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domingo, 30 de outubro de 2011

Um espiao aprendiz ou um aprendiz de espiao? - o caso Ilan Grapel


Ao mistério, as batatas

30 de outubro de 2011 | 3h 07
Viviane Vaz - O Estado de S.Paulo

Estudante aventureiro, agente do Mossad ou só um garoto bobo? Na barganha, Ilan Grapel valeu 25 presos egípcios

JERUSÁLEM  - Na prisão no Cairo, peixe fresco e iguarias para egípcio nenhum botar defeito. Na volta para casa, jantar bem ianque com o premiê de Israel, Binyamin Netanyahu: hambúrguer e batatas fritas. O americano-israelense Ilan Grapel, 27 anos, acusado de ser um agente do Mossad (serviço secreto israelense) pelo governo egípcio e detido no Cairo em 12 de junho, foi libertado na última quinta-feira após intensas negociações entre Egito, Israel e Estados Unidos. Ao contrário do soldado israelense Gilad Shalit - que comoveu o mundo na semana anterior por sua palidez e magreza ao ser solto pelo grupo palestino Hamas na Faixa de Gaza -, o Grapel que voltou à liberdade estava corado, bem nutrido, com a roupa limpa e bem passada. Um rapagão forte e sacudido, como se diz. O esquálido soldado Shalit passara 5 anos, 3 meses e 22 dias a pão sírio e homus. Grapel parece ter passado melhor, obrigado.
Ele voou em um jato da Força Aérea israelense do Cairo a Tel-Aviv ao lado dos negociadores responsáveis por sua libertação, o congressista israelense e advogado Yitzhak Molcho, e do ex-diretor do Shin Bet, a agência de segurança de Israel, Yisrael Hasson. No aeroporto Ben Gurion, recebeu um abraço apertado da mãe, Irene, que toca viola na Filarmônica de Nova York. E, em Jerusalém, foi recebido por Bibi (apelido de Netanyahu) em seu escritório particular na bela residência com segurança reforçada. E então se seguiu o menu americano.
O suposto espião disse que se sentiu "isolado" no xadrez, mas agradeceu o tratamento dispensado pelos egípcios. "Os guardas eram ok. Se eu queria comer, eles me davam, inclusive, peixe fresco. Pagaram pelas minhas refeições mais do que um egípcio comum receberia", disse Grapel durante a entrevista coletiva que concedeu em Jerusalém. O tratamento de primeira até levantou desconfianças entre comentaristas em Israel e no Egito. A recepção de Bibi ao estudante americano foi tão boa que abriu margem a pensarem que Grapel realmente seja um espião. Para os egípcios, o hambúrguer com fritas no gabinete do primeiro-ministro mais do que bastou para indicar que moço realmente tentava reunir informação e monitorar os eventos da revolução de 25 de janeiro, a Primavera Árabe deles.
Segundo os pais de Grapel, Irene e Daniel, a ideia de que o filho fosse um espião no melhor estilo James Bond sempre soou absurda. "Qualquer um que conheça Ilan em Israel sabe que essas histórias de espiões não são sequer engraçadas, passam do ridículo", disse o pai, um ortopedista de Nova York. Para o casal, o filho é um rapaz estudioso, fluente em árabe e hebraico, amante da cultura árabe, que decidiu viajar para o Egito "em busca de aventuras" antes de retomar o curso de direito na Emory University, em Atlanta. Daniel inclusive pensa em processar o governo egípcio pela difamação do filho.
Por quase cinco meses Grapel negou ser um espião, e o governo de Israel fez o mesmo. Os EUA aceitaram a palavra do maior aliado no Oriente Médio. "Desde o início, os altos escalões israelenses me garantiram que de nenhuma maneira Ilan Grapel teve algum envolvimento com espionagem, Mossad ou qualquer tipo de agência de inteligência", disse o congressista democrata Gary Ackerman, que esteve presente na reunião com Bibi e na coletiva de imprensa. Gary conhece Grapel e sua família desde que o rapaz, então estudante de relações internacionais, fez estágio em seu escritório no verão de 2002. "Ele é idealista e interessado na coexistência. Talvez tenha sido ingênuo", defendeu o parlamentar americano.
Também para o principal negociador da libertação de Shalit, Gershon Baskin, Grapel não era espião israelense de "jeito nenhum". "Esse rapaz não chega perto do perfil exigido pelo Mossad. É um garoto bobo que foi ao Egito, fez besteiras e acabou levantando suspeitas sobre quem ele era. Agentes do Mossad não colocam fotos no Facebook", ressaltou Baskin ao Aliás. Por outro lado, o diplomata brasileiro e ex-assessor especial de Assuntos Estratégicos da Presidência no governo Lula Paulo Roberto de Almeida afirmou que qualquer pessoa, por mais inocente que pareça, pode ser um agente de espionagem. "Aliás, busca-se justamente alguém que tenha a capacidade de atuar sem despertar suspeitas", disse Almeida, lembrando o figurino básico de qualquer bom espião.
Mas e a paranoia, onde fica? O especialista egípcio em Israel Abdel-Alim Mohamed, do Centro Al-Ahram, ressalta que no Egito existe uma imagem mítica do Mossad. E dá um exemplo quase hollywoodiano de como as coisas são numa região coalhada de ditos e contraditos: em janeiro deste ano, enquanto tubarões atacavam turistas no Mar Vermelho, autoridades egípcias levantavam hipóteses de que seria o Mossad o grande responsável por aquela fúria assassina, planejada de forma calculada para prejudicar o turismo...
Não é de admirar, portanto, que uma sombra encubra a história do jovem "aventureiro" Grapel. Com dupla cidadania, ele serviu às Forças de Defesa de Israel em 2005 e foi ferido na guerra do Líbano em 2006. A experiência do confronto parece não ter desanimado o jovem judeu a visitar países árabes. Chegou ao Egito no início deste ano como voluntário de um serviço humanitário: ajudaria os refugiados africanos da organização não governamental Saint Andrew, quando foi preso no Cairo. Jovens egípcios comentaram em fóruns na internet que Grapel fez amizade com muita gente nos protestos da Praça Tahrir e até frequentou mesquitas no Cairo. O jornal Al-Ahram relatou que Grapel tentou descobrir a opinião dos egípcios em relação ao acordo de união entre os grupos palestinos Hamas e Fatah e também compilou informações sobre a posição dos movimentos salafistas e a Irmandade Muçulmana quanto às perspectivas das relações egípcias com Israel e com o Irã. E ainda teria mentido na requisição do visto de entrada para o Egito, declarando no formulário da embaixada egípcia em Tel-Aviv que era... muçulmano.
Na Idade Média e Moderna, essa busca por informações estratégicas de territórios e governos estrangeiros costumava ser feita por embaixadores e enviados plenipotenciários. Com o Congresso de Viena de 1814, os Estados nacionais começaram a normatizar as regras das relações diplomáticas e formalizar os serviços de inteligência e das Forças Armadas. Hoje as atividades de inteligência se profissionalizaram, mas os alvos da informação permanecem: "Forças e fraquezas do país de interesse, natureza do processo decisório, posições do país em questões sensíveis no relacionamento bilateral ou na agenda internacional e agora, cada vez mais, segredos tecnológicos e competição comercial", detalha o brasileiro Almeida.
Para libertar Grapel, o governo de Bibi concordou em trocá-lo por 25 presos egípcios condenados por tráfico de drogas. O escambo teria servido para levantar ainda mais o moral dos egípcios depois da mediação no caso anterior, o do soldado Shalit, e como um incentivo para melhorar as relações entre Israel e Egito. Desde a queda do ditador Hosni Mubarak, os dois países já registraram incidentes no fornecimento de gás do Egito para Israel, morte de policiais egípcios na fronteira por soldados israelenses, um atentado proveniente do Egito a um ônibus israelense e, finalmente, uma violenta invasão popular da embaixada israelense no Cairo.
E talvez o mais surpreendente: o governo americano de Barack Obama liberou a venda de aviões de combate F-16 para o Egito como incentivo para a libertação de Grapel. A venda de aviões militares jamais teve o apoio de Israel, que desta vez concordou. O negócio era também rejeitado pelos EUA nos anos de Mubarak, de forma a manter o "equilíbrio" militar na região. Diz-se que a previsão de entrega a Israel de um modelo de caça mais avançado que o F-16 nos próximos cinco anos, o F-35, contribuiu para diminuir a resistência israelense à oferta americana aos egípcios. Do lado árabe, pareceu relaxamento demais para ter de volta um "garoto bobo" dado a "fazer besteiras".
Enquanto os egípcios sorriem de orelha a orelha pelo novo acerto com Israel e EUA, os israelenses se dividem se o preço pago pela libertação Grapel foi excessivo ou foi justo. Mesmo sem saber se se tratava apenas de um estudante aventureiro ou de um agente de inteligência, Almeida explica que, se os governos não demonstrarem lealdade ao funcionário fiel, poucos seriam os candidatos ao serviço. "Todo governo que possui um serviço de inteligência profissional tem interesse em preservar e recuperar seus agentes: eles custaram muito para serem formados", completa. E nas próximas semanas, espera-se que Israel "recupere" outro israelense acusado de espionagem encarcerado no Egito há 11 anos. Seu nome é Ouda Tarabin. Ele sempre negou trabalhar para o Mossad e se sente "esquecido" por ser de origem beduína (árabes nômades do deserto), ao contrário de Grapel e Shalit, israelenses de origem americana e francesa.
Com mais sorte que Tarabin e Shalit juntos, Grapel mostrou-se confiante ao agradecer publicamente sua libertação ao povo israelense e ao povo egípcio perante os jornalistas, mas estava visivelmente tímido na presença de Netanyahu e do ex-congressista americano ao entrar no escritório do premiê. Gary saudou Bibi dizendo: "Tenho um presente de aniversário para você!" O premiê, que fez 62 anos no dia 21 de outubro, recebeu como regalo o estudante e também um aperto de mãos de Irene e Grapel. Bibi os cumprimentou educadamente e dirigiu ao rapaz algumas palavras em hebraico: "Você se sente bem?" Grapel acenou que sim, sorriu sem graça e ainda soltou um longo suspiro de contida ansiedade. Ele já retornou ao bairro de Queens, em Nova York, onde reside com a família. Ao espião (ou não), as batatas. Fritas.

Meridiano 47 - setembro-outubro 2011


Boletim Meridiano 47
Vol. 12, No 127 (2011): Setembro-Outubro
Sumário

Artigos
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A posição dos Estados Unidos nas negociações sobre propriedade
intelectual e biodiversidade na OMC. (3-9)
       Camila Ychikawa Bassi

Lessons From Nauru: a securitizing move on climate change (10-17)
       Marcelo dos Santos Netto

Do Reconhecimento de Estado e de Governo no Direito Internacional:
considerações sobre a evolução do tema na jurisprudência e prática
internacional (18-24)
       Tatiana Waisberg

O investimento externo direto brasileiro: a América do Sul enquanto
destino estratégico. (25-35)
       Maschion Maschion Alves

A violência contra a mulher no discurso diplomático brasileiro (36-41)
       Izadora Xavier do Monte

O 11 de Setembro e o renascer da história. (42-49)
       João Franco

O terrorismo como agenda das relações internacionais:  novos debates,
velhas problematicas (50-57)
       Tchella Fernandes Maso, Lara Martim Rodrigues Sélis,    Rafael Mandagaran
Gallo

Resenhas de Livros
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Hotel Tropico: Brazil and the challenge of African decolonization,
1950-1980”, de Jerry Dávila, (58-63)
       Rogério de Souza Farias

"India’s Foreign Policy: Retrospect and Prospect” by Sumit Ganguly
(ed.) (64-65)
       Oliver Stuenkel

VADELL, Javier A.; CAMPOS, Taiane Las Casas (org.). Os novos rumos do
regionalismo e as alternativas políticas na América do Sul. Belo
Horizonte: Editora PUC Minas, 2011. (66-68)
       Fábio Amaro da Silveira Duval,  Fernanda de Moura Fernandes

Edição completa
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Meridiano 47 v12 n127 set-out 2011
       Editoria Meridiano 47
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Boletim Meridiano 47  - http://www.meridiano47.info

Republica em Frangalhos (na verdade, violentada pelos que a comandam...)



República destroçada

30 de outubro de 2011 | 3h 06


Marco Antonio Villa - O Estado de S.Paulo
Em 1899 um velho militante, desiludido com os rumos do regime, escreveu que a República não tinha sido proclamada naquele mesmo ano, mas somente anunciada. Dez anos depois continuava aguardando a materialização do seu sonho. Era um otimista. Mais de cem anos depois, o que temos é uma República em frangalhos, destroçada.
Constituições, códigos, leis, decretos, um emaranhado legal caótico. Mas nada consegue regular o bom funcionamento da democracia brasileira. Ética, moralidade, competência, eficiência, compromisso público simplesmente desapareceram. Temos um amontoado de políticos vorazes, saqueadores do erário. A impunidade acabou transformando alguns deles em referências morais, por mais estranho que pareça. Um conhecido político, símbolo da corrupção, do roubo de dinheiro público, do desvio de milhões e milhões de reais, chegou a comemorar recentemente, com muita pompa, o seu aniversário cercado pelas mais altas autoridades da República.
Vivemos uma época do vale-tudo. Desapareceram os homens públicos. Foram substituídos pelos políticos profissionais. Todos querem enriquecer a qualquer preço. E rapidamente. Não importam os meios. Garantidos pela impunidade, sabem que se forem apanhados têm sempre uma banca de advogados, regiamente pagos, para livrá-los de alguma condenação.
São anos marcados pela hipocrisia. Não há mais ideologia. Longe disso. A disputa política é pelo poder, que tudo pode e no qual nada é proibido. Pois os poderosos exercem o controle do Estado - controle no sentido mais amplo e autocrático possível. Feio não é violar a lei, mas perder uma eleição, estar distante do governo.
O Brasil de hoje é uma sociedade invertebrada. Amorfa, passiva, sem capacidade de reação, por mínima que seja. Não há mais distinção. O panorama político foi ficando cinzento, dificultando identificar as diferenças. Partidos, ações administrativas, programas partidários são meras fantasias, sem significados e facilmente substituíveis. O prazo de validade de uma aliança política, de um projeto de governo, é sempre muito curto. O aliado de hoje é facilmente transformado no adversário de amanhã, tudo porque o que os unia era meramente o espólio do poder.
Neste universo sombrio, somente os áulicos - e são tantos - é que podem estar satisfeitos. São os modernos bobos da corte. Devem sempre alegrar e divertir os poderosos, ser servis, educados e gentis. E não é de bom tom dizer que o rei está nu. Sobrevivem sempre elogiando e encontrando qualidades onde só há o vazio.
Mas a realidade acaba se impondo. Nenhum dos três Poderes consegue funcionar com um mínimo de eficiência. E republicanismo. Todos estão marcados pelo filhotismo, pela corrupção e incompetência. E nas três esferas: municipal, estadual e federal. O País conseguiu desmoralizar até novidades como as formas alternativas de trabalho social, as organizações não governamentais (ONGs). E mais: os Tribunais de Contas, que deveriam vigiar a aplicação do dinheiro público, são instrumentos de corrupção. E não faltam exemplos nos Estados, até mesmo nos mais importantes. A lista dos desmazelos é enorme e faltariam linhas e mais linhas para descrevê-los.
A política nacional tem a seriedade das chanchadas da Atlântida. Com a diferença de que ninguém tem o talento de um Oscarito ou de um Grande Otelo. Os nossos políticos, em sua maioria, são canastrões, representam mal, muito mal, o papel de estadistas. Seriam, no máximo, meros figurantes em Nem Sansão nem Dalila. Grande parte deles não tem ideias próprias. Porém se acham em alta conta.
Um deles anunciou, com muita antecedência, que faria um importante pronunciamento no Senado. Seria o seu primeiro discurso. Pelo apresentado, é bom que seja o último. Deu a entender que era uma espécie de Winston Churchill das montanhas. Não era, nunca foi. Estava mais para ator de comédia pastelão. Agora prometeu ficar em silêncio. Fez bem, é mais prudente. Como diziam os antigos, quem não tem nada a dizer deve ficar calado.
Resta rir. Quem acompanha pela televisão as sessões do Congresso Nacional, do Supremo Tribunal Federal (STF) e as entrevistas dos membros do Poder Executivo sabe o que estou dizendo. O quadro é desolador. Alguns mal sabem falar. É difícil - muito difícil mesmo, sem exagero - entender do que estão tratando. Em certos momentos parecem fazer parte de alguma sociedade secreta, pois nós - pobres cidadãos - temos dificuldade de compreender algumas decisões. Mas não se esquecem do ritualismo. Se não há seriedade no trato dos assuntos públicos, eles tentam manter as aparências, mesmo que nada republicanas. O STF tem funcionários somente para colocar as capas nos ministros (são chamados de "capinhas") e outros para puxar a cadeira, nas sessões públicas, quando alguma excelência tem de se sentar para trabalhar.
Vivemos numa República bufa. A constatação não é feita com satisfação, muito pelo contrário. Basta ler o Estadão todo santo dia. As notícias são desesperadoras. A falta de compostura virou grife. Com o perdão da expressão, mas parece que quanto mais canalha, melhor. Os corruptos já não ficam envergonhados. Buscam até justificativa histórica para privilégios. O leitor deve se lembrar do símbolo maior da oligarquia nacional - e que exerce o domínio absoluto do seu Estado, uma verdadeira capitania familiar - proclamando aos quatro ventos seu "direito" de se deslocar em veículos aéreos mesmo em atividade privada.
Certa vez, Gregório de Matos Guerra iniciou um poema com o conhecido "Triste Bahia". Bem, como ninguém lê mais o Boca do Inferno, posso escrever (como se fosse meu): triste Brasil. Pouco depois, o grande poeta baiano continuou: "Pobre te vejo a ti". É a melhor síntese do nosso país.  
HISTORIADOR, É PROFESSOR DA UNIVERSIDADE FEDERAL DE SÃO CARLOS(UFSCAR)

Livro PRA: Relacoes Internacionais e Politica Externa do Brasil - Textos e tabelas disponíveis


Relações internacionais e política externa do Brasil:
a diplomacia brasileira no contexto da globalização



(Rio de Janeiro: Editora LTC, 2012, xx+307 p.; ISBN: 978-85-216-2001-3) 

Um livro é como uma garrafa jogada ao mar...

Esta aqui foi lançada pela primeira vez em 1998 e novamente atirada ao largo em 2004. Ao que parece, encontrou pela frente muitas ilhas acolhedoras, algumas enseadas intelectuais, vários portos, talvez um ou dois continentes acadêmicos, tanto que terminou por desaparecer…
A garrafa que é agora lançada, com novo rótulo e um conteúdo algo modificado (espero que para melhor, ou pelo menos mais amadurecido), está destinada a navegar por mais alguns anos, a caminho da minha Ítaca dos livros, uma meta intelectual inatingível...
Todos os arquivos linkados estão disponíveis para download.

                Parte I: Metodologia das relações internacionais
1. Introdução ao estudo das relações internacionais do Brasil      3
1.1. O tema        4
1.2. Os conceitos        8
1.3. Os métodos        12
1.4. As fontes        15
1.5. Periodização temática    18

2. Historiografia brasileira de relações internacionais      24
2.1. Relações internacionais do Brasil: da diplomacia à academia    25
2.2. Pandiá Calógeras: o Clausewitz da política externa    27
2.3. Hélio Vianna: as elites bem comportadas    34
2.4. Delgado de Carvalho: o fatual de qualidade    38
2.5. A reorientação dos estudos de relações internacionais    42
2.6. Cervo e Bueno: o ideal desenvolvimentista    47
2.7. José Honório Rodrigues: a recuperação da história diplomática    52
2.8. Novas etapas: da academia de volta à diplomacia?    55
2.9. Produção recente: acadêmicos e diplomatas em constante diálogo    59

                Parte II: O Brasil no contexto da economia global
3. Diplomacia comercial: de Bretton Woods e Havana aos impasses da OMC      71
31. A reconstrução econômica do pós-guerra: entre protecionismo e liberalismo     72
3.2. De Bretton Woods a Havana    74
3.3. OIC: a primeira organização para o comércio mundial    75
3.4. O GATT e as rodadas de negociações tarifárias    77
3.5. Comércio desigual: os países em desenvolvimento    79
3.6. A Rodada Uruguai: os novos temas e a agricultura    80
3.7. O surgimento de uma nova organização para o comércio: a OMC    82
3.8. Uma nova configuração para o comércio internacional     84
3.9. A Organização Mundial do Comércio: a última das três irmãs    87
3.10. A OMC: mais democrática que as instituições de Bretton Woods?    89
3.11. A longa agonia da Rodada Doha: a OMC em crise institucional?    92
3.12. O fim de Bretton Woods?: um sistema aparentemente mais justo    94

4. Os acordos regionais e o sistema multilateral de comércio    99
4.1. História: blocos políticos, regionalismo, integração econômica    99
4.2. Evolução da integração econômica: um itinerário com altos e baixos    100
4.3. O regionalismo: fenômeno político, processo econômico    105
4.4. Tendências da integração regional: suposições em tons de cinza    112
4.5. Perigos do regionalismo comercial: o minilateralismo como ameaça    117
4.6. Protecionismo na prática: industrialização à la List    119
4.7. O minilateralismo entra em cena: regionalização e globalização    121
4.8. Minilateralismo regional: estratégias de liberalização comercial    122
4.9. O futuro do minilateralismo: uma agenda em aberto    123

5. Diplomacia financeira: o Brasil e o FMI, de 1944 a 2011    125
5.1. Os dois conceitos de Bretton Woods: instituições e políticas    126
5.2. O sistema monetário internacional desde a conferência de Bretton Woods    127
5.3. A crise do sistema monetário internacional e o “não-sistema” pós-1973    128
5.4. Condicionalidades econômicas e soberania: o modelo de Bretton Woods    129
5.5. O “modelo de Bretton Woods” e a arquitetura financeira internacional    130
5.6. O Brasil em Bretton Woods: sem a dimensão do desenvolvimento    132
5.7. O FMI em sua primeira fase: inconsistências sistêmicas    133
5.8. Juscelino Kubitschek dá inicio à demonização do FMI    134
5.9. O regime militar e o FMI: boas relações, sem dependência    134
5.10. O Brasil redemocratizado e o FMI: más relações, com dependência    137
5.11. Encontros e desencontros dos anos 1990: o FMI e as crises financeiras    138
5.12. Outubro-dezembro de 1998: o Brasil volta ao FMI    139
5.13. Crise argentina e efeito Lula: o Brasil torna-se o maior cliente do FMI    140
5.14. O Brasil enfrenta as crises financeiras do novo milênio    142
Anexos: Acordos e relações do Brasil com o FMI, 1944-2011    146
    Quadro 5.1: Brasil: histórico do relacionamento com o FMI, 1944-2011    146
    Quadro 5.2: Brasil: acordos formais estabelecidos com o FMI, 1958-2010    148

6. As crises financeiras internacionais e o Brasil, desde 1928    150
6.1. Questões sistêmicas relativas às crises financeiras    151
6.2. A “mãe” de todas crises financeiras: 1928-1939    153
6.3. A crise de Bretton Woods e seus efeitos sistêmicos: 1965-1975    155
6.4. O centro adoece, a periferia entra em colapso: 1979-1989    155
6.5. Globalização financeira, desequilíbrios cambiais: 1994-2002    156
6.6. O centro tropeça, os emergentes deslancham: 2005-2011    158
6.7. Elementos comuns às crises financeiras nas economias de mercado    161
    Quadro 6.1: Características comuns às crises financeiras    161
6.8. O debate político sobre os requerimentos da estabilidade financeira    162
    Quadro 6.2: Ideias e princípios em confronto no terreno econômico-financeiro    163
6.9. O Brasil e a globalização financeira    164
    Quadro 6.3: Esquema estilizado das crises financeiras internacionais, 1929-1975    167 
    Quadro 6.4: Esquema estilizado das crises financeiras internacionais, 1982-2011    168

                Parte III: A ordem global e a política externa do Brasil
7. A ordem política e econômica mundial do início do século 21    171
7.1. A ordem política mundial: novos problemas, velhas soluções?     171
7.1.1. Segurança estratégica    173
7.1.2. Relações entre as grandes potências    178
7.1.3. Conflitos regionais    180
7.1.4. Cooperação política e militar nos hot-spots    180
7.2. A ordem econômica mundial: velhos problemas, novas soluções?     186
7.2.1. Regulação cooperativa das relações econômicas internacionais    188
7.2.2. Assimetrias de desenvolvimento    189
7.2.3. Cooperação multilateral e Objetivos do Milênio    190
7.3. A ordem política e econômica mundial e a diplomacia brasileira    192
7.3.1. Crescimento econômico    193
7.3.2. Investimentos    194
7.3.3. Acesso a mercados    195
7.3.4. Integração regional    196
7.3.5. Recursos energéticos    197
7.3.6. Segurança e estabilidade    198

8. O Brasil no contexto da governança global    200
8.1. A governança global em transição    200
8.2. O Brasil no contexto da governança formal    203
8.2.1. Segurança e estabilidade    203
8.2.2. Funcionamento da economia mundial    204
8.2.3. Cooperação política em favor do desenvolvimento    206
8.2.4. Instrumentos regionais de cooperação e de integração    207
8.3. A construção de uma governança alternativa    207
8.4. Possibilidades de reorganização institucional    210

9. A sociologia institucional do multilateralismo brasileiro (1815-2011)     213
9.1. A diplomacia econômica do Brasil no contexto mundial    213
9.2. As relações internacionais do ponto de vista da diplomacia econômica    216
9.3. Relações econômicas internacionais do Brasil em perspectiva histórica    219
9.4. As novas bases da diplomacia econômica multilateral    221
9.5. O Brasil no sistema econômico internacional; rupturas e continuidades    223
9.6. Acordos multilaterais e instituições internacionais de 1815 a 2011    226
9.6.1. Instituições de cooperação Universal    228
9.6.2. Organização do comércio e da produção    233
9.6.3. Moeda, finanças e investimentos    252
9.6.4. Contratos, pagamentos, solução de controvérsias    257
9.6.5. Gestão de recursos comuns e proteção do meio ambiente    261
9.6.6. Acordos de natureza militar (com impacto econômico)    266
9.6.7. Acordos de cunho humanitário e social (com impacto econômico)    269
9.7. Perfil institucional do multilateralismo econômico do Brasil, 1856-2011    270
9.8. As relações econômicas internacionais do Brasil na era da globalização    278

Bibliografia de relações internacionais e de política externa do Brasil    280

Índice , 298
Editora LTC - Grupo GEN
Web page: www.grupogen.com.br
Material suplementar em torno dos temas do livro: http://gen-io.grupogen.com.br
Livro disponível neste link:http://www.grupogen.com.br/ch/prod/vit/10588/216546/0/0/relacoes-internacionais-e-politica-externa-do-brasil-a-diplomacia-bras-no-contexto-da-globalizacao.aspx 

Assaltantes reclamam de controles: querem liberdade para assaltar

Pronto, foi só falar em controle dos convênios que o Ministério dos Esportes (que nunca deveria ter sido criado, que nunca deveria existir e que merece ser extinto) mantém com ONGs de fachada (mais conhecidas como ONGGs), que o pessoalzinho assaltante reclamou dos controles, da fiscalização, e avançam uma tese maravilhosa: os controles pelo bom uso do dinheiro público não cabem a eles, e sim a quem deu dinheiro, mas vão logo avisando que não gostam de controles.
O Brasil é possivelmente um dos poucos países no mundo em que ONGs são constituídas exclusiva e essencialmente para assaltar os cofres públicos -- ou seja, o meu, o seu, o nosso dinheiro -- e a maior parte delas são, na verdade, ONGGs, ou sejam só existem porque recebem dinheiro público. Políticos sabem disso, eles são os primeiros a fazerem ONGs...
Paulo Roberto de Almeida

Para ONGs, exclusão de convênios é 'covardia' 



Por Gabriel Manzano, O Estado de S.Paulo, 29/10/2011

Diretora de associação de entidades diz que proposta do governo é 'uma falsa solução' 

O anúncio do novo ministro do Esporte, Aldo Rebelo (PC do B-SP) - por determinação do Planalto - de que não pretende mais fazer convênios com ONGs, "mas sim com prefeituras", deixou indignados os responsáveis pela Associação Brasileira de Organizações Não Governamentais (Abong). "É uma covardia, uma falsa solução", reagiu a educadora Vera Masagão, uma das diretoras da entidade, que abriga cerca de 250 ONGs de todo o País.

A frase do ministro, dita anteontem em sua primeira entrevista depois de indicado pela presidente Dilma Rousseff, foi uma forma de esfriar os ânimos e interromper as denúncias envolvendo convênios irregulares entre ONGs e o ministério, que marcaram os dias finais de seu antecessor, Orlando Silva (PC do B-BA). Aldo afirmou também a intenção de criar um novo decreto interrompendo repasses para avaliar o quadro.
Se houve erro, diz Vera Masagão, "foi de gestores do partido dele, ministro, que não se interessou por fazer chamadas públicas, não fiscalizou, não acompanhou os programas". E acrescentou: "Temos um problema sistêmico, que é a falta de controle. Essa atitude do ministro mostra apenas que a corda sempre rompe pelo elo mais fraco".
A Abong não está falando sozinha. Ontem de manhã, um amplo grupo de federações de ONGs, que além dela inclui a Cáritas e o Conselho Latino-Americano de Igrejas, divulgou uma "Carta Aberta à Presidente Dilma" na qual diz temer "que a maioria das organizações sem fins lucrativos seja penalizada injustamente". O documento cobra da presidente uma promessa feita quando candidata, em outubro de 2010. Ela falou em "constituir um grupo de trabalho", composto por governo e entidades civis, para "elaborar com a maior brevidade possível, no prazo máximo de um ano", uma proposta de legislação. No meio da tarde, o MST, o Movimento dos Atingidos por Barragens e outras entidades subscreveram a carta.
Sem suspensão. A principal reivindicação dessa imensa rede, que informalmente fala em nome das quase 300 mil ONGs registradas no País, é que o governo faça o que achar melhor, mas não suspenda os repasses. Tal gesto, avisam, "pode causar graves problemas àquelas entidades que estão cumprindo regularmente suas obrigações".
O documento argumenta com números. Em 2010 houve um volume de R$ 232,5 bilhões de transferências voluntárias feitas do governo federal. Destas, R$ 5,4 bilhões destinaram-se a entidades sem fins lucrativos (aí se incluem até partidos políticos e fundações universitárias), num universo de 100 mil entidades beneficiadas. "Se juntarmos todas as denúncias publicadas na imprensa nos últimos 24 meses, as entidades citadas não passariam de 100", ressaltam os signatários. Além disso, a interrupção de repasses "poderia constituir medida arbitrária e de legalidade questionável, que criminaliza a sociedade organizada".

Arte Islamica no Metropolitan de New York


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A Cosmopolitan Trove of Exotic Beauty

Ruth Fremson/The New York Times
On Tuesday the Metropolitan Museum of Art opens a new home for Islamic treasures. More Photos »
New York City is just days away from a long-awaited Arab autumn.
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In 2003 the Islamic galleries of theMetropolitan Museum of Art closed for renovation, and one of the world’s premier collections of Islamic art more or less vanished into storage.
The timing, barely two years after the events of Sept. 11, was unfortunate, if unavoidable. Just when we needed to learn everything we could about Islamic culture, a crucial teaching tool disappeared.
As of Tuesday the learning can go forward. The Met’s Islamic collection returns to view in what are now being called the galleries for the Art of the Arab Lands, Turkey, Iran, Central Asia and Later South Asia.
The new, much expanded installation — organized by Sheila Canby, the curator in charge of the department of Islamic art, with Navina Najat Haidar as project coordinator — is as intelligent as it is visually resplendent. The art itself, some 1,200 works spanning more than 1,000 years, is beyond fabulous. An immense cultural vista — necessary, liberating, intoxicatingly pleasurable — has been restored to the city.
As its title implies, that vista has been carefully thought out and framed. Rather than presenting Islamic art as the product of a religiously driven monoculture encompassing centuries and continents, the Met is now — far more realistically — approaching it as a varied, changing, largely secular phenomenon, regionally rooted but absorptively cosmopolitan, affected by the intricacies and confusions of history, including the history that the art itself helped to create.
At the same time certain visual binders are evident. You see one — language — the instant you enter the first gallery. The written word is omnipresent. Whether in the form of love poems, proverbs or passages from Islam’s holy book, the Koran, calligraphy spreads like a fine net over everything, creating an art that almost literally speaks.
“Praise be to God, the King, the pure Truth,” declares a precious scrap of ninth-century silk in characters stitched in red thread. “Planning before work protects you from regret,” intones a big white 10th-century plate that, given the perfect placement of the inscription around its rim, seems to have heeded its own advice. And from a gloriously colored openwork jug — turquoise on top of cobalt blue, day on top of night — a voice as soft as a sigh shares a lover’s confidence: “One moment, while sitting face to face with her I tied my soul, like my heart, to the end of her curls.”
In the context of Islamic art, language is transferable to almost any surface, on almost any scale. And some insist that you can’t really know this art until you’ve experienced Islamic architecture: grand palaces like the Alhambra, tombs like the Taj Mahal or houses of worship like the Suleymaniye Mosque in Istanbul, all embroidered with inscriptions.
The Met galleries convey some sense of monumentality in a few long-familiar works. The great 11-foot-high mosaic-tiled 14th-century mihrab, or prayer niche, from a religious school in Isfahan is one. The intact wood-paneled reception hall known as the Damascus Room, decorated with poetic verses that have been placed in proper order with this reinstallation, is another.
Then there are carpets, portable monuments. The Met has spectacular examples. The Simonetti Carpet, woven around 1500 in Cairo and named for a 20th-century owner, is nearly 30 feet long. In dim quarters in the old Islamic galleries it was hard to appreciate. Now displayed in a high, wide room designed by Michael Batista, the Met’s exhibition design manager, and atmospherically lighted by Clint Ross Coller and Richard Lichte, its garden-and-lawn colors — rose reds, grass greens — look tender with fresh life.
Carpets like this one, emerging from imperial ateliers, are partly about look-at-me largeness. But they’re also about close-up detail, and this is the real story of the art of the Islamic world, and certainly of the examples gathered at the Met.
It is over all an art of intimacy; about one-on-one encounters with individual objects, more often than not quite small; and about the endlessly varied orchestration of a small number of visual motifs and mediums, and the minute felicities such variation generates. The alert eye will spot some of the motifs right away: besides the written word, there are images of stars, flowers, figures and abstract shapes, each migrating from one kind of object to another within a fixed repertory of mediums: textiles, ceramics, manuscripts, and so on.
Choose any motif or medium, and it will set you traveling. Images of animals will take you from a gnarled little camel-shaped bottle made with Roman glassmaking techniques in Syria in the seventh or eighth century, to a hefty lion-shaped bronze incense burner from 12th-century Iran, to a sculptural knot of predatory beasts — a dragon attacking a lion attacking a deer — perched on the hilt of a 16th-century Indian dagger.
A gallery of Ottoman Turkish art is a floral detonation, with blossoms imported from China, Persia, India and Europe streaming over textiles and landing on plates, helmets and the most beautiful prayer rug in the world. If glass is your passion, a lineup of mosque lamps, enameled and translucent, from Egypt and Syria will be heaven.
Metalwork connoisseurs will beat a path to a 13th-century brass brazier inlaid with impossibly refined silver and copper designs, and to an astrolabe that calculates your geographic coordinates, your horoscope and the precise times for daily prayer.
If your point of reference in art is the human form, you’ll find it — aggressive, ethereal and absurd — in manuscript paintings, the most famous being illustrations for the 16th-century edition of the “Shahnama,” or “Book of Kings,” produced under the art-obsessed and faith-obsessed Persian emperor Shah Tahmasp.
Written around A.D. 1000 as a chronicle of the pre-Islamic kings of Iran, the “Shahnama,” at least in painters’ hands, is history set in a Never Never Land of martial derring-do and mystical raptures. Heroes skewer demons in lavender landscapes; angels drop from gilded skies to help when things go awry. In the 16th-century edition’s very first painting, “The Ship of Shi’ism,” the Prophet Muhammad appears, his face veiled and wreathed in a halo of flames, as if to extend blessings over what will follow.
For more than four centuries those blessings held, but the book’s modern history has been a disaster. In 1959 the American collector Arthur A. Houghton Jr. bought the “Shahnama” with its original 258 paintings still miraculously intact. Then, committing what some scholars consider one of the notable art crimes of the 20th century, he took the book apart and began dispersing its pages; he gave 78 sheets to the Met and auctioned others. After his death in 1990 his estate tried to sell surviving pages of the book to the Iranian government but ended up exchanging them for an American painting that Iran owned but no longer wanted, Willem de Kooning’s “Women III” from 1952-53. A good deal? You can judge for yourself with a visit to the de Kooning retrospective at the Museum of Modern Art.
The Met’s Islamic reinstallation, which includes (temporarily) a somewhat obsequious tribute to collectors past and present, is mum on all of this, as is the collection catalog, doubtless in part because Mr. Houghton was a long-time Met trustee. Also the story is old, and not so unusual.
Art has always reflected what’s wrong about people as much as what’s right about them. In image after image, beauty is countered by cruelty; utopianism by power grabs. Paradise gardens and battlefields make equally desirable real estate. Yet if treasured objects almost invariably come with ethical ambiguities, one thing is certain: Those objects do keep coming, as recent arrivals attest.
One, on loan to the Met from the Hispanic Society of America, is a tiny Hebrew bible written by a Sephardic scribe named Moshe b. Ya’akov Qalif. When he was working in Seville, in 1472, the once pervasive Muslim presence barely clung to life in Spain, yet the exquisite micrographic interlaces that adorn and shape his text are almost identical to those in Koranic illuminations.
And in the last of the new galleries, devoted to Islamic art in South Asia, comes a 2011 Met acquisition that’s a real surprise. It’s album painting with a Hindu theme: the fierce goddess Bhairavi dancing up a spiritual storm in a cremation ground. The picture is thought to have been a collaboration between two 17th-century Mughal court painters, Payag and Abid, one Hindu, the other Muslim. It was probably commissioned by the Muslim emperor Shah Jahan as a gift to a friend, the Hindu ruler Rana Jagat Singh, who worshipped the goddess.
Here — and over and over again through 15 galleries and across more than a millennium — we’re reminded how fluid a concept Islamic art can be, and often is. If we could ask for only one lesson learned from the decade since the Sept. 11 attacks, surely freedom from essentialist thinking would be the necessary one. That’s the direction the Met’s new galleries take us this fall. In the bargain they give us beauty, spring fresh and second to none.
The New Galleries for the Art of the Arab Lands, Turkey, Iran, Central Asia and Later South Asia open Tuesday at the Metropolitan Museum of Art (open to members now); metmuseum.org.

sábado, 29 de outubro de 2011

Frases eternas: sobre o conhecimento...


 As pessoas aprendem de duas maneiras:
uma pela leitura, a outra em associação com pessoas mais espertas.

Will Rogers, citado por Frank Keating, Will Rogers
(San Diego: Silver Whistle, 2002)


As pessoas respondem a incentivos, todo o resto é comentário.

Steven Landsburg, The Armchair Economist
(New York: The Free Press, 1993)