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quinta-feira, 28 de dezembro de 2017

Ricupero lanca o seu livro na Bahia: longa entrevista ao jornal A Tarde

Rubens Ricupero: "Diplomacia é a arma de quem não tem exército"

Luís Fernando Lisboa

Em novo livro, o ex-ministro Rubens Ricupero analisa a situação do Brasil no cenário internacional - Foto: Adilton Venegeroles / Ag. A TARDE
Em novo livro, o ex-ministro Rubens Ricupero analisa a situação do Brasil no cenário internacional
Adilton Venegeroles / Ag. A TARDE
Foram muitos os episódios da política brasileira em que o diplomata, jurista e historiador Rubens Ricupero, 80, foi testemunha e ator participativo. Desde a implantação do Plano Real, como substituto de Fernando Henrique Cardoso no Ministério da Fazenda, do governo Itamar Franco (1992-1994), até a negativa repercussão no “escândalo da parabólica”, no ano de 1994, resultado de uma transmissão televisiva vazada. O episódio foi lembrado recentemente numa nota emitida pelo Planalto Nacional, em reação a uma aspa de Ricupero: “Ninguém quer sair na foto com o Brasil”. A frase vem no contexto de lançamento do seu novo livro A Diplomacia na Construção do Brasil: 1750-2016, recém-lançado pela Versal Editores. Com mais de 55 anos de carreira dedicados à trajetória diplomática, além de atuação como embaixador do Brasil nas Nações Unidas e como ministro do Meio Ambiente e Amazônia Legal, Ricupero apresenta uma pesquisa que lhe demandou imersão de cinco anos em arquivos brasileiros e internacionais que ainda não tinham vindo a público. Traz detalhes, por exemplo, sobre os avisos dados pelo governo norte-americano ao presidente João Goulart a respeito de “posições antiamericanas”, oferecendo suporte favorável aos militares para a execução do golpe em 1964. Na passagem por Salvador, onde palestrou no Programa de Pós-Graduação em Relações Internacionais da Ufba, na Associação Comercial, Ricupero conversou com Muito sobre a história do Brasil e sua articulação com a diplomacia internacional.

O senhor  diria que o seu novo  livro – A Diplomacia na Construção do Brasil: 1750-2016  – é, de algum modo, inaugural?
Eu acho que essa é uma palavra correta, que não tinha me ocorrido, sabe? É um livro realmente  inaugural porque ele preenche um vazio. Não havia até hoje uma abordagem sobre a história do Brasil que mostrasse a relação do país com o mundo, e o impacto dos acontecimentos internacionais na nossa sociedade. No livro, isso é pensado de uma maneira integrada com a vida interna, com a política e a economia. No passado, havia uma ou outra pequena história diplomática, mas todos eram livros muito antigos, de 80, 90 anos atrás. Muito breves, quase todos concentrados na época colonial e abstraíam por completo da vida política e econômica interna. É como se tudo acontecesse num abstrato, num vácuo. Um país qualquer. Aliás, de um modo geral eram livros muito enfadonhos. Eles se restringiam a falar apenas  de limites geográficos, montanhas, rios. Era uma relação de nomes, datas, tratados. Não havia palpitação de vida. As histórias gerais do Brasil dão pouca atenção e espaço aos acontecimentos internacionais. No máximo, um parágrafo, uma nota ao pé da página. É sempre alguma coisa menor. Procurei fundir as duas coisas: apresentar a história do Brasil e a história internacional integradas.

Quais acontecimentos históricos, na opinião do senhor,  deixam clara a implicação de fatos históricos no Brasil com o ambiente internacional?
A independência e a abertura dos portos, que inclusive ocorreu aqui em Salvador, são episódios que reverberam o que estava acontecendo na Europa: a Revolução Francesa, o fim do Antigo Regime, as Guerras Napoleônicas, a Invasão de Portugal pelas tropas francesas. Então, não se pode separar uma coisa da outra. No Brasil, já havia descontentamento com o sistema colonial, e que vinha de longe com a Inconfidência Mineira e a Revolta dos Alfaiates. Mas nada disso prosperou porque não havia condições internacionais.

Quando o cenário internacional começou a influenciar a história do Brasil?
Esse cenário começa a mudar quando acontece a convulsão que resulta no encerramento do Antigo Regime Europeu, na Revolução Americana, na Revolução Industrial Inglesa. No livro, procuro mostrar que muitos episódios históricos brasileiros, supostamente apenas internos, na verdade são internacionais. Eles são a repercussão, no Brasil, do que acontecia do lado de fora do nosso país.

Esses embates interferem na ideia que outros países fazem hoje do Brasil?
As relações internacionais, a política externa, contribuíram muito para criar a imagem que o brasileiro faz de si próprio, e também na imagem de Brasil, nos valores do país. O general Charles de Gaulle costumava dizer que a França não seria a França sem uma certa ideia de grandeza. Mas era a ligação com a glória militar. Lá fora, representamos a imagem de um país pacífico, que não está em guerra com os vizinhos. Estamos prestes a completar 150 anos ininterruptos de paz com os dez países que temos fronteiras, tão distintos como Argentina e Suriname, Guiana e Uruguai. A última guerra bilateral em que o Brasil esteve foi a Guerra do Paraguai, que acabou em 1870. Isso é muito raro. Os países que se comparam a nós, como Rússia, China e Índia, viveram sempre em conflito.

O senhor considera esse fato – de não entrarmos em conflito com nossos  vizinhos, ao contrário de outros países –  como um traço marcante da nossa trajetória política internacional?
É um traço, mas não porque somos melhores do que os outros. Não quero dizer isso. Apenas tivemos a sorte de construir um país numa área de, relativamente, pequena incidência de conflitos. Além do mais, um aspecto muito importante a realçar é que o Brasil, desde cedo, foi herdeiro da tradição portuguesa. Portugal sempre foi um país fraco, diminuto, dependente da diplomacia para evitar ser engolido pela Espanha, que de 1500 até 1640 era a nação mais poderosa do mundo. Quando Portugal se torna independente dos 60 anos de dominação espanhola, se defendeu como? Não pela força própria, já que não tinha. Mas, sim, pela aliança com a Inglaterra, isto é, pela diplomacia. Essa é a aliança mais antiga do mundo e nunca foi interrompida: desde 1280, atravessando a Segunda Guerra Mundial. Isso é interessante para mostrar que a diplomacia, a política externa, é a arma daqueles que não têm armas, exército.

De que modo o Brasil incorporou essa postura portuguesa nas estratégias diplomáticas?
O país segue com essa particularidade: se não fosse a diplomacia, teríamos menos de um terço do território atual, não seríamos membro dos Brics [grupo político de cooperação formado por Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul]  nem teríamos a pujança do agronegócio. Dos dez municípios de maior produção de soja, carnes e milho no Brasil, os que fazem a exportação do agronegócio, oito estão localizados  no Mato Grosso. Eles, hoje, poderiam ser território do Peru, Colômbia ou Bolívia. Não ganhamos isso pelo exército, porque sempre fomos um país militarmente fraco. Nunca houve um exército poderoso. O Brasil ganhou isso através da arma da diplomacia, negociação, perseverança, aquilo que eu chamo no meu livro de “diplomacia do conhecimento”, aquela que se baseia no estudo, nos argumentos cartográficos, nos mapas, nos documentos que, hoje, as pessoas esqueceram.

Historicamente, nas tomadas de posição internacional do Brasil, as ideologias partidárias chegaram a influenciar rumos da política externa?
De maneira geral, a nossa política externa tomou bastante cuidado com ideologias e modismos passageiros. Houve um momento ou outro de influência, mas a nossa tradição histórica nunca foi de paixão ideológica. Veja a Proclamação da República no Brasil: o movimento não teve, nem de longe, a violência da França, por exemplo. A família imperial foi tratada corretamente, não eram muitos monarquistas. A ideia-base que sempre tivemos no Brasil é que o diplomata, assim como um militar, serve a um Estado, quer dizer, a encarnação do país, e não serve a um governo. Não há nada condenável em servir a um governo ou a um partido, mas isso é uma maioria eventual, que pode mudar. O diplomata ou militar tem que ter em mente a permanência do país. Em momentos mais recentes, por exemplo, houve um certo afastamento disso, sobretudo durante a época da diplomacia do governo Lula em relação à América Latina. Mas isso não é uma tradição nossa. Em geral, nós procuramos promover  as melhores relações com os nossos  vizinhos, mas sem misturar-se à política interna dos outros. Lula tinha um entendimento diferente, inclusive participando de comícios do Evo Morales [presidente da Bolívia]. A visão dele é de um homem de partido, por conta da questão de fraternidade. Mas é perigoso porque o país acaba se amarrando.

O apoio dado pelo governo americano ao golpe militar de 1964, por exemplo, que é mencionado pelo senhor no livro, deixa claro como a história interna depende dos interesses externos.
Nessa época, eu era diplomata em início de carreira em Brasília, havia muito poucos na cidade porque o Itamaraty ficou no Rio de Janeiro. Por acaso, recebi a comitiva americana que chegou na véspera do Natal de 1962, quando o presidente John Kennedy mandou o irmão dele, Robert Kennedy, vir ao Brasil para dar um ultimato a João Goulart: os americanos queriam que o Brasil escolhesse entre Cuba e Estados Unidos. Ou fazíamos isso ou então eles iam negar a ajuda econômica que o Brasil estava pleiteando. Quando Hermes Lima, então primeiro-ministro e chanceler, me telefonou já eram altas horas da noite. Ele me incumbiu de recebê-los na base área militar em nome do governo brasileiro. Na manhã, por volta das 11h, Robert Kennedy foi recebido por João Goulart no Palácio da Alvorada. Eu não entrei naquela reunião, fiquei do lado de fora. Aliás, os únicos a participar foram Goulart, Kennedy, o embaixador americano Lincoln Gordon e um intérprete americano. Foi uma conversa duríssima, complicada, com ameaças e momentos de quase ruptura, mas ninguém tinha uma ideia clara do que tinha acontecido. Nos levantamentos para o livro, descobri que, 50 anos depois, os americanos haviam finalmente liberado um documento que era um relato de 17 páginas, quase palavra por palavra, feito pelo embaixador americano. Já era o “beijo da morte”. A partir desse encontro, os americanos encorajaram cada vez mais a conspiração militar. Inclusive prometendo aos militares que, se o golpe não desse certo, eles receberiam apoio dos Estados Unidos.

Mas houve realmente uma interferência dos Estados Unidos em relação aos movimentos das   Forças Armadas brasileiras?
No final, não foi necessário. O governo caiu como um castelo de cartas. Mas os Estados Unidos já tinham montado uma operação, numa força-tarefa marítima, planejando a chegada de navios pela Baía de Guanabara, trazendo armas, munições e abastecimento de combustível para apoiar na repressão dos rebeldes, caso houvesse uma guerra civil. No dia do golpe militar, há um telegrama do embaixador americano que dizia: “Está 95% terminado, Castelo [Branco] me disse que já tomou o Rio de Janeiro e não precisa da nossa ajuda”. É assim, literal. Você vê que, com todas as letras, se precisasse, eles iriam ajudar.

O presidente John Kennedy acompanhava de perto os rumos do golpe?
Durante a minha pesquisa, eu descobri algo que divulgo pela primeira vez num livro nacional: a primeira conversa gravada do presidente John Kennedy, no famoso Salão Oval da Casa Branca, é sobre o Brasil. Ele e o embaixador americano decidem mandar o coronel Vernon Walters para cá. Esse homem era um americano que, durante a Segunda Guerra Mundial, atuou como oficial de ligação com Castelo Branco, então integrante do Estado-Maior e o primeiro presidente do governo militar. Walters é enviado para retomar o contato e preparar a conspiração. Essa conversa, que ninguém sequer sabia que existia, aconteceu no dia 30 de julho de 1962.

Recentemente, manchetes de jornais e capas de revistas trazem notícias sobre escândalos de corrupção, crise econômica e política, numa abordagem diferente da famosa capa na revista The Economist, em 2009, onde o Cristo Redentor aparecia decolando como um foguete. Qual imagem o Brasil tem, hoje em dia, no âmbito internacional?
Isso me permite retomar aquilo que considero como  a mensagem principal deste novo  livro. Não se pode separar a diplomacia da política interna e da  economia. Um país, para conseguir  ganhar projeção no mundo, precisa  estar bem: ter uma situação política democrática, respeitar os direitos humanos, ter prosperidade econômica, combater a desigualdade e a pobreza. Quando um país não tem nada disso, quando a imagem que se tem é negativa, falta aquele elemento fundamental da diplomacia: o prestígio, que é  chamado de o poder suave. O poder duro é o das armas, da coação econômica, aquele que o Brasil não tem. O poder brando, do exemplo, é aquele  que vem do prestígio, do fato  de que as coisas dão certo. Por exemplo, o Brasil no fim do governo Lula, por volta de 2009, 2010, possuía um grande prestígio. Era o país dessas capas de revista. Aquilo era falso? Não, já que na época o país ia bem. Aquilo, na verdade, não era sustentável, porque, a partir de um certo momento, passou-se a gastar muito mais do que o país podia. Quando a arrecadação caiu, a crise começou a morder. Mas, ao invés de o governo reduzir, ele continuou gastando. Aquilo não era uma mentira. Seria um erro dizer que a percepção que o mundo tinha era falsa. Só não trabalhamos o bastante para torná-la sustentável ao longo do tempo. É esse o desafio agora.

Qual lição fica, sobre relações diplomáticas e conflitos internacionais, no caso do  reconhecimento de Jerusalém como capital de Israel pelo governo de Donald Trump?
Isso expressa o erro colossal de um país que, agora, insiste em tomar medidas unilaterais. É o contrário do que deve ser a diplomacia. A base da paz no mundo é uma evolução por meio de acordos. O Estatuto de Jerusalém, por exemplo, deve ser proposto na base da negociação entre os palestinos e os  israelenses. Os Estados Unidos não têm nenhuma atribuição para posicionamento em relação a isso, isso cabe à Organização das Nações Unidas (ONU). Diplomacia é ouvir os outros, é respeitar os outros na base do consenso, da convergência. Nunca da força. Quando as armas começam a falar, esse é o fracasso da diplomacia.

quarta-feira, 27 de dezembro de 2017

Stefan Zweig: A Unidade Espiritual do Mundo - Petropolis, 28/09/2017

Israel Beloch, presidente da Casa Stefan Zweig, em Petropolis, e editor do livro em cinco línguas sobre a conferência que o grande escritor austríaco judeu fez no Rio de Janeiro, em 1936, informa sobre a publicação de novo livro por ocasião de evento comemorativo na casa-museu do escritor (ver o livro sobre sua primeira viagem ao Brasil aqui).
Publicação sobre o  debate "A Unidade Espiritual do Mundo - Reflexões político-culturais sobre pacifismo, nacionalismo e exílio", realizado em 28/09/2017 na Casa Stefan Zweig em parceria com a Fundação Konrad Adenauer.

Mercosul: algum progresso, finalmente - Rubens Barbosa (OESP)


Presidência brasileira do Mercosul 

Rubens Barbosa

O Estado de S. Paulo, 26/12/2017

 

A51.ª edição da reunião de cúpula dos chefes de Estado do Mercosul e Estados Associados foi realizada em Brasília na semana passada. O Mercosul equivale hoje à quinta economia do mundo, com produto interno bruto (PIB) de US$ 2,7 trilhões.
 Mais de 10% das exportações brasileiras têm como destino os demais sócios do bloco e 84% delas são produtos manufaturados. As trocas comerciais no Mercosul (US$ 38 bilhões – 2016) são hoje 8,5 vezes maiores do que as registradas no ano da fundação do bloco (US$ 4,5 bilhões – 1991).
A cúpula de chefes de Estado encerra a presidência pro tempore exercida pelo Brasil durante o segundo semestre de 2017. Em vista dos resultados alcançados, pode-se dizer que a reunião presidencial foi uma das mais eficazes e produtivas dos últimos anos. Nesse período, foram realizadas cerca de 300 reuniões dos órgãos decisórios e especializados do Mercosul, tratando de temas como comércio, regulamentos técnicos, contratações públicas, grupo de monitoramento macroeconômico, direitos humanos, justiça, desenvolvimento social, saúde e educação. Com esse esforço se atualizou a agenda de trabalho do bloco, que voltou a tratar de assuntos relevantes para o intercâmbio comercial e de questões novas e urgentes.
A cúpula de Brasília consolidou o fortalecimento do Mercosul como instrumento de integração capaz de produzir resultados concretos em benefício das sociedades da região, com base nos pilares presentes quando da criação do bloco: integração econômico-comercial, democracia e direitos humanos. O grupo retoma a sua vocação original de regionalismo aberto e busca tornar-se cada vez mais uma plataforma de inserção competitiva de seus integrantes na economia global. Com isso os presidentes decidiram acabar com a retórica bolivariana e dar prioridade a uma agenda reformista e pró-mercado.
Sob a coordenação brasileira foram reiniciadas discussões de temas que não foram tratados nos últimos anos, como serviços, comércio eletrônico, facilitação do comércio, pequenas e médias empresas e o interesse do consumidor nas matérias de comércio exterior. Foi assinado o acordo de compras governamentais entre os países-membros. Novos temas foram introduzidos no programa de trabalho do bloco e há disposição de avançar em setores como questões regulatórias, comércio eletrônico, bens de informática e o desenvolvimento de uma agenda digital, com a criação de um grupo que deverá apresentar plano de ação sobre esse tema no primeiro trimestre de 2018. Modernizou-se o mecanismo de elaboração e modificação de regulamentos técnicos do Mercosul, em discussão desde 2010, que permitirá alinhar o bloco aos mais avançados padrões e práticas internacionais, em benefício dos cidadãos, dos consumidores e das empresas.
Nesse período, foi também adotado um plano de ação para o fortalecimento das áreas comercial e econômica, cuja execução levou a melhorias efetivas na fluidez do comércio regional, e foram reiterados os compromissos de evitar restrições ao comércio entre os países, com a diminuição substantiva de 86% dos entraves ao comércio (de 78 medidas restritivas foram eliminadas 67) entre seus integrantes, fruto de um esforço de fortalecimento do mercado interno.
O Brasil apresentou projetos para Iniciativas Facilitadoras de Comércio e Protocolo de Coerência Regulatória, que terão continuidade na presidência pro tempore paraguaia. Foram aprovados o tratamento do tema de proteção mútua de indicações geográficas, que também terá sequência na agenda do bloco, e o Acordo sobre Direito Aplicável em Matéria de Contratos Internacionais de Consumo, que estabelece critérios para definir o direito aplicável a litígios dos consumidores em suas relações de consumo.
Do ponto de vista político, não menos importante, também houve avanços, como a aplicação da cláusula democrática à Venezuela, cada vez mais autoritária.
Houve compromisso de continuar na busca de soluções para os temas ainda pendentes, como a decisão de incorporar plenamente ao regime jurídico do bloco os setores automotivo e do açúcar, e também a tentativa de corrigir algumas recaídas protecionistas, como a imposição pelo Uruguai de uma sobretaxa às importações que, na prática, estabelece uma tarifa externa diferenciada contra as regras do Mercosul.
Durante recente encontro na Argentina, os negociadores do Mercosul e da União Europeia não chegaram a um acordo para que fosse feito um anúncio político a respeito do progresso e da finalização das negociações em 2018. Agora em meados de janeiro os entendimentos técnicos devem prosseguir, já incorporando as decisões de incluir 90% do intercâmbio comercial dos dois agrupamentos e reduzir o cronograma de desgravação para dez anos. Os presidentes reafirmaram o empenho do Mercosul na conclusão, no mais breve prazo possível, de um acordo ambicioso, abrangente e equilibrado, em todas as suas dimensões. Espera-se que a União Europeia possa melhorar as ofertas de cotas para carne e etanol, de modo a permitir um rápido avanço nos entendimentos, superando a oposição de alguns membros europeus.
A disposição de celebrar acordos com outros países e blocos foi reafirmada com a disposição de avançar nas negociações com a Associação Europeia de Livre Comércio (Efta) e nos entendimentos com os países da Associação de Nações do Sudeste Asiático (Asean), bem como nas negociações com a Índia, o Marrocos e a Tunísia. Foi destacada, ainda, a perspectiva de lançamento de negociações com o Canadá e a Coreia do Sul.
A partir de 1.º de janeiro de 2018 o Paraguai assume a presidência pro tempore do Mercosul e a tendência é que será dada continuidade a essa nova agenda apoiada pelo Brasil.
Bloco troca a retórica bolivariana por uma agenda reformista e pró-mercado
PRESIDENTE DO CONSELHO DE COMÉRCIO EXTERIOR DA FIESP

Mapa de Marini de 1511: informacao de Sergio Correa da Costa, 1940

Ainda sobre este famoso mapa, depositado na mapoteca do Itamaraty,

e do qual existe uma reprodução em suporte de tapeçaria no gabinete do Ministro de Estado, agrego uma informação produzida em 1940 pelo secretário Sérgio Corrêa da Costa ao então Secretário-Geral do Itamaraty, Mauricio Nabuco, tal como constante dos arquivos de SCC, depositados na Academia Brasileira de Letras, cuja cópia foi feita pelo historiador Rogério de Souza Farias, a quem agradeço a gentileza de me haver repassado.
Fiz reproduções não muito legíveis do material, mas creio que ainda assim podem servir.
Paulo Roberto de Almeida





Presidente Hoover: mal afamado pela Depressao, mas um grande benfeitor humanitario


Delanceyplace.com End of Year Selections: Terrible Presidents
Today's encore selection -- from One Summer: America, 1927 by Bill Bryson. Herbert Hoover went from a spectacular career in mining to international acclaim and celebrity in a war relief effort to derision and blame for the Great Depression:

"Fortunately, America had a figure of rocklike calm -- a kind of super­man, a term that he was not embarrassed to apply to himself in private correspondence -- to whom it could turn in times of crisis such as [the Mississippi flood of 1927]. His name was Herbert Hoover. Soon he would be the most derided presi­dent of his time -- quite an achievement for someone elected in the same decade as Warren G. Harding -- but in the spring of 1927 he was, and by a very wide margin, the world's most trusted man. He was also, curiously, perhaps the least likable hero America has ever produced. The summer of 1927 would make him a little more of both.

"Herbert Clark Hoover was born in 1874 thirty miles west of the Missis­sippi (he would be the first president from west of that symbolically weighty boundary) in the hamlet of West Branch, Iowa, in a tiny white cottage, which still stands. His parents, devout Quakers, died tragically early -- his father of rheumatic fever when little Bert was just six, his mother of typhoid fever three years later -- and he was sent to live with an uncle and aunt in Oregon. ...

"Though he never finished high school -- his uncle, disregarding his brightness, sent him to work as an office boy in Salem, Oregon, instead­ -- Hoover nurtured a fierce ambition to better himself. In 1891, at age sev­enteen, he passed the entrance examinations for the brand-new Leland Stanford Junior University (or just Stanford as we now know it), which then was a free school. As a member of Stanford's first-ever class, he studied geology and also met there his future wife, Lou Henry, who by chance was also from Iowa. (They would marry in 1899.) Upon graduat­ing, Hoover took the only job he could find, in a gold mine in Nevada City, California, loading and pushing an ore cart ten hours a day seven days a week for 20 cents an hour -- a meager salary even then. That this was the permanent lot for his fellow miners seems never to have troubled him. Hoover was a great believer in -- and a living embodiment of -- the notion of personal responsibility.

In 1897, still in his early twenties, Hoover was hired by a large and venerable British mining company, Bewick, Moreing and Co., and for the next decade traveled the world ceaselessly as its chief engineer and troubleshooter -- to Burma, China, Australia, India, Egypt, and wher­ever else the company's mineralogical interests demanded. ... After a decade in the field, Hoover was brought back to London and made a partner in Bewick, Moreing. ...

"He would very probably have passed his life in wealthy anonymity but for a sudden change in circumstances that thrust him unexpectedly into the limelight. When war broke out in 1914, Hoover, as a prominent American, was called on to help evacuate other Americans stranded in Europe -- there were, remarkably, over 120,000 of them --and he per­formed that duty with such efficiency and distinction that he was asked to take on the much greater challenge of heading the new Commission for Relief in Belgium.


Hoover walks with Polish children

"Belgium was overwhelmed by war, its farms destroyed, its factories shut, its foodstocks seized by the Germans. Eight million Belgians were in real peril of starving. Hoover managed to find and distribute $1.8 million worth of food a week, every week, for two and a half years -- 2.5 million tons of it altogether -- and to deliver it to people who would otherwise have gone unfed. The achievement can hardly be overstated. It was the greatest relief effort ever undertaken on earth, and it made him, deserv­edly, an international hero. By 1917, it was reckoned that Hoover had saved more lives than any other person in history. One enthusiast called him 'the greatest humanitarian since Jesus Christ,' which of course is about as generous as a compliment can get. The label stuck. He became to the world the Great Humanitarian.

"Two things accounted for Hoover's glorious reputation: he executed his duties with tireless efficiency and dispatch, and he made sure that no one anywhere was ever unaware of his accomplishments. Myron Her­rick, America's avuncular ambassador in Paris, performed similar heroic feats in occupied France without receiving any thanks from posterity, but only because he didn't seek them. Hoover by contrast was meticu­lous in ensuring that every positive act associated with him was inflated to maximum importance and covered with a press release."

To subscribe, please clichere or text "nonfiction" to 22828.
One Summer: America, 1927
Author: Bill Bryson 
Copyright 2013 by Bill Bryson
Pages: 53-56

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terça-feira, 26 de dezembro de 2017

IPRI: eventos realizados sob a minha gestao, de agosto de 2016 a dezembro de 2017

Não tenho  uma ideia precisa  do que era feito antes de minha assunção como Diretor do Instituto de Pesquisa de Relações Internacionais, IPRI-Funag, em 3 de agosto de 2016  (e ainda não fui ler detidamente relatórios anteriores), mas colegas ouviram de observadores que desconheço que nunca se fez tanta coisa em período tão curto, praticamente um evento por semana, ademais de publicações, visitas e viagens (uma lista dos eventos feitos entre 1995 e 2015 figura aqui).

Já postei aqui um relatório preliminar de minha gestão, no qual inseri minhas publicações pessoais, que não constam desta lista abaixo, muito sintética, e devo ainda revisar o relatório cobrindo o período agosto 2016-dezembro 2017.
Devo deixar aqui registrado que eu nunca teria conseguido realizar tantas atividades (em maio, por exemplo, fizemos seis eventos) se não fosse pela dedicação ativa de todos os funcionários, em especial do vice-diretor do IPRI, Marco Túlio Scarpelli Cabral, oficialment Coordenador de Estudos e Pesquisas, a quem agradeço pelo ativismo exemplar, pela capacidade de iniciativa, e até pelo trabalho "manual" na promoção desses eventos.
Paulo Roberto de Almeida 
Enjoy...


O IPRI realiza cursos, conferências, seminários e congressos na área de relações internacionais. Para se manter informado sobre os eventos organizados pelo IPRI, bem como pela Fundação Alexandre de Gusmão (FUNAG) e Centro de História e Documentação Diplomática (CHDD), acompanhe os Boletins Informativos da FUNAG.
Próximos eventos:
Não há próximos eventos cadastrados no momento.

Eventos de 2017:
25 de outubro - Reunião sobre China, com o professor David Shambaugh

Eventos realizados em 2016:

Russia: sempre autoritaria, frequentemente totalitaria - Masha Gessen

Uma recomendação de leitura (que faço a partir do Inside this book da Amazon), como observador que sou de todos os exemplos históricos de autoritarismo e cleptocracia (fenômenos aos quais não somos estranhos, não eu, mas certos personagens da história brasileira):

The Future is History: how totalitarianism reclaimed Russia

A autora já publicou um livro dentro da mesma perspectiva:
Dead Again: The Russian Intelligentsia after Communism

Estou  lendo as páginas disponíveis no site da Amazon, e já posso recomendar...


Eis a capa do livro:


  • Hardcover: 528 pages
  • Publisher: Riverhead Books; First Edition edition (October 3, 2017)
  • Language: English
  • ISBN-10: 159463453X
  • ISBN-13: 978-1594634536



  • Kindle
     
    $10.83
    Read with Our Free App
  •  


  • Hardcover 
    $16.71
    30 Used from $17.0053 New from $16.658 Collectible from $46.25
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  • Paperback 
    from $17.02
    3 Used from $22.276 New from $17.02
  •  

    E eis fotos do prólogo do livro:



     
    Editorial Reviews
    Review
    "Fascinating and deeply felt." -The New York Times Book Review

    “Forceful and eloquent on the history of her native country, Gessen is alarming and pessimistic about its future as it doubles down on totalitarianism.” -Los Angeles Times

    “A remarkable portrait of an ever-shifting era…Gessen weaves her characters’ stories into a seamless, poignant whole. Her analysis of Putin’s malevolent administration is just as effective…a harrowing, compassionate and important book.” -San Francisco Chronicle

    “Ambitious, timely, insightful and unsparing … By far Gessen’s best book, a sweeping intellectual history of Russia over the past four decades, told through a Tolstoyan gallery of characters. … What makes the book so worthwhile … are its keen observations about Russia from the point of view of those experiencing its return to a heavy-handed state. It helps that Gessen is a participant, and not just an observer, able to translate that world adeptly for Western readers. … You feel right there on the streets.” -Washington Post

    “[Gessen’s] essential reportage traces her homeland’s political devolution through the dramatic real stories of four citizens who now face ‘a new set of impossible choices.’” –O Magazine

    “Remarkable…Gessen’s deft blending of…stories gives us a fresh view of recent Russian history with from within, as it was experienced at the time by its people. It is a welcome perspective.” –New York Review of Books

    “Excellent…Gessen’s cast of characters tell a powerful story of their own, giving us an intimate look into the minds of a group crucial to understanding the country’s brief experience of democracy and of the authoritarian regime that follows.” –New Republic
     

    “One of Putin’s most fearless and dogged critics tracks the devastating descent of post-Soviet Russia into authoritarianism and kleptocracy through the lives of four disillusioned citizens.”  –Esquire

    “One of our most urgent and iconoclastic journalists...few...are better placed to understand the parallels between the two egomaniacs who now dominate world affairs.” –Out Magazine

    “Starting with the decline, if not the disintegration, of the Soviet regime, Masha Gessen’s The Future is History tracks totalitarianism through the lens of generation raised in post-Communist Russia.” -Vanity Fair"Hot Type"

    “Gessen, the sterling Russian-American journalist and activist, has been outspoken in recent press articles about the threat of totalitarianism in America. But in her latest book, Future Is History, she never mentions America’s problems. Here, instead, she examines what is wrong in her native country and lets readers, wide-eyed, draw the parallels." -Christian Science Monitor

    “Brilliant and sobering…writing in fluent English, with formidable powers of synthesis and a mordant wit, Gessen follows the misfortunes of four Russians who have lived most of their lives under Putin…Gessen vividly chronicles the story of a mortal struggle.” -Newsday

    “Gessen is an exemplary journalist who knows when to sit back and let facts speak for themselves…[and] The Future Is History just might be the culmination of [her] life’s work... If you’ve been confused by all the talk about “Russia stuff,” this might be the most important book you’ll read all year.” –Seattle Times

    “Impressive...The Future Is History warns us of what will become of the United States if we don’t push against our burgeoning authoritarian government and fight for democracy…A chilling read, but a necessary one.” –Bitch Media

    “A lively and intimate narrative of the USSR’s collapse and its aftershocks, through the eyes of seven individuals… A gifted writer, Gessen is at her best when she’s recounting her characters’ experiences.” -Bookforum

    “A thoroughly-reported history of a dismal sequence of events with a strong, engaging narrative and central set of characters.” –Forward

    “A brave and eloquent critic of the Putin regime … For anyone wondering how Russia ended up in the hands of Putin and his friends, and what it means for the rest of us, Gessen’s book give an alarming and convincing picture.” –The Times

    “Gessen makes a powerful case, arguing that Putin reconstituted the political and terror apparatus of the Soviet state and that ideology was the last block to fall into place.”  –Financial Times

    “Russia is more at the forefront of our minds now than it’s been in all the time since the Cold War, and who better to enlighten us on the evolution of this complicated nation than journalist and Putin biographer Masha Gessen? Through her profiles of various Russians including four born in the 1980s, Gessen crafts a narrative that deciphers the Soviet Union’s move toward – and retreat from – democracy.” -Signature Reads

    "A devastating, timely, and necessary reminder of the fragility and preciousness of all institutions of freedom." -Booklist (starred)

    "Brilliant...A worthwhile read that describes how Putin’s powerful grip on Russia developed, offering a dire warning of how other nations could fall under a similar spell of state control." -Library Journal

    "An intimate look at Russia in the post-Soviet period, when the public’s hopes for democracy devolved within a restricted society characterized by “a constant state of low-level dread"...a well-crafted, inventive narrative." -Publisher's Weekly

    “Masha Gessen is humbly erudite, deftly unconventional, and courageously honest.  At this particular historical moment, when we must understand Russia to understand ourselves, we are all very lucky to have her."
    - Timothy Snyder, author of On Tyranny

    ”A fine example of journalism approximating art. Necessary reading for anyone trying to understand the earthshaking events of our time: how in one country after another individual aspirations for wealth and power mutated into collective cravings for strongmen.”
    - Pankaj Mishra, author of An End to Suffering and Age of Anger

    The Future is History is a beautifully-written, sensitively-argued and cleverly-structured journey through Russia's failure to build democracy. The difficulty for any book about Russia is how to make the world’s biggest country human-sized, and she succeeds by building her story around the lives of a half-dozen people, whose fortunes wax and wane as the country opens up, then closes down once more. It is a story about hope and despair, trauma and treatment, ideals and betrayal, and above all about love and cynicism. If you want to truly understand why Vladimir Putin has been able to so dominate his country, this book will help you.’
    - Oliver Bullough, author of Let Our Fame Be Great and The Last Man in Russia
     
    Praise for The Man Without A Face:

    “Gessen has shown remarkable courage . . . [An] unflinching indictment of the most powerful man in Russia.” —The Wall Street Journal

    “[Gessen] shines a piercing light into every dark corner of Putin’s story. . . . Fascinating, hard-hitting reading.” —Foreign Affairs

    “Absorbing.” —The New Yorker

    “Powerful and gracefully written.” —San Francisco Chronicle
    About the Author
    Masha Gessen is a staff writer at the New Yorker and the author of several books, among them The Man Without a Face: The Unlikely Rise of Vladimir Putin. The recipient of numerous awards, including a Guggenheim Fellowship and a Carnegie Fellowship, Gessen teaches at Amherst College and lives in New York City.