O que é este blog?

Este blog trata basicamente de ideias, se possível inteligentes, para pessoas inteligentes. Ele também se ocupa de ideias aplicadas à política, em especial à política econômica. Ele constitui uma tentativa de manter um pensamento crítico e independente sobre livros, sobre questões culturais em geral, focando numa discussão bem informada sobre temas de relações internacionais e de política externa do Brasil. Para meus livros e ensaios ver o website: www.pralmeida.org. Para a maior parte de meus textos, ver minha página na plataforma Academia.edu, link: https://itamaraty.academia.edu/PauloRobertodeAlmeida;

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segunda-feira, 2 de setembro de 2013

Jose Mujica: um esquerdista sensato, realista, moderado - entrevista no YouTube

O entrevistador deve ter saído frustrado desta entrevista, pois deveria estar esperando grandes frases grandiloquentes sobre o socialismo, e saiu com uma entrevista sensata, bem humorada.
O presidente Mujica tem uma cultura econômica deficiente, mas pelo menos revela boa sensibilidade para as peculiaridades do Uruguai.
O fato de que o governo do Frente Amplio tenha ampliado o investimento do país de 11 a 22%, se for verdade (a verificar) é algo extraordinário, que deveria ser estudado pela atrasada esquerda brasileira, estatizante, dirigista...
Paulo Roberto de Almeida

http://www.youtube.com/watch?v=wUDJxX8xtO8&feature=youtu.be
Publicado em 31/07/2013
Em entrevista exclusiva a Emir Sader, o presidente do Uruguai falou sobre a legalização do aborto e do uso da maconha, da vida simples e sem luxos que leva, sobre o Brasil e as relações entre os países da América Latina. Confira!

Um critico acerbo de meus textos: sou "simplesmente muito ruim"? - exchange...

Um crítico acerbo de textos meus: sou “simplesmente muito ruim”?

Paulo Roberto de Almeida
Diálogo pela internet

Recebi, nesta data, no formulário de contato de meu site (www.pralmeida.org), a singela mensagem que vai transcrita abaixo:

On 01/09/2013, at 13:57, Frxxxxxxxx <frxxxxxxxx@xxxxx.com> wrote:
Mensagem enviada pelo formulário de Contato do SITE.

Nome: Fxxxxxxxxx
Cidade: São Paulo
Estado: São Paulo
Email: frxxxxxxxx@xxxxx.com
Assunto: Opiniao

Mensagem: Li um texto seu que está no site do senado em um curso de relações internacionais. É simplesmente muito ruim.
Como o texto é de 2004, espero sinceramente que você tenha mudado de opinião e até mesmo de estilo literário (pedantismo, ironias e sarcasmos não são nada legais), bem como tenha se atualizado no debate sobre a globalização, com nomes como Joseph Stiglitz, dentre outros.
Se eu fosse você, com toda a sinceridade, pediria para retirar esse texto como referência no curso que é disponibilizado pelo Senado, é simplesmente motivo para vergonha.

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Primeiro, respondi o que segue, sem checar os meus textos:

From: Paulo Almeida 
To: Frxxxxxxxx <frxxxxxxxx@xxxxx.com>
Date: August 1, 2013
Re: Formulário do SITE Paulo Roberto de Almeida: Opiniao

            Frxxxxxxxx,
            Não tenho a menor ideia de qual texto você se refere, pode ser meu, mas apenas se você me indicar o site, o URL específico, para que eu mesmo possa verificar se ele é, como você diz, "simplesmente muito ruim", e se ele é pedante, irônico, tem sarcasmos e todos esses defeitos que você aponta.
            Como eu escrevo muito, pode ser que seja meu, e tenha realmente todos esses defeitos.
            Não tenho nenhum problema de republicar aqui esse texto, acompanhado de sua apreciação crítica, nesses termos, ou em outros, se você preferir ser mais explícito.
            Se ouso, no entanto, fazer uma recomendação para sua futura carreira de crítico literário, ou acadêmico, eu recomendaria que você fosse mais explícito e detalhado em suas críticas.
            Acho que você não lê, por aí, críticas que simplesmente dizem "esse livro", ou esse artigo, "simplesmente é muito ruim, pedante, sarcástico, irônico", etc.
            Geralmente, críticos literários são mais explícitos e justificam, sustentam, embasam suas críticas em termos mais consistentes, o que espero que você faça em relação ao meu texto.
            Como disse, quando você me apontar qual texto meu está disponível no site do Senado, vou republicá-lo, dizendo que você vai fazer uma crítica mais ampla, depois dos dizeres abaixo relacionados e dos argumentos já emitidos.
            Quem não teme críticas, e quem escreve para o público, não tem nada a esconder não é mesmo?
            Grato pela sinceridade...
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Paulo Roberto de Almeida 

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Depois, fui checar os meus textos, e encontrei dois, de 2004, relacionados ao Senado, e por isso despachei a seguinte mensagem ao meu acerbo interlocutor:

Fr.......,
Fui buscar textos meus associados ao Senado, de 2004, e encontrei os dois abaixo relacionados, que talvez não sejam os mesmos que figuram no site do Senado, por isso solicito o URL que você deve ter.
Em todo caso, meus textos escritos expressam melhor minha opinião e ideias do que palavras rapidamente ditas e gravadas, sem necessariamente uma articulação mais formal. Chequei os links e eles estão funcionando...
            Aguardo suas críticas sobre os textos, e pretendo publicá-las...

1197. “Potências”, Brasília, 27 jan. 2004, 6 p. Respostas a questões colocadas no quadro do programa Conexão Mundo – ILB, TV do Senado Federal, Programa 2: Conceitos Fundamentais. Para resumo e exposição oral. Gravação diferiu substancialmente do texto preparado. Vídeo disponível em: http://www.senado.gov.br/sf/senado/ilb/medias/Videos_Educacionais/Conexao_Mundo/conexao02c.wmv. Postado no Blog Diplomatizzando (20/11/2011; link: http://diplomatizzando.blogspot.com/2011/11/grandes-potencias-mini-crash-course-de.html).

1198. “Associacionismo”, Brasília, 27 jan. 2004, 6 p. Respostas a questões colocadas no quadro do programa Conexão Mundo – ILB, TV do Senado Federal, Programa 2: Conceitos Fundamentais. Para resumo e exposição oral. Gravação diferiu substancialmente do texto preparado. Vídeo disponível em: http://www.senado.gov.br/sf/senado/ilb/medias/Videos_Educacionais/Conexao_Mundo/conexao03c.wmv. Postado no Blog Diplomatizzando (20/11/2011; link: http://diplomatizzando.blogspot.com/2011/11/associacionismo-novo-curso-de-paulo.html).
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Paulo Roberto de Almeida 

Frases de impacto: grato ao Joao Felipe Goncalves

Frases de impacto:

"Si tu veux vivre une vie heureuse, attache-toi à des buts. Pas à des personnes ou à des choses."

"A eterna insatisfação é a condição da excelência."

"Talent is luck. The important thing in life is courage."


Grato ao João Felipe Gonçalves, por me ter permitido o conhecimento destas frases excelentes.
Só ficou faltando seus respectivos autores...

Alo, mamae: a AT&T agradece, e repassa, esta chamada: hello boys!

Em tempo: meus telefones celulares são AT&T, com a participação especial do pessoal da Drug Enforcement Agency...

Drug Agents Use Vast Phone Trove Eclipsing N.S.A.’s

The scale and longevity of a data storage program run by the government in partnership with AT&T was unmatched by other government programs, including the National Security Agency’s gathering of phone call logs.
The New York Times, August 1, 2013:
http://nyti.ms/17xIipO

domingo, 1 de setembro de 2013

Venezuela: viva la hegemonia comunicacional de los companeros bolivarianos...

Os companheiros devem adorar noticias como essa, aliás, devem invejar: "pô, se eles podem..."

Venezuela monta hegemonia de meios de comunicação oficiais

CARACAS - Recentemente o presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, anunciou que muito em breve a Força Armada Nacional Bolivariana terá sua própria rede de televisão. “E isso não é tudo”, acrescentou, depois de determinar que uma das emissoras de TV oficiais, a ViveTV, será agora a ComunasVTV, dedicada a fomentar a criação e consolidação das “comunas” — forma de organização coletiva promovida pelo falecido presidente Hugo Chávez como base de seu “socialismo do século XXI”.
O novo governo venezuelano mantém a estratégia de ampliar seu controle sobre os meios de comunicação do país. Já possui oito televisões (só há quatro privadas), 36 emissoras “comunitárias” e 250 estações de rádio “comunitárias”, em sua maioria sustentadas com dinheiro público, segundo um estudo dos comunicólogos Marcelino Bisbal e Andrés Cañizales. O estudo assinala, por outro lado, que ainda existem 530 rádios comerciais no país.
O alcance midiático do governo venezuelano também inclui 120 jornais comunitários (regionais e locais) e três oficiais de circulação nacional, todos distribuídos gratuitamente, com o intuito de promover, sem descanso, a “revolução bolivariana”.
— Certa vez um ministro do chavismo afirmou que eles queriam implementar uma “hegemonia comunicacional”, conceito que duplica a oferta de mídias como serviços para toda a população — diz Gustavo Hernández, diretor do Instituto de Investigações sobre Comunicação (Ininco) da Universidade Central da Venezuela. 
— Na verdade o que há é uma hegemonia presidida por um partido oficial, que se encarrega de difundir a doutrina política do governo.
Num domingo qualquer, por exemplo, em quase metade do espectro FM das rádios de Caracas, se retransmitem os programas “Alô, presidente”, instaurados pelo falecido Chávez. As mensagens institucionais da Venezolana de Televisión (VTV), canal do governo, se referem constantemente a representantes da oposição como “traidores da pátria”. Atualmente se concentram na imagem do falecido presidente, procurando demonstrar que seu legado continua: “Chávez vive, a pátria segue”. A mensagem se repete pelo menos cem vezes ao dia.
Informação governamental vedada
Gloria Cuenca, professora de Ética e Leis de Mídia, explica que a hegemonia que se implementa na Venezuela vai além dos meios que o governo controla.
— A liberdade de expressão que existe na mídia é parcial e mediada, e o custo é alto. Jornalistas sofrem diariamente agressões e perseguição ao tentar levar ao público alguma notícia. A informação governamental está totalmente fechada para os meios independentes e livres, cujos repórteres não conseguem acesso.
Denúncias sobre qualquer tema, nas televisões e rádios da plataforma oficial rebatizada como “Sistema Bolivariano de Comunicação e Informação”, só surgem quando ocorrem em regiões e municípios governados por líderes da oposição.
O governo também capricha no uso da mídia, obrigando cadeias de rádio e TV a transmitir mensagens da Presidência da República com frequência. Segundo Cañizales, o presidente Maduro já fez 86 horas de pronunciamentos este ano, o que dá, desde sua posse, uma média diária de 32 minutos no ar.
Mas os espectadores se cansam. Segundo estudo da agência AGB Panamericana, que mede os índices, em julho canais do Estado só alcançaram 13% de audiência.
As recentes decisões judiciais contra a mídia na Venezuela mostraram a difícil situação da imprensa no país. Neste contexto, o Grupo de Diarios América (GDA), do qual O GLOBO participa, realizou uma série especial, que se encerra nesta quarta-feira, sobre a situação da imprensa venezuelana.
VEJA TAMBÉM

Pasta italiana, al sugo boliviano, garçon brasileño - Revista Veja

Diplomacia

Jerjes Justiniano é o embaixador do narcoestado boliviano em Brasília

VEJA desta semana mostra que representante boliviano assumiu o cargo diplomático há um ano com a missão expressa de fazer frente às denúncias contra os narcofuncionários

Duda Teixeira
“EXPORTA PARA ONDE?” - Jerjes Justiniano com Evo Morales, após sua nomeação em 2012.
“EXPORTA PARA ONDE?” - Jerjes Justiniano com Evo Morales, após sua nomeação em 2012. (Freddy Zarco)
O motivo primordial da perseguição política que levou o senador Roger Pinto Molina a pedir asilo na Embaixada do Brasil em La Paz foi um dossiê que ele entregou no Palácio Quemado, sede do Executivo boliviano, em março de 2011. O pacote trazia cópias de relatórios escritos por agentes da inteligência da polícia boliviana em que se desnudava a participação de membros do partido do presidente Evo Morales, o Movimento ao Socialismo (MAS), e de funcionários de alto escalão do seu governo no narcotráfico. Alguns desses documentos posteriormente também foram obtidos por VEJA e serviram de base para a reportagem “A República da cocaína”, de 11 de julho de 2012. Neles, afirma-se que o atual ministro da Presidência da Bolívia, Juan Ramón Quintana, e a ex-modelo Jessica Jordan entraram na casa do narcotraficante brasileiro Maximiliano Dorado, em Santa Cruz de la Sierra, no dia 18 de novembro de 2010. Os dois saíram cada um com duas maletas tipo 007. A intenção do senador hoje refugiado no Brasil era que o presidente Morales mandasse investigar as denúncias, e assim contribuísse no combate à indústria da pasta de coca - matéria-prima contrabandeada para o Brasil para a produção de cocaína e crack - e à rede de corrupção ligada a ela.
Nenhum suspeito foi interrogado. Em vez disso, Morales iniciou a perseguição ao senador Pinto Molina e nomeou para o posto de embaixador no Brasil o advogado Jerjes Justiniano, que assumiu há um ano com a missão expressa de fazer frente às denúncias contra os narcofuncionários da Bolívia. Morales poderia ter escolhido alguém menos comprometido com o assunto para desempenhar esse trabalho. O filho do embaixador, o também advogado Jerjes Justiniano Atalá, tem entre seus maiores clientes justamente funcionários do governo acusados de narcotráfico. Pior do que isso. Atalá, que no passado dividiu o escritório com o pai, foi o advogado do americano Jacob Ostreicher, que investiu 25 milhões de dólares em plantações de arroz na Bolívia em parceria com a colombiana Cláudia Liliana Rodriguez, sócia e mulher de Maximiliano Dorado. Resumindo a história: o filho do embaixador defendeu o sócio da mulher do traficante brasileiro, aquele que recebeu em sua casa o ministro denunciado por Pinto Molina. Trata-se, no mínimo, de uma coincidência constrangedora para o papel que Justiniano veio desempenhar no Brasil.
Igualmente constrangedor é um vídeo de quatro minutos que mostra o embaixador visitando a fábrica do narcotraficante italiano Dario Tragni, em Santa Cruz de la Sierra, no início de 2010. Na ocasião, Justiniano era candidato ao governo de Santa Cruz pela legenda do presidente Morales. Ele foi derrotado na eleição, que ocorreu em abril. No tour pela fábrica de madeira Sotra, Justiniano percorreu as dependências do local ciceroneado por um Tragni falante e irrequieto. “Esta é uma das máquinas mais produtivas da América Latina”, disse Tragni, apontando para um de seus equipamentos. Justiniano perguntou: “Estão exportando para onde?”. O italiano respondeu orgulhoso que para Espanha, Itália, Estados Unidos e Alemanha. Participou também da visita amigável Carlos Romero, atual ministro do Governo da Bolívia e responsável pela segurança interna do país. O incrível desse episódio é que poucos meses antes, em novembro de 2009, a polícia encontrara na Sotra diversos recipientes com cocaína, somando 2,4 quilos. No quarto de Tragni, foram apreendidos uma balança e um liquidificador com vestígios de cocaína. Um dos conhecidos meios para transportar drogas usado pelos traficantes bolivianos é escondê-las dentro de compensados de madeira para exportação.
Em tempo: em outubro do ano passado, o ator americano Sean Penn foi nomeado por Morales como embaixador mundial da coca. Nem precisava. A Bolívia já tem Jerjes Justiniano despachando em Brasília.   
Leia também: A república da cocaína

Curandeirismos economicos: marxismo e keynesianismo - Gustavo Miquelin Fernandes


“Marx e Keynes são autores marginais na grade escolar e isso não está certo” – Alejandro Robba

 Gustavo Miquelin Fernandes

  
A “BBC Brasil”, há algum tempo, veiculou uma matéria com o seguinte título e subtítulo:

“Governo argentino quer mais Marx e menos neoliberalismo em faculdades de economia”.

“O ministro da Economia da Argentina, Amado Boudou, e seu vice, Roberto Feletti, defendem que as faculdades federais de economia do país modifiquem a atual grade escolar para dar “mais espaço” para as teorias do alemão Karl Marx, do inglês John Keynes e do argentino Raul Prebisch (fundador da Cepal)” [...]

A divulgação data de 14 de outubro de 2011, mas a análise é bem tempestiva e dá um bom embasamento ao texto de hoje.
Não deve causar espanto a notícia. A doutrinação ideológica de nossos vizinhos não é novidade em terras brasileiras – e já foi denunciada em outros órgãos de Governo, a exemplo de um diplomata que recentemente alertou para esse problema dentro do Itamaraty.

A matéria explica que os burocratas governistas querem que as faculdades federais de Economia cedam espaço (mais?) para ideias heterodoxas de autores como Keynes, Marx e Prebisch e teorias mais sintonizadas com o ‘modelo de acumulação com inclusão social’.

Super moderno! São inadmissíveis inflexões mais liberais em cursos da área. Como diz o já citado Alejandro Robba: “isso não está certo”!

Para tais agentes governistas, seria coisa boa ceder mais espaço pedagógico à escolas mais ligadas ao desenvolvimentismo, ao consumo nacional e ao Estado como propulsor do progresso.

Exatamente teses encampadas pelo Governo Dilma Rousseff. E que com os frutos desse belíssimo trabalho presenteia todos os cidadãos. A Presidente seguiu à risca todo painel de ações desenvolvimentista, keynesiano e nacionalista – exatamente como os burocratas argentinos querem.

O país está colhendo os frutos desse fenômeno, que o Ministro chama de “mini-crise”. Esse mesmo Ministro da Fazenda que deu sorte em não nascer em um país sério – teria sido há muito tempo escorraçado do cargo.

O Keynesianismo, dentre outras coisas, segundo alguns economistas austríacos, distorceu uma lei econômica importante – a Lei de Say – o que não foi pouca coisa. Não quero entrar em minúcias dessa escola, mas Keynesianismo, em português bem traduzido, significa abrir o cofre estatal. Torrar dinheiro popular, sem dono, gastar sem poder, dando embasamento teórico para políticos populistas sumirem com dinheiro alheio, pavimentando indesejáveis reeleições e projetos megalomaníacos.

O curioso é que agora que os keynesianos estão pulando do barco que afunda rapidamente, limitando-se a darem mil desculpas e, como Pilatos, lavando inocentemente a mão.
Coitadinhos, enganados por petistas…

Não foram enganados.

Se você conhece algum keynesiano diga a ele que tem responsabilidade moral pelo que ocorre no Brasil. As estatais quebradas, a inflação, o descontrole das contas públicas, a insegurança dos setores de produção e investimento, etc., tudo isso é culpa do embasamento teórico que eles pregam.

Desse triunvirato desenvolvimentista, Raúl Prebisch foi mentor intelectual do “barco furado” das ideias cepalinas e também deve ter lugar garantido nos bancos universitários argentinos.

O desenvolvimentismo da Cepal (Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe) fez nascer uma classe muito peculiar de economistas: Celso furtado, Maria da Conceição Tavares e até o esquerdista FHC.

O erro de Marx creio desnecessário comentar. Pressupõe, claro, algum juízo dos leitores essa minha presunção. Marx, reconheço, não nasceu tão errado como os marxistas que lhe sucederam.

Não é de hoje que os neo-populistas da América Latina lutam por uma “distância de segurança” de um suposto “neoliberalismo” (alguém pode me esclarecer o que seria isso?).

Faz lembrar quase automaticamente o chamado marxismo cultural, que foi a ideia de, na impossibilidade de revoluções materiais ou físicas, se partir para a tentativa da destruição dos valores clássicos da sociedade com o abocanhamento de pilares culturais, para que seja pavimentada outro estado de coisas que sustente um outro regime político.

Fazendo uma pequena digressão, e sem flerte com teorias conspiratórias de internet, que são bem cafonas, veja, em exemplo, como essa doutrina age no campo da religião.

O comunismo pegou uma carona na teologia cristã e fez certas substituições de alguns pilares clássicos por chavões revolucionários, que de tão surradamente toscos, até as criancinhas de tenra idade já se deram conta de sua infantilidade.

Dando exemplos disso:

- a salvação das almas por Jesus (ou outro método escatológico, como as “boas obras”) é trocada pela revolução estatal e depois pela da assunção do Poder pela classe operária;

-o “Paraíso” ou o Céu teologal surge pela abolição da propriedade privada, antecipando para a Terra aqueles lugares, um clima da sociedade dos anjos;

-a materialização da “opus diabolis” ou da figura do Diabo, representando-a pela classe burguesa ou mesmo outros classismos bobos.

Isso, como dito, no campo religioso.

É assim que funciona a usurpação total de um povo – e ela começa no campo das ideias, e esse artigo insinua que a Argentina está muito bem disposta a realizar isso.

A ideia da doutrinação econômica é apenas de reforço. O Keynesianismo representa, sim, a corrente mainstreamdo pensamento universitário. E será assim por muito tempo. Vede a santificação de Paul krugman, considerado guru econômico nos EUA.

Esse engolfamento das ideias clássicas mais ortodoxas por essas ideologias e culturas de porão é visível. Tudo que ameaça o populismo e, nesse artigo trata-se especificamente do populismo econômico, tem de ser rapidamente defenestrado do meio circulante para que o status quo sobreviva livremente.

Voltando à terra da doutrinação ideológica, Néstor Kirchner cujo mandato vigorou entre 2003 e 2007, quando da assunção do cargo, tentou organizar a situação de seu país, decretando moratória. Alguns dados realmente apontam para um crescimento razoável do PIB em seu mandato. Na verdade, esse sucesso é explicado pelo mesmo fato que ocorreu com o Brasil em tempos recentes: o sucesso dos produtos primários no mercado mundial.

E a Argentina tem que fazer isso para buscar a consolidação de seu projeto de poder insano –  buscar essa doutrinação com apelo marxista e keynesiano. Um país claramente socialista. Que controla preços, amordaça a imprensa, pratica estatizações a rodo, e mente sobre dados econômicos que deveriam ser oficiais. As únicas estatísticas críveis são de analistas estrangeiros. A Argentina é uma bagunça. Igualzinho aqui no Brasil.

Não é possível crer que um país que promove boicotes às exportações está trilhando o caminho correto.

O que se quer dizer com tudo isso é que a Argentina tem tudo a ver com Marx, Keynes e ideias cepalinas e deve, sim, controlar as grades universitárias de suas faculdades de Economia.

Repetindo Alejandro Robba em tom quase infantilóide: “Marx e Keynes são autores marginais na grade escolar e isso não está certo”.

Não está certo mesmo! Como sustentar a incoerência ideológica entre o meio acadêmico e as injunções do Governo?
E, não se iludam, o Brasil não está muito distante de nossos hermanosaí de baixo. Estamos juntos, caminhamos lado a lado.

Reconstruir o Itamaraty - Dawisson Lopes (FSP)

ANÁLISE POLÍTICA EXTERNA
Luiz Alberto Figueiredo assume no momento em que o ministério é pressionado pela sociedade como nunca
DAWISSON BELÉM LOPES
ESPECIAL PARA A FOLHA, 01/09/2013

Caberá ao diplomata Luiz Alberto Figueiredo reabilitar o Itamaraty de uma de suas mais ruidosas crises.
Novo chefe da Casa de Rio Branco, ele recebeu de Dilma um mandato implícito: distanciar-se da gestão do ex-ministro Patriota.
O Itamaraty abriga em seu seio diversas contradições.
Ministério dos mais antigos, fundado no Império, constituiu-se em celeiro de estrategistas, intelectuais, artistas e burocratas da melhor estirpe e goza de boa reputação no exterior.
Não obstante, a pasta encontra-se pressionada como nunca pela sociedade, ciosa de que a diplomacia possa, enfim, coadunar-se com a gramática política do século 21.
O chanceler deve atentar para a natureza do cargo. Faz algum tempo que a política externa deixou de estar confinada ao Itamaraty.
Os desafios de Figueiredo são também programáticos. Há que retomar a tradição brasileira de ativismo e contestação às desigualdades nos fóruns multilaterais.
O arrefecimento da campanha por um assento permanente no Conselho de Segurança da ONU e os insucessos na tentativa de uma ampla reforma das instituições de Bretton Woods (FMI e Banco Mundial) foram aspectos lamentados pela cúpula governamental na administração anterior do Itamaraty.
Da perspectiva regional, cumprirá ao ministro a tarefa de recompor as relações com La Paz e Assunção, bem como dar novo impulso ao projeto de integração pós-liberal da América do Sul.
A controvérsia sobre o ingresso da Venezuela no Mercosul serviu de cortina de fumaça para a estagnação de dinâmicas (políticas e econômicas) que são de vital importância para o êxito de nossa diplomacia.
Por fim, Figueiredo deverá levar em conta a necessidade de incluir minorias (mitigando o problema histórico da sub-representação de mulheres e negros no corpo diplomático), combater focos de corrupção e ineficiência, pugnar por maior qualidade na assistência aos brasileiros no exterior e consequentemente aproximar a população do Itamaraty.

DAWISSON BELÉM LOPES é professor de política internacional e comparada da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) e autor de "Política externa e democracia no Brasil" (Ed. Unesp, 2013)

Saboia: o "Snowden" brasileiro [???!!!] - Patricia Campos Mello,jornalista (???)

Modismo? Conjunturalismo? Idiotismo? Falta do que dizer?

A jornalista parece muito mal informada, e totalmente perdida. Sem saber o que dizer, ela inventa que Saboia "era de esquerda", apenas porque trabalhou com Celso Amorim, que era e é de esquerda, tanto que se filou ao PT, caso único na história do Itamaraty.
Não lhe ocorre que diplomatas profissionais exercem suas funções profissionalmente, sem precisar se filiar a qualquer corrente ideológica ou partidária. Menos os "políticos", claro, o que não era o caso de Saboia.
A comparação com Snowden, ou com Assange, é totalmente estapafúrdia, típica de um cérebro desmiolado.
"Queridinho da direita e da oposição", é outra afirmação completamente sem sentido, que ela não imputa a Saboia, mas à oposição, e a essa coisa inexistente no Brasil, que se chama Direita.
Alguém já encontrou a Dona Direita por aí, fazendo campanha?
Se eu quiser falar com a Dona Direita, eu telefono para quem?
Nisso resultam esses cursos de jornalismo e essa reserva de mercado idiota: vários idiotas acabam se tornando jornalistas.
Paulo Roberto de Almeida

O nosso Edward Snowden

Patrícia Campos Mello
Folha de S.Paulo, 28/08/2013

É irônico que Eduardo Saboia vá se transformar em queridinho da direita e da oposição, com direito a loas dos presidenciáveis Aécio Neves e Eduardo Campos.
Na página de apoio a Saboia no Facebook, há uma multidão de pessoas criticando o assessor internacional da Presidência, Marco Aurélio Garcia, e a política externa "comunista" ou "terceiro-mundista" dos presidentes Lula e Dilma.
Saboia era de esquerda. Trabalhou cinco anos como assessor direto do então chanceler Celso Amorim. Era muito próximo do embaixador na Bolívia, Marcel Biato, que foi braço direito de Marco Aurélio Garcia.
Não se trata de ser de oposição ou criticar a política externa brasileira.
As ressalvas de Saboia eram específicas em relação ao tratamento que estava sendo dado a Roger Pinto e à atuação do Brasil com a Bolívia.
"A ideologia do senador não estava em consideração, foi uma ação humanitária, ele estava correndo perigo de vida", disse-me o diplomata, da última vez que conversamos. Ele votou na presidente Dilma.
"Não se trata de um tapa contra a política externa brasileira."
Saboia cometeu, sim, uma insubordinação.
Mas o contexto humanitário justifica essa insubordinação.
O senador não comia há vários dias e estava muito deprimido. O tal grupo de trabalho tinha como função "empurrar com a barriga"uma situação que já durava 15 meses.
A situação do senador era inadmissível. O governo de Evo Morales se recusou a dar salvo-conduto para o senador para que ele pudesse ir para o Brasil em segurança, fato inconcebível. Até ditaduras militares concediam salvo-conduto. Durante meses, Evo usou os torcedores corintianos como moeda de troca (os torcedores, aliás, foram libertados por meio da negociação de Saboia).
Nenhuma realpolitik do governo brasileiro com seus vizinhos e parceiros comerciais do sul justifica essa situação.
Eduardo Saboia é o nosso Edward Snowden. Ele sabia das consequências que sua insubordinação traria, mas mesmo assim seguiu em frente, fazendo a coisa certa.
Por que é que a Unasul foi célere ao condenar a recusa do Reino Unido de dar salvo-conduto a Julian Assange, o fundador do Wikileaks asilado na embaixado do Equador em Londres?
Por que é que o Mercosul afirmou em documento, assinado na cúpula de julho, que os Estados não podem "impedir a implementação" do direito de asilo "por qualquer meio" - referindo-se a Edward Snowden?
Em que Roger Pinto é diferente?
Ele é acusado de crimes comuns, podem dizer.
Ora, Assange também é acusado, inclusive de estupro.
E Snowden também será, por violar confidencialidade.
De mais a mais, há cerca de 100 asilados políticos bolivianos no Brasil, todos políticos de oposição e familiares vindos desde que Evo assumiu --a maioria está cheia de processos e afirma que o governo de Evo usa o judiciário como instrumento de perseguição política.
O fato é que Pinto faz oposição a Evo, e o Brasil não quer "fazer marola" com a Bolívia. A Bolívia que não hesita em fazer marola com o Brasil --vide a revista do avião do ministro Celso Amorim, a expropriação das refinarias da Petrobras na Bolívia em 2006, etc. etc. A lista é longa.
patrícia campos mello
Patrícia Campos Mello é repórter especial da Folha e escreve para o site, às sextas, sobre política e economia internacional. Foi correspondente em Washington durante quatro anos, onde cobriu a eleição do presidente Barack Obama, a crise financeira e a guerra do Afeganistão, acompanhando as tropas americanas. Em Nova York, cobriu os atentados de 11 de Setembro. Formou-se em Jornalismo na Universidade de São Paulo e tem mestrado em Economia e Jornalismo pela New York University. É autora dos livros "O Mundo Tem Medo da China" (Mostarda, 2005) e "Índia - da Miséria à Potência" (Planeta, 2008).

Brasil-Bolivia e politica externa: GloboNews Painel, com Rubens Barbosa, Marco Antonio Villa e Guilherme Casaroes

Neste sábado 31 de Agosto, o GloboNews Painel, dirigido pelo jornalista William Waack recebeu o Embaixador Rubens Antonio Barbosa, o historiador Marco Antonio Villa e o cientista político Guilherme Casarões, para debater a política externa brasileira, à luz dos últimos acontecimentos, entre eles a questão das relações com os vizinhos, sendo a Bolívia o ponto focal, e a queda do chanceler no seguimento desse evento.
Em duas partes, como sempre acontece:



Folha: nao li e nao gostei! Uai, pelo menos dos titulos

Nada posso afirmar sobre o conteúdo, ao qual não tive acesso (ainda; mas se alguém quiser me mandar a matéria, agradeceria), mas a julgar pelos títulos, a matéria é totalmente fora de foco.
Eduardo Saboia como o "nosso Snowden"????
Ou que ele vire o "queridinho da oposição"???
Ou a jornalista não entendeu nada, ou a redação da Folha extrapolou totalmente.
Em todo caso, os títulos desse caderno dominical da FSP são absolutamente inadequados para o caso em questão.
Paulo Roberto de Almeida

31/08/2013 - 04h00
'Folha 10' traz análise sobre diplomata que ajudou na fuga de boliviano

A revista digital "Folha 10" desta semana destaca a análise da repórter especial Patrícia Campos Mello sobre o diplomata Eduardo Saboia, que participou da fuga do senador boliviano Roger Pinto Molina para o Brasil.
O colunista Vinicius Torres Freire recorda algumas das respostas que o governo deu aos apagões que aconteceram nos últimos anos.
Confira também a análise sobre a fala de Barack Obama em homenagem aos 50 anos da Marcha sobre Washington -- o vídeo com o discurso de Martin Luther King está disponível para os usuários de iPad.

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Fim de festa nos emergentes - Alejandro Rebossio (El Pais)

Se acabó la fiesta de los emergentes
Se acabó la fiesta de los mercados emergentes. Las economías de los países en desarrollo se han ralentizado tras la espectacular recuperación de la crisis mundial de 2008/2009 y ya crecen por debajo de lo previsto a principios de año. Muchas de ellas han sufrido fuertes devaluaciones de sus divisas en los últimos tres meses y sus mercados de valores están cayendo con fuerza.

Menos crecimiento y más inflación no es precisamente la combinación ideal para unos países con unas clases medias aún en proceso de consolidación y en los que la pobreza todavía afecta a centenares de millones de personas. Tampoco son buenas noticias para las empresas españolas, que en los últimos años han cosechado grandes beneficios en América Latina y que ahora verán cómo sus filiales ganan menos euros ante la depreciación de las monedas locales.
Aunque el fin de fiesta no significa necesariamente el inicio de un entierro, el hecho es que el panorama se ha deteriorado. El cercano fin de los estímulos monetarios de EE UU, la desaceleración de China, India y Brasil y un eventual agravamiento de la guerra siria lo han enturbiado todo.
En Latinoamérica, la principal economía y la que más capital extranjero ha atraído en lo que va de siglo, Brasil, ha visto cómo el dólar ha subido un 15% desde principios de año. Una depreciación similar padece el peso argentino en el mercado oficial, que está restringido a exportadores e importadores. Pero en la plaza ilegal, adonde concurren los ahorradores que quieren hacerse con divisas, la moneda norteamericana cuesta hasta un 70% más cara que en la legal.
En Asia, el dólar solo ha caído frente al yuan chino un 1,8%. Pero varios países están sufriendo devaluaciones. La moneda estadounidense se ha apreciado el 22% frente a la rupia india y el 15% ante la rupia indonesia. Las depreciaciones también se extienden a Rusia (el dólar subió el 8,9% frente al rublo), Turquía (14,1% contra la lira) y Sudáfrica (22,5% ante el rand).
Lo que sucede es que los capitales especulativos están saliendo de los mercados emergentes y regresando a EE UU, en concreto a los bonos del Tesoro a 10 años, que han mejorado notablemente su rendimiento. ¿Motivo? La Reserva Federal lleva semanas dando señales de que acabará con su política de relajación monetaria —la llamada flexibilización cuantitativa— porque considera que la economía de EE UU está recuperándose y que se acerca la hora de retirar los estímulos. Incluso podría llegar a subir los tipos de interés a finales de año, con lo que se acabaría el dólar barato de los últimos cinco años.
Las devaluaciones de las divisas han llevado a varios bancos centrales a subir en la última semana sus tipos de interés de referencia, entre ellos, los de Brasil e Indonesia, con lo que también se acaba el ciclo de dinero barato en esos países. La presidenta brasileña, Dilma Rousseff, ha dicho que su país cuenta con “munición” para frenar la depreciación del real, en alusión a los 60.000 millones de dólares de los que dispone el Banco Central para ese fin.
Claro que algunos analistas consideran que la Fed debería pensárselo mejor antes de retirar los estímulos. Solo la insinuación de que está dispuesta a hacerlo ya está afectando a unos mercados emergentes que con el tiempo se han convertido en casi la mitad de la economía mundial y cuyo desempeño también impacta en las exportaciones de EE UU. La era del dinero barato ha impulsado el crecimiento de los países en desarrollo y ha atraído hacia ellos capitales especulativos que huían de los bajos rendimientos en EE UU y buscaban mayores beneficios. Además, Gobiernos y empresas de países emergentes se han financiado durante años a tipos de interés muy bajos y en dólares estadounidenses.
Los ciclos de dólar barato suelen coincidir con los de materias primas caras. Los productos básicos, principales exportaciones de Sudamérica, cotizan en moneda estadounidense y suelen encarecerse cuando esta se abarata. Además, en lo que va de siglo han subido de precio por la creciente demanda de China. Las altas cotizaciones de las materias primas, que batieron marcas históricas en el caso de los minerales y se recuperaron de niveles bajos en el de los alimentos, beneficiaron a Sudamérica, Rusia o Sudáfrica. El cambio de política monetaria de EE UU, que también lleva a que los capitales especulativos abandonen los mercados de productos básicos, pero sobre todo la desaceleración de la economía china, están provocando bajadas de precios. La excepción es el petróleo, cuya cotización ha subido ante la posibilidad de que EE UU ataque Siria y agrave la situación en Oriente Próximo.
En lo que va de 2013 han caído la mayoría de los índices bursátiles del mundo emergente, como los de China (-7,6% en lo que va de 2013), India (-5,3%), Indonesia (-4,9%), Corea del Sur (-4,5%), Rusia (-14,8%), Brasil (-18,1%), Chile (-18,7%) y México (-10,4%). Estos retrocesos reflejan también la salida de capitales de los mercados emergentes por el posible cambio de política monetaria de EE UU. Además, influyen unos crecimientos económicos menores a lo esperado, así como las protestas sociales en Brasil o Turquía.
En Latinoamérica, la economía brasileña ya venía desacelerándose, con una expansión de solo el 0,9% en 2012. En marzo pasado, bancos y consultoras preveían un crecimiento del 3,1% para 2013, pero ahora calculan un 2,2%, según la media que recoge la firma Consensus Economics. De todos modos, Brasil, que se ha desviado un poco de la heterodoxia económica con medidas para bajar el precio de la energía y proteger a la industria, sorprendió con un alza del 2,5% del PIB en el segundo trimestre de este año. En cambio, México, que había vuelto a aparecer en la prensa mundial como modelo económico ortodoxo, decreció en el mismo periodo el 0,7% por una caída de la obra pública. Después de expandirse el 3,8% en 2012, los expertos consultados por Consensus Economics esperan que este año México crezca un 2,5%, pero a finales de agosto el propio Banco Central ha rebajado su expectativa al 1,8%. Algunos analistas destacan que las reformas que impulsa el presidente Enrique Peña Nieto, como la energética y la de telecomunicaciones, explican por qué el peso mexicano se ha depreciado menos que otras monedas, pero otros consideran que este país, a diferencia de Brasil, no había recibido tantos capitales golondrina en los últimos años y por eso ahora tampoco está padeciendo tanto su partida.
Argentina desaceleró su crecimiento el año pasado hasta el 1,9%, según sus polémicas estadísticas gubernamentales, que los analistas privados recortan a la mitad. Para 2013, el mercado prevé una expansión del PIB oficial del 3,3%. Su desafío continúa siendo la inflación, que asciende al 23%, según las agencias provinciales de estadística. Pero más problemas de precios atosigan a Venezuela, que este año devaluó el bolívar y con frecuencia afronta escasez de ciertos productos, como la harina de trigo o los repuestos de motos. La inflación venezolana asciende al 42% y le ha costado el puesto a la anterior gobernadora del Banco Central, Edmée Betancourt, que duró cuatro meses hasta que a mediados de agosto fue reemplazada por Eudomar Tovar.
Colombia, que el año pasado creció el 4%, este año se expandiría un 3,9%, según Consensus Economics. En cambio, otras economías más dependientes del precio de los minerales están desacelerándose en mayor medida. Chile, que en 2012 se expandió el 5,6%, pasaría al 4,2%, mientras que Perú rebajaría del 6,3% al 5,6% de un año al otro. El presidente peruano, Ollanta Humala, que también ha enfrentado manifestaciones callejeras, ha reconocido que la crisis internacional ha llegado a su país y el Banco Central ha reaccionado a la mayor depreciación del sol en dos años con fuertes ventas de reservas en dólares.
En Asia, China, que se desaceleró en 2012 con una expansión del 7,8%, crecería esta vez al 7,5%. Precisamente, en el segundo semestre de 2013 la segunda economía mundial sorprendió con una tasa del 7,5%, que demuestra que las rebajas impositivas a las pequeñas empresas y el plan de infraestructuras están dando resultados a la hora de reorientar el motor del crecimiento del sector exportador, dependiente de EE UU y Europa, al mercado interno.
India, que el año pasado redujo su crecimiento al 5%, en 2013 crecería un 5,5%, según bancos y consultoras. Pero el ministro de Hacienda, Palaniappan Chidambaram, admite que su país debe crecer al 8% para crear los empleos necesarios para los jóvenes que ingresan al mercado laboral cada año.
Otros países asiáticos disminuirán también su ritmo de crecimiento entre 2012 y 2013: Indonesia (del 6,2% al 5,8%), que aparecía como la nueva estrella de los mercados hasta las recientes turbulencias monetarias; Malasia (del 5,6% al 4,8%), Filipinas (del 6,8% al 6,7%) y Tailandia (6,5% al 4,3%). Se trata de economías proveedoras de componentes industriales para las fábricas exportadoras de China. En cambio, dos economías asiáticas productoras de bienes finales de alta tecnología tal vez saquen provecho del giro chino hacia un mayor consumo interno: Corea del Sur, que elevaría su crecimiento del 2% en 2012 al 2,7% en 2013, y Taiwán, del 1,3% al 2,5%.
En otra de las potencias emergentes, el Ministerio de Economía rebajó el pasado lunes sus expectativas de crecimiento para 2013 por segunda vez en el año. Se trata de Rusia, que ahora espera un 1,8%, en lugar del 2,4% anterior, por la debilidad de las exportaciones y el consumo. En el segundo trimestre de 2013, Turquía creció a un ritmo del 3,5%, y Sudáfrica, afectada por huelgas de mineros y operarios de las fábricas de coches, el 3,3%.
“Siempre tuve la visión de que el muy rápido crecimiento de los países emergentes en los últimos años era transitorio e insostenible”, opina Dani Rodrik, economista turco y profesor del Instituto de Estudios Avanzados de Princeton (EE UU). “En muchos casos, estaba basado en el dinero barato y los altos precios de las materias primas, y no en una dinámica interna sólida que apoyase el crecimiento sostenido. Pero igualmente no debemos hacer una sobrecorrección y pensar que los mercados emergentes se van por el sumidero”, aclara Rodrik. En su opinión, Latinoamérica puede mantener un crecimiento de alrededor del 4% y África, del 5%, siempre y cuando continúen manejando su macroeconomía razonablemente bien. “Asia lo puede hacer mejor”, confía Rodrik, que destaca este continente cuando se le pregunta si puede haber excepciones en la turbulencia actual. El economista turco explica que Asia siempre ha crecido más que Latinoamérica porque “aún tiene más espacio para el cambio estructural, es decir, llevar a campesinos pobres a trabajar por salarios mayores a fábricas y servicios”. No obstante, Rodrik alerta de que en la economía china se han cimentado algunos desequilibrios severos que pueden afectar a toda Asia.
Otro economista, el norteamericano Jan Kregel, del Levy Economics Institute de Bard College, recuerda que el periodo del dinero barato trajo capitales a los mercados emergentes, pero también condujo a una excesiva apreciación de sus monedas, como había ocurrido en Brasil, con el consiguiente perjuicio para la competitividad de su industria. De hecho, el ministro de Hacienda colombiano, Mauricio Cárdenas, dio la bienvenida a la depreciación del peso, y lo mismo ha sucedido con el gobernador del Banco Central de Turquía, Erdem Basci, que descartó subir los tipos para apreciar la lira. “Ahora caen el comercio, la inversión, la actividad interna y los precios de las materias primas, suben los tipos y la inflación, pero esto puede tener algo bueno”, opina. “El énfasis en una economía exportadora de productos básicos no es muy beneficioso para el desarrollo a largo plazo porque tienen precios extremadamente volátiles”.
“Si China cambia su modelo de crecimiento, Latinoamérica también tendrá que hacerlo”, advierte Kregel. Si el gigante asiático crece menos y reduce su orientación exportadora, demandará menos minerales. Quizá el consumo de alimentos no se desacelere, pero el profesor estadounidense señala que el régimen de Pekín está liberalizando su sector agrícola para que cooperativas pequeñas sean reemplazadas por grandes empresas, con el fin de elevar la productividad. “No es un proceso que demorará un año, pero China irá reduciendo su necesidad de importar materias primas”, opina Kregel.
En este siglo, las economías latinoamericanas han conseguido divisas con la exportación de productos básicos y así han estimulado el mercado interno. Aunque pocos se atreven a pronosticar el final de los altos precios de las materias primas, y muchos solo hablan de moderación en los valores, Kregel observa que los países sudamericanos deberán adoptar medidas para estimular la inversión y el consumo domésticos. “Las devaluaciones harán más competitivas las manufacturas, ¿pero a quién las venderán? ¿A China? ¿A Europa, que no crece? ¿A EE UU, que no crece más del 2%? El motor del crecimiento deberá cambiar”, insiste Kregel.

Curandeirismo medico cubano importado no Brasil - depoimento de um cubano evadido

A excelência da medicina cubana - O outro lado da história : " Nossa medicina é quase curandeirismo", diz o médico cubano Gilberto Velazco
VEJA ON LINE, 30/08/13

"Nossa medicina é quase de curandeirismo", diz doutor cubano Gilberto Velazco Serrano, de 32 anos, conta por que, em 2006, desertou de uma missão de seu país na Bolívia - na qual os médicos eram vigiados por paramilitares

Aretha YarakO cubano Gilberto Velazco Serrano, de 32 anos, é médico. Na ilha dos irmãos Castro ele aprendeu seu ofício em meio a livros desatualizados e à falta crônica de medicamentos e de equipamentos. Os sonhos de ajudar os desamparados bateu de frente, ainda durante sua formação universitária, com a dura realidade de seu país: falta de infraestrutura, doutrinação política e arbitrariedade por parte do governo. "É triste, mas eu diria que o que se pratica em Cuba é uma medicina quase de curandeirismo”, diz  Velazco

Ao ser enviado à Bolívia em 2006, para o que seria uma ação humanitária, o médico se viu em meio a uma manobra política, que visava pregar a ideologia comunista. “A brigada tinha cerca de 10 paramilitares, que estavam ali para nos dizer o que fazer”. Velazco não suportou a servidão forçada e fugiu. Sua primeira parada foi pedir abrigo político no Brasil, que permitiu sua estada apenas de maneira provisória. Hoje, ele mora com a família em Miami, nos Estados Unidos, onde tem asilo político e estuda para revalidar seu diploma. De lá, ele concedeu a seguinte entrevista ao site de VEJA:

Como os médicos são selecionados para as missões?
Eles são obrigados a participar. Em Cuba, se é obrigado a tudo, o governo diz até o que você deve comer e o que estudar. As brigadas médicas são apenas uma extensão disso. Se eles precisam de 100 médicos para uma missão, você precisa estar disponível. Normalmente, eles faziam uma filtragem ideológica, selecionavam pessoas alinhadas ao regime. Mas com tantas colaborações internacionais, acredito que essa filtragem esteja menos rígida ou tenha até acabado.

Como foi sua missão?
Fomos enviados 140 médicos para a Bolívia em 2006. Disseram que íamos ficar no país por três meses para ajudar a população após uma enchente. Quando cheguei lá, fiquei sabendo que não chovia há meses. Era tudo mentira. Os três meses iniciais viraram dois anos. O pior de tudo é que o grupo de 140 pessoas não era formado apenas por médicos - havia pelo menos 10 paramilitares. A chefe da brigada, por exemplo, não era médica. Os paramilitares estavam infiltrados para impedir que a gente fugisse.

Paramilitares?
Vi armas dentro das casas onde eles moravam. Eles andavam com dinheiro e viviam em mansões, enquanto nós éramos obrigados a morar nos hospitais com os pacientes internados. Quando chegamos a Havana para embarcar para a Bolívia, assinamos uma lista para registro. Eram 14 listas com 10 nomes cada. Em uma delas, nenhum dos médicos pode assinar. Essa era a lista que tinha os nomes dos paramilitares.

Como era o trabalho dos paramilitares?
Não me esqueço do que a chefe da brigada disse: “Vocês são guerrilheiros, não médicos. Não viemos à Bolívia tratar doenças parasitárias, vocês são guerrilheiros que vieram ganhar a luta que Che Guevara não pode terminar”. Eles nos diziam o que fazer, como nos comportar e eram os responsáveis por evitar deserções e impedir que fugíssemos. Na Bolívia, ela nos disse que deveríamos estudar a catarata. Estávamos lá, a priori, para a atenção básica – não para operações como catarata. Mas tratar a catarata, uma cirurgia muito simples, tinha um efeito psicológico no paciente e também na família. Todos ficariam agradecidos à brigada cubana.

Você foi obrigado a fazer algo que não quisesse?
Certa vez, eu fui para Santa Cruz para uma reunião, lá me disseram que eu teria de ficar no telefone, para atender informações dos médicos e fazer estatísticas. O objetivo era cadastrar o número de atendimentos feitos naquele dia. Alguns médicos ligavam para passar informações, outros não. Eu precisava falar com todos, do contrário os líderes saíam à caça daquele com quem eu não havia conversado. Quando terminei o relatório, 603 pacientes tinham sido atendidos. Na teoria, estávamos em 140 médicos na Bolívia, mas foi divulgado oficialmente que o grupo seria de 680. Então como poderiam ter sido feitas apenas 603 consultas? Acabei tendo que alterar os dados, já que o estabelecido era um mínimo de 72 atendimentos por médico ao dia. Os dados foram falsificados.

Como é a formação de um médico em Cuba?
Muito ruim. É uma graduação extremamente ideologizada, as aulas são teóricas, os livros são velhos e desatualizados. Alguns tinham até páginas perdidas. Aprendi sobre as doenças na literatura médica, porque não tinha reativo de glicemia para fazer um exame, por exemplo. Não dava para fazer hemograma. A máquina de raio-X só podia ser usada em casos extremos. Os hospitais tinham barata, ratos e, às vezes, faltava até água. Vi diversos pacientes que só foram medicados porque os parentes mandavam remédios dos Estados Unidos. Aspirina, por exemplo, era artigo raro. É triste, mas eu diria que é uma medicina quase de curandeiro. Você fala para o paciente que ele deveria tomar tal remédio. Mas não tem. Aí você acaba tendo que indicar um chá, um suco.

Como era feita essa "graduação extremamente ideologizada" que o senhor menciona?
Tínhamos uma disciplina chamada preparação militar. Ficávamos duas semanas por ano fora da universidade para atender a essa demanda. Segundo o governo cubano, o imperialismo iria atacar a ilha e tínhamos que nos defender. Assim, estudávamos tudo sobre bombas químicas, aprendíamos a atirar com rifle, a fazer maquiagem de guerra e a nos arrastar no chão. Mas isso não é algo exclusivo na faculdade de medicina, são ensinamentos dados até a crianças.

Como é o sistema de saúde de Cuba?
O país está vivendo uma epidemia de cólera. Nas últimas décadas não havia registro dessa doença. Agora, até a capital Havana está em crise. A cólera é uma doença típica da pobreza extrema, ela não é facilmente transmissível. Isso acontece porque o sistema público de saúde está deteriorado. Quase não existem mais médicos em Cuba, em função das missões.

Por que você resolveu fugir da missão na Bolívia?
Nasci em Cuba, estudei em Cuba, passei minha vida na ilha. Minha realidade era: ao me formar médico eu teria um salário de 25 dólares, sem permissão para sair do país, tendo que fazer o que o governo me obrigasse a fazer. Em Cuba, o paramédico é uma propriedade do governo. A Bolívia era um país um pouco mais livre, mas, supostamente, eu tinha sido enviado para trabalhar por apenas três meses. Lá, me avisaram que eu teria de ficar por dois anos. Eu não tinha opção. Eram pagos 5.000 dólares por médico, mas eu recebia apenas 100 dólares: 80 em alimentos que eles me davam e os 20 em dinheiro. A verdade é que eu nunca fui pago corretamente, já que médico cubano não pode ter dinheiro em mãos, se não compra a fuga. Todas essas condições eram insustentáveis.

Você pediu asilo no Brasil?
Pedi que o Brasil me ajudasse no refúgio. Aleguei que faria o Revalida e iria para o Nordeste trabalhar em regiões pobres, mas a Polícia Federal disse que não poderia regularizar minha situação. Consegui um refúgio temporário, válido de 1 de novembro de 2006 a 4 de fevereiro de 2007. Nesse meio tempo, fui à embaixada dos Estados Unidos e fui aprovado.

Após a sua deserção, sua família sofreu algum tipo de punição?
Eles foram penalizados e tiveram de ficar três anos sem poder sair de Cuba. Meus pais nunca receberam um centavo do governo cubano enquanto estive na Bolívia, mas sofreram represálias depois que eu decidi fugir.

Quando você foi enviado à Bolívia era um recém-formado. A primeira leva de cubanos no Brasil é composta por médicos mais experientes...
Pelo o que vivi, sei que isso é tudo uma montagem de doutrinação. Essas pessoas são mais velhas porque os jovens como eu não querem a ditadura. Eu saí de Cuba e não voltei mais. No caso das pessoas mais velhas, talvez eles tenham família, marido, filhos em Cuba. É mais improvável que optem pela fuga e deixem seus familiares para trás. Geralmente, são pessoas que vivem aterrorizadas, que só podem falar com a imprensa quando autorizadas.

Os médicos cubanos que estão no Brasil deveriam fazer o Revalida?

Sim. Em Cuba, os médicos têm de passar por uma revalidação para praticar a medicina dentro do país. Sou favorável que os médicos estrangeiros trabalhem no Brasil, mas eles precisam se adequar à legislação local. Além do mais, a formação médica em Cuba está muito crítica. Eu passei o fim da minha graduação dentro de um programa especial de emergência. A ideia era que eles reduzissem em um ano minha formação, para que eu pudesse ser enviado à Bolívia. O governo cubano está fazendo isso: acelerando a graduação para poder enviar os médicos em missões ao exterior.