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sexta-feira, 3 de dezembro de 2010

Estudos Sociais no Brasil - Bolsa para a Columbia University (NY)

Oferecida pela FAPESP, em colaboração com a Columbia University:


Bolsa Dra. Ruth Cardoso tem nova chamada
30/11/2010
Agência FAPESP – O Programa de Bolsa Dra. Ruth Cardoso abriu seleção de propostas para sua terceira edição. As inscrições podem ser feitas até o dia 17 de janeiro de 2011. A iniciativa oferece apoio à participação de professores e pesquisadores brasileiros das áreas de ciências humanas e sociais nas atividades da Universidade de Columbia, em Nova York, Estados Unidos.
O Programa é uma parceria da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (FAPESP) e da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes) com a Universidade de Columbia e a Comissão para o Intercâmbio Educacional entre os Estados Unidos da América e o Brasil (Fulbright).
Entre os objetivos do programa estão destacar no meio universitário e de pesquisa dos Estados Unidos a atuação de cientistas brasileiros em instituições do país nas áreas de ciências humanas e sociais e promover a aproximação, o diálogo e aprofundamento no conhecimento mútuo das duas culturas e sociedades.
A bolsa honra a memória da professora Ruth Corrêa Leite Cardoso, ex-bolsista da Comissão Fulbright na Universidade Columbia em 1988 e personalidade de destacada atuação na cena acadêmica brasileira, em particular nas ciências humanas e sociais.
O programa prevê a concessão de uma bolsa por ano. A bolsa tem o valor mensal de US$ 5 mil e será concedida por um período de até nove meses. O selecionado também receberá auxílio instalação de US$ 2 mil, seguro- saúde, passagem aérea de ida e volta em classe econômica promocional e moradia no campus da Universidade Columbia, em Nova York, em apartamento de um dormitório ou equivalente.
O bolsista também terá acesso às instalações e serviços da Universidade Columbia – escritório, internet, laboratórios e bibliotecas – e demais meios necessários à efetiva consecução das atividades de docência ou de pesquisa.
Os candidatos deverão ter concluído doutorado antes de 2007, possuir nacionalidade brasileira e não ter nacionalidade norte-americana e estar credenciado como docente e orientador em programa de pós-graduação reconhecido pela Capes.
Deverão também, entre outros requisitos, dedicar-se em regime integral às atividades acadêmicas, que devem incluir a docência, orientação ou co-orientação de dissertações ou teses e/ou a participação em projetos de pesquisa em ciências humanas e sociais com ênfase nas áreas de antropologia, ciência política, sociologia e história do Brasil.
A inscrição deve ser feita pela internet, com o preenchimento em inglês do formulário de inscrição, um syllabus do curso proposto com no máximo dez páginas e três cartas de recomendação em inglês, além de um currículo atualizado em português (na Plataforma Lattes), um currículo resumido em inglês e o projeto de pesquisa a ser desenvolvido na Universidade de Columbia.
Mais informações: www.fapesp.br/ruthcardoso .

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Programa de Bolsas Dra. Ruth Cardoso em Antropologia e Sociologia

O programa é uma parceria da FAPESP com a Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes), a Universidade de Columbia e a Comissão para o Intercâmbio Educacional entre os Estados Unidos da América e o Brasil – Fulbright.
O objetivo é apoiar a participação de, em cada chamada, um professor/pesquisador brasileiro em atividades de docência e pesquisa, por um ano acadêmico, no Instituto de Estudos Latino-Americanos (ILAS) da Universidade Columbia, em Nova York.
Os candidatos devem ter atuação acadêmica reconhecida nas áreas de ciências humanas e sociais. Será dada preferência a candidatos que atuem na áreas de antropologia de populações urbanas, sociologia e história do Brasil com enfoque em movimentos sociais contemporâneos.
 

BOLSA DRA. RUTH CARDOSO PARA PROFESSOR E/OU PESQUISADOR VISITANTE NA UNIVERSIDADE COLUMBIA, EUA

1 DO OBJETO
A Fundação Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior – CAPES, a Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo – FAPESP, a Universidade Columbia – UC e a Comissão para o Intercâmbio Educacional entre os Estados Unidos da América e o Brasil – Fulbright, decidiram estabelecer a BOLSA DRA. RUTH CARDOSO com vistas a:
1.1 oferecer apoio à participação de professores/pesquisadores brasileiros atuando em instituições brasileiras em atividades de docência e pesquisa na Universidade Columbia, na cidade de Nova York, EUA;
1.2 destacar no meio universitário e de pesquisa dos EUA a atuação de cientistas brasileiros atuando em instituições do país nas áreas de Ciências Humanas e Sociais;
1.3 promover o mais alto nível de aproximação, diálogo e aprofundamento no conhecimento mútuo das respectivas culturas e sociedades;
1.4 honrar a memória da eminente Profa. Dra. Ruth Corrêa Leite Cardoso, ex-bolsista da Comissão Fulbright na Universidade Columbia em 1988, e personalidade de destacada atuação na cena acadêmica brasileira, em particular nas Ciências Humanas e Sociais.
 
2 DAS CARACTERÍSTICAS DO PROGRAMA
2.1 O programa prevê a concessão de uma bolsa por ano, com as seguintes características:
2.1.1 Estipêndio mensal: US$ 5.000,00 (cinco mil dólares americanos) por até nove meses;
2.1.2 Auxílio instalação: US$ 2.000,00 (dois mil dólares americanos);
2.1.3 Seguro saúde;
2.1.4 Passagem aérea de ida e volta em classe econômica promocional;
2.1.5 Moradia, sem custos, no campus da Universidade Columbia, na cidade de Nova
York, EUA, em apartamento de um dormitório ou equivalente; e,
2.1.6 Acesso às instalações e serviços da Universidade Columbia, tais como: escritório; internet, laboratórios, bibliotecas e demais meios necessários à efetiva consecução das atividades de docência e /ou pesquisas previstas pelo bolsista.
2.2 Para a concessão da bolsa será considerado o ano acadêmico americano 2010/2011 de acordo com calendário da Universidade Columbia.
 
3 DOS REQUISITOS PARA A CANDIDATURA
3.1 O candidato deverá comprovar:
3.1.1 Ter concluído seu doutorado antes de 2006;
3.1.2 Possuir nacionalidade brasileira e não ter nacionalidade americana;
3.1.3 Estar credenciado como docente e orientador em programa de pós-graduação reconhecido pela CAPES;
3.1.4 Dedicar-se em regime integral às atividades acadêmicas, que devem incluir a docência, orientação ou co-orientação de dissertações ou teses e/ou a participação em projetos de pesquisa nas Ciências Humanas e Sociais. Será dada preferência a candidatos que atuem nas áreas de historia do Brasil, antropologia, e sociologia com enfoque em movimentos sociais contemporâneos.
3.1.5 Possuir atuação acadêmica qualificada na área e reconhecida competência profissional com produção intelectual consistente;
3.1.6 Ter fluência em inglês, compatível com o bom desempenho nas atividades previstas; e
3.1.7 Não receber bolsa ou benefício financeiro de outras agências ou entidades brasileiras para o mesmo objetivo.
3.2 A infração à última exigência implicará o cancelamento imediato da bolsa e a obrigatoriedade do ressarcimento pelo beneficiário (a) dos valores, monetariamente atualizados, que lhe tenham sido pagos pela CAPES ou FAPESP.
 
4 DOS DOCUMENTOS PARA CANDIDATURA
O candidato deve submeter sua candidatura exclusivamente via internet, constando os seguintes documentos:
4.1 Formulário de inscrição online, integralmente preenchido em inglês, disponível emhttps://apply.embark.com/student/fulbright/scholars.
4.2 Syllabus do curso abrangente e seminário de pesquisa propostos, com no máximo 10 páginas cada;
4.3 Três (3) cartas de recomendação em inglês, segundo instruções constantes do formulário de inscrição online;
4.4 Currículo atualizado em português, disponível na plataforma Lattes (http://lattes.cnpq.br) – não há necessidade de envio de versão em papel);
4.5 Currículo resumido em inglês; e
4.6 Projeto de pesquisa a ser desenvolvido: (máximo 5 páginas), contendo uma breve revisão do estado da arte sobre o tema, a lógica do projeto, uma clara hipótese de trabalho, descrição metodológica e as referências bibliográficas relevantes.
 
5 DA AVALIAÇÃO
5.1 A CAPES, a FAPESP, a Universidade Columbia e a Comissão Fulbright avaliarão as candidaturas e procederão à seleção dos aprovados. O Comitê Gestor do Programa fará um procedimento de pré-seleção, analisando a aderência das propostas aos objetivos e normas do programa. Propostas aprovadas na pré-seleção serão encaminhadas para análise por consultores ad hoc indicados pelo Comitê Gestor. Esse processo incluirá a avaliação do perfil acadêmico e profissional do candidato e o plano de atividades proposto. O impacto da execução do plano de atividades será aspecto de grande importância para a avaliação. Será dada preferência aos candidatos com pouca ou nenhuma experiência acadêmica prévia nos EUA;
5.2 Não serão analisadas candidaturas com documentação incompleta ou encaminhadas fora do prazo previsto no Calendário, item 6.
 
6 DO CALENDÁRIO
6.1 De 30 de outubro de 2009 a 15 de fevereiro de 2010: Submissão da candidatura via internet
6.2 Março de 2010: Divulgação do resultado
6.3 Agosto/Setembro 2010: Início das atividades na Universidade Columbia
6.4 Junho 2011: Limite para o encerramento das atividades na Universidade Columbia
 
7 DA COMUNICAÇÃO
Mais Informações sobre a Bolsa Dra. Ruth Cardoso poderão ser obtidas:
Comissão Fulbright
SHIS – QI 9, Conjunto 17, lote L
71625-170 – Brasília, DF
Rejânia Araújo
Fone: (61) 3248-8603 / Fax: (61) 3248-8611
rcaward@fulbright.org.br
www.fulbright.org.br
Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior - CAPES
Coordenação Geral de Cooperação Internacional – CGCI
SBN, Quadra 2, lote 6, Bloco L
70040-020 – Brasília, DF
Thais Aveiro
Fone: (61) 2022-6664 / Fax: (61) 2022-6675
thais.aveiro@capes.gov.br
www.capes.gov.br
Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo – FAPESP
Rua Pio XI, 1500
05468-901 - São Paulo, SP
Fone: (11) 3838-4000
programa_ruth_cardoso@fapesp.br
www.fapesp.br
Universidade Columbia
Institute of Latin American Studies & Center for Brazilian Studies
Columbia University
420 West 118th Street
New York, NY 10027
Tereza Aguayo
Fone: +1 212 854-1555
ta2015@columbia.edu
www.columbia.edu/cu/ilas

Massacre de Katyn: os russos liberam documentos

Não faz muito tempo, li um artigo qualquer de um desses stalinistas irredentistas -- do velho Partidão -- tentando negar, ainda, canhestramente, que os soviéticos pudessem ter sido responsáveis pelo massacre dos oficiais poloneses, nas florestas de Katyn, Bielo-Russia ocidental.
Os próprios russos, hoje, reconhecem o fato, aliás desde Ieltsin, mas apenas agora estão liberando os documentos. Talvez, com isso, nossos stalinistas se acalmem...

Massacre de Katyn : Varsovie reçoit de Moscou de nouveaux documents

LEMONDE.FR avec AFP | 03.12.10 | 13h49  •  Mis à jour le 03.12.10 | 14h06

La Russie a remis à la Pologne, vendredi 3 décembre, de nouveaux documents sur le massacre de milliers d'officiers polonais à Katyn, dans l'ouest de la Russie, durant la seconde guerre mondiale, à quelques jours d'une visite de deux jours du président russe, Dmitri Medevdev, à Varsovie. La question du massacre de Katyn doit être abordée lors de sa rencontre avec son homologue polonais, Bronislaw Komorowski.
En avril, la Russie avait mis en ligne des documents déjà déclassifiés sur le massacre d'officiers polonais en 1940 par la police de Staline, une mesure symbolique ordonnée par le président russe sur fond de réchauffement des relations russo-polonaises. Puis, en mai, les Russes avaient remis à la Pologne soixante-sept volumes de documents, puis vingt nouveaux volumes en septembre.
A la suite de l'invasion par l'URSS en septembre 1939 des régions polonaises de l'Est en vertu du pacte germano-soviétique, vingt-deux mille officiers polonais, prisonniers de l'Armée rouge, ont été abattus dans la forêt de Katyn et à Mednoïe (Russie) ainsi qu'à Kharkiv, en Ukraine. Pendant des décennies, l'Union soviétique a accusé les nazis d'avoir commis ces assassinats. Ce n'est qu'en avril 1990 que le dirigeant soviétique, Mikhaïl Gorbatchev, a reconnu la responsabilité de son pays dans ces massacres.

Massacre de Katyn

Dans le Monde, édition du 13 avril 2010
Le premier ministre polonais Donald Tusk (à gauche) et le premier ministre russe, Vladimir Poutine, sur le site du crash de l'avion du président polonais, le 10 avril 2010. Enquête Katyn : une obsession polonaise

Turistas acidentais: os negociadores climaticos no anticlimax da conferencia de Cancun

Não deixa de ser irônico que os negociadores ambietalistas estejam relaxando em Cancun, um dos melhores "balnearios" mexicanos. Isso na melhor das hipóteses; na pior, eles passam três horas por dia produzindo CO2 para se deslocar dos hotéis para o centro de conferências.

Les négociateurs du climat, touristes malgré eux à Cancun

Le Monde, 3 Decembre 2010

L'organisation de la conférence sur le climat suscite tour à tour amusement, consternation et agacement.

Cancun (Mexique), envoyé spécial - Qu'est-ce qui différencie un diplomate du climat d'un touriste au soleil ? A première vue, pas grand-chose. En tout cas pas à Cancun, haut-lieu mexicain de l'industrie balnéaire, qui accueille du 29 novembre au 10 décembre la 16e conférence des Nations unies sur le climat : comme les vacanciers, les négociateurs sont invités à s'habiller de manière décontractée, arborent au poignet des bracelets de plastique fluo donnant droit dans leur hôtel à des boissons à volonté et passent plusieurs heures chaque jour dans des autocars climatisés.
Si le "dress code" permissif décidé par le pays hôte – il est recommandé de se vêtir de chemises mexicaines traditionnelles, sans costume ni cravate – est plutôt bien accepté, l'organisation de la conférence suscite tour à tour amusement, consternation ou agacement. Plutôt que de grouper l'ensemble des activités dans le centre de la ville ou dans la zone des hôtels, le long du lido qui sépare la lagune de l'océan, le Mexique a choisi d'éclater les rendez-vous dans différents lieux très éloignés de la ville, et les uns des autres.

BALLET INCESSANT DE BUS
Encadrés par 5 000 policiers, des soldats en armes et des automitrailleuses, les quelque 16 000 participants à la conférence doivent chaque jour prendre une des neuf lignes de bus mises en place pour rallier les hôtels au centre des congrès Cancun messe, un bunker moutarde flambant neuf de 25 000 m2, où Etats, ONG, entreprises et universités tiennent salon. De là, il faut emprunter pendant 20 minutes une autre navette, seul moyen d'accéder à l'immense et luxueux complexe touristique du Moon Palace, centre de la négociation, lui-même tellement étendu que ses différents bâtiments sont reliés par d'autres navettes encore.
Au total, il faut une heure et demie en moyenne aux négociateurs pour parvenir à destination. Et parfois autant pour retrouver leurs interlocuteurs dans cette immensité ! De quoi compliquer un peu plus une négociation déjà passablement tendue, alors que chacun redoute de reproduire l'échec du sommet de Copenhague, en décembre 2009. Le voisinage des plages bordées palmiers et de piscines turquoise ne suffit pas à détendre l'atmosphère. "La réussite de cette conférence est capitale, ce n'était vraiment pas le moment d'empêcher les négociateurs de travailler", râle une négociatrice européenne.
Les esprits chagrins voient dans cette organisation la volonté d'empêcher les ONG de "perturber" les négociations : vu les temps de trajet, peu de délégués font l'effort d'aller voir ce qui se passe au Climate Change Village, au Klimaforum ou au Dialogo Climatico, où la société civile fait entendre sa voix sur les enjeux du climat.
Reste que le ballet incessant des centaines de bus de ville et de cars de tourisme réquisitionnés dans tout le pays pour assurer les liaisons donne un drôle de symbole à une négociation censée combattre les émissions de CO2. Symbole d'autant plus brouillé que la station balnéaire est assez peu conforme à l'image d'un aménagement fondé sur la sobriété et le respect de l'environnement. "Les complexes touristiques ont été largement construits sur une mangrove", souligne Sébastien Blavier, du Réseau action climat.
Le Mexique, qui dépense 51 millions d'euros pour accueillir cette conférence et en espère un bénéfice d'image, préfère mettre en avant ses initiatives pour alléger l'empreinte carbone de la rencontre, réduire la consommation d'eau dans les hôtels et planter quelque 10 000 arbres autour de Cancun.

Grégoire Allix

Meridiano 47: uma revista que nao perde as coordenadas...

Sempre colaborei, desde o início, com este belo empreendimento internacionalista:

Meridiano 47 (http://www.meridiano47.info) é uma publicação bimensal em formato digital do Instituto Brasileiro de Relações Internacionais - IBRI dedicada a promover a reflexão, a pesquisa e o debate acadêmico sobre os temas da agenda internacional contemporânea.

O Boletim Meridiano 47 publica contribuições inéditas na forma de artigos científicos breves e resenhas de livros, cuja temática se situe na grande área de Relações Internacionais, e mais particularmente sobre Política Internacional, Política Externa, Economia Internacional, Instituições e Regimes Internacionais e sobre questões envolvendo áreas geográficas e países.
Meridiano 47 é uma publicação fundada em março de 2000 e o seu título é uma homenagem que o Instituto Brasileiro de Relações Internacionais – IBRI faz a Brasília, cidade cortada por aquela linha e na qual está sediado desde 1993. Com a publicação de Meridiano 47, o IBRI renova o seu compromisso com a análise de alto nível na área de Relações Internacionais, firmado em 1958 com a publicação da Revista Brasileira de Política Internacional – RBPI.

Diretrizes para Autores
O Boletim Meridiano 47 publica artigos científicos e resenhas de livros;
Os artigos devem conter entre 20 mil e 25 mil caracteres (incluindo espaços) e as resenhas de livros devem conter cerca de 6 mil caracteres (espaços inclusive);
As notas de rodapé restringem-se a esclarecimentos adicionais ao texto;
A bibliografia deve ser citada de acordo com o sistema Chicago (Autor, data), referenciando a literatura citada ao final do texto;
As contribuições devem ser inéditas e podem ser submetidas em português, inglês ou espanhol;
As contribuições devem conter o nome completo do autor, sua titulação e filiação institucional;
No caso de resenhas de livros, devem ser informados os dados completos e o ISBN da obra analisada;
As contribuições devem vir acompanhadas de: 3 palavras-chave em português e 3 key words em inglês; Título em inglês; Resumo em português e abstract em inglês, ambos com até 50 palavras.
As submissões se fazem em http://www.meridiano47.info.

Alba verde: o mundo está salvo (ainda bem)

Pois é, se não fossem os bolivarianos, o meio ambiente estaria a caminho de sua destruição irremediável, em função da desapiedada exploração capitalista dos recursos naturais.
As propostas deles arriscam fazer sucesso em Cancun...
Tudo em nome da Mãe Terra, sem capitalistas.
Paulo Roberto de Almeida

Alba protesta Acuerdo Verde Global que extiende manejo capitalista de recursos naturales
Agencia Venezolana de Noticias (AVN) / Editado por MinCI / 2 de diciembre de 2010

El Comité Ministerial de Defensa de la Naturaleza de la Alianza Bolivariana para los Pueblos de Nuestra América Tratado de Comercio de los Pueblos (Alba-TCP) emitió una declaración multilateral en protesta al Acuerdo Verde Global que, pretende extender el manejo capitalista de los recursos naturales.

Bajo el lema La naturaleza no tiene precio, la declaratoria asume una posición beligerante, con el objetivo de que en el encuentro de Cancún, México, sobre Cambio Climático no se cometan los mismos errores que en Copenhague, Dinamarca, cumbre que no arrojó resultados positivos.

Una nota de prensa del Ministerio del Poder Popular para el Ambiente destaca que en el documento, respaldado por el Gobierno Bolivariano, se insta a que se alcen acuerdos significativos donde los países desarrollados actúen responsablemente en la reducción de emisiones de gases de efecto invernadero, sin que esto sea un negocio.

De acuerdo con los estudios del Informe Stern sobre la Economía del Cambio Climático y estudio sobre la Economía de Ecosistemas y Biodiversidad, el Acuerdo Verde Global promueve la privatización y mercantilización de la naturaleza mediante el pago por servicios ambientales.

Con la convicción de que “la naturaleza es nuestro hogar, no tiene precio y no está en venta”, el Comité de Defensa de la Naturaleza condena los modelos de crecimiento no sustentable, a fin de rescatar el equilibrio y la vida en su conjunto en el planeta.

De igual modo, el Comité de Defensa de la Naturaleza Alba-TCP exhorta a incluir dentro de la agenda internacional un referéndum sobre cambio climático con la participación de los pueblos del mundo a fin de garantizar la vida humana,  así como la adopción urgente en la Organización de las Naciones Unidas (ONU) de una Declaración Universal de los Derechos de la Madre Tierra.

Hans Rosling's 200 Countries, 200 Years, 4 Minutes

Esperança de vida e renda individual, em 200 países, durante 200 anos.
O cientista é especialista em saúde humana.
Uma lição sobre a prosperidade humana, em 4 minutos:

http://www.youtube.com/watch?v=jbkSRLYSojo&feature=player_embedded
Serie - The Joy of Stats - BBC Four

quinta-feira, 2 de dezembro de 2010

Crise Internacional e Medidas AntiCiclicas no Brasil - falhas da politica fiscal

"Pescado" no blog do José Roberto Afonso: http://www.joserobertoafonso.com.br/

A Crise Financeira Internacional e as Políticas Anticíclicas no Brasil
Tito Moreira e Fernando Soares

O trabalho venceu o Prêmio da Secretaria do Tesouro Nacional 2010 na categoria sobre Política Fiscal e Crise.  Os autores concluem que: "a política fiscal foi ineficaz para reativar os negócios do país, além disso ela gerou, possivelmente, um benefício mínimo, proporcionando ainda um elevado custo, com o aumento da dívida pública resultante do maior déficit fiscal nominal".
Divulgado pelo Sindilegis em: http://bit.ly/e0G6Bk.

Concurso para a diplomacia 2011: 26 vagas (apenas...)

Fonte: http://www.politicaexterna.com/16133/cacd-novidades-aos-aspirantes#ixzz16y00Ai00 http://www.politicaexterna.com

Portaria No- 708, DE 30 DE NOVEMBRO DE 2010

O MINISTRO DE ESTADO, INTERINO, DAS RELAÇÕES EXTERIORES, no uso de suas atribuições, e tendo em vista o disposto nos artigos 1º e 5º do Regulamento do Instituto Rio Branco, aprovado pela Portaria de 20 de novembro de 1998, publicada no Diário Oficial da União de 25 de novembro de 1998, e alterado pela Portaria nº 11, de 17 de abril de 2001, publicada no Diário Oficial da União de 25 de abril de 2001, resolve:
Art. 1º. Ficam estabelecidas as normas que se seguem para o Concurso de Admissão à Carreira de Diplomata de 2011.
Art. 2º. O Concurso de Admissão à Carreira de Diplomata de 2011constará, na Primeira Fase, de prova objetiva, de caráter eliminatório, constituída de questões de Português, de História do Brasil, de História Mundial, de Geografia, de Política Internacional, de Inglês, de Noções de Economia e de Noções de Direito e Direito Internacional Público.
Art. 3º. ASegunda Fase constará de prova discursiva eliminatória e classificatória de Português.
Parágrafo único. Será estabelecida nota mínima para a prova de Português.
Art. 4º. A Terceira Fase constará de provas discursivas de História do Brasil, de Geografia, de Política Internacional, de Inglês, de Noções de Economia e de Noções de Direito e Direito Internacional Público.
Parágrafo 1º. As seis provas da Terceira Fase terão peso equivalente.
Parágrafo 2º. Será estabelecida nota mínima para o conjunto das provas da Terceira Fase.
Art. 5º. A Quarta Fase constará de provas escritas de Espanhol e de Francês, de caráter exclusivamente classificatório.
Parágrafo único. Para efeitos de classificação, cada uma das provas da Quarta Fase terá peso equivalente a metade do peso de cada uma das provas da Terceira Fase.
Art. 6º. Serão oferecidas, no Concurso de Admissão à Carreira de Diplomata de 2011, 26 (vinte e seis) vagas para a classe inicial da Carreira de Diplomata.
Art. 7º. O Diretor-Geral do Instituto Rio Branco fará publicar o Edital do Concurso.
RUY NUNES PINTO NOGUEIRA

Cuba e Venezuela: processos similares...

Mas não semelhantes: hoje em dia os cubanos estão impedidos de viajar ao exterior, ou de se exilarem nos países vizinhos. Os venezuelanos ainda desfrutam dessa opção. Como a Venezuela não é uma ilha, a única coisa que se pode prever, é o esgotamento progressivo de seus melhores recursos humanos e intelectuais...
Paulo Roberto de Almeida 

Técnicos, mestres e intelectuais abandonam Venezuela em massa
Luis Dufaur

Com a socialização da Venezuela, médicos, engenheiros e professores tem que sair do país

A Venezuela está perdendo seus cérebros: intelectuais, técnicos e especialistas nos mais diversos campos abandonam o país sufocados pela prepotência chavista ou pauperizados pela falta de empregos e projetos. Artistas, advogados, médicos, gerentes de empresas e engenheiros migram de sua terra natal que afunda nas trevas e na miséria socialista.

Muitos vão para a Cidade do Panamá ou Miami. Engenheiros de petróleo trabalham em plataformas no Mar do Norte ou em areias betuminosas do Canadá. Calcula-se que meio milhão de venezuelanos qualificados fazem parte desta diáspora.

O êxodo racha famílias, estanca carreiras individuais, esvazia as cátedras universitárias, institutos de pesquisa e indústrias. O porvir da nação está gravemente comprometido. Sem mestres, administradores e técnicos a economia se desorganiza e teme-se um “Black-out” geral da atividade produtiva num país que já foi um dos mais ricos do hemisfério.

Nos anos 80 e 90, médicos, físicos, químicos, biólogos e engenheiros venezuelanos faziam estudos de alta tecnologia e registravam 25 patentes por ano. “Publicamos o mesmo número de estudos científicos que México, Chile e Colômbia”, disse o biólogo Jaime Requena, da Academia de Ciências da Venezuela ao O Estado de S.Paulo. Mas, desde 2002, o escritório de patentes dos EUA já não registra mais nenhuma invenção venezuelana.
O policiamento do “socialismo do século XXI” bloqueia as pesquisas científicas que não passam pelo crivo ideológico chavista. Nesse caso, seus trabalhos são declarados sem “relevância social”.

Mas, há métodos mais brutais. O biólogo Requena, formado na Universidade de Cambridge, publicou um trabalho sobre a decadência da produção cientifica venezuelana sob o chavismo.

Por esse “crime”, perdeu o cargo no Instituto de Estudos Avançados, sem direito a aposentadoria. Os trabalhos científicos patrocinados pela iniciativa privada praticamente inexistem: a aberta hostilidade e confiscos socialistas contras as empresas capitalistas.

“Não há uma única empresa que tenha um laboratório respeitável de investigação tecnológica”, disse Requena se referindo às conseqüências do socialismo chavista.

Venezuela tem 25 mil pesquisadores no exílio. Um deles, é Pedro Pereira Almao, engenheiro químico, agora diretor de um centro de pesquisas energéticas na Universidade de Calagary, Canadá, que emprega 1.500 funcionários

Não longe da Venezuela, está uma nação que já passou por revolução análoga e agora se debate na fome e a miséria extrema sob ditadura dos Castros. Os socialismos do século XX e XXI parecem um calco um do outro.

Cuba: sinizacao em curso (ditadura capitalista)...

Os dirigentes cubanos pretendem "achinesar" -- ou sinificar -- um pouco o seu sistema, ou seja: manter a ditadura férrea do Partido Comunista (que hoje é apenas uma nomenklatura gerontocrática) ao mesmo tempo em que brincam de capitalismo.
Não tenho certeza de que vai dar certo, pois existem várias outras variáveis que tornam a pequena ilha caribenha muito diferente do gigante asiático.
Em todo caso, o debate vai revelar uma maioria de descontentes, muitos "capitalistas" potenciais e uma exasperante lentidão do poder em introduzir as mudanças requeridas.
Paulo Roberto de Almeida 


Cuba begins public debate on economic reforms

People walk past a poster of Fidel Castro on a bookshop window in Havana  
What do the Cuban people think?
Cuba has launched a public debate on plans to transform its socialist economy by reducing the role of the state and boosting private enterprise.
Ordinary Cubans are being encouraged to discuss the changes so their views can be taken into account at a ruling communist party congress next April.
The government says everyone should have a free say on the future of Cuba.
But it also insists that the "socialist character" of Cuba's political system will not change.
Under the headline "It is the people who decide", the official Communist Party newspaper Granma said everyone in Cuba should take part in the economic debate
It urged people to discuss the changes through Communist Party organisations, trade union meetings and community groups.
"Nobody should remain with an unexpressed opinion, much less be prevented from expressing it," it said.
"At stake is the future of the Cuban nation."
However, Granma also stressed that the "socialist character" of Cuba's political and social system was "irrevocable."

Analysis

Cuba is entering a period of potential social upheaval.
Half a million workers are due to lose their jobs in the coming months as the government attempts to overhaul the island's struggling state-run economy.
President Raul Castro is also encouraging people to become self-employed or set up small businesses to help take up the slack.
The government has publicly released a 32-page report listing in detail the proposals, and this is intended to form the basis of the discussions.
These debates will not touch on the political shape of Cuba's one-party state nor on replacing the centrally-controlled command economy with a return to capitalism.
Economic problems
The three-month debating period is presented as the opportunity for the public to participate in decisions to be taken at the ruling communist party's sixth congress in April, the first to be held in 14 years.
President Raul Castro called the congress in November, saying it would "concentrate on solving problems in the economy and updating the Cuban economic model."
But many details of the economic changes have already been announced, so it is not clear how much influence the public debate will really have.
In September, President Castro announced plans to lay off around up to a million state employees - about a fifth of the workforce - and encourage them to find work in the private sector.
Half of those posts are to go by the end of March, just weeks before the planned congress.
Restrictions on private enterprise are being eased, with small businesses allowed to employ staff, borrow money, and sell services to government departments.
They will also have to pay tax.
Thousands of Cubans have already been given licences to set up private businesses, and more are registering every week.
Since taking over from his brother Fidel in 2006, Raul Castro has taken steps to reduce the state's almost total control of the economy, which has has been gripped by a severe crisis in recent years.
It has suffered from a fall in the price for its main export, nickel, as well as a decline in tourism.
Growth has also been hampered by the 48-year US trade embargo.

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Wikileaks-Brasil: um elefante branco marinho...

Elefantes brancos devem ser excelentes no circo, ou como curiosidades em zoológicos, ms deveria ser mais importante definir primeiro o custo de um elefante branco, saber quanto ele vai custar e quanto de retorno ele vai dar para a sociedade...
Paulo Roberto de Almeida

EUA avaliam que submarino nuclear é "elefante branco"
Fernando Rodrigues
Folha de S.Paulo, 1/12/2010

Diplomata diz em telegrama confidencial que pode haver "buraco negro" de verba

Dois telegramas produzidos pela Embaixada dos EUA em Brasília no início de 2009 fazem duras críticas à Estratégia Nacional de Defesa lançada pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva, em dezembro de 2008.

Em um desses dois despachos aos quais a Folha teve acesso, ambos assinados pelo então embaixador norte-americano no Brasil, Clifford Sobel, há uma contestação sobre como as Forças Armadas brasileiras serão empregadas no futuro, sobretudo na proteção do mar territorial do país por causa da descoberta das reservas de petróleo da camada do pré-sal.

"Não há (...) informação sobre as possíveis ameaças a áreas de reserva de petróleo e a que a Marinha terá de responder contra-atacando, tornando difícil, por exemplo, avaliar a declaração contida na estratégia de que um submarino nuclear será necessário para proteger essas instalações", diz o telegrama, datado de 9 de janeiro de 2009.

A diplomacia norte-americana classifica como "consistente" o objetivo de modernizar o setor militar no Brasil, mas faz então uma ressalva:

"Deixando de lado elefantes brancos politicamente populares como o submarino movido a energia nuclear".

O desejo da Marinha de ter um submarino nuclear é citado sete vezes nos dois telegramas da diplomacia dos EUA. Ao final, esse equipamento é jogado numa lista de itens que podem impedir a concretização da Estratégia Nacional de Defesa.

"Há (...) sérias questões sobre o quanto desse plano será realizado, particularmente com outras supostas prioridades estratégicas, incluindo (...) submarinos nucleares e apoio governamental a empresas do setor de defesa que não sejam competitivas, algo que pode provocar o surgimento de buracos negros que vão sugar todos os recursos disponíveis", diz o telegrama, confidencial.

A compra dos submarinos foi fechada em setembro de 2009. São quatro modelos convencionais Scorpène e o desenvolvimento do casco e da integração de um reator brasileiro a uma unidade com propulsão nuclear.

O negócio soma 6,5 bilhões de euros (R$ 14,5 bilhões pela cotação de terça-feira).

Os dois documentos (um total de 12 páginas) a que a Folha teve acesso na terça-feira (30/11) fazem parte de um grande lote de telegramas dos diplomatas dos EUA que estão sendo vazados desde domingo pela organização não governamental WikiLeaks.

As informações estão surgindo no site da entidade: http://cablegate.wikileaks.org/. A Folha.com criou uma seção especial sobre o caso: folha.com.br/103334

Os telegramas lidos pela Folha são dedicados a analisar a Estratégia Nacional de Defesa do Brasil.

Os textos chamam a atenção para o fato de que o governo "permite "parceiros estratégicos", mas esses são vistos como os países que aceitam transferir tecnologias que tornarão o Brasil mais independente, não como um colaborador em operações de segurança".

O então embaixador dos EUA escreve em um trecho que "parece que Lula dá atenção" ao que dizia o então ministro da Secretaria de Assuntos Estratégicos, Mangabeira Unger. Na verdade, a influência dele -hoje fora do governo- era mais retórica do que prática.

Ambientalistas sensatos propoem metas modestas, mas ambiciosas, para os problemas do clima

Não sou especialista na questão, sequer um grande conhecedor do tema, apenas um curioso querendo aprender. Algo me diz, ao ler o artigo abaixo, que a visão dos três brasileiros é razoável e interessante, mas que ela carece de sustentação entre os principais países, o que significa que as soluções propostas não serão adotadas.
Ou seja: o mundo vai piorar antes de começar a melhorar. Talvez não seja uma má solução, pois persistem muitas dívidas sobre os efeitos reais das mudanças climáticas e sobre a capacidade de os sistemas econômicos (isto é, os mercados) de absorverem os desafios e transformarem os insumos "negativos" em materiais de reconversão e adaptação, combinando assim elementos positivos e negativos numa mesma equação adaptativa.
Paulo Roberto de Almeida 

Uma nova arquitetura para o clima
Israel Klabin, Rubens Ricupero e José Goldemberg
O Globo, 1/12/2010

"A opinião pública já começa a entender que os impactos das mudanças climáticas afetarão nossas vidas"

No atual cenário internacional, que une crise econômica a impasses nas negociações sobre meio ambiente, só temos uma certeza: o fim do modelo Kioto de negociações internacionais e dos mecanismos de implementação do princípio do "poluidor-pagador".
Não estamos sós na avaliação. Em fevereiro de 2010, um grupo acadêmico produziu um relatório sobre políticas climáticas chamado Hartwell Paper. O objetivo era reavaliar as políticas climáticas após a grave crise econômica de 2008-2009.
Esse documento foi uma parceria do Instituto de Ciência, Inovação e Sociedade da Universidade de Oxford, com a London School of Economics. "Uma boa crise não deve ser desperdiçada", é um dos conselhos que o Hartwell Paper fornece, com a nossa total aquiescência. O foco central está na crítica às políticas climáticas atuais, à maneira pela qual são negociadas e como são compreendidas e praticadas por vários governos sob o guardachuva da Convenção do Clima.
As conclusões do Hartwell Paper são: essas políticas falharam e não controlaram ou reduziram as concentrações de gases de efeito estufa; o acordo que emergiu em Copenhague tem status incerto, seus compromissos e consequências não são claros; nenhum acordo de grande conseqüência foi alcançado, e o próprio mecanismo de diplomacia  multilateral passou a ser questionado.
O peso dos emergentes não pode mais ser ignorado, e países como China, Brasil, Índia e África do Sul tomaram iniciativas e expressaram visões distintas. Alguns procuram implementar políticas domésticas ou bilaterais, cujos resultados podem ser mais facilmente alcançados. O que deverá acontecer em Cancún?
Nenhum de nós acredita que algo diferente seja proposto e, muito menos, mecanismos importantes sejam implementados a tempo de reduzir as emissões no curto prazo. Devemos reavaliar as soluções preconizadas até agora para a questão ambiental. O desafio é como alcançar objetivos ambiciosos com harmonia política. Propomos abordagens específicas para cada aspecto do problema ambiental.
Devemos distinguir as questões: florestas, qualidade do ar, poluição das águas, adaptação às mudanças climáticas, energia, etc, cada qual seguindo sua própria agenda. Os objetivos principais de uma nova agenda climática deveriam ser três: energia adequada (limpa, acessível, segura e de baixo custo), modelos de desenvolvimento que não comprometam os sistemas naturais e adaptação das sociedades aos impactos de eventos climáticos extremos.
Apesar do estabelecimento de mercados de crédito de carbono e do Mecanismo de Desenvolvimento Limpo (MDL), as emissões aumentaram nos últimos 20 anos. O aumento das emissões em países em desenvolvimento, que não têm compromissos de redução em Kioto, é a principal explicação.
Segundo estimativas da Agência Internacional de Energia, em 2015 a emissão resultante da queima de combustíveis fósseis desses países ultrapassará pela primeira vez as emissões dos países ricos somados. Dessa maneira, não podemos ser coniventes com o mau uso da tese de responsabilidade diferenciada, isto é, por serem menos ricos e por terem iniciado seu processo econômico tardiamente, os países em  desenvolvimento teriam um direito moral à poluição, e que impor restrições seria uma espécie de dumping ambiental por países de economia avançada.
Não é preciso, para que os países pobres se desenvolvam, gerar a poluição que os ricos produziram em dois séculos. Os perigos iminentes implicam responsabilidades conjuntas. Devemos procurar mecanismos aplicados nacionalmente que promovam o desenvolvimento, dentro de conceitos de uma economia limpa, a serem debatidos e apresentados na Rio+20.
É possível um salto na renda e bem-estar ao adotarmos tecnologias já disponíveis e práticas da nova economia. O Brasil tem por hábito se apropriar depressa de evoluções tecnológicas e conceituais que alimentam o modelo econômico e os padrões de consumo do mundo desenvolvido.
Foi essa também a espoleta que a China usou para a rápida evolução e absorção da modernidade de seu desenvolvimento. Isso ainda é possível para nós, porém em outro modelo de mercado e de novos conceitos de soberania que, em vez de nacional, se apresentaria como co-responsabilidades de um sistema global com baixa emissão de gases-estufa. Podemos aprender com bons modelos pelo mundo.
O Brasil tem exemplos para apresentar. O programa de etanol de cana-de-açúcar, a redução do desmatamento da Amazônia nos últimos anos e o acesso à eletricidade em zonas rurais conseguiram resultados positivos na área socioambiental.
Acreditamos que outros países podem dividir experiências exitosas em prol de uma verdadeira mudança de paradigma. Mudança climática é um problema perverso: não é facilmente identificável, sua complexidade não se reduz a modelos simples, as causas estão entranhadas nos sistemas sociais e econômicos que adotamos.
Uma "guerra à mudança climática" não chegará a lugar algum. É utópico pensar que há uma razão científica única. O que tentamos hoje é administrar a situação da melhor maneira possível e evitar cenários de maior risco.
A opinião pública já começa a entender que, embora difusos, os impactos das mudanças climáticas afetarão nossas vidas nos próximos anos. Os autores do Relatório Hartwell fizeram uma proposta interessante, que converge com nossas próprias ideias sobre mudanças no modelo econômico vigente.
O ponto central é o mecanismo de precificação do carbono, inicialmente pequeno, porém progressivo, de acordo com os custos do impacto ambiental produzido por cada setor que iria para um Fundo Global vinculado à inovação e ao desenvolvimento de tecnologias limpas. Com esse mecanismo será possível propiciar energia barata universal, motor fundamental para a inclusão social sustentável - não é pouca coisa, mas é possível.

Israel Klabin e Rubens Ricupero são membros do Conselho Curador da Fundação Brasileira para o Desenvolvimento Sustentável; José Goldemberg é professor da Universidade de São Paulo.

Ciencia: nivelando por baixo

Perguntar não ofende: por que devemos fazer cooperação com quem está abaixo da gente? Por que o Brasil investe recursos apenas para ficar no mesmo nível? Por que não fazemos um esforço para chegar a patamares mais elevados de estudo e pesquisa sobre Física? Por que essa latino-americanidade toda num terreno que prescinde de características sociais, culturais, geográficas ou linguísticas? Enfim: por que não cooperamos com quem é melhor do que a gente?
Paulo Roberto de Almeida

Programa Latino-Americano de Física busca cooperação científica no continente
Assessoria de Imprensa da SBF
Jornal da Ciência, 1.12.2010

Primeira ação será o Workshop sobre Tópicos Avançados de Física, que acontece de 5 a 8 de dezembro, em Foz do Iguaçu (PR)
Diminuir as assimetrias entre os países da América Latina no que diz respeito ao ensino e à pesquisa em Física.  Esse é o objetivo do Programa Latino-Americano de Física (Plaf) que, ao longo de 2011, irá promover e incrementar a cooperação entre os profissionais da área que atuam no continente.

A primeira atividade da iniciativa será o Workshop sobre Tópicos Avançados de Física, que ocorrerá de 5 a 8 de dezembro, na Universidade Federal da Integração Latino-Americana (Unila), em Foz do Iguaçu.

Coordenado pela Sociedade Brasileira de Física e pelas suas congêneres dos demais países do continente, o Plaf reunirá, em workshops e outros eventos de divulgação científica realizados em diversas instituições de ensino e pesquisa, alunos, docentes, cientistas e outras personalidades da Física.

"Para diminuir essas assimetrias na América Latina, precisamos começar pelos países que hoje apresentam uma situação mais delicada no que diz respeito às atividades de ensino e pesquisa, entre eles Paraguai, Bolívia e Equador", disse Carlos Alberto dos Santos, Pró-Reitor de Pesquisa e Pós-Graduação da Unila e coordenador do workshop.

Segundo ele, além de outro grande encontro que será realizado em meados de 2011, também em Foz do Iguaçu, e que deverá contar, provavelmente, com a presença de um cientista estrangeiro que já tenha ganhado um Prêmio Nobel em Física, o Plaf pretende reunir a comunidade de físicos em assuntos que estão na fronteira do conhecimento científico.

"Cosmologia", "Computação quântica", "Materiais orgânicos para dispositivos eletrônicos", "Spintrônica e grafeno: alternativas para a tecnologia do silício" e "Modelagem matemática de sistemas biológicos" serão alguns temas de palestras que serão apresentadas no primeiro workshop, destinado a alunos de graduação e professores do Ensino Médio.

"Escolhemos justamente tópicos mais avançados e que normalmente não são contemplados nos cursos de graduação, de modo a incentivar o interesse dos alunos por assuntos de ponta e de caráter internacional", afirma Santos. "Por isso estamos investindo, desde já, no trabalho de mobilização do maior número possível de cientistas do continente", aponta.

O Programa Latino Americano de Física, que tem apoio do Ministério da Ciência e Tecnologia (MCT), incluirá ainda a divulgação de cursos de pós-graduação e o apoio à criação de novos programas de especialização na área.

Para Adalberto Fazzio, ex-presidente da SBF e professor do Instituto de Física da Universidade de São Paulo (USP), as ações do PLAF no Brasil deverão ser mais intensas nos estados do Norte do país, como Acre, Roraima, Tocantins, Amapá e Amazônia. "Os alunos e professores dessas regiões precisam trocar mais experiências com a comunidade de físicos do país e do continente", conta.

Os encontros do programa não ocorrerão apenas no Brasil. "Deveremos ter também atividades em La Paz, na Bolívia, e Assunção, no Paraguai, por exemplo, de modo a incentivar a visita dos físicos brasileiros a essas cidades para aumentar o nível de interação local. O objetivo é evitar discussões de caráter político e aumentar a interação acadêmica por meio de ações de interesse de todas as universidades e institutos de pesquisa envolvidos", explica Fazzio.

quarta-feira, 1 de dezembro de 2010

O governo cria dinheiro e inventa bolhas...

A medida ou é inócua, ou é ilegal. Vejamos:
"Outra novidade da MP 513 foi permitir que excessos de superávit primário (economia de recursos para o pagamento de juros da dívida pública) sejam depositados no FSB."
Ao que saiba, o Brasil, ou melhor, o governo do Brasil não produz superávit, de fato, e sim um déficit, pois o que ele chama de superávit primário é insuficiente para pagar os juros da dívida. Por definição, portanto, esse superávit não existe. Se o governo está usando uma parte do superávit para repassar ao Fundo Soberano -- que não é Fundo, nem Soberano -- ele está extrapolando o sentido da lei que criou esse tal de FSB, cuja única característica é ser do Brasil, como a jabuticaba, mas que não é bem um fundo -- como dito, não existe superávit fiscal ou de contas correntes, e sim déficits, nas duas vertentes -- e muito menos soberano, que existiria se a moeda brasileira fosse conversível.
O que o governo faz é emitir títulos da dívida pública para comprar divisas estrangeiras e assim fazer o seu colchão, que é utilizado completamente de forma arbitrária, sem qualquer controle do Parlamento, que está sendo castrado em seu direito de opinar, e de exigir que todos os recursos usados pelo governo estejam dentro do Orçamento.
Esse governo é um infrator primário da legalidade constitucional.
Paulo Roberto de Almeida

Medida define uso de Fundo Soberano na guerra contra o real valorizado
O Globo, 30.11.2010

O governo deu ontem mais um passo para que o Fundo Soberano do Brasil (FSB) seja usado para conter a excessiva valorização do real. A Medida Provisória (MP) 513, publicada ontem no Diário Oficial, define que compras de ativos feitas com recursos do FSB no exterior tenham o Banco do Brasil como agente de custódia. Embora a ação tenha um caráter técnico, ela abre espaço para que o Fundo entre no mercado de câmbio, utilizando dólares adquiridos no país para a compra de ativos lá fora, reduzindo a pressão sobre a cotação da moeda americana.
Segundo os técnicos do Tesouro Nacional, o FSB já podia adquirir ativos no exterior, mas não tinha um agente de custódia definido. Isso é algo importante dentro da transparência exigida pelas regras do mercado internacional.
Outra novidade da MP 513 foi permitir que excessos de superávit primário (economia de recursos para o pagamento de juros da dívida pública) sejam depositados no FSB. A MP que criou o Fundo em 2008 permitia essa transferência de sobras do caixa do primário, mas como acabou perdendo a validade sem ser votada no Congresso, a possibilidade só voltou a existir agora com uma nova medida.
A MP também autoriza uma capitalização do Banco do Nordeste do Brasil (BNB) em títulos públicos no valor de R$1 bilhão. A MP permite ainda que o Fundo de Compensação das Variações Salariais (FCVS) seja o garantidor do seguro habitacional de seus próprios contratos, reduzindo custos para o mutuário.

Wikileaks-China: nao se permitem leaks, justamente, nem antes, nem depois

O governo da RPC bloqueia o acesso do Wikileaks a seus cidadãos: faz sentido, pois o Yellow Big Brother já bloqueia dezenas, talvez centenas de sites, e não permite o acesso a blogs, YouTube, FaceBook e outras ferramentas interativas.
Só estão autorizadas, no momento, intrusões no Google, Yahoo e outros serviços ocidentais...
Paulo Roberto de Almeida

China bloqueia acesso ao WikiLeaks

Governo desconfia que haja relatos sobre política entre as Coreias e ataque cibernético no material

AP, 01 de dezembro de 2010 | 2h 08

PEQUIM - A China bloqueou nesta quarta-feira, 1º, o acesso ao site WikiLeaks, em meio a alegações embaraçosas, após o vazamento dos telegramas da diplomacia americana.
Quem tenta acessar o domínio wikileaks.org e cablegate.wikileaks.org, tem a informação de que a conexão com os sites não pôde de ser completada.
Esta é uma resposta padrão quando um site está bloqueado pelas autoridades chinesas, que exercem o rígido controle do conteúdo da internet.
O suposto motivo pelo bloqueio do site WikiLeaks é o vazamento de documentos que envolvem dados de vários países e suas relações diplomáticas.
Entre os documentos vazados poderiam estar inclusas a preparação dos líderes chineses numa eventual interferência na península coreana e os planos do Politburo chinês (órgão de direção do Partido Comunista Chinês) que organiza um ataque cibernético ao Google.

Wikileaks-Brasil: MST vai convidar embaixador americano para um duelo ao por do sol...

Não sei se seria o caso; sobretudo com esses enormes revólveres americanos, talvez o MST prefira arremesso de foices ou algo do gênero, mas eles devem estar incomodados com tanta gente querendo enquadrá-los por terrorismo, quando o que eles buscam, na verdade, seria uma forma de legalizar o terrorismo.
Paulo Roberto de Almeida

Wikileaks: documento diz que MST e movimentos sociais são obstáculos a lei antiterrorismo no Brasil
Marina Terra | Redação
30/11/2010 - 13:00

Um documento elaborado em novembro de 2008 pelo então embaixador dos Estados Unidos no Brasil, Clifford Sobel, cita o MST (Movimento dos Trabalhadores Sem Terra) e os movimentos socias como obstáculos à criação de uma lei antiterrorismo no Brasil.

O texto menciona o analista de inteligência estratégica na Escola Superior de Guerra André Luis Woloszyn (citado no documento como "Soloszyn"), que, em conversa com Sobel, disse que o governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, "repleto de militantes esquerdistas que tinham sido alvos de leis da era da ditadura militar criadas para reprimir a violência politicamente motivada", dificilmente promulgaria uma lei que poderia enquadrar atos de grupos com os quais simpatiza, pois "não existe maneira de redigir uma legislação antiterrorismo que exclua as ações do MST".

Além disso, o "cabo" revelado pelo Wikileaks afirma que Brasília voltou atrás no desenvolvimento de uma legislação antiterrorismo por razões "políticas".
O MST ainda não se pronunciou sobre o assunto. De acordo com a assessoria de imprensa do movimento, o tema não foi debatido internamente.
A divulgação de telegramas das embaixadas e consulados dos EUA pelo mundo causaram grande constrangimento à diplomacia da Casa Branca. Foram numerosos os casos de críticas a dirigentes de vários países, escritas por representantes dos EUA ao redor do mundo, que se tornaram públicos. 
De acordo com Soloszyn, poucos no governo e no Congresso brasileiro dão atenção para o tema do terrorismo, assim como para a existência de "potenciais bolsões de extremismo islâmico entre segmentos da grande comunidade muçulmana brasileira".
O analista brasileiro ainda sugere que o único fator que poderia modificar a "indiferença" com relação ao tema do terrorismo seria outra onda de violência como a que foi desencadeada no estado de São Paulo em 2006 pelo grupo criminoso PCC (Primeiro Comando da Capital).
Na época em que o GSI (Gabinete de Segurança Institucional) elaborou anteprojeto de lei que trata dos crimes terroristas e de seu financiamento em território brasileiro, adversários da lei, como a OAB (Ordem dos Advogados do Brasil), se pronunciaram.
Foi o caso do então presidente da organização, Cézar Britto, que afirmou em 2008 que a lei oferecia risco de restringir direitos humanos. “O problema de uma lei que não define o que é terrorismo é que ela pode ser aplicada em várias ações. Se não há uma definição clara do crime a ser punido, corre-se o risco de transformar em ato terrorista qualquer greve ou manifestação em que ocorra alguma ação de violência não prevista”.

Sem consenso
Sobel também conversou com José Antonio de Macedo Soares, secretário-assistente do Secretariado de Monitoramento e Estudos Institucionais do GSI, e o assessor do GSI Janer Tesch Hosken Alvarenga, que afirmaram ser "impossível" chegar a um consenso no governo em relação à definição de terrorismo. Alvarenga é quem disse a Sobel que a decisão de derrubar a proposta de uma legislação antiterrorismo foi "política".  
"Quando lhe foi pedido que confirmasse notícia publicada no jornal diário Correio Braziliense dando conta de que a ministra Dilma Rousseff (chefe-de-gabinete do presidente Lula na Casa Civil) teria derrubado a proposta, Alvarenga tergiversou, sugerindo que vários 'clientes' teriam contribuído para a decisão, incluindo o Ministério da Justiça. No final, ele não negou o relato do jornal, afirmando que a decisão tinha sido 'política'", detalha o documento elaborado pelo funcionário norte-americano.

Conclusão dos EUA
Após abordar o tema com funcionários do governo brasileiro, Sobel diz ser "lamentável" a falta de apoio a uma legislação antiterrorismo no Brasil e considera "plausível" a hipótese de que o impedimento ao desenvolvimento da lei tenha partido da Casa Civil.
"Tirando algumas agências voltadas a questões de segurança, este governo evidencia muito pouco interesse por questões ligadas ao terrorismo, muito menos por legislação que sua base de apoio não tem interesse em ver promulgada e que exigiria capital político considerável para ser aprovada no Congresso".
Para Sobel, o Brasil desenvolve uma abordagem "Al Capone" (mafioso que fez fortuna traficando bebidas nos EUA durante o período de vigência da Lei Seca, nos anos 1930, e foi condenado apenas por sonegação de impostos) contra o terrorismo, ao enquadrar " os terroristas com base em violações alfandegárias, fraude fiscal e outros crimes que, infelizmente, incorrem em penas de prisão menores".

Clique aqui para acessar o texto divulgado pelo Wikileaks.

Wikileaks-Brasil: agora vem a fase dos desmentidos... (que serao desmentidos...)

O lado bom do Wikileaks é ver tanta gente boa (ops!) pega em frases incômodas (para dizer o mínimo). Gente que achava que sua frase iria ficar ali, entre quatro paredes, no máximo encerrada na fortaleza inexpugnável do Department of State (que aliás parece um bunker), e de repente, zut, voilà, lá está aquela frase incômoda estampada nos jornais.
E para que o desmentido? Não compreendo: se todo mundo sabe que é assim mesmo, para que se dar ao trabalho de desmentir? O próprio interessado poderia desmentir o desmentidor, desmentindo a nota e reafirmando aquilo que foi mentido e desmentido, ou desmentido mentirosamente, não sei se vocês me seguem...
Enfim, tudo isso é muito gozado...
Aguardaremos novos episódios hilariantes...
Tem de ter alguma história picante nisso tudo: 250 mil telegramas e nada de mais saboroso? Só essa aridez da high politics?! Não é possível! Queremos cenas explícitas de alguma coisa...
Paulo Roberto de Almeida 

Em nota, Nelson Jobim nega ter dito que Samuel Guimarães ‘odiava os EUA’
por Rodrigo Alvares
O Estado de S.Paulo, 30.novembro.2010

O Ministério da Defesa divulgou nota nesta terça-feira, 30, através da qual o titular da pasta, Nelson Jobim, nega as afirmações atribuídas a ele em telegrama da embaixada dos Estados Unidos divulgado pelo site Wikileaks. Jobim, que encontra-se hoje em visita oficial à Polônia, teria ligado para o ministro-chefe da Secretaria de Assuntos Estratégicos (SAE), Samuel Pinheiro Guimarães. De acordo com o telegrama, de 2008, Jobim teria dito ao então embaixador dos Estados Unidos do Brasil, Clifford Sobel, que Guimarães “odeia os Estados Unidos”. À época, Guimarães atuava como secretário-Geral das Relações Exteriores, o segundo cargo na hierarquia do Itamaraty.

Jobim desmentiu a afirmação e esclareceu a Guimarães que realmente em algum momento conversou sobre ele com o embaixador, mas disse que o tratou com respeito e classificou Guimarães como “um nacionalista, um homem que ama profundamente o Brasil”. De acordo com o ministro, “se o embaixador disse que Samuel não gosta dos Estados Unidos, isso é interpretação do embaixador, eu não disse isso. Samuel é meu amigo”, afirmou.

No telegrama, datado de 25 de janeiro de 2008, Jobim teria dito a Sobel que Guimarães aparecia como um “sério problema em diversos níveis”. Além de “odiar os EUA”, Guimarães também é descrito como alguém que trabalhava ativa e calculadamente para dificultar as relações do Brasil com os americanos e outros países industrializados.

America Latina: insistindo no atraso...

Eu, na verdade, acho que esse conceito de "América Latina" é profundamente enganador: ele busca representar origens e problemas comuns, quando na verdade existe uma grande diversidade na região, em termos de políticas e de resultados dessas políticas.
Mas, se vocês desejarem ler algo pessimista, adaptado aliás ao estado do continente, aqui vai um dos meus artigos recentemente publicados:

Volta ao mundo em 25 ensaios:
Por que a América Latina não decola: alguma explicação plausível?
.
Por Paulo Roberto de Almeida

www.pralmeida.org

Manos del mendigo, de Guayasamin
No sentido lato, a América Latina existe desde aproximadamente cinco séculos; desde o descobrimento, para ser exato. No sentido estrito, trata-se de um conceito político que se firmou desde meados do século 19, aproximadamente. Em qualquer sentido que se pense, a América Latina é um continente dotado de imensos recursos naturais e uma grande população dividida entre descendentes dos ibéricos colonizadores, remanescentes dos povos autóctones (que em determinados países compõem a maioria dos habitantes), proporções variadas de descendentes dos antigos escravos negros e contingentes igualmente variados de imigrantes de todas as partes, com destaque para europeus, levantinos e asiáticos. Esse tipo de mistura também existe na América do Norte, com a diferença (essencial) que os colonizadores foram, em sua maioria, famílias inglesas e da Europa ocidental, do mundo anglo-saxão.

O traço que mais distingue a América Latina é a persistência da pobreza e da desigualdade, mesmo se o fenômeno não é exatamente residual, e sim um elemento estrutural de sua formação e ‘desenvolvimento’. Sim, o continente se desenvolveu, a despeito de comparações desfavoráveis não apenas com a América do Norte, mas também com o continente asiático, região que até um período ainda recente parecia concentrar toda a miséria da humanidade. De continente promissor em termos de catch-up, ou seja, possibilidade de alcançar os países desenvolvidos, numa fase em que a Ásia era sinônimo de pobreza extrema, a região estagnou em várias áreas de interesse social, recuou sob outros critérios – nas conjunturas de hiper-inflação, por exemplo – ou foi simplesmente superada pelos países asiáticos em diversas frentes do processo de desenvolvimento: perdeu espaço no comércio internacional e na atração de investimentos estrangeiros, com a agravante de ter mantido a baixa educação, as tentações populistas no terreno político e uma tendência recorrente a experimentar os mesmos equívocos econômicos do passado, numa repetição incompreensível de um déjà vu cinematográfico (do tipo: “já vimos esse filme, sabemos como vai acabar”).

Para sermos mais precisos, nem toda a América Latina repassou o velho filme do populismo, do descontrole econômico e da persistência no atraso. Alguns países fizeram progressos no caminho do desenvolvimento, entre eles o Chile; mas o seu caminho foi longo, especialmente trágico durante treze anos, com a repressão brutal do começo, seguida de um lento processo de recuperação e de construção de um consenso econômico que se tem mantido desde o retorno da democracia (sem mais populismos na política econômica). O Chile foi o país que mais cresceu nos anos 1990 e durante boa parte da primeira década do século 21 e se prepara para ingressar na OCDE em prazo relativamente curto, sendo o primeiro país da América Latina a fazê-lo, depois que o México foi levado ao clube, pelas mãos dos Estados Unidos em 1994 (no mesmo processo que levou à formação do Nafta).

O Brasil também fez progressos sensíveis desde que conseguiu domar a inflação, em meados dos anos 1990, e efetuou ajustes no regime cambial e no controle da inflação no final da década, medidas que foram sustentadas durante quase toda a década seguinte, mesmo na ausência de rigor fiscal e sob intensa demanda do partido hegemônico em favor de ‘desenvolvimentismo’ ao velho estilo. Outros países também conseguiram escapar do dragão inflacionário e adotaram a via das políticas econômicas responsáveis, o que não foi o caso de alguns poucos, especialmente os chamados “bolivarianos”. Estes enveredaram por políticas econômicas cujos efeitos são conhecidos dentro e fora da região: mais inflação, penúrias no abastecimento, fuga de capitais, desinvestimento estrangeiro e formação de um mercado cambial paralelo. Mesmo sem ser um país bolivariano, a Argentina conseguiu praticar as mesmas políticas erradas várias vezes, feitas de controles de preços, manipulação cambial, confiscos de fundos financeiros, calote da dívida externa e impostos sobre as exportações. Trata-se de um caso único na história econômica mundial: um processo deliberado de decadência auto-infligida, por obra e graça de seus políticos.

Os críticos das políticas econômicas ditas neoliberais as acusam de serem responsáveis pelos desastres sociais na América Latina, recomendando, em seu lugar, as mesmas políticas aplicadas durante as décadas de desenvolvimentismo renitente, e que levaram a região à situação em que ela se encontra hoje, já descrita ao início deste ensaio. Poucos deles explicam como e porque a aplicação persistente dessas mesmas políticas recomendadas atualmente – encore et toujours – deixou a maior parte dos países no mesmo lugar e por que deveriam voltar a fazê-lo. Eles tampouco têm muito a dizer a respeito do Chile, que mudou radicalmente de políticas e foi praticamente o único a crescer num longo período de baixo crescimento ou de estagnação na região.

A dificuldade – em certos casos a incapacidade – de manter uma taxa de crescimento sustentada em grande parte dos países da América Latina, com transformação estrutural e distribuição social, tem algumas causas bem conhecidas e um diagnóstico geral que não costuma ser feito pelos ‘especialistas’ da região. As causas usualmente identificadas com o atraso histórico têm a ver com a concentração da terra (e a ausência de reforma agrária), os baixos níveis educacionais da população, a especialização primária, com obstáculos institucionais à industrialização, e (fatores menos importante) a carência de capitais e a insuficiência de investimentos estrangeiros (posto que facilmente contornáveis pela inversão de políticas setoriais).

Outras causas têm a ver com a irresponsabilidade fiscal, o exagero na emissão da moeda, o desregramento dos orçamentos, o excesso de despesas governamentais, manipulações do câmbio e da taxa de juros e o uso político de bancos estatais. No plano das políticas setoriais figuram o protecionismo comercial exagerado, a discriminação contra o capital estrangeiro e distorções gerais nas regras do jogo, afetando, em particular, a produção agrícola e industrial (com um terciário largamente informal). Fatores de caráter sistêmico podem ser vinculados ao desrespeito aos contratos e aos direitos de propriedade e, de forma geral, a violação da legalidade constitucional e o desvio constante do que os anglo-saxões chamam de rule of Law.

Com as poucas exceções mencionadas, estes são alguns dos fatores que, em perspectiva histórica e em caráter conjuntural, explicam o atraso persistente e as dificuldades de decolagem dos países da América Latina: combinados eles continuam a reter o continente num patamar de baixo crescimento e de ausência de mudanças estruturais. Alguns poucos países conseguem escapar das armadilhas que a insistência em políticas equivocadas transforma em círculo vicioso; um esclarecimento correto quanto às verdadeiras causas do subdesenvolvimento econômico poderá corrigir as trajetórias dos demais igualmente. Mas é preciso insistir no diagnóstico adequado…

Brasília, 8 de janeiro de 2010.
Revisão: Shanghai, 14.04.2010.

Fonte: ViaPolítica/O autor

Ensaios preparado para OrdemLivre.org

Paulo Roberto de Almeida é Doutor em Ciências Sociais e diplomata de carreira.

E-mail: pralmeida@me.com

Da série Volta ao Mundo em 25 Ensaios, leia também em ViaPolítica:
“Preeminência, hegemonia, dominação, exploração: realidades ou mitos?”
“Países ou pessoas ricas o são devido a que os pobres são pobres?”
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Depois do AeroLula, vem ai o AeroDilma: faz sentido, um aviao so é pouco...

Lula disse que o avião que comprou não presta, e que precisa de outro, talvez para dar uma volta ao mundo sem precisar se reabastecer. Faz sentido: um presidente assim importante não pode ficar parando em qualquer posto de reabastecimento... Tem de ter autonomia de voo, ora essa!
Sobretudo para um presidente que é a encarnação da classe trabalhadora. Classe trabalhadora não pode ser obstaculizada em sua marcha ascensional...
Nunca mais um presidente vai se humilhar por ter de fazer pit stop...

Lula defende compra de novo avião presidencial

Segundo o presidente, a aeronave atual, um Airbus-319, não tem autonomia de voo suficiente para longos percursos

Leonêncio Nossa, da Agência Estado, 30 de novembro de 2010 

ESTREITO, MA - O presidente Luiz Inácio Lula da Silva defendeu nesta terça-feira, 30, a compra de um novo avião para as viagens de sua sucessora Dilma Rousseff. Em entrevista realizada durante visita ao Maranhão, ele argumentou que a aeronave atual, um Airbus-319, não tem autonomia de voo suficiente para longos percursos. "Não tem porque não comprar", disse.
No canteiro das obras da usina hidrelétrica de Estreito, na divisa do Maranhão com Tocantins, ele aproveitou para ironizar as críticas à decisão tomada no início de seu governo de adquirir o Airbus-319. Esse avião, batizado pelo Planalto de Santos Dumont e pela imprensa de "Aerolula", poderá, no próximo governo, ser substituído por uma aeronave mais eficiente. "Acabou aquela bobagem do 'Aerolula'", disse. "Agora, estou chateado porque vou deixar a Presidência e não levar o avião comigo."
Ainda em tom de ironia, ele propôs uma campanha da imprensa para ficar com o "Aerolula" após deixar o governo. "Poderia fazer uma campanha e levar o avião comigo", disse. Ele avaliou que a autonomia de 12 horas de voo do Airbus-319 não atende à demanda das viagens mais longas da Presidência.
Daí a necessidade de uma nova aeronave, já batizada de "Aerodilma" antes mesmo de o governo bater o martelo. "O Brasil precisa de um avião com maior autonomia para o presidente da República viajar", afirmou Lula. "É uma vergonha ter um avião de apenas 12 horas de autonomia."
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Em discurso, Lula diz que é a 'encarnação do povo'

De improviso, Lula reconheceu que seus antecessores não tiveram as mesmas condições que ele para governar

Leonencio Nossa/ESTREITO (MA) - O Estado de S.Paulo, 30 de novembro de 2010 
 
A um mês de deixar o Planalto, o presidente Lula revelou nesta terça-feira, 30, que, na crise do mensalão, em 2005, ameaçou o Congresso dizendo-se "a encarnação do povo". Ele aproveitou um discurso de improviso durante visita ao canteiro de obras da usina hidrelétrica de Estreito para relatar encontros privados com o senador José Sarney (PMDB).
"Uma vez o Sarney foi conversar comigo e eu disse: Sarney, eu só quero que o senhor diga lá dentro (Congresso Nacional) o seguinte: Se eles (oposição) tentarem dar um passo além da institucionalidade, eles não sabem o que vai acontecer neste País", relatou. "Este País teve presidente que foi embora, presidente que se matou ou foi cassado. Eles vão saber que eu sou diferente. Que não é o Lula que está na Presidência, mas a classe trabalhadora".
Lula confidenciou que tinha "muita dúvida" se teria condições de governar o País. "Este País já tinha criado as condições para o Getúlio Vargas se matar, não deixar o Juscelino assumir e cassou o João Goulart. Eu falei: o que eles vão aprontar comigo? E eles tentaram em 2005. Só que eles não sabiam que este País, pela primeira vez, tinha eleito um presidente que era a encarnação do povo, lá em Brasília."
No discurso atípico, Lula reconheceu que seus antecessores não tiveram as mesmas condições que ele ao assumir o comando do País. "Eu tenho consciência que outros presidentes não tiveram as mesmas condições que eu. O presidente Sarney pegou o Brasil em época de crise. O Fernando Henrique Cardoso, mesmo se quisesse fazer, não poderia, pois o Brasil estava atolado numa dívida com o FMI. Quando você deve, tem até medo de abrir a porta e o cobrador te pegar", disse Lula.
Obra. O presidente observou que a inauguração da obra ficará para o próximo governo. "É a Dilma que virá inaugurar, mas eu tinha que vir para fechar a comporta, pelo menos", disse, lembrando que desmarcou três visitas à obra por causa de problemas nas áreas ambiental e social. Comunidades ribeirinhas denunciam que estão sendo prejudicadas pela construção.
O presidente afirmou que recentemente foi firmado um acordo entre o consórcio Estreito Energia, construtor do projeto, e o movimento de atingidos pelas barragens. Pelo acordo, a empresa se responsabilizará por garantir a realocação das famílias e criar condições para que os pescadores continuem suas atividades.