O que é este blog?

Este blog trata basicamente de ideias, se possível inteligentes, para pessoas inteligentes. Ele também se ocupa de ideias aplicadas à política, em especial à política econômica. Ele constitui uma tentativa de manter um pensamento crítico e independente sobre livros, sobre questões culturais em geral, focando numa discussão bem informada sobre temas de relações internacionais e de política externa do Brasil. Para meus livros e ensaios ver o website: www.pralmeida.org. Para a maior parte de meus textos, ver minha página na plataforma Academia.edu, link: https://itamaraty.academia.edu/PauloRobertodeAlmeida;

Meu Twitter: https://twitter.com/PauloAlmeida53

Facebook: https://www.facebook.com/paulobooks

terça-feira, 12 de novembro de 2019

Atlas dos Viajantes no Brasil - Biblioteca Mindlin da USP

Biblioteca Brasiliana lança o “Atlas dos Viajantes no Brasil”


Nova plataforma interativa dá acesso a documentos sobre o Brasil produzidos a partir do século 16
Nesta quarta-feira, dia 13, às 14h30, a Biblioteca Brasiliana Guita e José Mindlin (BBM) da USP promove o lançamento da plataforma interativa Atlas dos Viajantes no Brasil. A nova plataforma será apresentada pelo curador da biblioteca, João Cardoso, e pelo geógrafo que produziu os mapas do Atlas, Ian Rebelo Chaves.


Atlas dos Viajantes no Brasil foi concebido para ser um instrumento inovador de divulgação de uma das coleções mais importantes da BBM – os relatos e imagens produzidos por viajantes brasileiros e estrangeiros que percorreram o País entre o século 16 e início do século 20. No site que abriga o Atlas, o usuário poderá acessar esses conteúdos de diversas maneiras – acompanhando a rota percorrida por um viajante específico, comparando informações sobre um local determinado produzidas por dois ou mais viajantes ou filtrando as informações por assuntos e temas do seu interesse.
Os relatos e imagens que os viajantes produziram formam uma vasta enciclopédia sobre o Brasil, tratando de temas como natureza, sociedade, economia, cultura e vida cotidiana. “O objetivo do Atlas dos Viajantes no Brasil é justamente recolher e organizar esses materiais para em seguida criar uma forma enriquecedora e estimulante de divulgá-los para estudantes, professores, pesquisadores e interessados em geral”, afirma o curador João Cardoso.
Após o evento de lançamento, a plataforma será liberada ao público e estará disponível no endereço viajantes.bbm.usp.br.

Ideias, Gazeta do Povo: rejeicao da ditadura militar e de todas as ditaduras

O que a esquerda não conta sobre a ditadura militar

Gazeta do Povo, 12/11/2019

A Ditadura Militar instalada no Brasil em 1964 faz parte dos livros de história, mas também do debate político diário no Brasil. E até hoje é um tópico hipersensível tanto para esquerda como para a direita.
A Gazeta do Povo evidentemente não apoia qualquer tipo de governo que não preza a democracia. Em suas convicções, o jornal deixa claro que "A democracia é a única forma de governo que respeita plenamente a dignidade humana e permite aos seus cidadãos desenvolver ao máximo as suas potencialidades." Em várias reportagens, revelou como o período ditatorial fez mal ao país, deixando um legado de hiperinflação, corrupção, crime e violência urbana. Houve casos escabrosos, com os quais nenhum ser humano pode compactuar, como a tortura de crianças, de opositores políticos, e até o sequestro de bebês. Também mostrou como nem todos os que se opuseram à ditadura eram comunistas. E a prisão e tortura de uma freira , sem provas. Sendo bem claro: a ditadura militar brasileira não deve ser comemorada.
Ou seja, por aqui nunca se passou pano para o autoritarismo. Por isso mesmo, é preciso abordar algo que raramente ou quase nunca é mostrado com a devida ênfase: a esquerda que combateu a ditadura militar brasileira não queria democracia. O grande objetivo era implantar outra ditadura, de inspiração comunista. 
Embora os guerrilheiros sejam retratados frequentemente como heróis românticos, jovens que buscavam a liberdade, o regime pelo qual lutavam no Brasil já havia matado milhões ao redor do mundo, seja nos gulags soviéticos, nos campos chineses, na ilha-prisão cubana, na monarquia comunista da Coreia do Norte, e na carnificina cambojana
Não estamos falando de teorias da conspiração. São relatos dos militantes de esquerda que pegaram em armas naquela época. “O objetivo imediato era derrubar a ditadura militar. O objetivo de longo prazo era estabelecer uma área libertada, de caráter comunista”, conta Renato Tapajós, cineasta e escritor que participou de um desses grupos armados, a Ala Vermelha do Partido Comunista do Brasil.
A meta era a ditadura do proletariado. A ideia de consolidar uma democracia só surgiu depois de 1979, com a anistia”, afirma a historiadora Beatriz Kushnir. “A ditadura do proletariado iria instaurar uma sociedade em que a pirâmide social fosse invertida.”
Um dos maiores facínoras do período era Carlos Marighella , que ganhou uma hagiografia cinematográfica dirigida por Wagner Moura. Ele até hoje é tratado como herói por alguns setores da esquerda, mesmo que tenha defendido a luta armada mesmo antes do endurecimento do regime militar. Marighella escreveu o infame 'Mini Manual do Guerrilheiro Urbano', no qual propunha execuções (de “um espião norte-americano, um agente da ditadura, um torturador da polícia, ou uma personalidade fascista do governo”, etc.), sequestros (para trocar por guerrilheiros presos) e, finalmente, o terrorismo, mesmo que deixasse vítimas civis pelo caminho — o que de fato aconteceu. Em entrevista a uma revista francesa, Marighella chegou a dizer que o Brasil se tornaria um novo Vietnã, “dezenas de vezes maior”.
Marighella ainda foi o criador da Aliança Libertadora Nacional, um grupo armado cujo objetivo era justamente o de instaurar um “governo popular revolucionário” no Brasil. O que Marighella pregava era tão violento que ele conseguiu ser expulso do PCB (Partido Comunista Brasileiro). Nem os próprios membros do grupo eram poupados da sanha assassina: militantes considerados traidores ou dissidentes eram executados nos chamados “justiçamentos.
Os justiçamentos, aliás, dão um bom vislumbre do que seria o Brasil sob domínio comunista. Em países como a União Soviética e a China, era comum que membros da elite do Partido Comunista fossem eliminados quando caíam em desgraça, mesmo que fossem inocentes. Entre os vários grupos armados da esquerda no Brasil, a mesma prática foi utilizada, já que ideologias genocidas têm muito em comum
Uma das vítimas foi o estudante de sociologia Márcio Leite de Toledo, de 26 anos. Toledo foi enviado a Cuba para treinamento de guerrilha e voltou ao Brasil clandestinamente. Após o retorno, na mesma época em que comandantes da ALNforam capturados pelos órgãos de segurança do regime militar, Toledo passou a discordar das táticas da organização. Como resposta, o comando da ALNconsiderou Toledo perigoso para a organização e um grupo de quatro guerrilheiros decidiu pela execução dele.
A organização não fez segredo do homicídio e anunciou em um comunicado: “A Ação Libertadora Nacional (ALN) executou, dia 23 de março de 1971, Márcio Leite Toledo. Esta execução teve o fim de resguardar a organização. Uma organização revolucionária, em guerra declarada, não pode permitir a quem tenha uma série de informações, como as que ele possuía, vacilações desta espécie, muito menos uma defecção deste grau em suas fileiras”.
Outro caso semelhante envolveu Francisco Jacques Moreira de Alvarenga, da Resistência Armada Nacionalista (RAN). Alvarenga foi executado com quatro tirospor um comando da ALN em 28 de junho de 1973, na sala dos professores do colégio Veiga de Almeida, no bairro carioca da Tijuca, onde dava aula de história.
São mortes que caíram no esquecimento, porque mostram a face mais cruel e covarde da esquerda brasileira, e não se encaixam na versão épica e heróica que muitos tentam criar da guerrilha armada. Esses assassinatos a sangue frio não entraram na conta da Comissão da Verdade, criada pela presidente Dilma Rousseff para apurar as mortes durante o regime militar.
É possível afirmar que os justiçamentos e a morte de inocentes estão no DNA do comunismo brasileiro. Já em 1936, a jovem menina Elza foi sufocada e morta baseada numa tênue desconfiança que outros membros do Partido Comunista tinham a seu respeito. Seu corpo foi escondido no quintal da casa. Luiz Carlos Prestes — o "Cavaleiro da Esperança" — foi condenado pela morte da jovem (foi ele que ordenou a execução), mas poucos anos depois anistiado. 
Olga Benário (esposa de Prestes, judia alemã, deportada para a Alemanha nazista, morta na câmara de gás) foi também vítima de injustiças, desta vez por parte do regime fascista de Getúlio Vargas, que a entregou aos nazistas. Mas enquanto a história de Olga ganhou atenção mundial, foi objeto de filmes com orçamentos milionários, a de Elza segue no oblívio. Nem a imprensa, nem mesmo militantes (de direita ou de esquerda) comentam sua história.
Outra vítima cuja história não inspirou filmes, seriados ou livros é a do jovem soldado Mário Kozel Filho, que se estivesse vivo teria completado 70 anos em julho deste ano. Sua vida foi roubada por guerrilheiros de esquerda aos 19 anos, em 26 de junho de 1968. Uma caminhonete lotada de explosivos foi acelerada em direção ao Quartel General do 2º Exército, em São Paulo. Kozel teve o corpo despedaçado pela explosão
Os pais de Kozel, um jovem de origem simples, só passaram a ter direito a uma pensão em 2003, no irrisório valor de R$ 330. Foi atualizado para R$ 1.140 em 2005. Mas o casal só foi informado em 2007, pela imprensa, a respeito dos valores. Em comparação, desde 1993 a viúva do guerrilheiro Carlos Lamarca recebe uma pensão de R$ 9.963,98, posteriormente atualizada para R$ 12.152,61. Lamarca era integrante do grupo que realizou o atentado, a Vanguarda Popular Revolucionária (VPR).
Atenciosamente,
Jones Rossi, editor de Ideias

Dez trabalhos mais acessados em outubro 2019 - Paulo Roberto de Almeida


     Os dez trabalhos PRA mais acessados em 30 dias

segunda-feira, 11 de novembro de 2019

A ascensão declinante da China - Todd Royal (Modern Diplomacy)

China’s Descending Rise

China is in a sustained economic slowdown. This is causing malignant unease among the political and economic leadership of the communist party in Beijing that governs China. Investing in China will be different, because: 
“The country’s first sustained economic slowdown in a generation. China’s economic conditions have steadily worsened since the 2008 financial crisis. The country’s growth rate has fallen by half and is likely to plunge further in the years ahead, as debt, foreign protectionism, resource depletion, and rapid aging take their toll.”
Chinese social structures are under duress over their aging society. Formerly in the 1990s-early 2000s: “China had the greatest demographic dividend in history, with eight working-age adults for every citizen aged 65 or older.” 
Once societies age, marital numbers decrease, and overall productivity plunges. China’s explosion of older citizens versus working-age will bring unique circumstances for global consumers. Factual evidence of slower productivity is evident throughout China, and will have to be considered for any financial or economic decision for decades ahead. The Chinese economic miracle bursting is largely due to aging demographics.
No one in western or eastern economic analysis circles or think tanks realistically saw this coming former President’s Deng Xiaoping opening of China. This was termed, “Socialism with Chinese characteristics (and/or) ‘socialist market economy,’” still ongoing. This slowdown will have deep ramifications for the global investment community, liberal order in place for over seventy-five years, and Chinese financial wealth that now spans the globe.
When countries age, and use reproductive rights to control populations, they become more assertive abroad, and repressive to its citizenry; this describes China’s social, political and economic philosophies that govern over a billion people. Since its one-child policy was enacted, Chinese economic productivity will plummet, “because it will lose 200 million workers and young consumers and gain 300 million seniors in the course of three decades.”
Suppressive economies have difficulty innovating, producing enough goods domestically, and integrating into world economic mechanisms that intends to distribute wealth globally. But this isn’t the first time these warnings have been made publicly.
Former Premier, Wen Jiabao gave a prescient declaration in March 2007 during the long march of economic progress when Mr. Jiabao had misgivings about China’s growth model by stating, “(Chinese growth had become) ‘unsteady, unbalanced, uncoordinated and unsustainable.” Recent numbers indicated China’s official GDP “has dropped from 15 percent to six percent – the slowest rate in 30 years.” 
Expansionary Chinese growth hasn’t experience this level of downturn since the end of the Mao into post-Mao era. What this does for the Belt and Road Initiative that is paving the way for investments into Central Asia up to the Arctic Circle is uncertain? Deep investment difficulties could witness China stopping the flow of billions of infrastructure projects into countries and continents such as Africa desperate for growth.
Public figures from the Chinese government generally have the economy growing at six percent, but many analysts and economists peg the number(s) at “roughly half the official figure.” China’s GDP has consisted of bad debt that typical financial institutions and western governments will transfer from the state to public sector and ultimately costs passed onto consumers. For China’s wealth to increase when so much domestic wealth is spent on infrastructure projects to increase GDP these official numbers need context.
China has bridges, and cities full of empty office and apartment buildings, unused malls, and idle airports that do not increase economic productivity, and if that isn’t the case then infrastructure increasing economic measurements will decrease. Unproductive growth factors officially known are: “20 percent of homes are vacant, and ‘excess capacity’ in major industries tops 30 percent.” According to official Chinese estimates the government misallocated $6 trillion on “ineffective investment between 2009-14.” Debt now exceeds 300 percent of GDP.
What’s discovered is the amount of China’s GDP growth “has resulted from government’s pumping capital into the economy.” Private investments have trouble overtaking government stimulus spending, and Foreign Affairs ascertains “China’s economy may not be growing at all.”
Chinese economic growth – post-Mao – saw the country’s self-sufficiency in agriculture, energy, and water almost complete by the mid-2000s. Through economic malfeasance, population control, and resource decimation, “water has become scarce, and the country is importing more food and energy than any other nation.” Environmental degradation is destroying the basic necessities for every day survival. 
This is where the world community and financial resources of east and west can meet needs, and grow interconnected, global economies. Energy is one of the biggest areas that China will engulf global energy supplies
The U.S. Energy Information Administration believes China will continue being the largest natural gas user in non-OECD Asia, and by 2050:
“Expects that China will consumer nearly three times as much natural gas as it did in 2018. China’s projected increase in natural gas consumption is greater than the combined growth of natural gas consumption in all other non-OECD Asian countries.”
Opportunities for liquid natural gas (LNG) facilities to be built globally, and in China to spur domestic and international economic activity are unlimited. As China goes, so goes Asia, and the world is now in the “Asian Century.” Investors, geopolitical strategists, and anyone concerned with global security should never believe it is wise to let China continue to falter economically and societally. Setting up investment mechanisms and diplomatic vehicles that benefit China, and the world community is a prudent choice.
When military choices defeat sound fiscal and monetary polices, the past 150 years have brought “nearly a dozen great powers experienced rapid economic growth followed by long slowdowns.” Normal, civilized behavior was pushed aside. What’s needed for Chinese economic growth is the free flow of information, managed wealth, consumer goods, and research/innovation.
Decades ahead, and current economic realities point to China being a great power that is under pressure, but still needs capital. A weak, unsecure China who isn’t satisfied with its place in the Asian hemisphere or global economic system isn’t good for continued prosperity. It would be smarter to engage and invest within China in the areas of energy, water, agriculture, and electricity where opportunities still abound.