O que é este blog?

Este blog trata basicamente de ideias, se possível inteligentes, para pessoas inteligentes. Ele também se ocupa de ideias aplicadas à política, em especial à política econômica. Ele constitui uma tentativa de manter um pensamento crítico e independente sobre livros, sobre questões culturais em geral, focando numa discussão bem informada sobre temas de relações internacionais e de política externa do Brasil. Para meus livros e ensaios ver o website: www.pralmeida.org. Para a maior parte de meus textos, ver minha página na plataforma Academia.edu, link: https://itamaraty.academia.edu/PauloRobertodeAlmeida;

Meu Twitter: https://twitter.com/PauloAlmeida53

Facebook: https://www.facebook.com/paulobooks

quarta-feira, 24 de dezembro de 2008

979) Bolsas de Acao Afirmativa: preparacao de plano de estudos

Recebi, de um candidato à carreira diplomática, presumivelmente negro, um pedido de ajuda na preparação de um plano de estudos para poder candidatar-se à Bolsa do Programa de Ação Afirmativa do Instituto Rio Branco, que contempla aspirantes afrodescentes com apoio financeiro durante um ano, para a contratação de professores particulares, compra de livros e outros materiais de estudo, pagamento de cursinho, etc.
Devo dizer que sou filosoficamente contrário a esse programa, que me parece inscrever-se num esforço de militantes negros, apoiado pelo próprio governo, para desenvolver uma série de iniciativas de conteúdo racialista, que reputo como especialmente nefasto para o futuro da sociedade brasileira, a introduzir um elemento de apartheid nas relações entre grupos étinicos formadores do povo brasileiro.
Sou a favor de bolsas para aqueles desprovidos de meios, sem qualquer critério racial.
Isso não me impede, contudo, de responder à consulta do candidato, como fiz abaixo, logo em seguida à transcrição da mensagem recebida (devidamente descaracterizada).

PROGRAMA DE AÇÃO AFIRMATIVA DO INSTITUTO RIO BRANCO QUANTO A BOLSAS-PRÊMIO DE VOCAÇÃO PARA A DIPLOMACIA

On 24/12/2008, at 13:14, (XXX) wrote:

Mensagem enviada pelo formulário de Contato do SITE.
Nome: (XXX)
Cidade: São Paulo

Boa Tarde Professor!
Estou escrevendo para pedir um auxilio do senhor quanto ao processo do PROGRAMA DE AÇÃO AFIRMATIVA DO INSTITUTO RIO BRANCO QUANTO A BOLSAS-PRÊMIO DE VOCAÇÃO PARA A DIPLOMACIA.
Defendi meu doutorado em 2007 e desde então venho tentando ingressar nessa honrosa carreira. Desde minha graduação já tinha interesse, mas devido ao meu anseio em terminar meus estudos academicos fui deixando a oportunidade para adiante. Vou fazer o processo agora em 2009 pra tentar uma bolsa, haja visto que infelizmente me encontro desempregado e creio ser uma otima oportunidade para suprir minhas deficiencias (caso consiga). Nesse caso, peço desculpas ao senhor, mas queria saber quanto ao fato de que tenho que montar umn plano de estudos pra enviar ao Instituto Rio Branco, mas não tenho muita segurança de como deve ser esse plano. Se é algo parecido como um plano de pesquisas. Desde já peço desculpas pelo incomodo e agradeço pela atenção dispensada a minha pessoa.
Boas Festas
(XXX)

Minha resposta foi a seguinte:

(XXX),
Eu não tenho muita experiência com esse programa e não sei como e quais são os critérios de selecao, mas suponho, justamente, que muito depende de seu plano de estudos, que deve ser claro, objetivo e conciso.
Creio que uma estrutura ideal seria esta:

A. Informações pessoais
B. Formação academica
C. Avaliação da preparação pessoal ao concurso do IRBr
(pequena avaliacao qualitativa das suas "fortalezas" e "debilidades" em função da formação e das leituras)
D. Plano de Estudos
Dirigidos: curso em SP (custos, tempo, etc)
Pessoais: dedicacação especifica e reforçada em determinadas leituras, em função de C.
Listagem das materias que necessitam preparação reforçada: 1. Portugues; 2. Ingles...etc
E. Custos estimados
(avaliação geral das despesas a serem incorridas com os cursos, compra de livros, professor particular em certas matárias, assinatura de revistas e jornais, internet a cabo, etc)
F. Cronograma tentativo
(distribuição de todas essas atividades ao longo de um ano de bolsa)
G. Declaração final sobre o Programa
(especificar porque e quanto a bolsa seria importante para voce, renda pessoal, situacao familiar, profissional, etc...)

-------------
Paulo Roberto de Almeida

domingo, 21 de dezembro de 2008

978) Journal de Genève: disponivel online, desde 1826

Maravilha para pesquisadores de historia diplomatica, como eu, por exemplo...
PRA

ARCHIVES: Journal de Genève

Les archives du Journal de Genève sont désormais accessibles en ligne à l’adresse www.letempsarchives.ch

Dans le cadre de son 10ème anniversaire, Le Temps (www.letemps.ch), met en ligne l’intégralité du Journal de Genève, en collaboration avec la Bibliothèque nationale suisse (www.nb.admin.ch) et la Bibliothèque de Genève (www.ville-ge.ch/bge/).

Deux millions d’articles sont désormais consultables sur le web, gratuitement. Pour la première fois en Suisse, la totalité des archives d’un quotidien francophone est numérisée et mise à disposition du public: un défi à la fois technique et financier.
Cette entreprise pionnière a été réalisée en collaboration avec Le corpus compte 172 années de parution (1826-1998), 550'000 pages imprimées et représente 30 mètres linéaires. Fondé par James Fazy, le quotidien a contribué à façonner la Suisse sur le plan politique, économique, culturel et social. Il a été le témoin constant et souvent engagé de ce qui se passait dans le monde, à l’affût permanent du débat d’idées.
Les archives du Journal sont désormais accessibles 24h/24h, à l’adresse suivante : www.letempsarchives.ch. Les recherches par mot-clé, par date ou par jour de la semaine sont proposées, avec des possibilités limitation par période ou par contenu (articles, titres des articles, images, publicité). Vous pouvez ensuite afficher la page ou l’article précis qui vous intéresse.
Précédemment sous exploitée, la collection complète du Journal de Genève ainsi numérisée permet aux utilisateurs de trouver ce qu’ils recherchent sans avoir à connaître dans quels volumes et à quelle période ils doivent mener leurs investigations. Ce vaste programme de valorisation des archives du Journal de Genève a vu le jour grâce à un partenariat conclu entre des institutions publiques et privées permettant ainsi de réunir le financement nécessaire.
Le Temps a également pu compter sur la générosité de mécènes, à savoir la Fondation de famille Sandoz, MIRABAUD & Cie Banquiers privés et Publigroupe.

Genevieve Clavel-Merrin
Coopération nationale et internationale
Département de l’intérieur DFI
Office fédéral de la culture OFC
Bibliothèque nationale suisse BN
Hallwylstr. 15, CH-3003 Berne

Tél +41 31 322 89 36
Fax +41 31 322 84 63
genevieve.clavel@nb.admin.ch
www.nb.admin.ch

"Au début est le verbe – Encyclopédies en Suisse“
www.nb.admin.ch/expositions

sábado, 20 de dezembro de 2008

977) Uma contribuicao pelo menos estranha: dinheiro de campanha contra a Aids para a Biblioteca Clinton...

Se se confirmar, é de fato bizarro...
Parece estranho que um organismo criado para combater a Aids na Africa possa doar 25 milhoes de dólares para um Fundo destinado a constituir a Biblioteca Clinton, no Arkansas. Pelo menos é o que se deduz da matéria abaixo coletada nos meios de imprensa e na internet.
Primeiro, uma matéria de imprensa sobre as tribulações do casal Clinton sobre as doações à Fundação Clinton e seu possível impacto nas relações exteriores dos EUA, ou pelo menos no trabalho da Secretária de Estado Hillary Clinton.
Depois, uma informação sobre a UnitAid.
A grande interrogante é como se foi chegar a isso…

1) Doações problemáticas…
500M PROBLEMS FOR MADAME SECRETARY
By DICK MORRIS & EILEEN MCGANN
New York Post, December 19, 2008

Now that Bill Clinton has released the list of his 205,000 donors who have given close to $500 million to his library and foundation, it is clear why he resisted releasing the list while his wife was running for president.
Now, compelled by the Obama transition team to make it public as a condition of his wife's appointment as secretary of state, it becomes clear that the list is a virtual encyclopedia of conflicts of interest for the husband of a senator - to say nothing of the husband of an incoming secretary of state.
The list reveals another key center of conflicts of interest in Kazakhstan, the former Soviet republic, now home to some of the world's greatest mineral deposits and ruled by a corrupt dictator, Nursultan Nazarbayev, who, according to The New York Times, has all but quashed political dissent.
Bill Clinton visited Kazakhstan and met with its president on Sept. 6, 2005, accompanied by Canadian mining financier Frank Giustra.
Soon after, Giustra was awarded a highly lucrative contract to mine uranium there. Now, lo and behold, Frank Giustra turns up having given the library and foundation between $10 million and $25 million and the Clinton Giustra Sustainable Growth Initiative of Canada gave $1 million to $5 million more.
And Clinton got $1 million to $5 million from Lakshmi Mittal, the fourth-wealthiest person on the Forbes billionaire list and a member of the Foreign Investment Council in Kazakhstan.
In addition, Clinton further fished in troubled waters by taking $1 million to $5 million from Victor Pinchuk, the son-in-law of the controversial former president of the Ukraine.
Given the complexities of US policy toward the former Soviet republics in Central Asia, it is hard to see how this massive and incestuous relationship cannot but complicate Hillary's independence.
One of the largest donors to the library and foundation was UNITAID, an international organization largely controlled by France, which donated more than $25 million. And the conflicts of interest are not all just foreign. Corporate bailout recipients and recipient wannabes donated to the Clinton fund. They include AIG, Lehman, Merrill, the Citi Foundation and General Motors.
And, almost as an afterthought, the list reveals a donation of at least $250,000 from Denise Rich, presumably in return for her ex-husband's presidential pardon.
How could a US senator possibly serve dispassionately while her husband was collecting money from these donors on this kind of scale? And how could we have almost elected a president without realizing these conflicts existed? And how on earth can a secretary of state function with these conflicts hanging over her head?

2) Agora a pergunta: por que a UNITAID deveria efetuar uma doação de mais de US$ 25 milhões para a Biblioteca Clinton?

Uma informação da Internet:

Why UNITAID?

For several years, the international community has been looking for new tools to ensure sustained financing for development and the fight against hunger and poverty. .A consensus has emerged on the value of innovative sources of finance to respond to this global challenge. With one child getting HIV/AIDS every 20 seconds and one child dying from malaria every 30 seconds in the developing countries, there is an urgent need to address a global State of emergency, where patients are in the South when medicines are in the North.
In 2004, a group of 44 pioneering countries agreed on the need for additional stable resources for development and committed to develop innovative mechanisms and has started working on implementing innovative development financing mechanisms.
France and Brazil, along with other countries and international organizations, opened a discussion on the need to facilitate access to drugs for the world's poorest people as part of the fight against the major pandemic diseases. In 2006, France, Brazil, Chile, Norway and the United Kingdom decided to create an international drug purchase facility called UNITAID to be financed with sustainable, predictable resources. As an economically neutral tool the tax on air tickets was considered as the most suitable instrument.
This mechanism seeks to fill a critical gap in the global health financing landscape: the need for sustained strategic market intervention to drive price reduction and increases in supply.
UNITAID was officially launched on 19 September 2006 in New York on the occasion of the Opening Session of the United Nations General Assembly by France’s President Jacques Chirac, Brazil’s President Luiz Inacio Lula da Silva, Norway’s Prime Minister Jens Stoltenberg, Chile’s Foreign Minister Alejandro Foxley Rioseco, Great Britain’s Parliamentary Under-Secretary of International Development Gareth Thomas, United Nations Secretary-General Kofi Annan, the Republic of the Congo’s President Denis Sassou-Nguesso and the former U.S. President Bill Clinton.


PS.: Um amigo me enviou uma informação reservada que me permito colocar aqui, sem atribuição de origem:
Citando:
"...a discussão sobre como criar um adicional sobre passagens aéreas passou [por órgãos do governo, que me permito suprimir, PRA]. O Lula tinha ido a um encontro internacional e anunciado que o Brasil iria criar esse imposto/adicional sobre passagens, sem consultar ninguém. Acontece que não há previsão constitucional para esse tipo de imposto. A Constituição brasileira não prevê imposto para financiar ajuda internacional.
A ordem [trecho suprimido] é fazer de conta que o discurso não aconteceu. Depois colocamos algo no orçamento para aplacar as críticas."
Fim de citação.
PRA: De fato, o que sei é que o Brasil vem participando do UnitAid com contribuições orçamentárias, provavelmente na rubrica do Ministério das Relações Exteriores.

976) Venezuela: uma interminavel novela politica

Chávez impede que opositores tomem posse
Depois das ameaças com tanques, líder venezuelano tem recorrido às vias civis contra oposição, diz 'El País'
Agências internacionais
Agência Estado

CARACAS - Depois das ameaças com tanques, o presidente venezuelano Hugo Chávez está utilizando as vias civis para impedir que os governadores e prefeitos da oposição que venceram as eleições de 23 de novembro tomem posse, informou nesta sexta-feira, 19, o jornal El País. A aliança de partidos que se opõe a Chávez venceram em cinco dos 22 Estados do país e em prefeituras importantes como a da capital Caracas, mas todos os opositores têm enfrentado dificuldade para assumir o cargo.

Segundo o El País, três semanas depois de vencer o pleito, César Pérez Vivas, governador eleito de Táchira, não pôde tomar posse, porque o Parlamento regional - de maioria chavista - se nega a convocar uma sessão para o juramento. Enquanto isso, continua no poder o governador Ronald Blanco, partidário de Chávez.
Ainda segundo o diário, no Estado de Carabobo acontece uma situação parecida. Diante da rejeição do Parlamento local para convocar a sessão para o juramento, o governador opositor eleito Henrique Salas foi empossado por um juiz. Depois de três dias, esse mesmo juiz foi suspenso de seu cargo por ordens "superiores", e um juizado superior anulou a posse que ele havia outorgado.
Reeleição indefinida

Chávez não poderá ganhar o plebiscito sobre a emenda constitucional para permitir a reeleição presidencial ilimitada sem recorrer à fraude ou o uso da força, assinalou nesta sexta o jornal americano Washington Post. A publicação repercutiu em editorial a aprovação em primeira discussão pela Assembléia Nacional venezuelana de um projeto de emenda constitucional para permitir a reeleição presidencial ilimitada que Chávez tenta aprovar a fim de poder se candidatar pela terceira vez, em 2012, à Presidência da Venezuela.

Chávez quebrou sua palavra de que respeitaria a derrota no referendo de dezembro do ano passado que, caso vencesse, lhe permitira justamente se candidatar novamente. A segunda e última discussão do projeto será votada em 5 de janeiro, e depois será entregue pelo Legislativo ao Conselho Nacional Eleitoral (CNE), que terá que organizar em 30 dias um plebiscito sobre a emenda constitucional.

"Tanto a história como as pesquisas demonstram que ele (Chávez) não pode ganhar este plebiscito sem o uso da força ou a fraude", advertiu o jornal. O Postargumenta que o "futuro do presidente venezuelano não é brilhante" levando em conta os resultados das eleições regionais de novembro.

Além disso, o preço do combustível derivado do petróleo pesado caiu abaixo de US$ 35 por barril, muito inferior ao fixado pelo governo nos orçamentos e do qual analistas independentes estimam que Chávez necessita para manter seu projetos cheios de despesas públicas.

O Post também lembra que em um mês, Chávez perderá de vista seu "inimigo favorito", o presidente de EUA, George W. Bush, e que seu sucessor, o presidente eleito, Barack Obama, poderá ser mais popular que o atual líder americano.

Neste panorama, Chávez poderia ter moderado suas políticas e se aproximado da oposição, mas, ao contrário, apressou-se em "montar" outro plebiscito que eliminaria o limite a sua Presidência, quando já perdeu o ano passado uma aposta semelhante. As pesquisas indicam, além disso, que atualmente só um terço dos venezuelanos apoiariam esta iniciativa.

Veja também:
Emenda de reeleição é aprovada em 1ª discussão na Venezuela

======

Depois desta (e de outras que virão, certamente), qualquer um que disser que o Chávez é um democrata, ou que na Venezuela há um excesso de democracia (referindo-se a todas as consultas "populares), estará no minimo zombando da inteligência alheia...
-------------
Paulo Roberto de Almeida

sexta-feira, 19 de dezembro de 2008

975) Revista Brasileira de Política Internacional, todos os números disponiveis...

Revista Brasileira de Política Internacional
Pesquise número por número...

A mais antiga, certamente nao a mais "velha", revista de politica internacional editada no Brasil, a Revista Brasileira de Política Internacional, tem absolutamente todos os seus números à disposição de todo e qualquer pesquisador.
Trata-se de instrumento indispensável para o conhecimento e a análise de todos os processos relevantes da política internacional nestas últimas cinco décadas, assim como dos lances mais importantes da diplomacia brasileira no período.
Como eu fui um dos responsáveis pela transferência da revista de sua antiga sede editorial, no Rio de Janeiro (1958-1992), para Brasília (a partir de 1993), é com especial prazer que informo essa possibilidade de leitura e pesquisa, graças aos esforço do amigo e colega professor Antonio Carlos Lessa, do IRel-UnB.

Abaixo os links para leitura de cada um dos números da revista, disponíveis em blog proprio, em seis blocos, como segue:


RBPI - Vol. 51 - No. 2/2008
http://pt-br.wordpress.com/tag/rbpi/ (bloco mais recente)

http://pt-br.wordpress.com/tag/rbpi/2/

http://pt-br.wordpress.com/tag/rbpi/3/

http://pt-br.wordpress.com/tag/rbpi/4/

http://pt-br.wordpress.com/tag/rbpi/5/

e http://pt-br.wordpress.com/tag/rbpi/6/ (mais antigo)
RBPI - Vol. 1 - Nº 1 - Março - 1958

Bom proveito aos pesquisadores..
-------------
Paulo Roberto de Almeida

quarta-feira, 17 de dezembro de 2008

974) Talvez o fascismo seja isto: ocupacoes indiscriminadas e imposicao pela forca...

No post anterior, eu especulava sobre os elementos reais que pudessem justificar uma aproximação do "modelo ideal" (no sentido weberiano, obviamente) do fascismo da atual situação brasileira. Talvez tenhamos um exemplo, como no elemento abaixo.

Via campesina ocupa MME e pede estatização do petróleo
do Boletim Congresso em Foco
Terça-feira, 16 de dezembro de 2008

Cerca de 250 integrantes da Via Campesina – movimento formado por organizações de trabalhadores rurais, entre elas o Movimento dos Sem Terra (MST) – ocupam na manhã desta segunda-feira (15) a entrada do Ministério de Minas e Energia (MME). Em ato simbólico, os movimentos reivindicam o cancelamento da 10ª Rodada de Licitações de Bloco para Exploração e Produção de Petróleo, marcada para 18 de dezembro, no Rio de Janeiro.
Até o momento, a manifestação segue pacífica. Uma comissão de 20 integrantes da Via se reúne agora com o secretário-executivo Márcio Zimmermann. Segundo a assessoria de imprensa dos movimentos, o grupo exige que seja vedada a participação de empresas estrangeiras na exploração do petróleo no Brasil e que os recursos advindos dessa exploração sejam destinados a políticas públicas. Eles argumentam que o petróleo é um bem-público e deve ser de domínio estatal.
No documento da campanha “O petróleo tem que ser nosso”, os campesinos da Via defendem que “o petróleo é um recurso natural estratégico e finito, que deve ficar sob controle do Estado e sua renda deve ser vinculada a investimentos em educação, saúde, trabalho, moradia e reforma agrária, garantindo melhores condições de vida para o povo e um futuro melhor para as próximas gerações de brasileiros”.
De acordo com o documento, no 10° leilão, o governo pretende passar para empresas petroleiras privadas 130 blocos para pesquisa de petróleo e gás natural, com cerca de 70 mil km² divididos em oito setores, em Sergipe-Alagoas, Amazonas, Paraná, Potiguar, Parecis, Recôncavo e São Francisco. (Renata Camargo)

Leia abaixo a íntegra do documento:

O petróleo tem que ser nosso!

Estamos em luta em defesa do cancelamento da 10ª Rodada de Licitações de Blocos para Exploração e Produção de Petróleo e Gás Natural, marcada para 18 de dezembro, no Rio de Janeiro. O petróleo é um recurso natural estratégico e finito, que deve ficar sob controle do Estado e sua renda deve ser vinculada a investimentos em educação, saúde, trabalho, moradia e reforma agrária, garantindo melhores condições de vida para o povo e um futuro melhor para as próximas gerações de brasileiros.

Neste leilão, o governo pretende passar para empresas petroleiras privadas 130 blocos para pesquisa de petróleo e gás natural, com cerca de 70 mil km² divididos em oito setores, em Sergipe-Alagoas, Amazonas, Paraná, Potiguar, Parecis, Recôncavo e São Francisco. O presidente Lula tem a responsabilidade de cumprir o compromisso de que os recursos do petróleo da camada do pré-sal serão voltados para o atendimento das necessidades do povo brasileiro. Agora, cobramos do presidente o cancelamento dessa rodada, sinalizando que o petróleo deixará de ser matéria-prima para os lucros das petroleiras nacionais e estrangeiras.

A discussão sobre o futuro do petróleo, que pode mudar a história do nosso país e contribuir na resolução de problemas sociais históricos, não pode ficar restrita às salas de reunião em Brasília. O povo tem o direito de participar das grandes definições sobre o futuro do petróleo e do país, como aconteceu na campanha "O Petróleo é nosso", que teve como desfecho a criação da Petrobras e o monopólio estatal de exploração e produção.

Nós, centrais sindicais, movimentos populares, estudantes, organizações da sociedade civil, temos propostas para mudanças na regulação do setor do petróleo e do gás. Defendemos mudanças na Lei do Petróleo e o fim do modelo de concessão, que comprometeram gravemente a soberania nacional e entregaram o petróleo para petroleiras privadas, que pagam no nosso país os impostos e participações especiais mais baixos do mundo.

Em 10 anos, o governo federal entregou mais de 500 blocos de petróleo para 72 conglomerados econômicos, sendo a metade estrangeiros. Precisamos retomar o monopólio da União sobre o petróleo, como prevê a Constituição de 1988 (artigo 177). Por isso, a Lei do Petróleo de 1997, uma das heranças malditas do governo Fernando Henrique Cardoso, deve ser revogada e todos os leilões devem ser cancelados.

Defendemos a criação de um fundo soberano, com resguarda constitucional, para garantir que todos os recursos provenientes da renda do petróleo e do gás sejam usados para atender as necessidades do nosso povo e das próximas gerações. Não podemos deixar que os recursos naturais sejam usados para sustentar políticas econômicas neoliberais, com o pagamento do superávit primário. O governo deve fortalecer a Petrobras, aumentando a sua participação acionária a longo prazo, reforçando seu caráter público e nacional. Não podemos deixar que interesses privados controlem os nossos blocos de petróleo e gás nem dirijam a Petrobrás.

O petróleo tem que ser nosso! O pré-sal é do povo brasileiro!
COMITÊ NACIONAL CONTRA A PRIVATIZAÇÃO DO PETRÓLEO E DO GÁS

973) Nascimento do fascismo? Talvez...

O fascismo assume várias características, entre elas o culto do líder e o abastardamento das instituições, quando não a supressão de sua independência, em nome de uma causa nacional supostamente unificadora, geralmente a serviço desse mesmo líder.
Não tenho certeza de quais seriam os elementos analíticos principais que permitem a Reinaldo Azevedo aproximar esse tipo de regime político do atual modelo brasileiro de governança, mas certamente ele tem motivos para fazê-lo.
A ler e refletir.

IGNORANTES E FASCISTÓIDES
Blog Reinaldo Azevedo (17.12.2008):

O fascismo foi o regime do "vulgo". Embora, em latim, a palavra "vulgus" também signifique povo, eu a tomo aqui no sentido de "multidão" — a massa amorfa que adota como definitivas as falsas verdades, pautadas pela ignorância e pelo preconceito. Alguém poderá objetar, com alguma razão, que o sistema não difere muito do socialismo. Na vocação totalitária, sim. Mas o fascismo tem particularidades: à diferença de seu congênere de esquerda, ele teve o apoio das massas. Os socialistas só se mantiveram – ou se mantêm, onde subsistem – no poder em razão do aparato repressivo. Os vários fascismos foram inequivocamente populares, contavam com a adesão entusiasmada do chamado "HOMEM COMUM", em nome do qual alguns "jornalistas" anunciam falar hoje em dia.
Raramente ou nunca o "homem comum" da Alemanha, da Itália, da Espanha ou de Portugal se sentiram tão representados como nos governos, respectivamente, de Hitler, Mussolini, Franco ou Salazar. No Brasil, o período de adoração a Getúlio Vargas coincide com o auge do Estado Novo — o fascismo caboclo. Em todos os casos, e também no brasileiro, o autoritarismo, ou a tirania mesmo, como expressão de uma dita "vontade" nacional, seduziu fatias do pensamento. Todos esses modelos deram à luz os "intelectuais do regime", que se dedicaram, então, à tarefa de demonstrar a identidade de propósitos entre o "líder" e o açougueiro da esquina. Para o fascismo e os fascistas, os detalhes não interessam, mas as idéias gerais — os "detalhes" pertencem à esfera dos regimes burgueses.
É evidente que vou chegar ao Brasil. Lula não é um líder fascista porque, por ora ao menos, as condições institucionais brasileiras não permitem. Mas seus homens de propaganda talham a figura do líder fascistóide, sempre pronto a dar um conforto intelectual aos açougueiros, a dizer aquelas "verdades" genéricas que tornam sábia a estupidez. E seus mistificadores cantam, então, as glórias de sua sabedoria, de seu vocabulário desassombrado, de sua camaradagem sempre hostil aos matizes e aos detalhes. Se o fascismo podia criar a sua máquina de imprensa e propaganda, censurando o jornalismo livre, os fascistóides, por ora, se contentam em criar a "imprensa do regime".
Essa imprensa oficial tem duas faces — ou, melhor, se manifesta em duas frentes: há os jornalistas da grande imprensa que cedem à patrulha e passam, então, a fazer o jogo do poder, falando, eles também, como os açougueiros do regime, e há a canalha comprada mesmo, minoridades morais que se colocam a serviço do poder porque pagas para isso. Quem é mais desprezível?
É difícil saber. Corromper-se por dinheiro é pior do que corromper-se por alinhamento ideológico ou covardia? Não tenho resposta. O regime dos açougueiros é instituído com a conivência dos dois grupos. Talvez o corrompido ideológico seja ligeiramente inferior porque, se os tontons-maCUTs realmente triunfarem, ele também acaba indo em cana — ao passo que o jornalista venal estará sempre dizendo as verdades eternas do poder. Assim, o que adere ao regime por "convicção" talvez consiga ser um tantinho mais asqueroso do que o outro: porque, além de tudo, é burro.
Não sou porta-voz de açougueiros, do tal "homem comum" – uma categoria que só existe na cabeça de gente do miolo mole. Porto a voz apenas das minhas convicções, esperanças e angústias. Mas considero que é uma questão de respeito com o telespectador saber ao menos o que diz a Constituição antes de entrevistar um presidente do Supremo Tribunal Federal.
Não vale alegar a condição de "pessoa comum" para dizer ignorâncias e irrelevâncias indignadas.

Por Reinaldo Azevedo | 17:18 | comentários (60)

terça-feira, 16 de dezembro de 2008

972) IPEA novamente: os comentarios se multiplicam

Depois que eu transcrevi um post do Blog do Reinaldo Azevedo neste blog (ver abaixo, post 967), recebi diversos comentários e algumas indicações de novos posts, como este, que transcrevo abaixo, de um blog de sete alunos do curso de economia da PUC-Rio.

Segunda-feira, 15 de Dezembro de 2008

Pintaram o Ipea de preto

Ocorreu a morte anunciada do Ipea. Todas as pessoas que acompanham o que vem acontecendo no Insituto de Pesquisa Econômica Aplicada, o Ipea, desde que Marcio Pochman chegou a sua presidência, esperavam por uma prova ruim para a seleção dos futuros integrantes do órgão. Foi pior.

A prova de conhecimentos básicos, comum a todos os cargos, não estava ruim, apenas refletia o fraco conteúdo presente no edital, já comentado nesse blog. Apenas uma pergunta trivial sobre econometria.

Já a prova de conhecimentos específicos foi estapafúrdia. Poderia discorrer sobre o absurdo e a tendênciosidade da prova, mas suas questões falam por si só:

Certo ou errado?: “A especulação financeira vislumbra como luz no fim do túnel o brilho do tesouro nacional.”

Certo ou errado?: "O termo neoliberalismo designa uma corrente de organização da atividade econômica que capciosamente ecoa um movimento histórico com o qual em realidade e na prática não partilha fundamentos e princípios."

Certo ou errado?: "Para os Estados, a tecnologia afeta a soberania."

Corpo de um texto da prova: "O Consenso de Washington -a infame lista que apontava a autoridades monetárias de países em desenvolvimento o que fazer e o que não fazer- havia se dilapidado em grande parte."

Não pára por ai. Inúmeros são os exemplos de atrocidades e idelogias nessa prova, quem quiser pode postá-los nos comentários.

O número de pessoas que entrará por esse concurso será grande, além da intenção da presidência de usar essa prova para criar uma reserva de futuros "pesquisadores". Se nada for feito contra esse concurso, e dificilmente algo será, o Ipea como instituto de pesquisa econômica aplicada morreu.

Defensores da nova presidência argumentavam que o Ipea seria um Instituto de Pesquisa Estratégica. Com esse exame de seleção, nem isso poderá ser. Será no máximo um órgão para reproduzir a ideologia do momento, um porta-voz de luxo do governo.

Postado por Tiago Caruso às 07:13 29 comentários
Marcadores: prova Ipea

971) Globalizacao nas Americas: conferencia sobre as interacoes e reacoes

Globalisation in the Americas
Newcastle, Inglaterra, Março 2009

**Postgraduate conference announcement and advance call for abstracts**
NIASSH, Newcastle Institute for the Arts, Social Sciences and Humanities,
Newcastle University, ARG, Americas Research Group Postgraduate

About the Americas Research Group at Newcastle University
The Americas Research Group at Newcastle University has existed since 2003. It brings together scholars who work on all parts of the Americas at Newcastle, and other regional universities, to explore connections and comparisons across the hemisphere, and across disciplines. In recent years the Group has organized workshops, lectures, seminars, postgraduate conferences and discussion groups on a wide variety of themes, and we would like to invite postgraduate researchers to our next conference:

Globalisation in the Americas: Interactions and Reactions

For further information about ARG events, please visit our website at:
http://www.ncl.ac.uk/niassh/americas/

Venue: Newcastle University, UK
Date: 11th March 2009
Keynote: Mrs. Rosemary Thorp, Emeritus Fellow of St Antony’s College, Oxford University

Call for Papers
Journalist, economist and leading commentator on globalisation, migration and European issues, Philippe Legrain, offers the following definition of globalisation:
This ugly word is shorthand for how our lives are becoming increasingly intertwined with those of distant people and places around the world-economically, politically, and culturally. These links are not always new, but they are more pervasive than ever before. (Legrain, 2002: 4)

Legrain’s description of globalisation as an ‘ugly word’ attests to the controversy surrounding what is more neutrally described as the increasing interconnectedness of modern life. These connections embrace economics, politics and culture on the global, local and personal scales. For many commentators this phenomenon is nothing new but represents an intensification of continuing processes of global integration.
The Americas are particularly pertinent sites in discussions of globalisation, both because of their historical and present-day geo-political positions. Columbus’s fateful ‘discovery’ of the Americas in 1492 heralded the start of a truly global system of trade, and irrevocably changed the world’s political, economic and cultural configurations. The current position of the US in world power structures provokes reactions around the globe and from the ‘other’ Americas. NAFTA and the Cuban trade embargo are just two examples of the US’s controversial economic and political stances towards its Latin American neighbours. South America interacts with its Northern counterpart both in the global political and economic arenas, and also within the US itself. People of ‘Latin’ origin or descent now make up 15%, or some 45.5 million of the US population (US Census, 2008), with this figure predicted to triple by 2050 (USA
Today, 2008). This, together with growing Latino political participation, as seen in the recent US presidential election, may herald the rise of an influential political and cultural force within the US.
This postgraduate conference aims to explore the interactions and reactions triggered by the contested, and often highly controversial, processes of globalisation in a friendly, informal environment. We welcome papers that focus on both North and South Americas, and across and between diverse fields of study and disciplines. Therefore, we welcome abstracts and posters from Masters and PhD students that address, but are not limited to, the following questions and themes concerning the Americas, encompassing North America, Latin America and the Caribbean:

Globalisation: Opportunity for world prosperity or neo-colonialism?
Development, neo-liberalism and emerging alternatives
Global financial institutions, the Credit Crunch, reactions and lessons
Transnational corporations and natural resource extraction.
Globalisation: Preservation of power relations or creation of new political spaces?
Globalisation from above and below: Obama and a new world order?
Indigenous peoples’ political movements in South America
Grassroots political mobilisation in the US
Globalisation: Cultural homogenisation or diversification?
Identities-global, national, local and the revival of indigenous identities
Tourism and migration: towards a borderless world?
Education, communication and language in a globalising world

Please submit abstracts of up to 250 words to:
Jane Carnaffan
Deadline: 20th February 2009
References: Legrain, P. 2002 Open World: The Truth about Globalisation, London,
Abacus US Census (2008); available, accessed 20/11/2008 USA Today (2008) available

From: Jane Carnaffan

970) Religiao e fertilidade

FAITH EQUALS FERTILITY
Religious people have more babies than non-believers--and not just for the obvious reasons.
Anthony Gottlieb looks into a philosophical puzzle ...
From INTELLIGENT LIFE magazine, Winter 2008

If a Martian were to look at a map of the Earth's religions, what he might find most surprising is the fact that such a map can be drawn at all. How strange--he might say to himself--that so many of the world's Hindus are to be found in one place, namely India. And how odd that Muslims are so very numerous in the Middle East. With the disconcerting curiosity that is so typical of Martians, he might wonder what explains this geographical clustering. Do people move countries in order to be close to others of the same faith? Or do people simply tend to adopt the religion they grew up with?

The answer, of course, is the latter--on the whole. There are exceptions: Jews moving to Israel, for example, and there are many other cases of religious migration. Still, the huddling of the faithful is mainly explained by the fact that religion runs in families. If you have a religion, it is probably the same one as your parents. Earlier this year a survey by the Pew Forum on Religion and Public Life found that nearly three-quarters of American adults professed the religion in which they were raised. But instead of finding this glass to be three-quarters full, newspapers preferred to notice that it was one-quarter empty. It was the minority of Americans who either switched religions, or abandoned religion altogether, who were highlighted in reports of the survey ("Poll Finds a Fluid Religious Life in US", ran a headline in the New York Times). Plainly it does not count as news that religion remains largely a family affair. Yet it should do, because of its largely unnoticed consequences. Some religious groups are dramatically outbreeding others, in ways that have an impact on America, Europe and elsewhere.

Consider the Mormons, who grew from six people in a log-cabin in upstate New York in 1830 to 13.1m adherents around the world in 2007. At the beginning of the 20th century, Mormons were a fringe sect in America, with decidedly unusual beliefs. (They officially hold that God once had a body; that people exist as spirits before they are physically conceived; and that Jesus will one day commute between somewhere in Israel and somewhere in the United States.) Today Mormons are about to overtake Jews in America; in fact, they may already have done so. And they almost had their own presidential candidate, in the person of Mitt Romney, a former governor of Massachusetts. The rapid rise of Mormons in America, growing by an average of 40% every decade in the 20th century, is mainly due to their large families. The American state with the highest birth rate is Utah, which is around 70% Mormon. In America, on average, Mormon women have nearly three times more children than Jewish women.

Ultra-Orthodox Jews, however, do have plenty of offspring. This fact is changing the face of Israel, where such families have three times more children than other Israelis. As a result, at least a quarter of Israel's population of under-17s is expected to be ultra-Orthodox by 2025, according to Eric Kaufmann at Harvard. A similar but more gradual increase in the religious right has been taking place in America for decades, and not just because of Mormons. Conservative Protestant denominations as a whole grew much faster than liberal ones in 20th-century America, and it has been estimated that three-quarters of this growth is due simply to higher birth rates. Were it not for the fact that Evangelical Christians reproduce faster than other Protestants, George Bush--who attracted most of the Evangelical votes--probably could not have made it back to the White House in 2004.

Like other demographers, Eric Kaufmann expects western Europe to become markedly more religious in the course of the 21st century, as a result of the relatively low fertility of unbelievers and immigration from more pious places. Not only do denominations with traditionalist values tend to have higher birth rates than their more liberal co-religionists, but countries that are relatively secularised usually reproduce more slowly than countries that are more religious. According to the World Bank, the nations with the largest proportions of unbelievers had an average annual population growth rate of just 0.7% in the period 1975-97, while the populations of the most religious countries grew three times as fast.

If they want to spread their gospel, then, one might half-seriously conclude that atheists and agnostics ought to focus on having more children, to help overcome their demographic disadvantage. Unfortunately for secularists, this may not work even as a joke. Nobody knows exactly why religion and fertility tend to go together. Conventional wisdom says that female education, urbanisation, falling infant mortality, and the switch from agriculture to industry and services all tend to cause declines in both religiosity and birth rates. In other words, secularisation and smaller families are caused by the same things. Also, many religions enjoin believers to marry early, abjure abortion and sometimes even contraception, all of which leads to larger families. But there may be a quite different factor at work as well. Having a large family might itself sometimes make people more religious, or make them less likely to lose their religion. Perhaps religion and fertility are linked in several ways at the same time.

Mary Eberstadt, a research fellow at the Hoover Institution in Stanford, California,has suggested several ways in which the experience of forming a family might stimulate religious feelings among parents, at least some of the time. She notes that pregnancy and birth, the business of caring for children, and the horror of contemplating their death, can stimulate an intensity of purpose that might make parents more open to religious sentiments. Many common family events, she reasons, might encourage a broadly spiritual turn of mind, from selfless care for a sick relation to sacrifices for the sake of a child's adulthood that one might never see.

Eberstadt argues that part of the reason why western European Christians have become more secular is that they have been forming fewer stable families, and having fewer children when they do. This, she suggests, may help to explain some puzzles about the timing of secularisation in certain places. In Ireland, for example, she notes that people started having smaller families before they stopped going to church. And, she argues, if something about having families can incline one to religion, this might shed some light on another mystery: why the sexes are not equally religious.

According to Rodney Stark, an American sociologist of religion, the generalisation that men are less religious than women "holds around the world and across the centuries". In every country--both Christian and non-Christian--analysed by Dr Stark, based on data from the World Values Survey in the 1990s, more women than men said they would describe themselves as religious. There is no agreed explanation for this striking difference. Perhaps the fact that women play a rather larger role than men in the production and rearing of children has something to do with it. If family life does contribute to religiosity, then having larger families might backfire on unbelievers. It might make them more religious. And since faith is still largely a family affair, their children would then be more likely to be religious, too.

(Anthony Gottlieb is a former executive editor of The Economist. Author of "The Dream of Reason", he is working on a book about nothingness. His last piece for Intelligent Life was about the science of humour.)

969) Chocólatras do mundo, unissez-vous, en France...


JOURNEYS
Le Tour du Chocolat
By AMY THOMAS
NYT, December 14, 2008

THE French have elevated many things to high art: fashion, flirting, foie gras. Chocolate is no exception. With boutiques that display truffles as rapturously as diamonds, the experience of visiting a Parisian chocolatier can be sublime.

The problem, of course, is squeezing in as many of these indulgent visits as possible while also giving the rest of the city its due. My solution: devote one full day to chocolate boutiques, and do it in style. So, on my last visit to Paris, I took to the city's Vélib' bike system and mastered a two-wheeled circuit of eight of the chocolatiers that had the best reputations and most glowing reviews in city guidebooks and online message boards. It was exhilarating and exhausting, not to mention decadent. It was a chocoholic's dream ride.

The Vélib's — industrial-looking road bikes that are already icons of Parisian-chic just a year and a half after the city initiated the program — made the moveable feast more fun. Progressing from pralines to pavés, I spun by the Eiffel Tower, zipped across the Seine and careened through the spindly streets of St.-Germain-des-Prés alongside other bikers: Parisians in summer dresses and business suits, their front baskets toting briefcases, baguettes and sometimes even Jack Russell terriers.

Practically speaking, the bikes were all but essential. How else could I cover five arrondissements in as many hours, while simultaneously countering a day of debaucherous extremes?

The hedonism began in the center of town with the oldest master on my list, Michel Cluizel (201, rue St.-Honoré; 33-1-42-44-11-66; www.chocolatmichelcluizel-na.com), who has been making chocolate since 1948. A short distance from a Vélib' station at the intersection of Rues de l'Echelle and St-Honoré, I passed luxury stores flaunting billowy gowns and four-inch Mary Janes and stepped inside what was just as divine: a store where molten chocolate spews from a fountain and the shelves are stocked with bars containing as much as 99 percent cacao.

Mr. Cluizel has a single American outpost, in Manhattan, at which I've indulged in hot cocoa made with a blend of five cocoa beans. At his Parisian shop, managed by his daughter Catherine, I discovered the macarolat (1.55 euros, or about $2 at $1.29 to the euro). A chocolate version of the macaroon, it has a dark chocolate shell filled with almond and hazelnut praline, the nuts ground coarsely to give a rich, grainy texture. It was two bites that combined creamy and crunchy, snap and subtlety. But it was just two bites; I wanted more.

A quick spin west landed me at the doors of Jean-Paul Hévin (231, rue St-Honoré, (33-1-55-35-35-96; www.jphevin.com). A modern blend of dark wood cabinetry, slate floors and backlit wall cubbies where cobalt-accented boxes of bonbons are displayed, the space would feel intimidating if not for the shopkeepers, who are both numerous and gracious as they juggle the crowds ogling mango coriander macaroons and Pyramide cakes. After considerable debate — would it be ridiculously gluttonous to have a "choco passion," a cocoa cake with chocolate mousse, chocolate ganache and praline puff pastry, so early in the day? — I settled on a caramel bûche (3.20 euros). Larger than an individual bonbon but smaller than a Hershey bar, the silky caramel enrobed in delicate dark chocolate hit the sweet spot.

With the choco-salty taste lingering on my tongue, I picked up a bike outside the Hôtel Costes, craning my neck to spy any A-listers — were Sting and Trudie in there? Beyoncéand Jay-Z? — and set out for the 16th Arrondissement.

Just beyond the Place de la Concorde I veered onto Avenue Gabriel. It is a curving street that winds past both the United States Embassy and Pierre Cardin's showcase for young artists, Espace, before eventually turning into a narrow cafe-lined passage where you have to weave around double-parked delivery trucks. Hoping to avoid throngs of wide-eyed tourists on the parallel Champs-Élysées and cars haphazardly zigging and zagging on the rotary around the Arc de Triomphe, I took the residential backstreets to Avenue Victor Hugo.

It was on this street that I found the most eccentric chocolatier on my list: Patrick Roger(45, avenue Victor Hugo; 33-1-45-01-66-71; www.patrickroger.com). It's not just the chocolate sculptures (a life-size farmer, for example), seasonal window displays (a family of penguins, also life-size) or snazzy aquamarine packaging he's known for: his intensely flavored bonbons are as bold as they come.

"I do think Patrick Roger is outstanding since he combines new, unusual flavors," said David Lebovitz, an American chocolate connoisseur, author of "The Great Book of Chocolate" and a Paris resident. But, he added, Mr. Rogers "isn't doing weird flavors just to be trendy, like others tend to do in Paris nowadays."

I sampled a few to confirm. The Jamaica has a rich coffee flavor from ground Arabica coffee beans; the Jacarepagua blends sharp lemon curd and fresh mint, and then there's the Phantasme, made with ... oatmeal. Each costs less than 1 euro.

About 90 minutes in, I had tasted creamy, salty and tart and had traversed a good stretch of the city. I was high — on Paris and sugar — coasting beneath Avenue Kléber's towering chestnut and plane trees toward the Place du Trocadéro in the 16th Arrondissement. Winding my way down the steep hills of the Rue Benjamin Franklin and the Boulevard Delessert, past romantic cafes and limestone edifices, alternately beige and gray depending on the light, I felt as though I was in a quaint Gallic village, not the capital city. That is until I was spit out across the river from the grandest Parisian landmark of all: the Eiffel Tower.

Michel Chaudun (149, rue de l'Université, 33-1-47-53-74-40) is wildly talented as an artist and chocolate sculptor (his watercolors decorate the store along with chocolate Fabergé eggs and African statues), to say nothing of his reputation for being one of the world's best chocolatiers. After 22 years of turning cacao into sublime bonbons, he's responsible for influencing many of the city's newer generation of chocolatiers.

His pavés are particularly worshipped. They're sugar cube-size squares of cocoa-dusted ganache that you deftly spear from the box with a toothpick and then allow to melt a little on your tongue a little before biting into the rich creaminess. Fresh and luscious, they're also hypersensitive to warm temperatures. Which meant — tant pis — if I tried to save any for later, they would wind up a choco-puddle.

Hopping on and off the Vélib's so often courted a certain amount of trouble. Parisian cynicism reared its head when a disgusted man at a station told me that 90 percent of the bikes don't work. I wouldn't say the defective bicycles were that frequent, but I learned an essential checklist: Are the tires inflated? The rims, straight? Is the front basket intact? Do the gears work? Is the chain attached? With these things checked, you're good to go, as I was after savoring the last pavé from my modest box of six (3.40 euros).

Cutting across the square fields in front of Les Invalides I glided by college students throwing Frisbees and old men playing pétanque. To my right, the gilded dome of Les Invalides; to my left, more gold crowning the ornate Alexandre III bridge. This was a decadent journey indeed.

Finally, in the Sixth Arrondissement, it seemed I could toss an M & M in any direction and hit a world-class chocolatier. There was the whimsical Jean-Charles Rochoux (16, rue d'Assas, 33-1-42-84-29-45; www.jcrochoux.fr), where gaudy chocolate sculptures ofgarden gnomes belie the serious artistry of his Maker's Mark truffles.

Christian Constant (37, rue d'Assas, 33-1-53-63-15-15), a Michelin-starred chef and award-winning chocolatier, excels at such spicy and floral notes as saffron and ylang-ylang. Pierre Marcolini (89, rue de Seine, 33-1-4407-3907; www.marcolini.be), the lone Belgian of the group, offers 75 percent dark chocolate from seven South American and African regions. Buzzing, I intended to finish the circuit in grand style.

The line snaking out of Pierre Hermé's slim boutique (72, rue Bonaparte, 33-1-43-54-47-77; www.pierreherme.com) told me I was doing the right thing. When I made it inside the snapping automatic doors, it was (forgive me!) like being a kid in a candy store: pristine rows of cakes adorned with fresh berries, coffee beans and dark chocolate shavings.

"Un Plénitude, s'il vous plait."
I took my treasure to a nearby park and tucked into the dome-shaped cake filled with chocolate mousse and ganache, crunchy caramel and fleur de sel. I relished the fluffy whipped richness, the bite of dark chocolate and the tang of salt. Had I died and gone to heaven? No, it was just a rapturous day in the City of Light and dark chocolate.

PEDALING FOR PAVÉS
After doubling the number bicycles since the program started last summer to 20,600,Paris' Vélib'' (www.velib.paris.fr) is now the largest free bike program in France. There are 1,451 stations in the city, or one approximately every 900 feet. Each station has about 15 to 20 bikes. The bikes are simple: three speeds, an adjustable seat, a bell and basket and a headlight.

By purchasing a one-day or weeklong pass at the kiosk located at a station, you can hop on any bicycle and drop it at your next destination. To unlock a bike, you punch in your personal access code at the kiosk.

Though it's called a free bike program (Vélib' is short for vélo libre, or free bike), a day pass costs 1 euro. The first half-hour on the bike is no additional charge, the second half-hour is 1 euro, and the third half-hour is 2 euros. After that, it's 4 euros every half-hour. The shorter your trips, the lower the cost. My total cost for five hours was 12.60 euros, or about $16.15 at $1.29 to the euro.

968) Aprendendo a escrever em e-mailês...

Não tinha a menor idéia do que queriam dizer a maior parte destes simbolos simpáticos que encontramos por vezes na correspondência eletrônica de e entre jovens, até que uma colega de lista enviou-me uma relação, certamente incompleta, de alguns deles, que transcrevo abaixo para tentar aprender alguma coisa.
Não estou seguro de passar a usar, mas pelo menos não ficarei tão ignorante como até agora...


:D = sorriso

:-( tristeza

8-O espanto ou sono

;-) piscada de olho, sarcasmo

:-/ chateado

P-) sou pirata

:-P língua de fora, piada

:-? não entendi

:^) vou apertar sua bochecha; tenho nariz grande

>>8=O muito espantoso

:-# vou ficar calado, não posso dizer

@:-) com turbante

:-x beijinhos

:~( chorando

:-)~~~ babando

>:-) diabinho

@}--)----)---- uma flor

@)--`---,----- outra flor

[]s = abraços

((((())))) = grandes abraços...

Decorou, espero...

segunda-feira, 15 de dezembro de 2008

967) IPEA: andando rapidamente... para trás...

Triste história, como tantas outras de que já ouvimos falar na administração pública sob novos ares, o Zeitgeist da mediocridade intelectual.
O post abaixo é sobre o recente concurso para selecionar "economistas" para o IPEA. As aspas correspondem a uma ironia involuntária, pois o que menos vai se selecionar são economistas, e sim pessoas perfeitamente alinhadas com certo pensamento único.
Já cheguei a colaborar com a revista do IPEA, Desafios do Desenvolvimento, assinando mais de três dezenas de resenhas de livros que eu escolhia, ou que me eram sugeridos pela editoria da revista. Elaborei as resenhas de modo totalmente voluntário e gratuito, posto que isso me dá prazer.
Sob os novos ares, uma resenha encomendada ficou sem publicação, e nenhuma explicação me foi oferecida, a não ser o silêncio. Ainda cheguei a colaborar mais uma ou duas vezes, mas depois mais nada. Acho que os dois lados se cansaram: eu da censura, eles, provavelmente, de minhas resenhas feitas em toda independência, como convém a qualquer resenhista que se respeite.
Leiam o que vai abaixo, na pluma sempre vitriólica do Reinaldo Azevedo. O seu tom fortemente crítico e os seus adjetivos me interessam menos do que um retrato da realidade, da triste realidade atual.
PRA

PATRULHA E MISTIFICAÇÃO NO IPEA, AGORA SUBORDINADO À SEALOPRA
Do blog do Reinaldo Azevedo
15.12.2008

Tenho criticado aqui a doutrinação esquerdopata nas escolas públicas e privadas, como sabem. Mais do que isso: seja no terreno da ideologia propriamente, seja no dos valores e costumes, tenho apontado o que classifico de “intolerância dos tolerantes” — vale dizer: um grupo se declara monopolista do bem e da diversidade e passa a policiar aqueles que discordam de suas análises, promovendo patrulha e perseguição política em nome do combate à... patrulha e à perseguição política!!! As coisas estão assumindo proporções alarmantes.

O que segue é o relato de uma economista que participou de um concurso no Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada). Não divulgo seu nome. Se ela concordar, eu o farei. O Ipea, vocês sabem, era subordinado ao Ministério do Planejamento. Agora, está sob o comando de Mangabeira Unger, o titular da antiga Secretaria de Assuntos de Longo Prazo, a SEALOPRA, conforme foi batizada aqui. O nome mudou, mas não o juízo. O presidente do Ipea é Marcos Pochmann, aquele rapaz que gosta de se apresentar com golas chinesas — e, quem sabe?, idéias idem (menos no que respeita à adesão ao mercado, claro...). O órgão, como vocês sabem, já promoveu o expurgo de “neoliberais”... Em nome da diversidade, é óbvio!!!

O que vocês lerão é o relato de como a prova de um concurso pode se transformar numa peneira ideológica. E, pior do que isso, a idiotia enverga as vestes de fina teoria. Acompanhem o relato. Volto depois:

Quem vem acompanhando os acontecimentos recentes do IPEA, iniciados desde que a nova diretoria assumiu, poderia esperar que o maior concurso da história da instituição tivesse algum viés ideológico e teria algumas excentricidades. Entretanto, o que se viu no concurso realizado no dia 13/12/2008 supera de longe a expectativa mais pessimista. Não quero aqui julgar o viés ideológico da prova e sim a capacidade de selecionar pesquisadores de qualidade.

O que deveria ser exigido na seleção de um bom pesquisador aplicado em economia (para fazer jus ao nome da instituição)? Na minha opinião, conhecimentos sobre diversas linhas de pensamento, o instrumental básico de micro e macroeconomia e econometria. O edital da prova, entretanto, já adiantava alguns problemas. A palavra “econometria” não era nem citada, e as vagas foram dividas em áreas de especialização, de conteúdo limitado, o que beneficia "concurseiros" em detrimento de economistas de formação ampla. Escolhi, por eliminação, a área "Estruturas Produtivas, Tecnológica e Industrial", que continha microeconomia e outros tópicos sobre a estrutura produtiva brasileira, e fui surpreendida com uma prova que nem condizente com o conteúdo anunciado era.

A prova é um festival de afirmações cheias de juízo de valor e de linguagem ininteligível (...). O que dizer sobre a frase: "A especulação financeira vislumbra como luz no fim do túnel o brilho do tesouro nacional"? Ou "Sem a conversão dos fundos públicos em pressuposto geral do capital, a economia produtiva capitalista é insustentável"? (...). Como se não existissem inúmeras teorias de economistas consagrados, fez-se referência à teoria de padrões de acumulação e oligopólios do sociólogo Francisco de Oliveira (que correspondeu a quase 10% da prova) e do conceito de “burocracia” do filósofo francês Claude Lefort. Para ser justa, não posso ignorar que fizeram perguntas sobre as teorias de Schumpeter, Malthus e Adam Smith, mas será que mais nada foi pensado em economia que mereça menção na prova?

Outra excentricidade foi o grande número de perguntas sobre artigos de leis e instruções normativas sobre parcelamento do solo, IPTU, Estatuto das Cidades, posse de terras e acesso à terra, que nem citados no programa estavam. Alguém deve estar se perguntando sobre o conteúdo de microeconomia, que correspondia a um terço da prova segundo o edital. Estes exigiam o conhecimento passado no primeiro dia do curso de microeconomia: "O custo total médio da produção é a soma, para cada nível de produção dos custos fixos e variáveis", ou "A teoria da firma se desdobra em Teorias da Produção, dos Custos e dos rendimentos e alicerceia a análise da oferta". Ou ainda: "Como as quantidades procuradas (QP) não dependem diretamente do nível de preços (P), é correto afirmar que não há uma relação funcional de dependência entre as variáveis QP e P".

A prova foi fechada com chave de ouro com a parte discursiva, onde as duas únicas questões eram sobre a teoria neo-shumpeteriana. Esses são os horrores da prova de "microeconomia". Não faltam exemplos nas outras áreas. Não sei se fico mais deprimida como economista, por pensar no futuro do IPEA e no que o governo considera que é um conteúdo razoável para um profissional da minha área, ou como cidadã, que pagará impostos para custear os cerca de 60 profissionais que serão contratados com base nesses critérios para ganhar quase R$ 11 mil por mês.

Voltei
Como se vê, o esquerdismo bocó é apenas um dos males do exame. Outro é a estupidez. Ocorre que o segundo tem o primeiro como seu parceiro mais freqüente. Francisco de Oliveira e Claude Lefort numa prova para selecionar economistas que vão lidar com as questões de longo prazo do desenvolvimento do Brasil? São piadas grotescas. Oliveira tenta, como vou dizer?, dinamizar a nossa economia sendo um dos mestres do PSOL... Lefort não sabe a diferença entre um croissant e um gráfico sobre produtividade... E, como fica claro no desabafo da economista, a essa mistificação pegajosa juntam-se a velha incompetência e o primitivismo intelectual. Vê-se que o exame pretende menos selecionar economistas competentes e com boa formação técnica do que, como é mesmo?, “cidadãos engajados em busca de um outro mundo possível”.

Lula pode chegar a 150% de popularidade (seria uma popularidade já comprometendo gerações futuras...), e isso não impede — ao contrário, até ajuda — que, em mais duas ou três gerações, estejamos encarando de frente os nossos ancestrais. É, os darwinistas só não estavam preparados para isto: a involução. Se vocês repararem bem, a coluna de boa parte dos nossos universitários já começou a vergar um tantinho. Mais uns três governos petistas, estaremos sendo esnobados pelos chimpanzés. Vão gozar da gente (como espécie): além de nos faltar o mindinho, também teremos perdido o polegar opositor.

(Extraído do blog do Reinaldo Azevedo, postagem das 17:57h

sábado, 13 de dezembro de 2008

966) Novas regras de Português escrito

Serviço de utilidade pública:

As novas regras

Alfabeto
Com a inclusão do K, W e Y, o alfabeto é agora formado por 26 letras.

Trema
Não existe mais na língua portuguesa – exceto em nomes próprios e seus derivados (Müller, mülleriano).
Exemplos: aguentar, consequência, cinquenta, quinquênio, frequência, eloquente, delinquir, pinguim, tranquilo, linguiça, linguística.

Acentuação
Ditongos abertos com “ei” e “oi” não são mais acentuados em palavras paroxítonas.
Exemplos: assembleia, plateia, ideia, colmeia, boleia, panaceia, Coreia, hebreia, boia, paranoia, jiboia, apoio, heroico, paranoico.
Obs. 1: nos ditongos abertos de palavras oxítonas e monossílabas o acento continua: herói, constrói, dói, anéis, papéis.
Obs. 2: o acento no ditongo aberto “eu” continua: chapéu, véu, céu, ilhéu.

Os hiatos “oo” e “ee” não são mais acentuados.
Exemplos: enjoo, voo, coroo, perdoo, coo, moo, abençoo, povoo, creem, deem, leem, veem, descreem, releem, reveem.

Não existe mais o acento diferencial em palavras escritas da mesma forma.
Exemplos: para (verbo), pela (substantivo e verbo), pelo (substantivo), pera (substantivo), pera (substantivo), polo (substantivo)
Obs: o acento diferencial permanece no verbo poder (3ª pessoa do Pretérito Perfeito do Indicativo - pôde) e no verbo pôr

Não se acentua mais a letra u nas formas verbais rizotônicas, quando precedido de g ou q e antes de e ou i (gue, que, gui, qui)
Exemplos: argui, apazigue,averigue, enxague, ensaguemos, oblique.

Não se acentua mais i e u tônicos em paroxítonas quando precedidos de ditongo
Como Será – baiuca, boiuna, cheiinho, saiinha, feiura, feiume.

Hífen
O hífen não é mais utilizado em palavras formadas de prefixos terminados em vogal + palavras iniciadas por r ou s, sendo que essas devem ser dobradas.
Exemplos: antessala, antessacristia, autorretrato, antissocial, antirrugas, arquirromântico, arquirrivalidade, autorregulamentação, contrassenha, extrarregimento, extrassístole, extrasseco, infrassom, inrarrenal, ultrarromântico, ultrassonografia, suprarrenal, suprassensível
Obs: em prefixos terminados por r, permanece o hífen se a palavra seguinte for iniciada pela mesma letra: hiper-realista, inter-racial, super-resistente, etc.

O hífen não é mais utilizado em palavras formadas de prefixos (ou falsos prefixos) terminados em vogal + palavras iniciadas por outra vogal
Exemplos: autoafirmação, autoajuda, autoaprendizabem, autoescola, autoestrada, contraindicação, extraescolar, extraoficial, infraestrutura, intrauterino, neoexpressionista, neoimperialista, semiaberto, semiautomático, semiárido, supraocular, ultraelevado.
Obs: esta regra não se encaixa quando a palavra seguinte iniciar por h: anti-herói, anti-higiênico, extra-humano, semi-herbáceo, etc.

Utiliza-se hífen quando a palavra é formada por um prefixo (ou falso prefixo) terminado em vogal + palavra iniciada pela mesma vogal.
Exemplos: anti-ibérico, anti-inflamatório, anti-inflacionário, anti-imperialista, arqui-inimigo, arqui-irmandade, micro-ondas, micro-ônibus, micro-orgânico
Obs: a exceção é o prefixo co. Mesmo se a outra palavra inicia-se com a vogal o, não se utiliza hífen.

Não usamos mais hífen em compostos que, pelo uso, perdeu-se a noção de composição
Exemplos: mandachuva, paraquedas, paraquedista, paralama, parabrisa, párachoque, paravento

O uso do hífen permanece:
– Em palavras formadas por prefixos ex, vice, soto: ex-marido, vice-presidente, soto-mestre
– Em palavras formadas por prefixos circum e pan + palavras iniciadas em vogal, M ou N: pan-americano, circum-navegação
– Em palavras formadas com prefixos pré, pró e pós + palavras que tem significado próprio: pré-natal, pró-desarmamento, pós-graduação
– Em palavras formadas pelas palavras além, aquém, recém, sem: além-mar, além-fronteiras, recém-nascidos, recém-casados, sem-número, sem-teto

Não existe mais hífen:
– Em locuções de qualquer tipo: cão de guarda, fim de semana, café com leite, pão de mel, sala de jantar, cartão de visita, cor de vinho, à vontade, abaixo de, acerca de etc. Exceções – água-de-colônia, arco-da-velha, cor-de-rosa, mais-que-perfeito, pé-de-meia, ao-deus-dará, à queima-roupa

quinta-feira, 11 de dezembro de 2008

965) O pequeno manual do candidato a ditator (a ne pas suivre...)

The aspiring dictator's guide
BINYAVANGA WAINAINA: CONTINENTAL DRIFT - Dec 03 2008 05:00

So many writers are making money writing stupid self-help books. Is there some little book, which circulates from president to president, like The Secret? Or are they all the kind of Africans who believe in crazy muti deals with the devil and that killing your own son at midnight will give you power?

Me, I believe that, like us, they learn from newspapers and, in these very minutes, some sneaky dictator somewhere on this continent is watching Mugabe and saying "aha".

The Daily Telegraph of England is a good read for all promising dictators of former English colonies - they report Dictator News with relish and regularity. Avoid blogs, they will depress you. Avoid Wikileaks.

Maybe they are reading this and will sneak it into their pockets.

Rule 1. Be the richest man in your country (Daniel arap Moi, Robert Mugabe). If you are a second-generation dictator, this is not hard; just blackmail the guy who came before you (Frederick Chiluba). If you come from an oil-producing country, this is even easier (many Nigerians and Angolans, Chad). If you are a Kenyan, the National Social Security Council is always good for a few billion. Defence contracts even better (all presidents). Money-printing contracts, the best (all presidents). If you are a South African, then anything with the word "black empowerment" works fine.

Rule 2. Find poor, stupid and brutal men from every corner of your country and make them rich. Do not give them money. Give them a place to steal from. Stupid people do not save money.
Give all women's church groups money. They are the most powerful groups in your country.

Rule 3. Make America or China happy. Make Israel and Saudi Arabia very happy. Become a Muslim, like Idi Amin. Visit Moammar Gadaffi often. He likes African leaders. We do not know why. Pray with George Bush and let him see your soul. Make your country's leading supermodel the ambassador to France and Italy. Ask her to wear a mini when presenting her papers to Nicholas Sarkozy.

Rule 4. Be very, very nice to your army. Be mean to your police.

Rule 5. Allow all international NGOs and donors free access to starving rural people, so that they vote for you because they got food aid (most African countries).
Rule 6. Colonial countries expected little of Africans. Maintain this illusion. Keep your citizenry ignorant and unproductive. For their food needs, see Rule 5 above.

Rule 7. Make sure you become the tribal leader too (Jomo Kenyatta, Moi, Jacob Zuma). Even if you do not speak the language (Jerry Rawlings). Meet all the important people in your tribe every month and emphasise strongly how the other tribes are going to kill you all if you leave power (Moi). The word will spread and, when the s*** hits the fan, your people will yield machetes for you. In Africa "tribe" means anybody who speaks your language to whom you regularly give money and civil service jobs. Just like the colonials.

Rule 8. Destroy or infiltrate all unions and civil organisations that have a constituency of educated Africans. All farmers' associations, all parents' associations, all teachers' associations, all church groups … these are very dangerous, especially the Catholics, who have a dictator in the Vatican they account to, who is richer than you. This way, you have no organised civil society that works. If your citizenry cannot organise themselves on issues such as work or education, they can only organise themselves by tribe. And all your cabinet ministers control their tribes, just as you do because they are the richest people in their tribes.

Rule 9. Allow all civil society groups that do not have any sizeable membership or constituency among your citizens. This way, you can shrug your shoulders and say you are happy to be criticised, but what noise they make means nothing. They have to account only to their donor, who lives in Denmark, and also fund the food aid you need for elections.

Rule 10. A free press is important. But have shares in all major media and make sure that you allow them to be very critical of everything, except you. You can, these days, secretly pay bloggers. They can say, for example, that your economic policy is Keynesian, but they should never say you are a "corrupt Zulu warlord".

Rule 11. Do not send all the money you steal to Switzerland and do not give it to your wife. Buy US treasury bonds and hide them in your children's library. They will never use it. Why should they read? Daddy is rich. Do not have businesses in your wife's name. Or in your children's names. Deal in euros, Krugerrands and diamonds.

Rule 12. Be nice to your fellow world dictators; you may need them to give you a home some day. Join Nepad (Wade). It is great for networking. Attend all African Union (AU) meetings and bring presents. The AU is the dictator's best friend (Idi Amin). For presents to colleagues, cash is good, gold is better and treasury bonds are best. No Ndebele prints please.

If all these things fail and you find yourself in State House surrounded by screaming citizens carrying homemade weaponry, make sure you have a Hummer (Raila Odinga) in your garage. They are cheap now in America. You can burst out of your palace and make your way to Somalia, where you can become a pirate who earns $50-million a year.

quarta-feira, 10 de dezembro de 2008

964) Domingo Cavallo impedido de falar na Sorbonne

Recebido do amigo e economista do BNDES, Mauricio David, em 10.12.2008:

Caros amigos :
Estudantes e professores/pesquisadores franceses nos fizeram chegar uma informação detalhada do que aconteceu nesta segunda-feira 8 de dezembro de 2008 na Universidade de Paris I, quando o ex-Ministro de Economia da Argentina Domingo Cavallo foi convidado a pronunciar uma conferencia sobre o tema da sua especialidade : as receitas monetaristas que arruinaram as economias dos países emergentes. Recebido com um concerto de panelas que durou exatamente 60 minutos, Cavallo não conseguiu falar e terminou expulso do recinto universitário. " Não se pode ignorar impunemente as consequencias dos atos intelectuais e das tomadas de posição em favor das políticas econômicas genocidas", conclui o relato efetuado pelos estudantes e professores dos acontecimentos na Sorbonne ocorridos ma segunda-feira passada.

Na medida em que estes acontecimentos tem relação com a vida universitária francesa mas também com a América Latina - em especial a Argentina - professores da Universidade de Paris nos pediram para circular a informação que segue em anexo.

Ao mesmo tempo, quem quiser construir uma opinião própria destes acontecimentos e desta crônica pode acessar as imagens em vídeo que se encontram no site You Tube.

Meus comentários (PRA):

Independentemente dos resultados desastrosos das políticas econômicas argentinas, a atitude acadêmica correta, em qualquer lugar e circunstância, seria ouvir, ler, pesquisar, discutir, argumentar, provar com argumentos lógicos e dados empíricos o nefasto dessas experiências e fazer uma avaliação ponderada.
O não-diálogo, o silêncio, a claque ou a vociferação sempre são empobrecedores de um conhecimento superior e necessário.
Pode-se, sim, manifestar a sua opinião, mas a atitude tomada foi totalitãria: "Não gosto, nao deixo voce falar!"
Isso ocorre nas ditaduras, não em democracias consolidadas, em que há o direito à opiniâo divergente ou minoritária e, sobretudo, há tolerância com a discordância.

Alias, é empobrecedor atribuir apenas a Domingo Cavallo todo o desastre argentino. Ele era ministro das Relações Exteriores, ou da Defesa (já não me lembro ao certo), no início do governo Menem, e teve de assumir em toda pressa a economia a partir de novo surto de hiperinflação deixado pelo seu antecessor. O Plano Cavallo era inadequado, mas naquele momento permitiu escapar da armadilha da hiperinflação. Deveria ter sido corrigido depois, mas já não havia mais condições, um pouco como na rigidez do Gustavo Franco com a âncora cambial. No meio, Cavallo propos uma Lei de Responsabilidade Fiscal, que foi aprovada, em torno de 1996, justamente para acabar com o déficit público criado pelas províncias argentinas. O Menem, mais interessado no seu segundo mandato do que em equilíbrio fiscal, deixou as províncias soltas, e Cavallo saiu do governo, no início do segundo mandato. Não foi o responsável direto pela degringolada.
Ele só foi chamado pelo De La Rua no desespero, também como segundo ministro da economia, para tentar consertar os problemas acumulados. Fez o que pode, mas o sistema já não tinha mais sustentação por excesso de endividamento do governo e baixa competitividade das empresas argentinas.
Achar que ele fez tudo aquilo por perversidade com as velhinhas aposentadas e com os trabalhadores, que ele contribuiu deliberadamente para quebrar a economia argentina e arruinar as suas empresas, apenas por submissão a Wall Street e comprometimento com o capital estrangeiro, é de um simplismo atroz, que só os esquerdistas mais estúpidos podem cometer...

Paulo Roberto de Almeida


Agora, o documento francês, cuja autoria desconheço:

LA CONFERENCE DE LA HONTE N’A PAS EU LIEU
LA CONFERENCE DE DOMINGO CAVALLO A L’UNIVERSITE DE PARIS I SUSCITA UNE VIVE CONTESTATION
8 décembre 2008

Invité par la Chaire des Amériques de l’Université de Paris I – La Sorbonne, l’ex-Ministre de l’Economie de l’Argentine, Domingo Cavallo, devait prononcer une conférence sur un thème de sa spécialité : les recettes monétaristes qui ont ruiné les économies des pays émergents.

Plus de 50 personnes attendaient dans la salle l’arrivée de Cavallo. La conférence était publique et avait été diffusée par mail et annoncée dans le site internet de la Chaire des Amériques :
http://chairedesameriques.univ-paris1.fr

Dans la salle des conférences du 6ème étage de la Maison des Sciences Economiques de l’Université de Paris I (102, boulevard de l’Hôpital, Paris, 13ème arrondissement), se trouvaient les étudiants du Master en Economie et Relations Internationales ainsi que des étudiants, enseignants et chercheurs d’autres universités françaises concernés par les thèmes argentins.

Avant l’arrivée du conférencier, une association de droit français, le Collectif Argentin pour la Mémoire, commence à distribuer des articles de presse et des résumés sur le parcours intellectuel et politique de celui que la société argentine avait démissionné de son poste de Ministre avec des célèbres concerts des casseroles, le 19 et 20 décembre 2001. Pendant le temps d’attente, le public s’appliquait à lire attentivement cette documentation. Le conférencier, arrivé en retard, fut présenté par le responsable de la Chaire. Avant de commencer sa conférence Cavallo demande au public s’il doit s’exprimer en Espagnol ou en Anglais. La réponse du fond de la salle fut nette, d’une acoustique que l’ex-Ministre de l’Economie n’arrivera pas à effacer de sa mémoire : un concert des casseroles.

Des casseroles pour exprimer l’indignation et la honte. Un concert des casseroles pour dire « ça suffit » et demander qu’il s’en aille de l’Université publique. Pour clamer la honte de voir un homme recherché par la justice argentine vouloir enseigner en France la doctrine qui a amené l’Argentine à la débâcle.

Domingo Cavallo ne peut supporter l’humiliation. Il se met alors à hurler, à agiter les bras et à crier de toutes ses forces contre ces « gauchistes » ; puis il rectifie, mélangeant les étiquettes, il hurle contre ces « fascistes » qui ne le laissent pas parler et qui exigent que la conférence soit annulée.

Les casseroles laissent la place à un échange musclé entre l’ex-ministre et un nombre important des personnes du public. Les arguments des uns et des autres sont de plus en plus audibles, l’expérience de la faillite argentine ne laisse personne dans l’indifférence. L’ex-Ministre devient rouge de colère. Cela dure exactement 60 minutes. Les responsables de la Chaire demandent alors le secours du personnel de sécurité de l’Université. C’est une femme qui arrive et qui fait irruption dans la salle agitant un grand trousseau de clés. Un concert de clés en soutien au concert des casseroles ? Non, la dame est une gardienne de l’Université. Très fâchée elle exige d’abord que dans l’Université française l’on s’exprime en Français. Des étudiants de l’Université commencent à lui expliquer la situation. D’autres ajoutent que l’Université vient d’inviter un délinquant recherché par la justice argentine. Elle conclut alors, avec tout le poids de son autorité, que les professeurs-organisateurs ont mal conçue la conférence et qu’il faut alors l’annuler. En criant « dehors tout le monde », elle fait évacuer la salle, éteint la lumière et ferme la porte à clé. L’expression pathétique des organisateurs de la conférence, trois économistes, professeurs à la Sorbonne de surcroît, indique qu’ils n’ont toujours pas compris les enjeux de la crise argentine. Il faudra pourtant que ces professeurs comprennent l’ampleur de la catastrophe économique dont Cavallo est responsable. Il faudra aussi qu’ils puissent tirer les conclusions de la gravité de leur geste : avoir invité à l’Université de Paris l’artisan d’un modèle économique désastreux. On ne peut pas impunément ignorer les conséquences des actes intellectuels et des partis pris en faveur de politiques économiques meurtrières.

terça-feira, 9 de dezembro de 2008

963) Uma opiniao radical contra a Petrobras

O engenheiro que assina o texto abaixo transcrito parece que cansou dos encômios à Petrobrás e diz sinceramente tudo o que pensa dessa gigante estatal que os brasileiros veneram (mas da qual provavelmente ignoram os custos e as deformações). Ver no site do engenheiro mais artigos vitriólicos.

Porque o Brasil Jamais Exportará Petróleo
Josino Moraes
www.josino.net

"O Brasil é um conjunto vazio que pensa ser o centro do mundo", Ricardo Bergamini

O Brasil tem uma praga econômica chamada Petrobras. Trata-se de um monopólio estatal como os do México – PEMEX – e da Venezuela – PDVSA . Talvez, a falácia da rica Venezuela seja o melhor exemplo. A PDVSA é uma companhia endividada com produção em queda. No ápice de sua megalomania demencial, ela tentou produzir soja!

Trata-se de empresas com excesso de empregados, com salários estratosféricos e inumeros outros privilégios. Seus empregados se aposentam muito cedo, na faixa de 45/50 anos, devido às "más condições ambientais de trabalho". Ademais, essas empresas são freqüentemente utilizadas como elementos na partilha de poder, favores, na venda de idéias populistas, etc. Como corolário lógico, elas não têm capacidade de investimento.

No começo desses monopólios estatais, há mais de 50 anos, para a maioria deles, os privilégios aos empregados citados acima não eram tão generosos, e eles puderam fazer alguns pequenos avanços. Nos casos do México e da Venezuela, eles puderam avançar um pouco mais, pois eles nasceram como empresas privadas e seus países se tornaram exportadores de petróleo. Mas, tratava-se apenas de uma questão de tempo. Sindicatos, fundos de pensão e governos, em todos os níveis, estavam famintos por novas fontes "fáceis" de renda. De fato, ninguém consegue viver sem energia; é o melhor dos monopólios.

Poderia alguém imaginar uma companhia com tal perfil explorando petróleo a 9 km de profundidade abaixo da superfície do mar, em depósitos tão quentes que poderiam fundir o metal utilizado para levar o urânio às plantas nucleares? Ademais, o equipamento requerido teria que suportar uma pressão de 1.250 kg/cm²(quatro vezes a pressão para se romper uma coluna de concreto armado de alta qualidade) em temperaturas acima de 260º C, com brocas perfuratrizes capazes de penetrar em camadas de sal de mais de 1,6 km de espessura (dados técnicos de Bloomberg.com, 28 de abril, 2008)!

Passemos a analisar apenas o caso brasileiro. Neste ano de 2008, Lula e sua equipe tentam vender o sonho de uma nova fonte de petróleo em águas profundas, exatamente tal como descrito acima.

Eles já venderam o sonho do álcool. Os fazendeiros de Ohio, produtores de milho, ficaram felizes. Vejamos até quando. O Brasil tem um programa subsidiado para a produção de álcool há mais de trinta e cinco anos!

O inacreditável é que eles conseguem vender essa idéia demencial a ninguém menos que o New York Times: "Um enorme campo de petróleo descoberto no ano passado tem o potencial de transformar o maior pais da America do Sul num exportador considerável que fará parte do cartel do petróleo"(11/1/2008). Lula atingiu o maior índice de popularidade jamais registrado.

O Brasil tem um dos piores e mais caros combustíveis do mundo. A gasolina não tem especificação de octanagem e só se pode comprá-la em determinada proporção de álcool determinado por lei; isso pode variar de um momento para outro. Essa é a razão principal do sucesso do álcool no Brasil.

As emissões de ozônio são 43% maiores se comparadas à gasolina da Califórnia – dados da USP (Folha de S. Paulo, 8/8/08, A26). No caso do diesel, os níveis de enxofre nas capitais são de cerca de 500 ppm, isto é, 10 vezes mais do que nos países desenvolvidos e 100 vezes mais do que o nível ideal (O Estado de S. Paulo, 17/7/08, C2).

Vejamos os preços. É difícil dizer que eles são os mais caros do mundo, devido a dinâmica dos preços e à dificuldade de compilar as informações. Porém, sem sombra de dúvidas, eles estão no topo do ranking. Em setembro de 2005, quando o barril de petróleo estava a US$ 60, o litro de gasolina estava a R$ 2,39 e o diesel a R$1,89. Em março de 2008, a Petrobras usando como argumento o preço internacional do barril a US$ 125, subiu apenas o preço do diesel (menos votos!) para R$ 2,09. Em julho, com o "novo milagre do biodiesel", houve um aumento adicional de 3%! Não é nada fácil carregar um parasita de tal porte, quando se pensa que a renda per capita no Brasil é historicamente um décimo da renda dos países desenvolvidos.

Josino Moraes, pesquisador econômico da América Latina, engenheiro e economista, é autor de A Indústria da Justiça do Trabalho – A Cultura da Extorsão e a Destruição do Capital Social.

segunda-feira, 8 de dezembro de 2008

962) Frases apropriadas de um iconoclasta liberal

Milton Friedman (1912-2006) não tinha muita complacência com certos mitos, como a suposta crise do capitalismo, os supostos efeitos benéficos da intervenção governamental após a crise de 29 e seu rebento mais relevante, o keynesianismo:

“If you put the federal government in charge of the Sahara Desert, in five years there'd be a shortage of sand.”

“The Great Depression, like most other periods of severe unemployment, was produced by government mismanagement rather than by any inherent instability of the private economy.”

“Nothing is so permanent as a temporary government program.”

“The government solution to a problem is usually as bad as the problem.”

“Many people want the government to protect the consumer. A much more urgent problem is to protect the consumer from the government.”

“Underlying most arguments against the free market is a lack of belief in freedom itself.”

“Concentrated power is not rendered harmless by the good intentions of those who create it.”

“Nobody spends somebody else's money as carefully as he spends his own. Nobody uses somebody else's resources as carefully as he uses his own. So if you want efficiency and effectiveness, if you want knowledge to be properly utilized, you have to do it through the means of private property.”

“The only way that has ever been discovered to have a lot of people cooperate together voluntarily is through the free market. And that's why it's so essential to preserving individual freedom. History suggests that capitalism is a necessary condition for political freedom.”

“Columbus did not seek a new route to the Indies in response to a majority directive.”

sábado, 6 de dezembro de 2008

961) Comissão nacional da divida do Equador: preparando o calote

Abaixo transcrevo trechos do relatório da comissão nacional equatoriana que recomendou a suspensão dos pagamentos devidos por dívidas contraídos por esse país nos últimos dez anos, por considerar tais contratos ilegítimos e eivados de erros administrativos, que os tornam inoperantes.
O Equador se prepara, assim, para repudiar sua dívida, o que deve deixá-lo isolado na região e na comunidade financeira internacional. Como o Brasil é parte interessada na história -- ainda que não citado nominalmente nesses poucos trechos transcritos -- caberia seguir essa história com atenção, pois o BNDES está sob ameaça de não pagamento pelos financiamentos efetuados em obras operadas por empresas brasileiras naquele país.
Caberia ver todo o documento equatoriano, que suponho possa ser localizado na página do governo do Equador.


Auditoría del Crédito Público: el endeudamiento externo de Ecuador es ilegítimo
“No pagaremos una deuda ilegal y corrupta”

AmericaXXI, Diciembre 2008-Enero 2009

Histórico: al recibir el informe final de la Auditoría Integral del Crédito Público (Caic), el presidente de Ecuador, Rafael Correa, aseguró que su gobierno sancionaré a los responsables del endeudamiento y no pagaré “la deuda ilegítima, ilegal y corrupta”. Según la Caic, més de 3.800 millones de dólares estén mal computados. La decisión de crear la comisión investigadora de la deuda es hasta ahora un paso único en la historia de los gobiernos latinoamericanos. En esta edición se publican fragmentos de la investigación (1976-2006) que la comisión realizó durante un arduo año de trabajo.

El daño incalculable causado a la economía del país y al pueblo ecuatoriano por el endeudamiento público, omnipresente como sistema de presión y sumisión, y el consecuente compromiso de entregar recursos públicos para su servicio, motivó al Gobierno Nacional a adoptar la decisión –primera y hasta ahora única en América Latina– de crear una instancia de auditoría que establezca la legitimidad, legalidad y pertinencia de los préstamos, las negociaciones y renegociaciones; que, ademés, señale las responsabilidades y corresponsabilidad de los prestamistas, los impactos sociales, económicos y ambientales; y, sobre todo, que permita la acumulación y ponderación de fundamentos para que el país emprenda acciones soberanas y reparadoras respecto de los pagos realizados y futuros.
En ese contexto, el presidente constitucional de la república, el economista Rafael Correa Delgado, dispuso la creación de la Comisión para la Auditoría Integral del Crédito Público (Caic) con la intervención de organizaciones sociales nacionales y extranjeras, universidades e instituciones de investigación y desarrollo. (...) Primeras conclusiones
En el proceso de auditoria de los créditos, se identificaron características y condicionalidades perjudiciales constantes, coartando, inclusive, cualquier acto de defensa que pudiera intentar el país en resguardo de sus derechos; tales como:
a. Injerencia en asuntos internos del país con la consecuente lesión a la soberanía.
b. Renuncia a la inmunidad soberana del país, a la inmunidad de jurisdicción y al derecho a la defensa y reclamación.
c. Violación de derechos fundamentales de personas y pueblos; así como, irrespeto a los instrumentos internacionales de derecho.
d. Cléusulas abusivas que violentan los derechos del país soberano.
e. Violación de los estatutos del FMI, BM, BID y leyes de los Estados prestamistas y prestatarios.
f. Relación asimétrica entre las partes contratantes.
g. Usura y anatocismo (cobro de un interés por de intereses vencidos no pagos).
Los organismos multilaterales, la banca extranjera y demés acreedores, con la participación de autoridades y funcionarios nacionales, impusieron sus condiciones al país, forzaron a un mayor nivel de endeudamiento y a sucesivos procesos de “reestructuración” no transparentes que generaron la transferencia de deudas privadas al Estado, canjes y pagos anticipados injustificados, costos onerosos y operaciones directas en el exterior, sin registro en el Ecuador; y provocaron desvíos y distorsiones en el destino de los créditos para atender las exigencias de pago a los acreedores privados del exterior. En el caso de la banca privada internacional, lo hicieron representados por un reducido grupo de Bancos: Shearson Loeb Rhoades, Lloyds Bank, Citibank, JPMorganChase.
Los puntos anteriores son actos lesivos a la dignidad de la Nación y constituyen violaciones a la Constitución y Leyes de la República del Ecuador. (...) Ademés existen evidencias de que se habrían cometido delitos de acción pública como falsedad ideológica, prevaricato, incumplimiento de los deberes de los funcionarios públicos, quebrantando el orden jurídico con total impunidad, sin que los organismos de control de los gobiernos anteriores hayan intervenido en salvaguardia del patrimonio público.
Se desconocieron los pactos internacionales y doctrinas jurídicas comúnmente aceptadas. (...)
El proceso de endeudamiento del Ecuador, durante el período comprendido entre 1976 y 2006, se desarrolló en beneficio del sector financiero y empresas transnacionales, afectando visiblemente los intereses de la Nación. Los condicionamientos impuestos y el pago de la deuda limitaron los derechos fundamentales de personas y pueblos, profundizando la pobreza, aumentando la migración y deteriorando las condiciones ambientales.
No ha existido voluntad por parte de las autoridades de gobiernos anteriores de ejercer la debida defensa de los intereses del Ecuador. Podían haber utilizado argumentos legales para cuestionar contratos, impugnarlos, o aún solicitar una reconsideración sobre la base del principio rebus sic stantibus (cambio fundamental de circunstancias) del derecho romano, que reconoce el mismo fundamento que el unnecessary hardship del derecho anglosajón, y las normas de la Convención de Viena.

La deuda comercial

Se han descubierto evidencias de ilegalidad e ilicitud en múltiples renegociaciones con la banca privada internacional, perjudiciales al Ecuador y favorables a los intereses de los acreedores; la utilización de artificios contables y la renuncia a la prescripción, seguida de la conversión de la deuda prescrita en Bonos Brady y de ésta en Bonos Global.
El FMI participó activamente en todos los convenios que celebró el país con la banca privada internacional, mediante su informe favorable y obligatorio, en el cual se condicionaba un acuerdo stand by que significaba complicidad con los acreedores privados y una intromisión inaceptable en la decisiones soberanas de política económica y social. (...)
La emisión “sui generis” de Pagarés a partir de 1978, equivalente a un bono de deuda externa, y su liquidación en el exterior, realizada en el convenio ERA 83, por un monto de US$ 700 millones, representó una violación del derecho administrativo que debe regir este tipo de operaciones.
El traspaso al Estado de la deuda externa privada (Sucretización) ocasionó grandes pérdidas al patrimonio público.
Las “refinanciaciones” de la deuda comercial realizadas a partir de 1983 significaron el pago directo al exterior, por el Banco Central, de Pagarés y de obligaciones de “Contratos Originales” de entidades públicas y gobierno. El BC asumió nuevos préstamos a su cargo por el monto liquidado. La ausencia de registro del ingreso de los recursos de esos nuevos préstamos (que en el exterior se destinaron a la misma banca privada) originó la creación de un artificio denominado “Mecanismo Complementario”. (...)
El Plan Brady significó el canje de una deuda ya prescrita, que, ademés, valía alrededor del 25% en el mercado secundario. Ademés, hubo la exigencia de compra de garantías colaterales representadas por bonos del Tesoro de Estados Unidos por un monto que correspondía al 72% del principal de la deuda comercial en su valor de mercado. La “Oferta de los bonos” de deuda externa ecuatoriana no se registraron en la SEC – Security Exchange Commission – y se efectuaron como una “Colocación Privada” bajo la “Regla 144 A” que permite la venta de acciones no registradas de manera privada únicamente a compradores calificados: QIB (Qualified Institutional Buyers); y la “Regulación S” que, no sólo prohíbe cualquier esfuerzo de venta dentro de los Estados Unidos, sino que determina que las transacciones deben hacerse en operaciones “off-shore”. (...)
Los bonos Brady y Eurobonos, que también se canjearon, no se encontraban vencidos, por tanto no eran exigibles. Financieramente, el canje de bonos Brady a Bonos Global contiene varios aspectos de ilegalidad y representó un serio perjuicio y daño económico y moral al Ecuador.

La deuda multilateral

Los organismos multilaterales de crédito FMI, BM y BID, distrajeron su misión estipulada en sus respectivos Convenios Constitutivos y promovieron sistemas de endeudamiento desleal con sus países miembros, como el Ecuador, al haberse aliado para proteger a poderosos acreedores privados. (...)
El grupo de créditos multilaterales del Banco Mundial y del BID, utilizados en compras de garantías colaterales para el Plan Brady, muestran evidencias de desvíos, distorsiones y encubrimientos para usar los fondos del crédito en tales garantías y otros pagos de deudas, y no en los programas a los cuales estaban destinados en los convenios. Los créditos multilaterales establecieron condiciones que dieron lugar al debilitamiento del Estado y su capacidad de planificación, ajustes estructurales, procesos de desregulación, privatizaciones y traslado de competencias al sector privado, perjudiciales a los intereses de la Nación, y siguiendo una matriz impuesta a los países del Sur. Esto generó inestabilidad política y continuos enfrentamientos de gobiernos con sectores sociales.
Las condiciones impuestas a través de los préstamos multilaterales limitaron el goce de derechos fundamentales de personas y pueblos; como los derechos a la salud, educación, trabajo, a la alimentación y al ambiente sano, dando lugar a que las condiciones de vida de la población no mejoren (especialmente de pueblos indígenas, campesinos y afrodescendientes, en particular de las mujeres); al contrario, se profundizó la pobreza, aumentó la migración y se deterioraron las condiciones ambientales

La deuda bilateral

No se han respetado las normas aplicables vigentes en el país (Constitución de la República, Ley de Régimen Tributario Interno, Código Civil, Código de Comercio), y de la legislación europea (Código Civil, Condiciones Generales de Contratación y Ley de Defensa de Usuarios y Consumidores).
Se observan précticas indebidas llevadas a cabo por funcionarios nacionales dentro y fuera del país como emprender proyectos de infraestructura financiados con créditos externos que una vez concluidos se trasladan al sector privado que recibe todo el beneficio dejando la parte correspondiente del servicio de la deuda bajo responsabilidad exclusiva del Estado y, por ende, de todo el país. (...)
El Club de París, a pesar de no contar con personería jurídica, impuso condiciones en la negociación al Ecuador, tales como el sometimiento a la supervisión del FMI, para lo cual se usó la presión del grupo de países prestamistas, aprovechando la fragilidad económica y social del Ecuador en aquella época, así como la falta de experticia y entereza de los equipos negociadores. (...)

La deuda interna

La emisión interna de bonos del Estado ha servido, mayoritariamente para atender el servicio de la deuda pública externa así como para cubrir requerimientos de pagos de deuda pública interna.
La deuda interna ha servido para cubrir ineficiencias de los grandes sectores empresariales y bancarios nacionales a quienes se benefició, primeramente, con la estatización de la deuda privada (sucretización) y, posteriormente, con el salvataje bancario. La emisión y colocación de los bonos AGD transformaron al Estado, de acreedor de la banca, en deudor del Banco Central.
Al emitir dinero para adquirir los Bonos AGD, el Banco Central se apartó de la función de mantener la estabilidad de la moneda que le asigna la Constitución; al contrario, contribuyó a una acelerada desvalorización y posterior devaluación.
El informe de la Comisión constituye un primer resultado de lo que debe ser un proceso permanente –la auditoría–, y apunta a que tanto las autoridades del gobierno como la sociedad en general conozcan la verdad sobre la forma en que se ha conducido el endeudamiento público que, sin duda, ha redundado en el freno impuesto al desarrollo y en la desilusión de los ecuatorianos, cuya realidad esté lejos de alcanzar las condiciones elementales para el buen vivir.