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Este blog trata basicamente de ideias, se possível inteligentes, para pessoas inteligentes. Ele também se ocupa de ideias aplicadas à política, em especial à política econômica. Ele constitui uma tentativa de manter um pensamento crítico e independente sobre livros, sobre questões culturais em geral, focando numa discussão bem informada sobre temas de relações internacionais e de política externa do Brasil. Para meus livros e ensaios ver o website: www.pralmeida.org. Para a maior parte de meus textos, ver minha página na plataforma Academia.edu, link: https://itamaraty.academia.edu/PauloRobertodeAlmeida;

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quarta-feira, 5 de outubro de 2016

Eleicoes 2016: PT derrotado pelo povo - Augusto de Franco

DAGOBAH

NL 0026 - 04/10/2016


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O PT derrotado pela sociedade brasileira

Quem derrotou o PT não foi o PSDB, não foi Alckmin, não foi Temer ou o PMDB. Quem derrotou o PT foi a sociedade brasileira. Ou se entende isso, ou não se entende nada 

Nas eleições municipais de 2016, a primeira após o impeachment de Dilma e da operação Lava Jato, a sociedade brasileira mandou dois recados: um ao velho sistema político que apodreceu e outro ao projeto neopopulista do PT. 


O PRIMEIRO RECADO 

O primeiro recado foi claro. As eleições, do modo como estão organizadas, não são mais um método confiável de verificação da vontade política coletiva. E não em razão das fraudes a que estão expostas, mas de todo tipo de manipulação da opinião pública a que elas são vulneráveis, inclusive pelos institutos de pesquisa, que são autorizados pelas leis a fazer profecias auto-realizáveis na reta final das campanhas. Se um instituto de pesquisa diz, às vésperas do pleito (e não podendo ser contraditado antes da votação), que um candidato tem chances de vencer ou passar para o segundo turno, isso alimenta artificialmente o voto útil e fornece uma espécie de anabolizante para a militância cair em campo na boca de urna. É doping

Em São Paulo, tanto o investimento overnight do Datafolha, quanto a pesquisa boca-de-urna do Ibope (que inaugurou a margem de erro de 18%), foram mal-recebidos pelas pessoas. Ao querer forçar a passagem de Haddad para o segundo turno, carreando para ele votos dos adversários do seu campo, o Datafolha obteve o efeito inverso. Os eleitores do campo oposto reagiram aumentando o voto útil em Dória, que liquidou a fatura no primeiro turno. O Ibope apenas se desmoralizou. 

Mas o recado principal mesmo não foi esse. Ele veio através do não-voto. Ainda não temos neste momento os dados oficiais do TSE, sobre o número de abstenções, nulos e brancos em todo o país. Mas a amostragem de algumas capitais e cidades importantes já é suficiente para ler o o recado. 

Examinemos os quadros do não-voto no Rio de Janeiro (capital), São Gonçalo (uma singularidade, pois ultrapassou os 40%), São Paulo, Belo Horizonte, Porto Alegre, Curitiba, Cuiabá e Aracaju. Os números não são exatos e foram usados nos diagramas abaixo apenas para efeitos demonstrativos.

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Se compararmos a evolução do não-voto neste século (eleições municipais de 2000, 2004, 2008, 2012 e 2016) veremos uma curva preocupante. É claro que a curva é ainda mais preocupante se considerarmos que o voto é obrigatório. Enquanto esse estudo não fica pronto (pela dificuldade de reunir os dados oficiais das eleições de 2016), já podemos avançar algumas conclusões preliminares. 

Neste momento, quase um terço dos eleitores brasileiros não-votam. E esse número, ao que tudo indica, tende a crescer (se extrapolarmos matematicamente a curva). As pessoas que votam, em grande parte votam porque votar é obrigatório. Só uma pequena porcentagem se empolga com o ato de votar e isso não tem a ver, como apregoam as almas pias, com falta de educação política ou cultura cívica. A maioria não se empolga porque não acredita mais no "método", por assim dizer. As pessoas acham que os candidatos disponíveis não as representam e, mais ainda, não avaliam que o sistema político, do modo como está organizado e funciona, seja capaz de expressar seus interesses, desejos e opiniões. É claro que a descoberta, quase diária, de esquemas de corrupção urdidos por políticos, também contribuiu muito para aumentar a desconfiança da sociedade em relação ao sistema político. 

O problema é que isso - o descrédito do sistema representativo - não se conserta com as propostas de reforma política que alguma vez foram cogitadas: fidelidade partidária, cláusula de barreira (com diminuição do número de partidos), financiamento exclusivamente estatal ou exclusivamente pessoal de campanha, redução ou aumento do tempo de campanha, redução ou aumento do horário eleitoral compulsório em rádio e TV, proibição do videotape na propaganda televisiva, voto em lista fechada e predeterminada, mandato imperativo, voto distrital, parlamentarismo... Propostas como voto facultativo, recall e ostracismo (o impedimento do representante se candidatar depois de um ou dois mandatos), talvez tivessem mais impacto, mas nem isso se sabe ao certo. 

O fato é que o eleitor sabe que eleger alguém é sempre como passar um cheque-em-branco. A não ser que o recall fosse a qualquer tempo (uma proposta muito difícil de ser operacionalizada), durante o período de autonomia do eleito em relação ao eleitor (hoje de 4 anos), ele fará o que quiser e bem-entender e ficará tudo por isso mesmo. Ele - o eleitor - sente que apenas vai fazer um favor a alguém (que quer se dar bem na vida, muitas vezes roubando), sem reciprocidade. 

Resultado: em 2016 tivemos, em muitos casos, o não-voto vencendo o voto. Constata-se - a conferir melhor - que a soma de votos brancos, nulos e abstenções "venceria" no 1º turno em nove capitais. O que isso significa? 

O problema de fundo é que as eleições são mecanismos pobremente adesivos (delegativos) em um mundo que já é, em grande parte, altamente interativo. Com a emergência de uma sociedade-em-rede nos últimos anos, o mecanismo eleitoral soa como algo ultrapassado, ineficaz e terrivelmente aborrecido. É mais ou menos como o fax em uma época que as pessoas enviam anexos pelo WhatsApp Messenger ou pelo Messenger do Facebook. O velho sistema político não apodreceu porque é corrupto, como creem os moralistas. Apodreceu porque deixou de mudar de acordo com a mudança das circunstâncias. 

Esse problema não será resolvido se não forem instituídos processos e mecanismos interativos por meio dos quais os cidadãos possam influir no processo político nos seus próprios termos, quando quiserem e onde estiverem, lançando mão de tecnologias já disponíveis e acessíveis à toda população (telefone fixo ou mobile, osmartphone, o tablet, o laptop e o desktop, usando programas já suficientemente dominados como a telefonia digital robotizada, o SMS, o WhatsApp ou o Telegram e demais aplicativos responsivos de troca de mensagens, consultas, pesquisas e levantamento e tratamento de dados acumulados - Big Data). Mas - atenção! - a tecnologia não é o fundamental. Processos e mecanismos interativos por meio dos quais os cidadãos possam influir no processo político devem ser baseados numa visão da democracia em uma sociedade em rede. Para tanto, deveríamos considerar as seguintes características de uma democracia já possível nas sociedades realmente existentes na contemporaneidade: distributividade, interatividade, procedimentos diretos, revocabilidade, lógica da abundância, dinâmicas de multidões e comunidades, cooperação e coexistência de múltiplas realidades glocais. Não cabe explicar cada um desses atributos neste artigo, mas fica o registro para ulterior desenvolvimento. 

É claro que uma proposta como esta será empurrada, pelos habitantes do velho sistema político, para o reino dos futuríveis. Mas quanto mais empurrarmos para frente o necessário aggiornamento do sistema político, mais a situação se agravará e mais crescerá o descrédito com a política. Quando mais de 50% dos eleitores praticarem o não-voto, alguém talvez acorde. Mas vamos esperar deitados. 


O SEGUNDO RECADO 

O segundo recado das urnas foi para o PT. Em algumas horas de um único dia os eleitores rebaixaram o PT para a segunda divisão. 

Vamos aos dados. Atualmente, o Brasil possui 5.570 municípios que somados elegem a cada quatro anos cerca de 57.000 vereadores. O PT elegeu 2.795. Dos 5.570 prefeitos, elegeu 256. Se houvesse uma cláusula de barreira de 5% municipal o PT seria barrado, pois só elegeu 4,9% dos vereadores e 4,6% dos prefeitos. E o pior é que o partido perdeu cerca de 50% dos vereadores e 60% dos prefeitos que já tinha (sendo que o volume de receitas administradas pelos petistas será agora 84% menor). Com tal resultado o PT voltou a 1985, quando Maria Luíza Fontenele foi eleita prefeita de Fortaleza. A única fortaleza que restou em 2016 foi Rio Branco (pois é muito provável que o PT perca também o único segundo turno que alcançou: Recife). 

Além de perder o governo (com o impeachment de Dilma), o PT também perdeu a hegemonia (pelo menos numérica) na oposição. O PDT - na oposição a Temer - ultrapassou o PT, tanto em número de prefeitos eleitos (334 a 256) quanto em número de vereadores (3.756 a 2.795).

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O pior é que o PT foi batido em quase todo lugar que considerava estratégico, sobretudo no berço do partido, na região do ABC. Até Marcos Cláudio Lula da Silva, filho de Lula, só conseguiu 1.504 votos em São Bernardo do Campo e não foi reeleito. E em praticamente todo lugar em que Lula foi fazer campanha, seu candidato foi derrotado, com destaque para o solerte Marcio Pochmann, em Campinas. 

O fato é que, com estas eleições, o PT vai virando uma espécie de PCdoB. Ou um partido baiano... (perdão pelo duplo sentido) sem Salvador (onde venceu ACM Neto no primeiro turno, com um horror de votos). 

E contra fatos, não há argumentos. As eleições mostraram que a sociedade brasileira rejeitou a falsa narrativa do golpe e o Fora Temer. A tal Carina Vitral, presidente da UNE e uma das campeãs do Fora Temer, foi um desastre eleitoral em Santos: teve apenas 6% dos votos para prefeita. Aliás, a soma dos resultados de todos os partidos que dizem que o impeachment foi golpe não ultrapassa 20%. 

É incontestável, portanto, quem saiu derrotado nas eleições: o PT. Mas o vitorioso não foi nenhum articulador genial e sim a sociedade brasileira. A imensa maioria, dos que foram votar e deram votos válidos, votou em vários candidatos de diversos partidos: só não votou no PT. Podemos dizer que os candidatos do PT foram cuidadosamente escolhidos pelo eleitor para não serem eleitos e que esse foi um sentimento difuso e generalizado, não o resultado de uma orientação centralizada, nem o efeito de um movimento organizado. Sim, foi a sociedade que deu o troco depois de 10 anos de pilantragem do governo, banditismo de Estado e péssimos resultados econômicos com inflação e desemprego. E quando a sociedade faz isso, só pode mesmo fazê-lo de modo distribuído, sem combinação prévia, sem orquestração. Todo mundo estava de saco cheio do PT: muitos nem foram votar, outros foram, mas protestaram anulando o voto ou votaram em branco; os que deram votos válidos, entretanto, em sua imensa maioria, escolheram qualquer um, ou - de preferência - qualquer um que barrasse o acesso do PT ao Estado (e só assim se explica, por exemplo, a extraordinária votação de João Dória e não pelas artes mágicas de Geraldo Alckmin). 

Quem derrotou o PT não foi o PSDB, não foi Alckmin, não foi Temer ou o PMDB. Quem derrotou o PT foi a sociedade brasileira. Ou se entende isso, ou não se entende nada.

terça-feira, 4 de outubro de 2016

Luigi Barzini e as origens da máfia (a original, não a sua contrafacaocompanheira)

Today's selection -- from The Italians by Luigi Barzini. The Sicilian mafia, which predates and is separate from the American Mafia, had its origins in the frequent invasions of Sicily, the resulting centuries of violence, and the tattered remnants of the chivalric code brought by the Normans a thousand years ago:

"Nobody really knows what the word [mafia] means, where it came from, [or] where the thing originated. ... Sicilians mention the word reluctantly, and only to make themselves understood when talking to mainland Italians or to foreigners. They prefer to call it the onorata società, or honoured association, or some other name. The members are usually known as gli amici, the friends, or gli amici degli amici, the friends of friends. Sober businessmen in Palermo use a brisk, modern, businesslike term, when mentioning the influential Mafia men they occasionally turn to for help in a difficult predicament: they call them uomini qualificati, qualified men, specialists.

"This much is known of the Mafia's origins: for centuries landowners used to set up private little armies of their own to defend their families and estates from marauding bandits. There were few roads, the island was wretchedly governed by rapacious foreigners, revolt against alien laws and institutions was endemic. These so-called compagnie d'armi maintained some sort of primitive justice by drastic means: as they had no courts of law and no prisons they had to punish the smallest crime with the death sentence. Justice was conceived as something innate in man: wrongs were righted, the weak defended, robbers punished, the outraged virgins married off to their seducers, according to what was, in reality, a rough peasant version of the code of chivalry which the Norman invaders had brought to the island in 1070, and which had been kept alive by the teatro dei pupi the puppets' theatre, frequented by grown-ups as well as children, dedicated to the noble feats of Charlemagne's knights.


1900 map of Mafia presence in Sicily.


"Even today the more traditional Mafia men try to maintain the fiction that they are not ordinary criminals but the enemies of criminals; that they do not commit crimes but are sometimes regretfully compelled to employ force in order to finance themselves and to enforce their law, which, after all, they explain, has been for centuries the only valid law in Sicily, the only defense against anarchy. In effect, the visible lives of the old high-ranking Mafia men are generally spotless. They are good fathers, good husbands, good sons; their word is sacred; they fastidiously refrain from having anything to do with spying, prostitution, drugs, or dishonest swindles. They never betray a friend. They are always devoted churchmen, who give large sums to the local parish or to the deserving poor. Many have sisters in convents and brothers in holy orders. When considering the società, one must not forget this remnant of the Middle Ages, this cherished rhetoric which is not wholly fictitious. It is important. It distinguishes the Sicilian Mafia from strictly criminal organizations or plain rackets, as the American so-called Mafia really are. It also furnishes a noble alibi to honest men for their occasional collaboration.

"Most leaders of compagnie d'armi, like the sheriffs in Western films, found it convenient at times to recruit new men among the bandits themselves, usually the older bandits who tired of life in the woods, wanted stability and longed for the respectability of family life. They were the only men around who did not fear taking risks. The dividing line between law-breaker and law-enforcer became more and more indistinguishable. It was easy for men to put from one group to another and back again. The compagnie d'armidegenerated. It was tempting for them, so far from any control, to come to a working agreement with their enemies, the outlaws, so that all could co-exist and prosper peacefully. If the bandits played the game, and did their robbing and killing in other territories, they were well taken care of; if they wanted trouble, they were destroyed.

"The landowner was usually far away, in Palermo or in Naples. If he was on the spot and he discovered that his guards were the accomplices of the bandits, he was quickly placed in a distressingly awkward position. He had no choice. He had to accept the will of his men. They protected him, his family, his castle, his cellars and granaries, did they not? What did he care if they played havoc at times with his neighbours' possessions? His guards could impose their will on him. In return for their services, he naturally had to pay them a share of the crops (did one not always do that with governments?), overlook their crimes, defend them from the official authorities with his influence, and see to it that they were never punished for the outrages, kidnappings, extortions, robberies, and murders which they committed elsewhere.

"The primordial and arcadian form of the Mafia with its mixture of ruthless brutality and noble sentiments still exists in Sicily wherever large estates survive."

The Italians
Author Luigi Barzini 
Publisher Penguin Books
Copyright Luigi Barzini, 1964
Pages 283-285

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segunda-feira, 3 de outubro de 2016

Colombia entre o sim e o nao, com perdao ou sem perdao para as FARC - artigos diversos

A desinformação da imprensa em geral, no Brasil em particular, sobre as razões do "não" da maioria do povo colombiano ao plano de "paz" com as FARC -- ou de perdão inaceitável, para muitos dos que foram votar --  permanece obscurecida por muito "achismo", e um lamento geral contra a "oportunidade perdida".
Ainda que se possa lamentar a pequena vitória do Não -- certamente imputável a muita raiva de "sofredores" e indignados com o perdão dado ao grupo terrorista e narcotraficante, e informado pelo "direito" desse grupo estar representado no parlamente "de direito" --, e justamente lamentado por intelectuais de diversos calibres e tendências, cabe respeitar a expressão legítima das urnas, ainda que o Não tivesse ganho por apenas UM voto (mas foram mais de 50 mil, em face de muita abstenção e ausentismo por parte dos favoráveis).
Eu também lamento o Não, mas não concordo em que o grupo criminoso saia premiado do processo, o que só se explica pelo afã do presidente colombiano atual de aparecer como um grande "pacificador" de um conflito de mais de meio século na Colômbia.
Também detestaria, e acharia um escândalo, que o presidente Santos e o líder guerrilheiro Timoshenko ganhassem um Prêmio Nobel da Paz por isso, que seria a coisa mais despropositada que poderia ocorrer na história não muito linear do Nobel, só superior ao imerecido Nobel da Paz ganho por Kissinger e Le Duc Tho na saída da guerra do Vietnã.
Abaixo alguns artigos mais bem informados sobre o processo, agora em suspenso.
Paulo Roberto de Almeida

Uribe barrió a Santos
(Infolatam).- "Dos puntos son sapos intragables para la población: que los jefes de la guerrilla no pisen la cárcel y que puedan hacer política. Ahora Santos y Timochenko tendrán que agachar la cabeza y revisar esas concesiones si quiere contar con la mitad del país. En todo caso, lo que quedó claro es que las FARC no vuelven a tomar las armas y el ELN tampoco rechaza las negociaciones que empezará pronto".

Colombia: Uribe no acude a reunión convocada por Santos con los líderes
El expresidente colombiano Álvaro Uribe no acudió a la reunión convocada por el presidente Juan Manuel Santos con los líderes de los partidos políticos del país para analizar el camino a seguir tras la derrota del "sí" en el plebiscito del domingo sobre el acuerdo de paz con las FARC.

Colombia tras el No: Plan B, con Uribe como gran triunfador
(Infolatam, Por Rogelio Núñez)-. El sorprendente triunfo del "No" en el plebiscito de Colombia abre una nueva etapa política en este país Un nuevo tiempo marcado por la puesta en marcha por parte de Juan Manuel Santos de un Plan B para rehacer los acuerdos de paz de La Habana y por la emergencia de Álvaro Uribe como la figura clave del nuevo periodo.

Jefe negociador del Gobierno pone cargo a disposición de Santos
El jefe negociador del Gobierno colombiano en el proceso de paz con las FARC, Humberto de la Calle Lombana, puso su cargo a disposición del presidente Juan Manuel Santos, tras el triunfo del "no" en el plebiscito del domingo con el que se buscaba refrendar el acuerdo alcanzado en La Habana.

Is Leftist Era Fading in Latin America? Ask Colombia and Brazil
By SIMON ROMERO, The New York Times
The rejection of a peace deal in Colombia and leftist party losses in Brazil are the latest signs that conservatives are on the rise in the region.

5 stories to read about Colombia’s 52-year conflict with FARC
Brush up by reading these five stories about Colombia's 52-year conflict with FARC.
By Jennifer Amur , The Washington Post

La sorpresa estalla en Colombia
Carlos Malamud, Instituto El Cano

Colombia después del NO
 Blog Instituto El Cano
 

domingo, 2 de outubro de 2016

Werner Baer homenageado no Senado brasileiro - nota de imprensa

Influência de Werner Baer na formação de economistas brasileiros é tema de seminário

   
29/09/2016, 16h16 - ATUALIZADO EM 29/09/2016, 20h08
As Comissões de Assuntos Econômicos (CAE) e de Ciência e Tecnologia  (CCT) promoveram, nesta quinta-feira (29),  seminário sobre a de economia brasileira em homenagem ao professor americano Werner Baer. Doze economistas brasileiros, discípulos de Baer, discutiram o legado intelectual do professor americano para o Brasil e os caminhos para a superação da crise. O economista Cláudio de Moura Castro disse que Baer abriu as portas de prestigiadas universidades americanas para pesquisadores brasileiros. O organizador do seminário, senador Cristovam Buarque (PPS-DF), ressaltou que Werner Baer legou ao Brasil a geração que estruturou os altos estudos brasileiros em Economia, sem fazer distinção entre correntes de pensamento. A reportagem é de Marcela Diniz, da Rádio Senado.

 
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Economia brasileira: ainda fazendo agua, ou afundando mais um pouco - Ricardo Bergamini rele ata do BC

Ricardo Bergamini, sempre cáustico, resume a situação atual da economia brasileira

- Em doze meses, os juros nominais atingiram R$418 bilhões (6,86% do PIB).
- Em doze meses, o déficit nominal alcançou R$587 bilhões (9,64% do PIB).
- A Dívida Bruta do Governo Geral (Governo Federal, INSS, governos estaduais e governos municipais) alcançou R$4.272,8 bilhões em agosto (70,1% do PIB).

Política Fiscal – Fonte BCB
Base: Agosto de 2016

I - Resultados fiscais
O setor público consolidado registrou déficit primário de R$22,3 bilhões em agosto. O Governo Central e os governos regionais apresentaram déficits primários de R$22,1 bilhões e R$653 milhões, respectivamente, enquanto as empresas estatais registraram superávit primário de R$529 milhões.
No ano, o déficit primário acumulado foi de R$58,9 bilhões, ante déficit de R$1,1 bilhão no mesmo período de 2015. No acumulado em doze meses, registrou-se déficit primário de R$169 bilhões (2,77% do PIB), elevando-se 0,23 p.p. do PIB em relação ao mês anterior.
Os juros nominais apropriados por competência alcançaram R$40,7 bilhões em agosto, praticamente no mesmo patamar observado em julho. Observou-se, por um lado, ganho de R$4,3 bilhões nas operações de swap cambial no mês (comparativamente a perda de R$1,8 bilhão em julho) e, em sentido contrário, elevação no volume de juros apropriados em decorrência de um maior número de dias úteis em agosto. No acumulado no ano, os juros nominais totalizaram R$254,6 bilhões, ante R$338,3 bilhões no mesmo período do ano anterior. Em doze meses, os juros nominais atingiram R$418 bilhões (6,86% do PIB), reduzindo-se 0,19 p.p. do PIB em relação ao observado em julho.
O resultado nominal, que inclui o resultado primário e os juros nominais apropriados, foi deficitário em R$62,9 bilhões em agosto. No ano, o déficit nominal totalizou R$313,4 bilhões, comparativamente a déficit de R$339,4 bilhões no mesmo período do ano anterior. Já no acumulado em doze meses, o déficit nominal alcançou R$587 bilhões (9,64% do PIB), elevando-se 0,04 p.p. do PIB em relação ao valor registrado em junho.
O déficit nominal do mês foi financiado mediante expansões de R$50,6 bilhões na dívida mobiliária e de R$17,2 bilhões na dívida bancária líquida, compensadas, parcialmente, pela redução de R$4,8 bilhões nas demais fontes de financiamento interno, que incluem a base monetária, e de R$138 milhões no financiamento externo líquido.

II - Dívida mobiliária federal
A dívida mobiliária federal interna, fora do Banco Central, avaliada pela posição de carteira, totalizou R$2.830,2 bilhões (46,5% do PIB) em agosto, registrando queda de R$2 bilhões em relação ao mês anterior. O resultado refletiu resgates líquidos de R$34,1 bilhões e incorporação de juros de R$32,1 bilhões.
Destacaram-se os resgates líquidos de R$83,2 bilhões em NTN-B e as emissões líquidas de R$31,2 bilhões em LTN, de R$13,4 bilhões em LFT e de R$4,8 em NTN-F.
A participação por indexador registrou a seguinte evolução, em relação a julho: a porcentagem dos títulos indexados a câmbio permaneceu em 0,4%; a dos títulos vinculados à taxa Selic passou de 19,7% para 20%; a dos títulos prefixados elevou-se de 26,6% para 27,5%, pelas emissões líquidos de LTN e NTN-F; e a dos títulos indexados aos índices de preços caiu de 26,1% para 24%, pelos resgates líquidos de NTN-B. A participação das operações compromissadas elevou-se de 26,9% para 27,9%, apresentando vendas líquidas de R$39,7 bilhões.
Em agosto, a estrutura de vencimento da dívida mobiliária em mercado era a seguinte: R$124,9 bilhões, 4,4% do total, com vencimento em 2016; R$388,4 bilhões, 13,7% do total, com vencimento em 2017; e R$2.316,9 bilhões, 81,9% do total, vencendo a partir de janeiro de 2018.
No final de agosto a exposição total líquida nas operações de swap cambial alcançou R$128,2 bilhões. O resultado dessas operações no mês (diferença entre a rentabilidade dos Depósitos Interfinanceiros e a variação cambial mais cupom) foi favorável ao Banco Central em R$4,3 bilhões.

III - Dívida líquida do setor público
A dívida líquida do setor público alcançou R$2.638,3 bilhões (43,3% do PIB) em agosto, elevando-se 0,8 p.p. do PIB em relação ao mês anterior.
No ano, houve elevação de 7,1 p.p. na relação DLSP/PIB, decorrente do impacto da incorporação de juros (+4,2 p.p.), da valorização cambial de 17% no período (+3,4 p.p.), do déficit primário (1 p.p.), do efeito do crescimento do PIB nominal (-1,1 p.p.), e do ajuste de paridade da cesta de moedas da dívida externa líquida (-0,3 p.p).
A Dívida Bruta do Governo Geral (Governo Federal, INSS, governos estaduais e governos municipais) alcançou R$4.272,8 bilhões em agosto (70,1% do PIB), elevando-se 0,5 p.p. do PIB em relação ao mês anterior.

Arquivos oficiais do governo estão disponíveis aos leitores.
Ricardo Bergamini

China: internacionalizacao da moeda e inserção nos Direitos Especiais de Saque do FMI

Banco de compensación en RMB en EEUU, paso clave en globalización de moneda china

02/10/2016
NUEVA YORK, 1 oct (Xinhua) -- Gracias a la reciente instauración de un banco de compensación en renminbi (RMB) en Estados Unidos, los negocios con las empresas chinas se han vuelto mucho más fáciles para la Bolsa Mercantil de Chicago (CME, siglas en inglés).
NUEVA YORK, 1 oct (Xinhua) -- Gracias a la reciente instauración de un banco de compensación en renminbi (RMB) en Estados Unidos, los negocios con las empresas chinas se han vuelto mucho más fáciles para la Bolsa Mercantil de Chicago (CME, siglas en inglés).
En agosto pasado, el volumen diario medio de intercambio con China del CME, uno de las mercados de valores más antiguos y distinguidos de América, alcanzó las 70.000 unidades, pero todos estos negocios se vieron obligados a pasar por el proceso de convertir el RMB en otras formas de garantía.
"Esto añadía tiempo y coste adicional al proceso de compensación", dijo Suzanne Sprague, directora ejecutiva de gestión de riesgos del CME.
Sin embargo, las cosas han cambiado desde el 21 de septiembre, cuando el banco central chino anunció la designación de la sucursal del Banco de China en Nueva York como banco de compensación y liquidación en RMB.
PROMOCION DEL COMERCIO Y LAS INVERSIONES
"Es un hito", dijo Xu Chen, presidente y director general del Banco de China en Estados Unidos, en una entrevista con Xinhua el día después del anuncio. "Ahora tenemos servicio en renminbi en el extranjero en Asia y el Pacífico, en Europa y en Estados Unidos, es decir, 24 horas los siete días de la semana".
Según puntualizaron varios analistas, la medida era muy esperada ya que llena un gran vacío en la red de instituciones extraterritoriales designadas para promover un mayor uso del RMB en el mercado global.
En la primera mitad de este año, la liquidación de la moneda china en Estados Unidos está valorada en unos 100 billones de yuanes (14,99 billones de dólares), lo que supone el quinto puesto en el mercado exterior global.
La designación es si cabe más significativa ya que el comercio en RMB en Estados Unidos tiende a ser impulsado por el mercado, y no por el gobierno o las instituciones monetarias como en otros países.
"La necesidad es más real y urgente", explicó Xu, añadiendo que el establecimiento de un banco de compensación beneficia no solo el comercio, sino también las inversiones en Estados Unidos.
En este sentido, apuntó, "estamos viendo un crecimiento de las inversiones chinas en Estados Unidos en los últimos años". "En 2015, el volumen fue de 15.700 millones de dólares, mientras que sólo en la primera mitad de 2016, la cifra fue de 18.400 millones de dólares".
"Es muy posible que las inversiones individuales o institucionales de China sobrepasen en gran medida las de otros países o regiones", dijo Xu.
MAYOR USO INTERNACIONAL
En sintonía con el aumento de la utilización del RMB como moneda global, el Fondo Monetario Internacional (FMI) lo añadió el viernes a su cesta de derechos especiales de giro (DEG), haciéndose la medida efectiva el 1 de octubre.
La inclusión convierte el RMB en una de las cinco monedas de reserva totalmente avalada por los 189 miembros del FMI junto al dólar, el euro, el yen y la libra esterlina.
"Se lanzarán nuevos productos financieros valorados en RMB", anotó Xu, quien añadió que la moneda china "va a ser utilizada de forma más amplia en Estados Unidos dado que su mercado está más abierto que otros".
No obstante, también existen riesgos. Algunos observadores han advertido de que el acceso al mercado financiero estadounidense, más libre y desarrollado, podría, al mismo tiempo, aumentar los desafíos del RMB. La diferencia horaria entre Nueva York y Beijing, por ejemplo, podría dificultar el seguimiento de los impactos.
En cualquier caso, se trata de un paso necesario en el camino y un paso crucial. Xu consideró que, a largo plazo, el establecimiento de un banco de compensación en Nueva York es significativo para promover un mayor uso internacional del RMB y una mejor expansión de su influencia.
"Creo que, a lo largo de los próximos años, podremos responder al desafío", aseveró Xu.

China promete más reformas financieras tras inclusión de RMB en DEG

02/10/2016
El banco central de China aseguró hoy sábado que el país continuará impulsando la reforma financiera y la apertura del mercado después de la inclusión de su moneda, el renminbi (RMB) o yuan, en la cesta de monedas de los Derechos Especiales de Giro (DEG) del Fondo Monetario Internacional (FMI).
El banco central de China aseguró hoy sábado que el país continuará impulsando la reforma financiera y la apertura del mercado después de la inclusión de su moneda, el renminbi (RMB) o yuan, en la cesta de monedas de los Derechos Especiales de Giro (DEG) del Fondo Monetario Internacional (FMI).
El FMI anunció el viernes la entrada en vigor a partir de este sábado de la nueva cesta de DEG, que incluye al yuan, cambio que calificó de "hito histórico" para China, el FMI y el sistema monetario internacional.
China da la bienvenida al nuevo sistema, que reforzará la representatividad, la estabilidad y el atractivo de los DEG mientras se avanza en la reforma del sistema monetario internacional, indicó el Banco Popular de China en un comunicado publicado en su página web.
La inclusión del renminbi en los DEG representa un hito en la internacionalización del yuan y un reconocimiento del progreso del desarrollo económico de China, así como de las reformas financieras y la apertura que ha emprendido, sostuvo el banco central.
Los DEG son un activo de reserva internacional creado por el FMI en 1969 para complementar las reservas oficiales de los países miembros. Se puede intercambiar entre los gobiernos por monedas de uso libre en tiempos de necesidad.
En noviembre pasado, el FMI decidió incluir el yuan como quinta moneda de la cesta de los DEG a partir del 1 de octubre de 2016.
La junta de gobierno del FMI también decidió el viernes qué peso tendrá cada moneda en la nueva cesta de DEG, que será del 10,92 por ciento en el caso del yuan, del 41,73 por ciento para el dólar, del 30,93 por ciento para el euro, del 8,33 por ciento para el yen japonés y del 8,09 por ciento en la libra esterlina.
El porcentaje se mantendrá fijo durante los próximos cinco años, hasta la próxima revisión de la cesta.

"Dipromacia" lulopetralha: ufa, acabou! Diplomatas ficam aliviados com a expulsao dos companheiros

 Da coluna de noticias do jornalista Cláudio Humberto: 
 
Diplomatas brasileiros comemoram, mundo afora, o fim da baixaria que marcou as viagens internacionais dos governos do PT. As comitivas oficiais, de Lula ou de Dilma, tratavam os diplomatas como “criados”. E ainda deixavam para trás problemas para as embaixadas resolverem, como quando uma nora do ex-presidente Lula achou de meter na mala ricas toalhas e lençóis do hotel. Pagos, depois, pelo contribuinte, claro.
No exterior, a ex-presidente Dilma costumava humilhar diplomatas, referindo-se a eles com ironia até diante de próceres estrangeiros.
Dilma usava diplomatas, como ocorreu em Londres e Oslo, ordenando até que lhe fritassem ovos “caipiras”, que sempre levava na bagagem.
Em hotéis de luxo, era frequente membros das comitivas presidenciais implicarem até com a mobília, exigindo sua troca. Sempre aos gritos.

1/10/2016

Edmar Bacha: por que a insercao internacional do Brasil parece tao dificil?

Um texto fundamental para começar a debater a questão:

INTEGRAR PARA CRESCER 2.0 
Edmar Lisboa Bacha
 Preparado para o Fórum Nacional (Sessão Especial), “Investindo contra crise e procurando voltar a crescer”. Rio de Janeiro: BNDES, 14/09/2016.

1. Introdução
 A posse do novo governo oferece uma boa oportunidade para a implantação de um programa econômico reformista voltado para a retomada do crescimento da economia brasileira.
Conforme se argui em Bacha (2013), a integração da economia brasileira às correntes internacionais de comércio deve ser um componente crítico desse programa. Neste texto, discutimos porque tem sido tão difícil levar a cabo tal programa de integração, apesar de seus benefícios serem aparentemente óbvios, especialmente no contexto do elevado grau de fechamento da economia brasileira ao comércio internacional.
Tratamos de cinco argumentos contrários à abertura, a partir dos quais reiteramos os termos de um programa de integração que leva essas objeções em consideração.
(...)

3. Brasil: um dos países mais fechados do mundo
Em contraste com a abundante evidência dos benefícios do comércio internacional, o Brasil permanece sendo umas das economias mais fechadas do mundo.
Grandes economias são grandes exportadoras: os Estados Unidos são a primeira economia do mundo e a segunda maior exportadora; a China é a segunda maior economia e a primeira exportadora; o Japão é a terceira maior economia e a quarta maior exportadora; a Alemanha é a quarta maior economia e a terceira maior exportadora; a França ocupa a quinta posição tanto no tamanho da economia quanto na importância das exportações; o Reino Unido tem a sexta maior economia do mundo e é o décimo maior exportador.
Já o Brasil é a sétima maior economia do mundo, mas apenas o 25º. maior exportador.
O PIB do Brasil representa 3% do PIB mundial, mas suas exportações alcançam apenas 1,1% das exportações mundiais6 . Um gigantinho em termos de PIB, o Brasil é um anão em termos de exportações.
(...)

Ler a íntegra do trabalho neste link: 
http://www.ipea.gov.br/portal/images/convites_2016/pdfs/160914_intregrar_para_crescer.pdf

Salarios do funcionalismo: nao apenas altos, mas subindo desmesuradamente: a sociedade aguenta isso?

Uma matéria importante.
A despeito de ser funcionário público federal, acho um escândalo as remunerações do setor público, muito acima da média do setor privado (em geral duas a três vezes superiores), muito acima de qualquer nível de produtividade que se possa medir objetivamente (mas isso é muito difícil num setor geralmente improdutivo como é o setor público) e muito além do que permitem as taxas de crescimento do produto e da produtividade, e muito acima, exageradamente acima do que são os níveis de inflação ou de crescimento das receitas públicas (ou seja, dinheiro roubado dos verdadeiros criadores de riqueza, que são os empresários e trabalhadores do privado).
A sociedade não aguenta tamanha exploração.
Ao final, transcrevo nota do economista Ricardo Bergamini sobre os privilégios abusivos dos funcionários públicos.
Paulo Roberto de Almeida


Em 13 anos, salário do serviço público subiu três vezes mais que o privado
Levantamento mostra que, entre 2003 e 2016, salários dos servidores públicos cresceram 33% acima da inflação, enquanto na iniciativa privada esse aumento foi de 10%; diferença entre rendimento médio público e privado foi de 44% para 75%
Ricardo Brito, Adriana Fernandes,
O Estado de S.Paulo
01 Outubro 2016 | 05h00
BRASÍLIA - Os salários médios do funcionalismo público subiram, em termos reais (acima da inflação), 33% entre janeiro de 2003 e janeiro de 2016, enquanto na iniciativa privada esse aumento foi de 10%.
O levantamento, feito com base em cruzamento de dados oficiais pelo consultor legislativo do Senado Marcos Köhler, confirmam as queixas do governo federal, governadores e prefeitos sobre o crescimento do custo da folha salarial dos servidores nas despesas públicas. Em 13 anos, pulou de cerca de R$ 880 para R$ 1.650 a disparidade média entre o que ganha um funcionário do Estado e um profissional do setor privado.
Foto: Infográficos/Estadão

O governo do presidente Michel Temer tenta aprovar uma Proposta de Emenda Constitucional (PEC) que limita os gastos públicos a fim de atrelar o crescimento das despesas à inflação do ano anterior. A medida tem por objetivo impedir, entre outras questões, aumentos reais do crescimento da folha de pagamento do serviço público, contendo assim a explosão dos déficits orçamentários que vem sendo registrada nos últimos anos.
O estudo comparativo de Köher, com dados compilados da Pesquisa Mensal de Emprego (PME), do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), mostram que o rendimento mensal médio em 12 meses do funcionário público era de R$ 2.897 no início de 2003. O crescimento, quase linear, só registrou três quedas no período, nos anos de 2004, 2014 e 2016, quando atingiu R$ 3.860 – alta de 33,24%. Na iniciativa privada, por sua vez, o crescimento dos salários foi mais lento e menor, subindo de R$ 2.012 no início de 2003 para R$ 2.210 em janeiro deste ano, um aumento de 9,84%.
Diferença crescente. O levantamento indica que a diferença entre o rendimento médio do setor público e o privado entre 2003 e 2016 quase dobrou, com intervalos de queda no segundo ano do governo Lula, em 2004, e no início do segundo mandato de Dilma Rousseff, em 2014. A diferença salarial entre as categorias de trabalhadores atingiu 75% – era de 44% no início da série.
Outro dado ilustra o peso do custeio dos servidores. Os empregados das 10 categorias com maiores vencimentos no setor público, que somam um contingente de 255 mil pessoas – nas três esferas de governo – ganham em média R$ 272 mil anuais. Os cerca de 36,8 milhões de empregados da iniciativa privada recebem por ano R$ 23,3 mil em média.
Para o consultor, o calcanhares de aquiles dos problemas fiscais que a União e os Estados enfrentam é a questão salarial do funcionalismo, que causa impacto direto na previdência pública, já que o benefício da aposentadoria é pago, de modo geral, em sua integralidade. Köhler defende que a medida mais eficaz para acabar com os sucessivos déficits orçamentários seria o congelamento temporário de aumentos de servidores, a fim de reduzir o endividamento público.
Oposição. Uma mudança constitucional que contemplasse essa medida, destacou o consultor, seria politicamente mais simples de aprovar. Ele argumenta que há uma oposição à PEC do Teto, alegando que vai haver redução de investimentos também nas áreas da Saúde e de Educação com sua eventual introdução.
“A regra (do congelamento salarial) seria mais simples, não teria oposição popular e seria mais fácil verificar o cumprimento dela, além de ser menos injusta e menos perigosa”, avaliou Kölher, que foi cedido para atuar no gabinete do senador José Aníbal (PSDB-SP).

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Do economista Ricardo Bergamini, recebido em 2/10/2016:

Um grupo de trabalhadores de primeira classe (servidores públicos) composto por 13,2 milhões de brasileiros (ativos, inativos, civis e militares) que representam apenas 6,39% da população brasileira, sendo 2,2 milhões federais, 4,5 milhões estaduais e 6,5 milhões de municipais gastaram em 2015 o correspondente a 14,98% do PIB. Esse percentual representou 46,18% da carga tributária que foi de 32,44% do PIB em 2015.

Além do aspecto econômico - financeiro acima abordado, devemos ainda acrescentar uma montanha de direitos inimagináveis para os trabalhadores de segunda classe (empresas privadas), conforme abaixo:

Na história do Brasil a nação sempre foi refém dos seus servidores públicos (trabalhadores de primeira classe), com os seus direitos adquiridos intocáveis, estabilidade de emprego e licença prêmio sem critério de mérito, longas greves remuneradas, acionamento judicial sem perda de emprego, regime próprio de aposentadoria (não usam o INSS), planos de saúde (não usam o SUS), dentre muitos outros privilégios impensáveis para os trabalhadores de segunda classe (empresas privadas). Com certeza nenhum desses trabalhadores de primeira classe concedem aos seus empregados os mesmos direitos imorais.

Em vista do acima colocado fica a pergunta aos leitores de como podemos explicar que 92,61% da população brasileira aceita, passivamente, tamanha aberração econômica, financeira, moral, política e constitucional, sem nenhuma indignação.

O amigo tem alguma dúvida de quem mais perderia com a justiça social e a moralização administrativa.

Notas:
1 - Devemos lembrar que são poucos apadrinhados e corruptos de paraquedistas no serviço público que geram essa aberração, mas cabe aos servidores dignos ajudarem nessa faxina, e não ficarem criticando os que abordam tais excrecências do setor público brasileiro.
2 - Gostaria de saber se existe alguém nesse planeta que apoiaria, sem nenhum pudor, que uma nação gaste 46,18% de sua carga tributária com apenas 6,39% da população.

Seminario 200 anos de Varnhagen, no IHGB, RJ: 25-26/10

Em homenagem aos 200 anos do nascimento do patrono da historiografia brasileira, Francisco Adolfo de Varnhagen (nascido em 17/02/1816, perto de Sorocaba, SP), o Instituto Histório e Geográfico Brasileiro organiza, em sua sede no Rio de Janeiro, seminário em homenagem ao grande historiador, diplomata e estrategista da nacionalidade, nos dias 25 e 26 de outubro, sempre pela tarde.
A parte final deste pequeno folder de programação, de apresentação de obras publicadas, ainda precisa ser ajustada, mas o essencial das palestras está confirmado.
O livro ali faltante é o resultante do seminário organizado pela Fundação Alexandre de Gusmão em abril passado, no Instituto Rio Branco, já objeto de algumas postagens minhas neste mesmo espaço, cujos dados são os seguintes:
Sérgio Eduardo Moreira Lima (org.): Varnhagen (1816-1878): diplomacia e pensamento estratégico (Brasília: Funag, 2016, 260 p.;  disponível no site da Funag, link: http://funag.gov.br/loja/download/1156-varnhagen-1816-1878.pdf ). 


Publiquei pequeno resumo de minha contribuição a esse último livro, nestes dois artigos sequenciais de Mundorama:

“O pensamento estratégico de Francisco Adolfo de Varnhagen”, Mundorama; (primeira parte, 17/02/2016, link: http://www.mundorama.net/2016/02/17/o-pensamento-estrategico-de-francisco-adolfo-de-varnhagen-por-paulo-roberto-de-almeida/); divulgado por inteiro no Diplomatizzando (link: http://diplomatizzando.blogspot.com.br/2016/02/o-pensamento-estrategico-de-varnhagen.html).

  “Impactos do pensamento estratégico de Francisco Adolfo de Varnhagen”, Mundorama; (segunda parte, 19/02/2016, link: http://www.mundorama.net/2016/02/19/os-impactos-do-pensamento-estrategico-de-francisco-adolfo-de-varnhagen-por-paulo-roberto-de-almeida/).

Paulo Roberto de Almeida 
Brasília, 2 de outubro de 2016.