patético não é qualificativo científico. Fiz uma reflexão."

De científico, aliás, a sessão "Por onde tem ido e por onde irá o governo Lula?" teve muito pouco. Com quase mil pessoas no auditório, a mesa não conseguiu impedir que o encontro se transformasse num embate ideológico. O debate mostrou que a maioria petista dos estudantes, pesquisadores e professores da Anpocs já se sente desconfortável com o governo e até aceita reparos, mas resiste a assumir uma posição mais crítica. Junto com a platéia, o PT e o governo tiveram uma noite de divã.

Na primeira manifestação, o ex-ministro condenou a obediência do governo ao mercado e ao Fundo Monetário Internacional (FMI) e pediu mais coragem ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Disse que é preciso "completar a revolução nacional": "Meu medo é de que, talvez por desinformação, Lula não vá enfrentar essa questão."

As primeiras vaias foram foram discretas. O constrangimento aumentou quando o sociólogo e diplomata Paulo Roberto de Almeida analisou a "conversão do PT à social-democracia". Saudou a conversão, mas destacou que seria "inconfessada e envergonhada".

O economista Ricardo Carneiro, petista assumido, confrontou a exposição do diplomata, que fez uma lista das idéias vencedoras, derrotadas e ainda indefinidas. "Vencedor sob o ponto de vista de quem? Temos de começar nos colocando", disse. "O câmbio flutuante ganhou, mas a conseqüência da vitória foi uma perda de 30% nos salários, a maior na história do País."

O presidente da Anpocs, Luiz Werneck Vianna, encerrou lembrando que houve "lucidez" ao manter a política econômica. Mas advertiu que é preciso realizar mudanças logo. A sessão de divã promete continuar fora de Caxambu."
Do Estadão.
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Como recomendou José Genoíno, presidente nacional do PT, aos petistas que não estão entendo o que o govenro está fazendo:
"- Leiam Lênin."

terça-feira, 10 de junho de 2008

887) Revista Interesse Nacional, sumario nr. 2

Revista Interesse Nacional
ano 1 • NÚMERO 2 • julho-setembro de 2008
www.interessenacional.com

Sumário
7 Apresentação

A R T I G O S

9 Recolocando a Defesa na Agenda Nacional: O Plano Estratégico de Defesa
Nelson Jobim
A elaboração do Plano Estratégico de Defesa, aqui avaliado, abre o diálogo entre as Forças Armadas e a sociedade em torno de três temas: a reorganização das Forças, o seu reaparelhamento e o serviço militar. Em todas essas áreas, o diálogo orienta-se pelo objetivo de preparar a defesa nacional para os desafios futuros do desenvolvimento do país.

17 Defesa Nacional: Parâmetros Internacionais e Problemas Internos
Mario Cesar Flores
Este artigo delineia idéias básicas sobre o cenário geoestratégico regional – prioritário – e a inserção do Brasil nele; no cenário global, o Brasil seria ator coadjuvante. Em complemento, aborda a questão da organização das Forças Armadas e do preparo militar do país. Discute ainda a apatia da sociedade frente aos temas da defesa nacional.

27 O Brasil Contra os Direitos Humanos
Demétrio Magnoli
A política internacional de direitos humanos conheceu um período de regressão, deflagrado pelo advento do governo Bush e pela “guerra ao terror”. O Brasil colaborou ativamente para essa regressão, silenciando diante das violações de direitos humanos ou mesmo protegendo e elogiando os piores violadores. O comportamento da política externa do governo Lula reflete uma concepção sobre o sistema internacional que colide com os valores e interesses nacionais.

36 Direitos Humanos: O Debate Internacional e o Brasil
Sergio Abreu e Lima Florêncio
Finda a Guerra Fria, criaram-se altas expectativas quanto à vigência abrangente dos direitos humanos no sistema da ONU . Uma ilusão: as condenações mostraram-se politicamente direcionadas. O novo Conselho de Direitos Humanos é uma tentativa de superar o problema, para a qual o Brasil contribuiu, evitando polarizações e articulando consensos, como é de nossa tradição, às vezes incompreendida, na área internacionial dos direitos humanos. Internamente, temos feitos progressos e sido transparentes no reconhecimento dos problemas.

46 Mitigação da Mudança Climática e Oportunidades para o Brasil
Eduardo Viola
Mais do que para qualquer outro país, o interesse nacional do Brasil coincide com o interesse global de mitigação da mudança climática. O país tem tudo para ser mais desenvolvido e mais eqüitativo numa economia de baixo carbono. Não se justifica, a não ser por ranço ideológico, manter-se na posição defensiva de co-líder de uma coalizão de países emergentes com matriz energética suja.

58 Dez Anos de Reforma da Indústria de Petróleo: Lições e Novos Desafios
David Zilberstejn e Helder Queiroz Pinto Jr.
Em uma década de regulação econômica no setor de petróleo e gás, os resultados foram muito positivos, com investimentos novos que permitiram alavancar os investimentos e possibilitaram a exploração de novas fronteiras petrolíferas. As recentes descobertas de petróleo e gás em águas ultraprofundas representam uma grande oportunidade para o Brasil. O artigo discute como aproveitá-la, aperfeiçoando o marco regulatório existente.

67 A Inovação no Centro da Agenda
Glauco Arbix
Inovação é chave para o desenvolvimento em todos os países do mundo. Para o Brasil, inovação é essencial tanto para acelerar quanto para sustentar o crescimento econômico. Não há como preparar o país para o futuro sem tornar mais inovadores nossa economia, nossas empresas, nossas universidades e nosso Estado. Não é luxo de país rico, mas necessidade de quem enfrenta a competição de gigantes como a China e a Índia.

76 Sobre o Conceito de Interesse Nacional
Renato Janine Ribeiro
Ninguém pensa o interesse nacional se não for para defendê-lo e promovê-lo. “Nacional”, porém, não deve se referir a nação, mas a “Estado independente”, que pretende ser sujeito de sua ação. “Interesse”, por sua vez, é termo que, por sua própria origem e significado na reflexão política, pode levar à idéia de “um só interesse”. O que importa, numa democracia, é tomar o “interesse do Estado independente” como ponto de convergência, racionalmente sugerido, para que valores diferentes floresçam.

domingo, 8 de junho de 2008

886) Liga das Democracia: uma ideia maluca, Moises Naim

Liga de Naciones Democraticas: Buen nombre, mala idea
Moises Naim
El País, Domingo, 1 Junio, 2008

¿Estaría usted de acuerdo con que se formara una alianza mundial de naciones democráticas? Al club sólo serían admitidos países democráticos que se comprometieran a no usar la fuerza para dirimir conflictos entre sí. Además, esta alianza de democracias también podría actuar en concierto para influir sobre países que no son miembros del club, para que abandonen prácticas peligrosas o aborrecibles. Parar la construcción de bombas atómicas en Irán, el genocidio en Darfur (Sudán) o la represión en Myanmar son ejemplos del tipo de objetivos que podría perseguir este grupo. También podría coordinarse para actuar contra el cambio climático o el terrorismo. ¿Suena bien, verdad? Lástima que sea una mala idea.

La primera dificultad es decidir qué países pueden entrar en el club de las democracias

Esta idea no sólo tiene un buen nombre -oponerse a una alianza de democracias produce la misma sensación que estar en contra de una asociación de madres- sino que también tiene importantes padrinos. El más antiguo es Emmanuel Kant, quien en 1795 propuso que para alcanzar lo que llamó "paz perpetua" era necesario un acuerdo entre "republicas" (en esa época la democracia no estaba muy de moda).

El más reciente de los promotores de esto es John McCain, el candidato republicano a la presidencia de Estados Unidos: "Necesitamos un nuevo acuerdo global, una liga de democracias, que pueda movilizar el gran poder de las más de 100 naciones democráticas del mundo con el fin de promover nuestros valores y defender nuestros intereses comunes". Importantes figuras del Partido Demócrata también apoyan la idea. Asesores de Barack Obama la han propuesto y a Madeleine Albright, importante asesora de Hillary Clinton, también le gusta la idea. Tanto que en 1999, como secretaria de Estado, anunció que su prioridad era crear una comunidad global de democracias. Y lo hizo. En 2000 presidió en Varsovia una reunión de 106 países que oficializó la creación de la Comunidad de Democracias. Un primer indicio de que la idea es algo problemática es que ocho años después, el mundo aún no parece haberse enterado de que el club de democracias ya existe.

La Comunidad de Democracias obviamente ha sido más efectiva como foro de discusión que como agente de influencia. Y es que no debe ser fácil poner de acuerdo a los 106 países que integran esta organización. Más aun cuando la comunidad incluye democracias tan ejemplares como las de Egipto, Rusia o Yemen. También hay que reconocer que en los últimos ocho años Estados Unidos no ha tenido un Gobierno particularmente interesado en coordinar sus decisiones (guerra de Irak) en al ámbito internacional con otros países.

Es en parte como reacción al unilateralismo del Gobierno de George W. Bush, que en ciertos círculos tanto conservadores como liberales de Estados Unidos ha renacido el entusiasmo para crear (o re-crear) una liga de naciones democráticas. Quienes no están tan entusiasmados con la idea son las otras grandes democracias del mundo. Ni India, ni Brasil ni Suráfrica, por ejemplo, han mostrado gran interés por el tema. Como escribe el ex diplomático inglés, David Hannay: "¿Se le ha ocurrido a alguno de los promotores de la liga de democracias preguntar a los indios o a los brasileños que piensan de la idea? La repuesta que obtendrían estaría entre la cautela y el rechazo".

Hay muchas razones para no entusiasmarse con la idea. La primera es la dificultad de decidir qué países pueden ser miembros del club. ¿Es Rusia una democracia? ¿Y quién lo decide? Otro problema que tendría un grupo como este es la presunción de que el sistema político de una nación define su política exterior. Esta es la teoría de la paz democrática, según la cual las democracias no inician guerras. Pregúntenle a George Bush.

Otra débil premisa es que los países democráticos tienen más intereses en común con otras democracias que con dictaduras. Esto no es así. La China no democrática comparte muchos intereses con las grandes democracias del mundo y sabemos que ningún gran problema global puede ser eficazmente enfrentado sin la activa participación de China.

¿Pueden las tensiones con el mundo islámico ser aliviadas sin la intensa concertación con países árabes no democráticos? ¿Puede la crisis energética ser frenada sin la colaboración de las monarquías y las dictaduras que más petróleo tienen? Claro que no.

Una liga de democracias que logre coordinar sus actuaciones puede además tener efectos contraproducentes. Como por ejemplo, forzar al creciente número de países no democráticos, o con democracias que son sólo aparentes, a trabajar en bloque para contrarrestar las iniciativas del club de democracias. En fin, no es una buena idea

Qué lastima que un nombre tan bueno como el de alianza de democracias tenga implicaciones tan defectuosas.

Source/Fuente: http://www.elpais.com

885) Rubens Ricupero: A falacia do preco dos alimentos

Primeiro transcrevo um artigo, depois comento mais abaixo:

A falácia do preço dos alimentos
Rubens Ricupero
Folha de S.Paulo, 8.06.2008

É FALSO ou exagerado boa parte do que se alardeia sobre a alta do preço dos alimentos. Nos últimos dez meses, é fato que os preços subiram em termos nominais. Contudo, quando se comparam esses preços com a média histórica e se corrige o efeito da inflação, a realidade é bem diferente.
Levando em conta o colapso no preço das commodities nos anos 1980 e 1990, José Antonio Ocampo, ex-subsecretário econômico da ONU, hoje na Universidade de Columbia, e Maria Ângela Parra publicaram artigo provando que a explosão é de preços minerais, e não agrícolas.
Tomaram como base o período 1945-1980, fase de 35 anos de preços até um pouco abaixo da tendência histórica. Aplicaram depois, como deflator, o índice da ONU/Banco Mundial conhecido como Unidade de Valor de Manufaturas.
Resultado: os números mostram explosão nos preços do petróleo e dos metais, sobretudo do cobre. Todos mais que dobraram, em termos reais, em relação à média de referência. O único ano em que os metais estiveram tão caros foi 1916, no meio da Primeira Guerra.
Já os preços agrícolas apenas se recuperam do abismo em que se tinham precipitado nos anos 80, sem que ninguém vertesse lágrimas pelas perdas dos agricultores. A maioria dos produtos tropicais na verdade ainda se encontra longe de haver recomposto as perdas.
Só existe um alimento de primeira necessidade com preço superior à média do pós-guerra. É o trigo, com índice de 189,7 (o índice 100 corresponde à fase 1945-1980). Os três outros produtos agrícolas acima de 100 são o óleo de palma (260,1), a banana (185) e a borracha (162,8). O Brasil não é grande exportador de nenhum: na banana, ocupamos posição marginal, e na borracha mal atingimos um terço das nossas necessidades. Uma segunda categoria é a dos alimentos que quase recuperaram o nível da média passada: o milho (95,7) e o arroz (78).
Na pior classe, a dos preços ainda deprimidos, encontramos o cacau (60,9), o chá (58,7), o café (58), o algodão (43,5) e o açúcar (41). O fato de que o açúcar nem conseguiu chegar à metade de sua cotação histórica média põe por terra o argumento de pressão direta do álcool de cana sobre o preço de alimentos.
Chega-se ao mesmo resultado pela evolução dos termos de intercâmbio, isto é, a relação entre preços de exportações e de importações. O último relatório da Cepal sobre a economia da América Latina, divulgado em dezembro de 2007, revela que os únicos países cujos termos de intercâmbio no ano passado melhoraram em 90%-100% acima dos de 2003 foram o Chile, exportador de cobre, e a Venezuela, de petróleo.
As outras melhoras significativas foram todas de exportadores de minérios: Bolívia e Peru (40%-60%); Colômbia e Equador (acima de 25%). Os dois maiores exportadores agrícolas, Argentina e Brasil, tiveram melhora de 10% ou menos.
Não é por acaso que Ocampo tenha sido diretor da Cepal e herdeiro do conselho de Raúl Prebisch: temos de olhar para os relatórios econômicos produzidos nos países ricos com espírito crítico e a partir da nossa realidade. Quem come da mão de americanos e europeus vê o que eles querem que vejamos.
A realidade é outra: os preços agrícolas e a renda rural ainda não se recuperaram plenamente da longa fase de colapso, os produtos tropicais continuam deprimidos e a real explosão é a do petróleo e dos metais.

RUBENS RICUPERO , 71, diretor da Faculdade de Economia da Faap e do Instituto Fernand Braudel de São Paulo, foi secretário-geral da Unctad (Conferência das Nações Unidas sobre Comércio e Desenvolvimento) e ministro da Fazenda (governo Itamar Franco). Escreve quinzenalmente, aos domingos, nesta coluna.

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Agora comento segundo meu conhecimento econômico e histórico:

É verdade o que diz o Embaixador Ricupero. Porem, essas comparacoes de niveis de precos sempre são problematicas, para dizer o mínimo. Os únicos precos que baixam CONTINUAMENTE, matematicamente, são os de manufaturados de massa, que se tornam cada vez mais baratos e acessiveis.
Quanto às materiais primas, tudo depende, obviamente, das condicoes de oferta e da procura e, em termos historicos, de qual seria a base da serie estatistica para estimar perdas e ganhos e relacoes de troca. Dependendo de onde se coloca o indice 100, voce pode ter um ganho ou uma perda, em funcao dos valores computados ALEATORIAMENTE.
Na longa serie, porem, pode-se dizer que efetivamente que os Minerais, por serem finitos, tendem a ter seu preço aumentado, dependendo da procura. O guano, por exemplo, era extremamente valorizado como adubo natural, ate ser desbancado pela amonia de petroleo no seculo XIX. Dai nao serviu para mais nada.
O cobre pode, teoricamente, ser desbancado por novos materiais condutores de melhor desempenho ou mais baratos.
Quanto aos agricolas, seus precos deveriam se reduzir, NATURALMENTE, em funcao dos ganhos de produtividade e do descarte completo dos fantasmas malthusianos.
Portanto, falar em recuperacao dos precos das commodities agricolas pode ser enganoso: elas deveria, teoricamente, ter o seu preco reduzido, a medida em que mais ofertantes entram no mercado. A Cepal, prebischiana, achava que os precos das commodities sempre iria cair, com a deterioracao inevitavel das relacoes de troca. Não é verdade. As commodities podem sim aumentar de preco: basta faltar oferta, o que depende, basicamente da producao de bens agricolas pelos produtores primarios, segundo os velhos principios ricardianos conhecidos.
Se nao se produz mais alimentos, é por politicas erradas, nao por ausencia de condicoes naturais. Nada disso ocorre com os minerais: ou voce tem ou nao tem. As simple as that...
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Paulo Roberto de Almeida

884) Um tipo diferente de consenso: Copenhagen

REVIEW & OUTLOOK
A Different Consensus
The Wall Street Journal, June 7, 2008; Page A10

Even as the U.S. Senate debates a vast new tax and spend regime in the name of fighting climate change, a more instructive argument was taking place in Copenhagen, Denmark. Some of the world's leading economists met last week to decide how to do the most good in a world of finite resources.

Scarcity is a core economic concept, though politicians and even many economists prefer to ignore it. There isn't an unlimited amount of money to be spent on every problem, so choices have to be made. The question addressed by the Copenhagen Consensus Center is what investments would do the most good for the most people. The center's blue-ribbon panel of economists, including five Nobel laureates, weighed more than 40 proposals to improve the world by spending a total of $75 billion over the next four years.

What would do the most good most economically? Supplements of vitamin A and zinc for malnourished children.

Number two? A successful outcome to the Doha Round of global free-trade talks. (Someone please tell Barack Obama.)
[A Different Consensus]

Global warming mitigation? It ranked 30th, or last, right behind global warming mitigation research and development. (Someone please tell John McCain.) The nearby table lists other rankings.

"It's true that trade doesn't immediately save lives," explains Bjorn Lomborg, the political scientist who heads the Copenhagen Consensus Center. "But it's proven that when people have more money" – as tends to be the case when trade barriers fall – "they improve their health, their education and so on." The resulting prosperity reduces such problems as malnutrition and disease, while improving education. All three of those ranked high on the priority list.

The benefits of freer trade were estimated in a paper presented by Professors Kym Anderson and Alan Winters. They found that a successful Doha Round could generate up to $113 trillion in new wealth during the 21st century, at a cost of $420 billion or less from inefficient industries going bust. If you like ratios, that's a return of $269 for every $1 of cost. A less conservative projection puts the gains three times higher. More than 80% of this global windfall would go to the world's poorest countries.

Meanwhile, providing vitamin A and zinc would help some 112 million children in sub-Saharan Africa and South Asia for merely $60 million a year. The minerals would help prevent blindness and stunted growth – increasing lifetime productivity by an estimated $1 billion. Similar if not quite so bountiful returns apply to investments in iron supplements, salt iodization and deworming, all low-cost measures that the economists in Copenhagen ranked highly. A private charity would be smart to seize on these opportunities, the way that Rotary International led the fight to all but eradicate polio in the 20th century.

No doubt there is room to debate these priorities, and that was the point of the Copenhagen sessions. But it's also instructive that the rich world's political cause du jour, global warming, fell well down the list. Research into low-carbon energy technologies, at No. 14, was the only climate-related proposal to reach even the middle of the priority list.

As Mr. Lomborg recently explained, the costs of mitigating climate change would be enormous for what are highly speculative benefits. He prefers research on new technologies, rather than a global cap-and-trade regime that would raise energy prices and thus reduce overall economic growth. Meanwhile, societies that are wealthier due to free trade will be better able to cope with the consequences of warming, if it occurs.

The Doha trade round has fallen out of the news, largely because there is so little political will to compromise and get a deal. As the Copenhagen Consensus shows, this is a global tragedy that will do far more harm to more people than a modest increase in global temperature.

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OPINION

How to Think About the World's Problems
By BJORN LOMBORG
The Wall Street Journal, May 22, 2008; Page A15

The pain caused by the global food crisis has led many people to belatedly realize that we have prioritized growing crops to feed cars instead of people. That is only a small part of the real problem.

This crisis demonstrates what happens when we focus doggedly on one specific – and inefficient – solution to one particular global challenge. A reduction in carbon emissions has become an end in itself. The fortune spent on this exercise could achieve an astounding amount of good in areas that we hear a lot less about.

Research for the Copenhagen Consensus, in which Nobel laureate economists analyze new research about the costs and benefits of different solutions to world problems, shows that just $60 million spent on providing Vitamin A capsules and therapeutic Zinc supplements for under-2-year-olds would reach 80% of the infants in Sub-Saharan Africa and South Asia, with annual economic benefits (from lower mortality and improved health) of more than $1 billion. That means doing $17 worth of good for each dollar spent. Spending $1 billion on tuberculosis would avert an astonishing one million deaths, with annual benefits adding up to $30 billion. This gives $30 back on the dollar.

Heart disease represents more than a quarter of the death toll in poor countries. Developed nations treat acute heart attacks with inexpensive drugs. Spending $200 million getting these cheap drugs to poor countries would avert 300,000 deaths in a year.

A dollar spent on heart disease in a developing nation will achieve $25 worth of good. Contrast that to Operation Enduring Freedom, which Copenhagen Consensus research found in the two years after 2001 returned 9 cents for each dollar spent. Or with the 90 cents Copenhagen Consensus research shows is returned for every $1 spent on carbon mitigation policies.

Focusing first on costs and benefits means that we can reconsider the merits of policies that have gone out of fashion.

The unpopular war in Iraq has undermined rich nations' belief in the success of military intervention as a way of reducing conflict. But Copenhagen Consensus research reveals that a peacekeeping force is even more effective than aid in reducing the likelihood that a conflict-prone nation will relapse into violence.

Four new civil wars are expected to break out in the next decade in low-income nations. Compared with no deployment, spending $850 million on a peacekeeping initiative reduces the 10-year risk of conflict re-emerging to 7% from around 38%, according to Copenhagen Consensus research by Oxford University's Paul Collier.

Because of war's horrendous and lasting costs, each percentage point of risk reduction is worth around $2.5 billion to the world. Thus, spending $850 million each year to reduce the risk of conflict by a massive 30 percentage points means a 10-year gain of $75 billion compared to the overall cost of $8.5 billion, or $9 back on the dollar.

In other areas, too, sound economic analysis suggests solutions that we may at first find unpalatable.

Poor water or sanitation affects more than two billion people and will claim millions of lives this year. One targeted solution would be to build large, multipurpose dams in Africa.

Building new dams may not be politically correct, but there are massive differences between the U.S. and Europe – where there are sound environmental arguments to halt the construction of large dams and even to decommission some – and countries like Ethiopia which have no water storage facilities, great variability in rainfall, and where dams could be built with relatively few environmental side effects. A single reservoir located in the scarcely inhabited Blue Nile gorge in Ethiopia would cost a breathtaking $3.3 billion. But it would produce large amounts of desperately needed power for Ethiopia, Sudan and Egypt, combat the regional water shortage in times of drought, and expand irrigation. All these benefits would be at least two-and-a-half times as high as the costs.

In each of these areas – and in the areas of air pollution, education and trade barriers – the world's scarce resources could be used to achieve massive amounts of benefits.

Next week, some of the world's top economists, including five Nobel laureates, will consider new research outlining the costs and benefits of nearly 50 solutions to world problems – from building dams in Africa to providing micronutrient supplements to combating climate change. On May 30, the Copenhagen Consensus panel will produce a prioritized list showing the best and worst investments the world could make to tackle major challenges.

The research and the list will encourage greater transparency and a more informed debate.

Acknowledging that some investments shouldn't be our top priority isn't the same as saying that the challenges don't exist. It simply means working out how to do the most good with our limited resources. It will send a signal, too, to research communities about areas that need more study.

The global food crisis has sadly underlined the danger of continuing on our current path of fixating on poor solutions to high-profile problems instead of focusing on the best investments we could make to help the planet.

Mr. Lomborg, organizer of Copenhagen Consensus, is the author of "Cool It: The Skeptical Environmentalist's Guide to Global Warming" (Knopf, 2007).

883) I Wish You Love - Que reste-t-il de nos amours?

I Wish You Love - Que reste-t-il de nos amours?

Musique originale: Charles Trenet; English Lyrics: Albert A. Beach
(June 7, 2008)

Goodbye, no use leading with our chins
This is where our story ends
Never lovers, ever friends
Goodbye, let our hearts call it a day
But before you walk away
I sincerely want to say

I wish you bluebirds in the spring
To give your heart a song to sing
And then a kiss but more than this
I wish you love

And in July, a lemonade
To cool you in some leafy glade
I wish you health and more than wealth
I wish you love

My breaking heart and I agree
That you and I could never be
So with my best, my very best
I set you free

I wish you shelter from the storm
A cozy fire to keep you warm
But most of all when snowflakes fall
I wish you love

Youtubes:
From the movie

Only lyrics and song: (Rachael Yamagata Album Version)

Another version with slides

Paris

Frank Sinatra (Followed by “And That’s Life”)
Frank Sinatra (with Count Basie):

Rod Stewart

Michael Bublé (with: I’ll never smile again)

Chaka Khan (with George Duke and Stanley Calrk at Montreux Jazz Festival)

Judy Garland

Chrissie Hynde (from Eye of the Beholder)

Chrissie Hynde

Que reste-t-il de nos amours?
Charles Trenet
http://www.youtube.com/watch?v=cu9bXqpR5Gk&feature=related
Patrick Bruel

Paroles françaises par Charles Trenet:

Ce soir, le vent qui frappe à ma porte
Me parle des amours mortes
Devant le feux qui s’éteint
Ce soir, c’est une chanson d’automne
Dans la maison qui frissone
Et je pense aux jours lointains

Que reste-t-il de nos amours
Que reste-t-il de ces beaux jours
Une photo, vieille photo
De ma jeunesse

Que reste-t-il des billets doux
Des mois d' avril, des rendez-vous
Un souvenir qui me poursuit
Sans cesse

Bonheur fané, cheveux au vent
Baisers volés, rêves mouvants
Que reste-t-il de tout cela
Dites-le-moi

Un petit village
Un vieux clocher
Un paysage
Si bien caché
Et dans un nuage
Le cher visage
De mon passé

Les mots, les mots tendres qu’on murmure
Les caresses les plus pures
Les serments au fonds des bois
Les fleurs, qu’on retrouve dans un livre
Dont le parfum nous enivrent
Ce sont envolés pourquoi?

Que reste-t-il de nos amours
Que reste-t-il de ces beaux jours
Une photo, vieille photo
De ma jeunesse

Que reste-t-il des billets doux
Des mois d' avril, des rendez-vous
Un souvenir qui me poursuit
Sans cesse

Bonheur fané, cheveux au vent
Baisers volés, rêves mouvants
Que reste-t-il de tout cela
Dites-le-moi

Un petit village
Un vieux clocher
Un paysage
Si bien caché
Et dans un nuage
Le cher visage
De mon passé

Dalida (avec Charles Trenet)

Dalida avec Johnny Mathis

Nana Mouskouri

Francoise Hardy et Bashung

I wish you love / Que reste-t-il de nos amours – Quintet Robert Fourgo

882) Curso em SP: A ordem mundial e as relações internacionais do Brasil

ESCOLA SUPERIOR DE PROPAGANDA E MARKETING
Curso de Férias (noturno): São Paulo, SP

A ordem mundial e as relações internacionais do Brasil

Objetivo:
Informar, analisar e debater com os participantes do curso os aspectos políticos, econômicos e tecnológicos da ordem internacional contemporânea. Serão enfocados os principais problemas da agenda diplomática mundial e a forma como o Brasil interage com cada uma de suas vertentes, no contexto da globalização e da internacionalização de seu sistema econômico.

A quem se destina:
A estudantes de humanidades em geral, de cursos de Relações Internacionais, em particular, mas também a todos os que estudam temas de alguma forma afetos aos negócios globais, em nível de graduação ou especialização em administração (com foco em global business). Deve interessar, igualmente, a homens de negócio, assim como a quaisquer outros profissionais interessados em atualizar conhecimentos sobre a agenda internacional (negociações comerciais multilaterais e regionais, crises financeiras, temas globais) e sobre a diplomacia brasileira em particular.

Metodologia:
Distribuição preliminar de apostila e de ampla bibliografia sobre os pontos selecionados, exposição em classe e interação com os alunos sobre as questões selecionadas e outras sugeridas durante o próprio curso .

Programa:
1) A ordem política mundial do início do século XXI e a posição do Brasil (Segurança estratégica e equilíbrios geopolíticos: interesses do Brasil; Relações entre as grandes potências e conflitos regionais: a América do Sul; Cooperação política e militar nas zonas de conflitos: o Conselho de Segurança)
2) A ordem econômica mundial e a inserção internacional do Brasil
(Regulação cooperativa das relações econômicas internacionais; Assimetrias de desenvolvimento: crescimento e investimentos estrangeiros; Cooperação multilateral e Objetivos do Milênio: o fracasso da ajuda oficial; Recursos energéticos e padrões de sustentabilidade: o papel do Brasil)
3) O Brasil e as economias emergentes: desafios e perspectivas
(Evolução recente das economias emergentes no contexto mundial; Acesso a mercados e negociações comerciais multilaterais; O Brasil no contexto das economias emergentes: desafios e limitações)
4) O regionalismo sul-americano e o papel político-econômico do Brasil
(Contexto político da América do Sul em perspectiva histórica; Os processos de integração regional e a evolução da posição do Brasil; Integração regional: origens e evolução do Mercosul, crise e estagnação; Desafios do Mercosul no contexto regional e mundial: perspectivas)

Professor:
Paulo Roberto de Almeida: Doutor em Ciências Sociais (Universidade de Bruxelas), Mestre em Economia Internacional (Universidade de Antuérpia); Diplomata de carreira; Professor orientador no Mestrado em Diplomacia do Instituto Rio Branco do Ministério das Relações Exteriores; Professor de Economia Política Internacional no Mestrado em Direito do Centro Universitário de Brasília – Uniceub. Ex-Assessor no Núcleo de Assuntos Estratégicos da Presidência da República; Ministro-Conselheiro na Embaixada do Brasil em Washington (1999-2004).
Link para CV Lattes: http://lattes.cnpq.br/9470963765065128; pralmeida@mac.com; www.pralmeida.org.

Duração:
Dias 7 e 8 e 10 e 11 de Julho de 2008; quatro noites de 3:30hs cada uma (das 19 às 22:30hs; total: 14hs).

Inscrições / Vagas Limitadas
On-line no site da ESPM – www.espm.br/ferias

Maiores informações neste link:
http://www.espm.br/ConhecaAESPM/Cursos/Pages/Default.aspx?CodigoUnidade=1&CodigoCursoDetalhe=271

sexta-feira, 6 de junho de 2008

881) E agora, sobre a Realpolitik...

Pequena lição de Realpolitik
(Brasília, 2 junho 2008, 5 p.) Digressões rápidas sobre esse conceito e o seu oposto, a Idealpolitik.
Publicado em Mundorama e em Meridiano 47.

Seria totalmente justificado o mau (pré)conceito que carrega a Realpolitik no plano das atitudes possíveis de serem adotadas pelos estadistas e outros responsáveis pelas relações internacionais dos Estados modernos? Leva ela, necessariamente, a um comportamento egoísta no confronto com alternativas menos estado-cêntricas e mais voltadas para o bem comum da comunidade internacional? Mas será que existe, de fato, uma coisa chamada “comunidade internacional”? Estadistas responsáveis podem adotar outra postura que não a pragmática, focada no interesse nacional, quando se trata de administrar as relações exteriores de seus países? Vejamos o que seria possível argumentar em torno desse conceito numa espécie de curso concentrado.
Realpolitik é mais um método do que uma doutrina, completa e acabada. Ela pode ser vista como uma escola de pensamento que não é boa, ou má, em si, e sim que pode, ou não, servir os interesses daqueles que presumidamente se guiam por seus “princípios”, algo vagos, de análise e de ação. O que ela quer dizer, finalmente? A rigor, trata-se de um simples cálculo utilitário, baseado nos interesses primários de um país, um Estado, um indivíduo. Ela tende a considerar os dados do problema e não se deixa guiar por motivações idealistas, generosas ou “humanitárias” de tal decisão ou ação, mas apenas e exclusivamente pelo retorno esperado de um determinado curso de ação, que deve corresponder à maior utilidade ou retornos possíveis para o seu proponente ou condutor da ação.
Como tal, ela responde a objetivos estritamente pragmáticos e “racionais”, num sentido estrito, de uma determinada interação humana, social ou estatal. Ela parte de um pressuposto básico, na vida ou na sociedade: indivíduos e grupos sociais guiam-se, basicamente, por seus instintos de sobrevivência ou por seus interesses imediatos de conforto, bem-estar, segurança, maximização de satisfação, de prazer ou de riqueza e poder, no caso de sociedades mais complexas. Não se pode negar que, nessa perspectiva, ela corresponde, aparentemente, à natureza humana, ou pelo menos a certa concepção da natureza humana, tal como vista pelos filósofos utilitaristas ou individualistas.
O que oferece, em seu lugar, aquela que seria, presumivelmente, sua contrapartida teórica, ou até prática, a Idealpolitik? Esta, supostamente, se deixaria guiar por nobres ideais, altruística em seus princípios e motivações, generosa nas suas interações e ações, voltada para o bem comum, a solidariedade, a elevação moral da humanidade e a promoção de valores vinculados aos direitos humanos, à democracia, ao primado do direito sobre a força, à construção de uma institucionalidade que supere, justamente, o interesse egoísta de indivíduos e Estados. Ainda que se possa conceber a existência, e mesmo a atuação, de indivíduos, instituições e Estados que se deixem guiar por tal conjunto de princípios e valores, não tenho certeza de que eles são seguidos na prática quando se trata do interesse maior de indivíduos e sociedades organizadas, que são os da sua segurança e da sua sobrevivência física.
Em qualquer hipótese, algumas distinções são possíveis, e passíveis, de serem feitas e elas têm a ver com a organização geral das ações do Estado no plano exterior. Teoricamente, a “doutrina” idealista seria mais comprometida com a cooperação internacional – no plano bilateral ou multilateral – e com a promoção de instituições comprometidas com tal finalidade, atualmente representadas pela ONU (mesmo com toda a corrupção e desvios comprovados), ao passo que a “doutrina” realista teria unicamente como base o interesse egoísta dos Estados, fechados, portanto, a esforços de cooperação ampliada, assistência a necessitados ou promoção de interesses comuns da humanidade. Tal dicotomia é dificilmente encontrável na prática, pois todos os Estados, e indivíduos, acabam cooperando na prática, ainda que tratando de cuidar, primariamente, de seu interesse próprio.
Finalmente, pode-se conceber uma Realpolitik “esclarecida” que, voluntariamente ou não, busca, de forma ativa ou secundária, a promoção de valores “altruísticos”, uma vez que eles poderiam ser funcionais, em última instância, para a promoção e a manutenção do interesse próprio do Estado ou do indivíduo em questão. Ou seja, a busca do “bem” redundaria em maior bem primeiramente para o seu promotor.
Estas considerações, necessariamente de cunho generalizante ou conceitual, não têm muito a ver com realizações práticas, ou correntes, de alguma Realpolitik em ação, “esclarecida” ou não. Normalmente se tende a identificar o exercício desse tipo de política com manifestações práticas de “diplomacia blindada” de alguma grande potência, na suposição de que apenas potências dominantes têm condições de cuidar de seu interesse próprio de maneira egoísta ou arrogante, o que é um entendimento enviesado, ou capcioso, do que seja Realpolitik. Por certo, pequenos Estados ou indivíduos desprovidos de poder próprio não têm condições de impor sua vontade aos demais, daí a identificação da Realpolitik com a política de poder. A rigor, qualquer indivíduo ou Estado pode tentar exercer seu quantum de Realpolitik, embora dentro de limites próprios à sua liberdade de ação (ou de reação).
Para tocar num exemplo sempre invocado de doutrina “realista” do interesse nacional, num sentido estreitamente egoísta e unilateral, referência é feita à chamada “doutrina Bush” de ação preventiva, com vistas a antecipar a qualquer iniciativa por parte de Estados inimigos ou grupos terroristas de atacar os EUA, o que justificaria, aos olhos de seus dirigentes, um ataque preventivo contra esses supostos inimigos. Ao mesmo tempo, caberia lembrar que essa doutrina vem sendo apresentada ou vem “envelopada” num conjunto de argumentos justificadores da ação americana, condizentes, supostamente, com uma visão mais “altruística” das relações internacionais, posto que identificada com a promoção da democracia, a defesa dos direitos humanos – em especial da mulher –, a capacidade de iniciativa individual no plano econômico, a liberdade religiosa e vários outros elementos de natureza supostamente “iluminista”.
Que isto esteja sendo feito por bombas e ocupação militar, e não por professores e missionários, poderia ser visto como secundário do ponto de vista da escola “realista”, embora não o seja para os “destinatários” da ação: afinal de contas, parece difícil implementar a democracia na ponta dos fuzis, ou mediante canhões e mísseis. Desse ponto de vista, a visão e a ação de Kissinger pareciam sinceras, ainda cinicamente realistas: ele não pretendia “melhorar” o mundo, apenas torná-lo suportável no plano dos interesses nacionais americanos, o que já lhe parecia um programa realisticamente enorme (em face dos perigos percebidos, reais ou ilusórios).
A Realpolitik, portanto, recomendaria deixar cada povo cuidar dos seus afazeres, sem interferência dos demais, até o limite dos efeitos indiretos sobre a segurança de outros da soberania exclusiva assim exercida (ou seja, eventuais spill-overs da potestade interna exercida de maneira excludente). Atualmente se invoca, ao lado do “dever de ingerência” – que seria a intervenção direta nos assuntos internos de outros Estados em caso de graves atentados aos direitos humanos – o chamado princípio da “não-indiferença”, que seria uma motivação altruística para exercer a cooperação ativa em prol do bem estar de povos menos bem aquinhoados pela natureza ou pela sua organização estatal ou social. A diferença entre um e outro estaria em que, no primeiro caso, a intervenção se daria contrariamente aos desejos ou capacidade de reação do Estado em questão, ao passo que no segundo, em total concordância e em cooperação com seus dirigentes.
Num primeiro caso, teríamos, então, a Realpolitik bem intencionada, no segundo a Idealpolitik explícita e aberta. O que se deve julgar, na verdade, é a eficiência das ações empreendidas com relação a objetivos bem determinados: no primeiro caso, o possível resultado é o salvamento de pessoas que de alguma forma pereceriam na ausência de intervenção, o que significa, simplesmente, a diferença entre a vida e a morte. No segundo caso, as ações altruísticas empreendidas podem ser rigorosamente inócuas, caso a não indiferença se exerça em direção de objetivos secundários ou totalmente marginais em relação aos verdadeiros problemas do país ou sociedade assim beneficiados com tal ação humanitária.
Não há, como se vê, um critério uniforme para se julgar princípios de ação, ou suas motivações teóricas: o que existem são situações objetivas e resultados tangíveis, em função dos quais julgar da efetividade de iniciativas e empreendimentos tomados por estadistas. O realismo e o idealismo podem ser invocados em circunstância diversas, e produzirem resultados totalmente contraditórios, em função dos objetivos pretendidos e dos meios mobilizados.
O que teria Kissinger a ver com isto, finalmente? Provavelmente nada, a não ser a perspectiva da história profunda e o sentido da razão, sempre bons conselheiros em matéria de políticas de Estado, em qualquer área que se pretenda atuar. Com todo o seu realismo cínico, Kissinger foi provavelmente um estadista altamente eficiente do ponto de vista dos interesses egoístas – portanto realistas – dos EUA. Teria sido ele tão eficiente assim caso tivesse sido, hipoteticamente, guindado à frente das Nações Unidas, num papel de cunho profundamente altruístico e humanitário? Provavelmente não, pois lhe faltaria a alavanca necessária para ser bom (ou mau, com os ditadores), segundo as circunstâncias: o poder de ordenar e de ser obedecido.
Não é segredo para ninguém que a ONU, com todos os seus bons princípios – e a despeito de uma maquinaria emperrada, por vezes corrupta – não é sequer capaz de fazer cumprir seus objetivos prioritários, e ela não o será pelo futuro previsível. Isto talvez seja uma demonstração cabal de que o realismo prático, com todos os seus supostos defeitos congenitais, ainda constitui uma boa alavanca para a ação.
Talvez, então, a melhor combinação possível, se as escolhas nos são dadas, fosse armar-se de uma doutrina inspirada nos bons princípios da Idealpolitik, ao mesmo tempo em que, no terreno da ação prática (e efetiva), buscaríamos guiar-nos pelos velhos e surrados princípios da Realpolitik. Acredito que mesmo um cínico como Kissinger não desgostaria desta combinação. Provavelmente é mais fácil propor do que implementar tal tipo de mini-max, ou seja, uma mistura de boas intenções com uma mão de ferro na sua consecução: poucos seriam capazes de fazê-lo, talvez apenas os “realistas-idealistas”. Ou serão os “idealistas- realistas”? Grande questão...

Paulo Roberto de Almeida
Brasília, 2 de junho de 2008

880) O legado do Kissinger

Um dos meus trabalhos mais recentes:
O legado de Henry Kissinger
Brasília, 1 junho 2008, 5 p.
Comentários sobre a obra prática e intelectual do estadista americano.
Publicado em Mundorama e na Meridiano 47.

Não, o velho adepto da realpolitik ainda não morreu. Mas tendo completado 85 anos em maio de 2008, o ex-secretário de Estado e ex-conselheiro de Segurança Nacional dos EUA Henry Kissinger aproxima-se das etapas finais de sua vida. Seus obituários – não pretendendo aqui ser uma ave de mau agouro – devem estar prontos nas principais redações de jornais e revistas do mundo inteiro, e os comentaristas de suas obras preparam, certamente, revisões de análises anteriores para reedições mais ou menos imediatas, tão pronto este “Metternich” americano passe deste mundo terreno para qualquer outro que se possa imaginar (na minha concepção, deverá ser o mundo das idéias aplicadas às relações de poder).
Talvez seja esta a oportunidade para um pequeno balanço de seu legado, que alguns – por exemplo Cristopher Hitchens, em The Trial of Henry Kissinger – querem ver por um lado unicamente negativo, ou até criminoso, como se ele tivesse sido apenas o inimigo dos regimes “progressistas” e um transgressor consciente dos direitos humanos e da autodeterminação dos povos. Ele certamente tem suas mãos manchadas de sangue, mas também foi o arquiteto dos acordos de redução de armas estratégicas e da própria tensão nuclear com a extinta União Soviética, além de um mediador relativamente realista nos diversos conflitos entre Israel e os países árabes, no Oriente Médio. Sua obra “vietnamita” é discutível, assim como foi altamente discutível – ou francamente condenável – o prêmio Nobel da Paz concedido por um simplesmente desengajamento americano, que visava bem mais a resolver questões domésticas do que realmente pacificar a região da ex-Indochina francesa.
Pode-se, no entanto, fazer uma espécie de avaliação crítica de sua obra prática e intelectual, como reflexão puramente pessoal sobre o que, finalmente, reter de uma vida rica em peripécias intelectuais e aventuras políticas. Sua principal obra de “vulgarização” diplomática, intitulada de maneira pouco imaginativa Diplomacia simplesmente, deve constituir leitura obrigatória em muitas academias diplomáticas de par le monde. Seu trabalho mais importante, uma análise do Congresso de Viena (1815), é mais conhecido pelos especialistas do que pelo grande público, mas ainda assim merece ser percorrido pelos que desejam conhecer o “sentido da História”.
O legado de Henry Kissinger é multifacético e não pode ser julgado apenas pelos seus atos como Conselheiro de Segurança Nacional de Richard Nixon, ou como Secretário de Estado desse presidente e do seguinte, Gerald Ford, quando ele esteve profundamente envolvido em todas as ações do governo americano no quadro da luta anti-comunista que constituía um dos princípios fundamentais da política externa e da política de segurança nacional dos EUA. Esse legado alcança, necessariamente, suas atividades como professor de política internacional, como pensador do equilíbrio nuclear na era do terror – doutrina MAD, ou Mutually Assured Destruction –, como consultor do Pentágono em matéria de segurança estratégica, e também, posteriomente a seu trabalho no governo, como articulista, memorialista e teórico das relações internacionais.
A rigor, ele começou sua vida pública justamente como teórico das relações internacionais, ou, mais exatamente, como historiador do equilíbrio europeu numa época revolucionária, isto é, de reconfiguração do sistema de poder no seguimento da derrocada de Napoleão e de restauração do panorama diplomático na Europa central e ocidental a partir do Congresso de Viena (1815). Sua tese sobre Castlereagh e Metternich naquele congresso (A World Restored, 1954) é um marco acadêmico na história diplomática e de análise das realidades do poder num contexto de mudanças nos velhos equilíbrios militares anteriormente prevalecentes. Depois ele foi um fino analista dessas mesmas realidades no contexto bipolar e do equilíbrio de terror trazido pelas novas realidades da arma atômica. Ele se deu rapidamente conta de que não era possível aos EUA manter sua supremacia militar exclusiva, baseada na hegemonia econômica e militar e no seu poderio atômico, sem chegar a algum tipo de entendimento com o outro poder nuclear então existente, a União Soviética, uma vez que, a partir de certo ponto, a destruição assegurada pela multiplicação de ogivas nucleares torna ilusória qualquer tentativa de first strike ou mesmo de sobrevivência física, após os primeiros lançamentos.
Daí sua preocupação em reconfigurar a equação dos poderes – aproximando-se da China, por exemplo – e em chegar a um entendimento mínimo com a URSS, através dos vários acordos de limitações de armas estratégicas. O controle da proliferação nuclear também era essencial, assim como evitar que mais países se passassem para o lado do inimigo principal, a URSS (o que justifica seu apoio a movimentos e golpes que afastassem do poder os mais comprometidos com o lado soviético do equilíbrio de poder). Numa época de relativa ascensão da URSS, com governos declarando-se socialistas na África, Ásia e América Latina, a resposta americana só poderia ser brutal, em sua opinião, o que justificava seu apoio a políticos corruptos e a generais comprometidos com a causa anti-comunista. Não havia muita restrição moral, aqui, e todos os golpes eram permitidos, pois a segurança dos EUA poderia estar em jogo, aos seus olhos.
Ou seja, todas as acusações de Christopher Hitchens estão corretas – embora este exagere um pouco no maquiavelismo kissingeriano – mas a única justificativa de Henry Kissinger é a de que ele fez tudo aquilo baseado em decisões do Conselho de Segurança Nacional e sob instruções dos presidentes aos quais serviu. Não sei se ele deveria estar preso, uma vez que sua responsabilidade é compartilhada com quem estava acima dele, mas certamente algum julgamento da história ele terá, se não o dos homens, em tribunais sobre crimes contra a humanidade. Acredito, pessoalmente, que ele considerava as “vítimas” de seus muitos golpes contra a democracia e os direitos humanos como simples “desgastes colaterais” na luta mais importante contra o poder comunista da URSS, que para ele seria o mal absoluto.
O julgamento de alguém situado num plano puramente teórico, ou “humanista” – como, por exemplo, intelectuais de academia ou mesmo jornalistas, para nada dizer de juizes empenhados na causa dos direitos humanos ou de “filósofos morais” devotados à “causa democrática” no mundo –, tem de ser necessariamente diferente do julgamento daqueles que se sentaram na cadeira onde são tomadas as decisões e tem, portanto, de julgar com base no complexo jogo de xadrez que é o equilíbrio nuclear numa era de terror, ou mesmo no contexto mais pueril dos pequenos golpes baixos que grandes potências sempre estão aplicando nas outras concorrentes, por motivos puramente táticos, antes que respondendo a alguma “grande estratégia” de “dominação mundial”. Desse ponto de vista, Kissinger jogou o jogo de forma tão competente quanto todos os demais atores da grande política internacional, Stalin, Mao, Kruschev, Brejnev, Chu En-lai, Ho Chi-min e todos os outros, ou seja, não há verdadeiramente apenas heróis de um lado e patifes do outro. Todos estão inevitavelmente comprometidos como pequenos e grandes atentados aos direitos humanos e aos valores democráticos.
Não creio, assim, que ele tenha sido mais patife, ou criminoso, do que Pinochet – que ele ajudou a colocar no poder – ou de que os dirigentes norte-vietnamitas – que ele tentou evitar que se apossassem do Vietnã do Sul (e, depois, jogou a toalha, ao ver que isso seria impossível cumprir pela via militar, ainda que, na verdade, os EUA tenham sido “derrotados” mais na frente interna, mais na batalha da opinião pública doméstica, do que propriamente no terreno vietnamita). Ou seja, Kissinger não “acabou” com a guerra do Vietnã: ele simplesmente declarou que os EUA tinham cumprido o seu papel – qualquer que fosse ele – e se retiraram da frente militar.
Seu legado também pode ser julgado como “comentarista” da cena diplomática mundial, como memorialista – aqui com imensas lacunas e mentiras, o que revela graves falhas de caráter – e como consultor agora informal de diversos presidentes, em geral republicanos (mas não só). Ele é um excelente conhecedor da História – no sentido dele, com H maiúsculo, certamente – e um grande conhecedor da psicologia dos homens, sobretudo em situações de poder. Trata-se, portanto, de um experiente homem de Estado, que certamente serviu ardorosamente seus próprios princípios de atuação – qualquer que seja o julgamento moral que se faça deles – e que trabalhou de modo incansável para promover os interesses dos EUA num mundo em transformação, tanto quanto ele tinha analisado no Congresso de Viena.
Desse ponto de vista, pode-se considerar que ele foi um grande representante da escola realista de poder e um excelente intérprete do interesse nacional americano, tanto no plano prático, quanto no plano conceitual, teórico, ou histórico. Grandes estadistas, em qualquer país, também são considerados maquiavélicos, inescrupulosos e mentirosos, pelos seus adversários e até por aliados invejosos. Esta é a sina daqueles que se distinguem por certas grandes qualidades, boas e más. Kissinger certamente teve sua cota de ambas, até o exagero. Não se pode eludir o fato de que ele deixará uma marca importante na política externa e nas relações internacionais – dos EUA e do mundo – independentemente do julgamento moral que se possa fazer sobre o sentido de suas ações e pensamento.
Por uma dessas ironias de que a História é capaz, coube a um dos presidentes mais ignorantes em história mundial (Ronald Reagan) enterrar, praticamente, o poder soviético com o qual Kissinger negociou quase de igual para igual durante tantos anos. Ele, que considerava o resultado de Viena um modelo de negociação – por ter sido uma paz negociada, justamente, não imposta, como em Versalhes – deve ter sentido uma ponta de inveja do cowboy de Hollywood, capaz de desmantelar o formidável império que tinha estado no centro de suas preocupações estratégicas – e que ele tinha poupado de maiores “desequilíbrios” ao longo dos anos. Seu cuidado em assegurar o “equilíbrio das grandes potências” saltou pelos ares com o keynesianismo militar praticado por Reagan, um desses atos de voluntarismo político que apenas um indivíduo totalmente alheio às grandes tragédias da História seria capaz. Talvez Kissinger tivesse querido ser o arquiteto do grande triunfo da potência americana, mas ele teve de se contentar em ser apenas o seu intérprete tardio. Nada mau, afinal de contas, para alguém que foi, acima de tudo, um intelectual...

Paulo Roberto de Almeida
Brasília, 2 de junho de 2008

terça-feira, 3 de junho de 2008

878) Teste a sua orientacao politico-economica

O politicômetro é um teste de opinião que o situa no campo das liberdades individuais e da relação entre o estado e a economia. Com a ajuda do sociólogo Alberto Almeida, VEJA preparou um questionário com vinte perguntas. Assim que terminar de respondê-las, você saberá a sua posição política em um quadrante que tem como eixos os extremos esquerda-direita e liberal-antiliberal.

Veja onde você se posiciona:

click no link abaixo:

http://veja.abril.com.br/idade/testes/politicometro/politicometro.html