O que é este blog?

Este blog trata basicamente de ideias, se possível inteligentes, para pessoas inteligentes. Ele também se ocupa de ideias aplicadas à política, em especial à política econômica. Ele constitui uma tentativa de manter um pensamento crítico e independente sobre livros, sobre questões culturais em geral, focando numa discussão bem informada sobre temas de relações internacionais e de política externa do Brasil. Para meus livros e ensaios ver o website: www.pralmeida.org. Para a maior parte de meus textos, ver minha página na plataforma Academia.edu, link: https://itamaraty.academia.edu/PauloRobertodeAlmeida;

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sábado, 2 de janeiro de 2021

Mini-reflexão sobre o que é verdadeiramente estratégico na vida da nação – Paulo Roberto de Almeida

Mini-reflexão sobre o que é verdadeiramente estratégico na vida da nação 

Paulo Roberto de Almeida


Intelectuais e acadêmicos em geral, militares em especial, adoram falar que carecemos de algum “projeto nacional” (qualquer um, desde que seja grande, ambicioso, magnífico, o que normalmente requer dois PIBs, além do que temos).

Para isso, eles apontam a necessidade de algum tipo de “planejamento estratégico”, e nisso eles se esmeram com todo o ardor de suas capacidades, todo o fervor dos verdadeiros crentes na ideologia natural, e obsessional, do Brasil, que é o desenvolvimento nacional (atenção, o “nacional” é extremamente relevante, não pode faltar nesses planos, e o seu conceito implícito já revela todo um universo mental de pré-disposições patrioteiras).

Não importa agora que o chamado “desenvolvimentismo” seja a doença infantil da ideologia do desenvolvimento e que essa doença tenha contaminado boa parte dos líderes políticos civis, militares e proporção razoável dos acadêmicos.


Pois bem, já tem muita gente engajada em suas planilhas e estudos de viabilidade, traçando o futuro da nação com os tais “projetos nacionais” e fazendo os exercícios de “planejamento estratégico” que lhes são coetâneos e indispensáveis. 

No plano institucional, já existe a SAE da PR, que deveria cuidar, pelo menos em teoria, da soberania da nação e da sua defesa contra ameaças externas, o que implica, justamente, algum planejamento estratégico em relações internacionais, em política externa e em áreas específicas de desenvolvimento que aparecem como absolutamente cruciais para o avanço da nação e a construção de seu bem-estar. 

Os nacionalistas militares e os acadêmicos desenvolvimentistas acreditam que isso passa por políticas de defesa, de desenvolvimento industrial e tecnológico, dessas coisas grandiosas e estupidamente caras. Acho que já eles estão ERRADOS! A realização desses projetos ambiciosos custaria duas vezes o PIB que já não temos, pois parece que estamos andando para trás, estagnando, ou pelo menos crescendo de maneira muito lenta, de forma desequilibrada e socialmente injusta.


O caminho passa pela educação universal de qualidade nos dois primeiros ciclos e pela educação técnico-profissional. Ele começa pela professorinha de aldeia, não pelos militares do Forte Apache ou pelos mandarins corporativos da Esplanada dos ministérios, e menos ainda pelos nossos aristocratas de Ancien Régime, que são os altos magistrados e os membros do Judiciário e do Legislativo de forma geral.


Ele também passa pelo fim da corrupção política em TODAS as suas formas. Mas isso já é bem mais difícil de conseguir. 

Uma das coisas mais difíceis de se obter é a de convencer os integrantes de nossa Nomenklatura, entre eles os milicos, que eles estão errados, que eles querem começar a construir a casa pelo teto, pela superestrutura, e não pelas fundações, que é o ensino universal e compulsório de boa qualidade — e, portanto, estatal, o que não significa que tenha de ser pelo Estado central —, o que NUNCA conseguimos fazer no Brasil, desde pelo menos os duzentos anos em que mandamos em nós mesmos.

Um dia chega...


Paulo Roberto de Almeida 

Brasília, 2/01/2021


Mini-reflexão sobre alguns dos impasses de nossa época - Paulo Roberto de Almeida

 Mini-reflexão sobre alguns dos impasses de nossa época 

Paulo Roberto de Almeida


A construção de realidades alternativas é tudo o que pregam alguns sofistas conservadores ou “tradicionalistas” e o que praticam líderes políticos como Modi, Erdogan, Trump, Orban, Bolsonaro. 

É o caminho da estagnação, do retrocesso, da mediocridade, independentemente das reformas e das mudanças que possam ser feitas.

Parece que é também o que escolhemos para o Brasil: sejam bem-vindos ao impasse.

A pergunta que se deve fazer é a seguinte: tal adesão significa a construção de uma sociedade mais justa, mais avançada, socialmente inclusiva, culturalmente sofisticada, plenamente democrátice e respeitadora dos direitos humanos e das liberdades em geral? 

Ou apenas de mais sectarismo, de mais divisão social e política, mais enfrentamentos entre tribos rivais de fundamentalismos desagregadores, de seguimento cego de algum líder salvacionista, geralmente autocrático e propenso a satisfazer desejos primários das massas, em lugar de estimular o crescimento semi-anárquico de todas as iniciativas individuais, na plena liberdade de uma sociedade menos regulada por burocratas estatais, bem mais entregue à livre iniciativa das vontades pessoais?

A despeito da longa frase e das afirmações já explícitas, eu fiz uma pergunta: que nação queremos ser, que tipo de sociedade queremos construir?

Uma de condutores ou de conduzidos?

Uma de cidadãos ou de súditos?

Uma de dependentes do Estado ou de seres livres?

Dependendo das constatações que se façam, pode ser que tenhamos adotado o caminho errado...

Não querendo decepcionar ninguém, despeço-me com uma nota de otimismo: no meio de tanta desgraça atualmente, pode ser que surja alguma luz no fim do túnel. 

Pode não vir naturalmente, pela luz do sol ou pela claridade que se instala depois de algum tempo.

Mas também pode ser porque alguém acendeu alguma luz, ainda que artificial e bruxuleante. Cabe aproveitar mínimas oportunidades e possibilidades.

A flecha do tempo humano nunca está pré-determinada em sua direção. A própria seleção “natural” para a humanidade, neste estágio de seu desenvolvimento, é bem mais cultural do que biológica. 

É o admirável mundo novo, que também é desafiador. Mas cabe olhar para a frente, a despeito de meia dúzia de conservadores regressistas - e anti-iluministas- que querem fazer rodar para trás a roda da história. 


Paulo Roberto de Almeida

Brasília, 2/01/2021


Mini-reflexão sobre a opção pelo declínio - Paulo Roberto de Almeida

 Mini-reflexão sobre a opção pelo declínio

Paulo Roberto de Almeida 

Quando sociedades resolvem se suicidar, elas fazem um pouco como Argentina e Brasil, independentemente que seja pela via da “esquerda” ou da “direita”, o que não tem nenhuma importância nesses casos de nações que resolvem entregar seus destinos respectivos a líderes supostamente salvacionistas que, paradoxalmente, só aprofundam o processo de decadência. 

O Brasil, com características próprias, exibe o mesmo itinerário que conduziu a Argentina a mais de 80 anos de declínio continuo e, o que é pior, evitável mas incontornável: o caminho das não-reformas, o da entrega de seus respectivos destinos a elites medíocres, a preservação da não-educação, do desprezo pela cultura sofisticada, a continuidade da corrupção política e também nos meios empresariais, enfim, a preservação de um ambiente de negócios que é totalmente anti-empreendedor e nefasto para o investimento estrangeiro e para a inserção global. 

Sinto dizer, mas o Brasil é um país totalmente preparado para não crescer, para vegetar na mediocridade imobilista durante certo tempo mais. Quanto tempo? Impossível dizer, mas o suficiente para deixar uma ou duas gerações acostumadas à mediocridade, assim como ocorreu, e ainda ocorre, com a Argentina, e isso independentemente de serem introduzidos sinais exteriores, e superficiais, de “modernidade”.

Na verdade, o Brasil se arrasta letargicamente, há duzentos anos em direção a um futuro medíocre: delongado na extinção do tráfico escravo e da própria escravidão, retardado na construção de um sistema de educação de massas de boa qualidade, nunca fez reforma agrária de verdade, e tampouco empreendeu uma revolução industrial — nossa industrialização se fez aos saltos, oportunistas e descontínuos, sem conexões com cadeias de valor internacionais, o que também é devido a nosso nacionalismo entranhado e ao nosso persistente protecionismo que só serve a empresários rentistas – e nunca soube corrigir as taras sempre presentes do mandonismo e do patrimonialismo.

Como querem, agora, que o Brasil seja uma nação próspera e um país desenvolvido? Vai ser difícil, na ausência de um diagnóstico correto de nossos males e de uma disposição clara para adotar as prescrições adequadas em função da realidade e para empreender as reformas necessárias. Para isso seria preciso ter uma visão clara dos desafios e coragem para superá-los, o que requer estadistas, não líderança medíocres como as que temos atualmente.

Sinto ter de anunciar: bem-vindos a um horizonte de declínio e de conformidade com a estagnação secular. Já aconteceu antes, com outras nações; agora é a nossa vez.


Paulo Roberto de Almeida

Brasília, 2/01/2021


sexta-feira, 1 de janeiro de 2021

Todos os tipos de estantes de livros, para todos os gostos - BoobBub

Preciso escolher dois ou três modelos...

Paulo Roberto de Almeida 

26 Beautifully Organized Bookshelves to Inspire Your New Year’s Resolutions


There’s nothing like a new year to motivate us to be more organized. We’ve rounded up bookshelves that are both beautiful and organized to inspire your bookish resolutions for 2021. Happy organizing!

1. Serene Beauty

Books are beautifully organized and displayed on this eye-catching white bookcase.

2. Artful Books

The combination of books and artwork make for a stylish focal point in this room.

3. Airy and Open

Open shelving doesn’t have to look messy. It just takes a little creative organization, like on this beautiful bookshelf.

4. Vintage Display

Old books deserve a showcase all their own, and these colorful beauties are a bibliophile’s dream.

5. White on White

The neutral tones and variety of textures draw your eye to this well-organized display.

6. Front and Center

The pleasing symmetry of this bookshelf makes it easy to group your books according to subject.

7. Cooking the Books

Finally, all of your cookbooks in one place, organized and at your fingertips!

8. Color-by-Book

Too many books for one shelf? Try organizing your various bookshelves by color.

9. Vertical Style

Throw out the TV stand and install a wall of bookshelves to hold all of your entertainment. The ladder is a must for those tall shelves!

10. Simply Arranged

The secret to an organized and tidy bookshelf is to avoid overcrowding the space. A shelf like this would be perfect for your to-be-read books.

11. A Book in Every Hue

This bookshelf works because it’s so carefully organized by hue, making for an eye-catching display.

12. Bookshelf at Capacity

There isn’t room for even one more book on this wall of open shelves, but that’s OK because it’s neat as a pin and most inviting!

13. Books Cubed

The square compartments on this wall of bookshelves keep everything neat.

14. Book Aspirations

Tip for keeping your books organized: Have enough shelves for a book collection that’s twice as big as what you have now. It will take a long time for this pretty bookcase to look messy and stuffed.

15. A Different Angle

Towering pile of books beside your bed? This slanted shelf gives you a convenient place to neatly store books up and out of the way.

16. Still Life with Books

Organizing in style doesn’t have to cost a lot of money. A few white shelves and decorative brackets and this wall is transformed into a beautiful and tidy space.

17. Rainbow of Books

Organizing your novels by color is a fun and easy way to get a big bookcase like this into shape.

18. Hallway of Shelves

Wasted space in a hallway makes for a great place to organize your book collection.

19. Divide and Conquer

Children’s books out of control? Can’t find a favorite book? Make dividers and alphabetize them, library-style!

20. Floating at Your Fingertips

These floating bookshelves are perfect for organizing books in small spaces.

21. No Wasted Space

These under-the-stairs bookcases are a lovely, easy-to-organize focal point.

22. Glorious Books

For the book lover who believes there is no such thing as too many books, a neatly organized wall-to-wall, floor-to-ceiling bookcase is a dream.

23. Bohemian Beauty

For the boho book lover, these well-organized shelves are a perfect fit in this eclectic setting! 

24. Color Pop

A few pops of color make for a delightful surprise when admiring these floor-to-ceiling bookcases! 

25. Booked All Night

With so many gorgeous and organized bookshelves, why would we ever want to get out of bed? 

26. Time to Unwind 

Beautiful oak bookshelves, overhead light, and a comfy chair that encourages browsing are a perfect fit in a tight space! 


Relações econômicas internacionais do Brasil, 1945-2020 - Paulo Roberto de Almeida

 Relações econômicas internacionais do Brasil, 1945-2020  

Paulo Roberto de Almeida

(www.pralmeida.orghttp://diplomatizzando.blogspot.com)

 

Sumário: 

Introdução: o Brasil no sistema econômico multilateral do pós-guerra

A ordem econômica internacional do pós-guerra e a economia brasileira

O multilateralismo econômico do pós-guerra e o Brasil

Brasil: cronologia sumária do multilateralismo econômico, 1944-2019

Vetores das relações econômicas internacionais do Brasil, 1944-2020

 

 

Introdução: o Brasil no sistema econômico multilateral do pós-guerra

O presente texto examina mais detidamente a diplomacia econômica do Brasil na era contemporânea, com o objetivo de preparar o terceiro volume de minha trilogia em torno da formação da diplomacia econômica no Brasil, cujo primeiro volume, dedicado ao período monárquico, foi publicado em 3ra. edição em 2017, pela Fundação Alexandre de Gusmão (disponível em sua Biblioteca Digital: Volume Ilink: http://funag.gov.br/loja/index.php?route=product/product&product_id=907; e Volume II, link: http://funag.gov.br/loja/index.php?route=product/product&product_id=908).

Esse primeiro volume partia do período colonial, quando ainda não existia o Brasil enquanto nação independente, e se estendia, mais especificamente, a partir de 1808, quando passamos a ter relações exteriores a partir do Brasil, prolongando-se até 1889, ou seja, até o final do Império. Mas esse primeiro volume também tem, ao seu final, um longo capítulo republicano, trazendo nossas relações econômicas internacionais até o final do século XX, ou até um pouco além, pois nesta 3ra edição estendi a informação factual até cobrir nosso ingresso oficial no Clube de Paris, como país credor, em outubro de 2016, bem como nossa demanda de adesão plena à OCDE, em junho de 2017 (ainda em curso). 

O segundo volume comporta certo trabalho de sistematização no que se refere à informação estatística serial, dadas as enormes rupturas econômicas ocorridas desde o deslanchar da Grande Guerra, em 1914, no decorrer das crises do entre guerras, sobretudo a partir de 1931, mais até do que em 1929, e depois até o final da Segunda Guerra Mundial, ou até praticamente 1948, quando são instituídas as organizações primaciais da ordem econômica mundial contemporânea, as duas irmãs de Bretton Woods e o Gatt, tornado órfão com o fracasso da OIC, a primeira organização dedicada ao comércio multilateral, criada em Havana, ao final da terceira grande conferência econômica do pós-guerra. O terceiro volume trará a história de Bretton Woods aos nossos dias, e é em torno desse período que formulo meus desenvolvimentos neste ensaio, mas o faço apenas com base em notas sintéticas, sem grande suporte factual ou documental.

 (...)


Ler a íntegra neste link: 

https://www.academia.edu/44814518/3571_Relacoes_economicas_internacionais_do_Brasil_1945_2020

A catastrófica passagem de um degenerado pelo poder - Editorial do Estadão

 O primeiro editorial do Estadão de 2021 alerta para a necessidade de que as instituições republicanas e a própria coletividade contenham a sanha destruidora do ser mais desprezível e desumano que JAMAIS ocupou um cargo de tão alta responsabilidade nos anais de nossa história, e isto não só da etapa independente, e sim de todo o itinerário da nação, desde o primeiro governador-geral, em 1549. Nunca tivemos um monstro sádico no comando do país e nunca tivemos precedentes para a Barbárie Atual.

Deixo aqui o meu registro claro e transparente de meu repúdio total ao desgoverno do degenerado dirigente.

Paulo Roberto de Almeida 

Brasília, 1/01/2021


Ainda faltam 17,5 mil horas

 Editorial de O Estado de S. Paulo, 1/01/2021

O Brasil conta as horas para o fim do governo de Bolsonaro 

O Brasil conta as horas para o fim do governo de Jair Bolsonaro. A partir de hoje, quando se completa a primeira metade do mandato, faltarão cerca de 17,5 mil – uma eternidade, considerando-se que se trata do pior governo da história nacional.

Se os dois primeiros anos da gestão de Bolsonaro servem de parâmetro para o que nos aguarda na segunda parte do mandato, o Brasil nada pode esperar senão mais obscurantismo, truculência e incapacidade administrativa, pois essa é a natureza de um governo cujo presidente não se elegeu para governar, e sim para destruir.

Não se tem notícia de que alguma das promessas formais de campanha de Bolsonaro tenha sido cumprida. Ele e seu “superministro” da Economia, Paulo Guedes, passaram quase toda a primeira metade do mandato a anunciar privatizações em massa, desenvolvimento econômico, criação de empregos, modernização do Estado e competitividade internacional. A frustração de todos esses retumbantes compromissos levou o ministro Paulo Guedes a anunciar: “Acabou. Não prometo mais nada”.

Também as alardeadas reformas foram ou esquecidas ou sabotadas por Bolsonaro justamente na época mais propícia para sua aprovação. Somente a reforma da Previdência foi aprovada, mas como resultado do esforço da liderança do Congresso, muitas vezes à revelia do presidente da República.

Será uma surpresa se a pauta de reformas avançar na segunda metade do mandato, em meio ao previsível clima de campanha eleitoral alimentado pelo próprio presidente. Não há motivo para otimismo – e não há porque Bolsonaro não se mostrou competente nem mesmo para encaminhar as pautas ditas “de costumes”, tão caras ao bolsonarismo. Assim, como se vê, o governo do ex-deputado do baixo clero não se define pela capacidade de formular políticas – qualquer uma –, restando-lhe exclusivamente o discurso ideológico.

Nisso, Bolsonaro foi competente. Durante dois longos anos, conseguiu entreter o País com um misto de violência e escárnio pelas instituições, tão ao gosto de uma parcela reacionária da população para a qual a política não presta e democracia equivale a balbúrdia.

Bolsonaro passou a primeira metade de seu mandato a fazer o elogio do homem medíocre, menosprezando a respeitabilidade e rejeitando qualquer autoridade que não fosse a sua. Elevou a crueldade à categoria de virtude, contrariando valores humanitários, considerados hipócritas por ele e seus devotos. Ao fazê-lo, ofereceu a seus ressentidos eleitores a possibilidade excitante de mudar a história por meio do autoritarismo messiânico de seu “mito”.

Como em todo regime autoritário, programas partidários são irrelevantes – e Bolsonaro nem partido tem. O que interessa é a palavra do “mito”, que muda ao sabor das circunstâncias, tornando irrelevante até mesmo a assinatura de Bolsonaro em leis e decretos que ele não se envergonha de renegar ou esquecer quando lhe é conveniente.

Até aqui, Bolsonaro dedicou-se a criar um discurso em que todos são responsáveis pelos problemas, menos ele. E, como se trata de ideologia, pouco importa se o discurso é baseado em falsas premissas, como quando reitera a mentira segundo a qual não tem responsabilidade no combate à pandemia porque o Judiciário a atribuiu a Estados e municípios. O que importa é disseminar a impressão de que não o deixam governar, numa imensa conspiração.

Para que esse discurso funcione, é preciso desqualificar a imprensa profissional, que trabalha para revelar fatos concretos, e valorizar as redes sociais, que criam “fatos” sob encomenda. É o que Bolsonaro faz a todo momento. Nesse ambiente, todo aquele que é capaz de pensar e questionar torna-se automaticamente suspeito. Nada do que a experiência científica oferece é válido, pois tudo o que é preciso saber será revelado pelo “mito”, de acordo com a lógica de suas, digamos, ideias.

Nas 17,5 mil horas desse pesadelo que ainda temos pela frente, é preciso que a sociedade e as instituições democráticas impeçam Bolsonaro de completar sua obra deletéria. Se não se pode esperar que Bolsonaro se emende, ao menos é possível tentar reduzir os danos de sua catastrófica passagem pelo poder.



Um dirigente desumano e miserável para um país sem destino - Editorial do Estadão

 A Nação, refém do descaso, neste Editorial de O Estado de S. Paulo . O degenerado não merece o título de presidente.


A postura insultuosa de Bolsonaro 

Editorial O Estado de S. Paulo, 31/12/2020


A Nação está refém do inconcebível descaso de Jair Bolsonaro pela vida e pela saúde pública, quando, como ocorre em qualquer país normal, deveria ser bem liderada por seu presidente no curso da mais letal emergência sanitária que se abateu sobre o Brasil desde 1918.

Nesta hora grave, a postura insultuosa de Bolsonaro diante das aflições dos brasileiros deve ser vista como uma traição ao juramento por ele prestado sobre a Constituição ao tomar posse como presidente da República. Aquele que deveria ser o líder de todos os esforços nacionais para acabar com um flagelo que há dez longos meses exaure o espírito de milhões de seus compatriotas, ao contrário, é o primeiro de uma penca de sabotadores desses esforços. E com indisfarçável satisfação.

O País chega a 2021 perto da marca de 195 mil mortos pela covid-19. Jamais tantos brasileiros morreram em tão pouco tempo devido a uma só causa. Angustiada, a Nação assiste ao início da campanha de vacinação contra o novo coronavírus em cerca de 50 países, alguns dos quais em condições econômicas mais adversas que as do Brasil, sem saber quando e como será vacinada. É como se aos que aqui vivem não bastassem as provações já impostas pela pandemia, agregando-se um presidente mequetrefe ao longo rol de infortúnios.

No sábado passado, ao ser questionado por um jornalista se sentia a pressão de ver outros países iniciarem a vacinação de seus nacionais, Bolsonaro reagiu dizendo “não dar bola para isso”, pois “ninguém o pressiona para nada”. É este presidente à prova de “pressões” – até mesmo a pressão para salvar vidas – que, como se não tivesse múltiplas crises para debelar, encontrou tempo para jogar futebol, debochar de adversários políticos, criticar os laboratórios que fabricam as vacinas e ofender a ex-presidente Dilma Rousseff, entre outros absurdos. Parece claro que Jair Bolsonaro está mais preocupado em desviar as atenções do País de sua irremediável incompetência do que em viabilizar o início de uma campanha de vacinação sem a qual mais brasileiros vão morrer e mais preso a este pesadelo estará o País.

Bolsonaro é um presidente sui generis. Em sua cruzada antivacina, destoa até mesmo de líderes aos quais sempre demonstrou ter profunda admiração, como o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, e o primeiro-ministro de Israel, Binyamin Netanyahu. Ambos não foram tão longe a ponto de questionar a segurança das vacinas e mobilizaram seus governos para conseguir o maior número de doses para seus nacionais no menor tempo possível. Líderes de direita e de extrema direita com os quais o presidente brasileiro mantém afinidades ideológicas – como os primeiros-ministros do Reino Unido, Boris Johnson, e da Hungria, Viktor Orbán, também fizeram planos para adquirir vacinas.

No início da segunda metade de seu mandato, Jair Bolsonaro ainda não tem um plano para amparar os desvalidos que deixarão de receber o auxílio emergencial, não tem um plano para destravar a economia e gerar empregos e, não menos importante, não tem um plano para vacinar toda a população. Não há saída possível para a crise que paralisa o Brasil que não passe por uma rápida e eficaz imunização contra a covid-19.

A Nação vê-se perdida em meio à falta de informações ou à comunicação vacilante das ditas autoridades. As duas vacinas mais próximas dos brasileiros, a Coronavac, fruto da parceria entre o Instituto Butantan e a chinesa Sinovac Life Science, e o imunizante da AstraZeneca e da Universidade de Oxford, que será produzido no Brasil pela Fiocruz, ainda são meras promessas. Até o momento, não se sabe exatamente qual a eficácia da primeira. E erros metodológicos atrasaram a conclusão dos testes de fase 3 da segunda.

Não se esperava que o Brasil fosse um dos primeiros países a vacinar seus cidadãos. Afinal, havia países mais desenvolvidos com condições de sair na frente em suas campanhas de vacinação. Tampouco condiz com a grandeza do País não haver sequer previsão segura do início da imunização por aqui. E não há porque Bolsonaro nunca quis que houvesse.


A covid-19 e as paranoias associadas: algumas recomendações práticas

*𝐅𝐢𝐧𝐚𝐥𝐦𝐞𝐧𝐭𝐞, 𝐚𝐥𝐠𝐨 𝐩𝐫á𝐭𝐢𝐜𝐨 𝐞 𝐡𝐨𝐧𝐞𝐬𝐭𝐨 𝐝a 𝐂𝐡𝐞𝐟𝐞 𝐝𝐚 𝐂𝐥í𝐧𝐢𝐜𝐚 𝐝𝐞 𝐃𝐨𝐞𝐧ç𝐚𝐬  𝐈𝐧𝐟𝐞𝐜𝐜𝐢𝐨𝐬𝐚𝐬 𝐝𝐚 𝐔𝐧𝐢𝐯𝐞𝐫𝐬𝐢𝐝𝐚𝐝𝐞 𝐝𝐞 𝐌𝐚𝐫𝐲𝐥𝐚𝐧𝐝, 𝐄𝐔𝐀:*

1. Talvez tenhamos que morar com o COVID 19 por meses ou anos. *Não* vamos negar ou entrar em pânico. *Não*  vamos tornar nossas vidas inúteis. *Vamos aprender a conviver com esse fato.*

2. Você *não pode destruir* os vírus COVID19 que penetraram nas paredes das células, bebendo galões de água quente - você *só irá* ao banheiro com mais frequência.

3. *Lavar as mãos é o melhor método* para sua proteção.

4. Se você *não tem* um paciente COVID19 em casa, *não há necessidade* de desinfetar as superfícies da sua casa.

5. Cargas embaladas, bombas de gás, carrinhos de compras e caixas eletrônicos não causam infecção. *Lave as mãos,* viva sua vida como sempre.

6. COVID19 *não é uma* infecção alimentar. Está associado a *gotas de infecção* como a gripe. *Não* há risco demonstrado de que o COVID19 seja *transmitido* pelos alimentos.

7. Você *pode* perder o sentido do olfato com muitas alergias e infecções virais. Este é *apenas um sintoma* inespecífico de COVID19.

8. Uma vez em casa, você *não precisa* trocar de roupa com urgência e tomar banho! Pureza é uma virtude, *paranóia não é!*

9. O vírus COVID19 *não está* no ar. Esta é uma infecção respiratória por gotículas que requer *contato próximo.*

10. O ar está limpo, você *pode caminhar* pelos jardins, pelos parques, apenas *evite aglomerações.*

11. É suficiente usar *sabão normal* contra COVID19, não sabão antibacteriano. Este é um *vírus, não uma bactéria*.

12. Você *não precisa* se preocupar com seus pedidos de comida. Mas você pode aquecer tudo no microondas, se desejar.

13. As *chances* de levar o COVID19 *para casa* com os *sapatos* são *como ser atingido* por um raio duas vezes por dia. Trabalho contra vírus há 20 anos - as *infecções* por gota *não* se espalham assim!

14. Você *não pode* ser protegido contra o vírus tomando vinagre, suco de cana e gengibre! Estes *são para imunidade*, não para cura.

15. Usar uma máscara por longos períodos *interfere* nos *níveis de respiração* e oxigênio. Use-a *apenas* na multidão.

16. Usar *luvas* também é uma *má idéia*; o vírus pode se acumular na luva e ser facilmente transmitido se você *tocar em seu rosto.* Melhor *apenas* lavar as mãos regularmente.

17. A *imunidade* é muito enfraquecida ao *permanecer sempre* em um ambiente estéril. Mesmo se você comer alimentos que aumentam a imunidade, *saia regularmente* de sua casa para qualquer parque / praia. A *imunidade é aumentada* pela exposição a patógenos, não por ficar em casa e consumir alimentos fritos / condimentados / açucarados e bebidas gaseificadas, e não praticar atividades físicas.

*Fonte:*

 https://www.impala.pt/noticias/atualidade/covid-19

Enviado por meu amigo e colega Sérgio Florêncio, embaixador.

O Zaratustra do Cerrado Central e a angústia de não ser compreendido - Paulo Roberto de Almeida

O Zaratustra do Cerrado Central e a angústia de não ser compreendido 

 

Paulo Roberto de Almeida

(www.pralmeida.orghttp://diplomatizzando.blogspot.com)

[Objetivolamentar o desvio de talento em bobagensfinalidadecolocar o dedo na ferida]

  

O chanceler acidental sofre de uma profunda angústia espiritual: ele se sente desesperadamente sozinho na imensidão do cerrado central, onde não encontra alguma alma gêmea, um mísero sofista, um colega de devaneios, algum companheiro de promenades antiphilosophiques (à la Rousseau), alguém à altura de sua confusa mixórdia mental, enfim, qualquer um, com quem possa aliviar sua consciência atormentada pela necessidade de ser reconhecido como o grande pensador do bolsonarismo ambulante.

O problema é que que o seu guia espiritual, o famoso Rasputin de Subúrbio, já não desfruta, como no começo, daquele odor de santidade junto aos donos do poder, depois de ter ofendido a todos e a cada um, e de ter caído em desgraça até junto aos círculos mais chegados ao chefão da tropa. Este, por sua vez, não está minimamente interessado em, até porque não precisa de, circunlóquios cerebrais em torno de um nova doutrina para o seu movimento: ele não está interessado em diálogos, menos ainda subfilosóficos, só quer gente que lhe obedeça cegamente, como um bom candidato a Stalin de direita que é. 

Por isso, aquele personagem bizarro à procura do seu tirano de Siracusa, sem ter com quem externar suas alucinações periódicas, sente necessidade de lançar suplicantes manifestos cruzadistas, em uma nova ofensiva contra o marxismo cultural e o maoísmo cibernético, como fez ainda recentemente em seu Blog Metapolítica 17: contra o globalismo, no qual acaba de divulgar novos extratos de suas angústias, sob um título accrocheur: “Por um Reset Conservador-Liberal” (31/12/2020; link: https://www.metapoliticabrasil.com/post/por-um-reset-conservador-liberal).

Não cabe dar sentido ao que não tem sentido nenhum, por isso nem convido os leitores a tentar provar a intragável sopa de letras ali concentrada, um pot-pourri de noções incompreensíveis ao leitor comum, mas que devem ter custado várias noites angustiadas ao Zaratustra do cerrado central para juntar tudo na mesma panela e deglutir virtualmente. Só lhe sobrou isto num governo que se desfaz como as fortalezas dos cristãos na contraofensiva de Saladino.

Que tristeza: o chanceler brancaleônico não pode contar nem mais com os 300 milicianos da Esplanada, que não chegavam a 30, para defender suas fileiras de novos cruzados contra os inimigos comunistas, bolcheviques e gramscianos.

Ele não pode sequer contar com uma Lepanto do Planalto Central para animar essas tropas confusas da luta contra os globalistas da esquerda.

O capitão não o compreende; ele está só.

Nem um Kierkegaard para ajudá-lo. Seu manifesto filosófico do novo partido bolsonarista deve mesmo ficar para a crítica roedora dos ratos.

 

Paulo Roberto de Almeida

Brasília, 3831, 1 de janeiro de 2021

 

O euro, a moeda comum europeia: uma breve história - Alex (Lista Geopolítica)

 Recebo, de uma comunidade (isto é, Lista) Geopolítica da qual faço parte um texto sem atribuição precisa de autoria (a não ser a simples assinatura Alex ao final) sobre a complexa e interessante história do euro, um triunfo da política sobre a economia.

Está correta no essencial, com pequenos pontos de detalhe, talvez mais conceituais do que factuais. Onde se lê moeda única deve-se entender na prática moeda comum e faltaria uma melhor explicação para os critérios de Maastricht, e por que alguns países que não os cumpriam inteiramente acabaram sendo aceitos no euro.

Paulo Roberto de Almeida 


História do Euro

O euro foi criado em 1 de janeiro de 1999, embora tenha sido um objetivo da União Europeia (UE) e de seus predecessores desde os anos 1960. 

A moeda foi formada virtualmente em 1999; notas e moedas começaram a circular em 2002. 

Rapidamente substituiu as antigas moedas nacionais e lentamente se expandiu para trás do resto da UE. 

Em 2009, o Tratado de Lisboa finalizou sua autoridade política, o Eurogrupo, ao lado do Banco Central Europeu.

Teve como principais defensores os Economistas Fred Arditti, Neil Dowling, Wim Duisenberg, Robert Mundell, Tommaso Padoa-Schioppa e Robert Tollison. 

No entanto, só pelo Tratado de Maastricht, de 1992 esta ideia passou da teoria para o Direito. 

Este tratado foi celebrado pelos doze países que à data faziam parte da Comunidade Económica Europeia. 

O Reino Unido e a Dinamarca optaram neste tratado por ficar de fora da moeda única. Na teoria os países que aderissem posteriormente à União teriam que aderir à moeda única.

A Suécia aderiu à União em 1995 mas negociou entrar numa fase posterior. 

Os critérios para adesão à nova moeda única foram estabelecidos pelo Pacto de Estabilidade e Crescimento de 1997.

O primeiro nome para o sistema de conversão entre as moedas que se uniriam foi o ECU (European Currency Unit. 

O nome de Euro é atribuído ao Belga German Pirloit que assim o sugeriu a Jacques Santer em 1995. O valor da nova moeda foi ancorado ao do ECU por resolução do Conselho da União Europeia de 31 de dezembro de 1998. 

As primeiras ideias de uma união econômica e monetária na Europa surgiram muito antes da criação da Comunidade Europeia. 

Por exemplo, já na Liga das Nações, Gustav Stresemann pediu em 1929 uma moeda europeia no contexto de uma divisão econômica crescente devido a uma série de novos estados-nação na Europa após a Primeira Guerra Mundial, países como Áustria e Hungria surgiram com o fim da guerra.

Uma primeira tentativa de criar uma união econômica e monetária entre os membros da Comunidade Econômica Europeia (CEE) surgiu por iniciativa da Comissão Europeia em 1969, que definia a necessidade de “uma maior coordenação das políticas econômicas e da cooperação monetária." 

Seguiu-se uma reunião do Conselho Europeu em Haia em dezembro de 1969. 

O Conselho Europeu encarregou Pierre Werner, primeiro-ministro de Luxemburgo, da descoberta de uma maneira de reduzir a volatilidade da taxa de câmbio. 

Seu relatório foi publicado em outubro de 1970 e recomendava a centralização das políticas macroeconômicas nacionais, envolvendo "a fixação total e irreversível de taxas de paridade e a liberação completa dos movimentos de capitais". 

Mas ele não propôs uma moeda única ou banco central. 

Uma tentativa de limitar as flutuações das moedas europeias, conhecida como cobra no túnel, falhou.

Em 1971, o presidente dos EUA, Richard Nixon, removeu o lastro em ouro do dólar americano, ou seja deixou de fixar o valor do dólar em ouro, causando um colapso no sistema de Bretton Woods que conseguiu afetar todas as principais moedas do mundo. 

As flutuações generalizadas da moeda e as desvalorizações prejudicaram as aspirações de uma união monetária europeia.

No entanto, em março de 1979, o Sistema Monetário Europeu (SME) foi criado, fixando as taxas de câmbio na Unidade de Moeda Europeia (ECU), uma moeda contábil , para estabilizar as taxas de câmbio e combater a inflação. 

Também criou o Fundo Europeu de Cooperação Monetária (EMCF). 

Em fevereiro de 1986, o Ato Único Europeu formalizou a cooperação política dentro da CEE, incluindo competência em política monetária. 

A cimeira do Conselho Europeu de Hanôver em 14 de Junho de 1988 começou a delinear a cooperação monetária. 

A França, a Itália e a Comissão Europeia apoiaram uma união monetária plena com um banco central, à qual a primeira-ministra britânica Margaret Thatcher se opôs. 

Reiniciar 

O Conselho Europeu de Hannover convidou o presidente da Comissão, Jacques Delors, a presidir um comite ad hoc de presidentes de bancos centrais para propor um novo calendário com medidas claras, práticas e realistas para a criação de uma união econômica e monetária. 

Esta forma de trabalhar foi derivada do método Spaak, dentro deste método de negociação, a comissão preparatória tem um forte papel de iniciação e mediação na fase anterior à conferência, enquanto a própria Conferência Intergovernamental trata apenas da negociação de pequenas mudanças na agenda original preparada pela comissão preparatória.

O relatório Delors de 1989 traçava um plano de introdução da UEM em três fases e incluía a criação de instituições como o Sistema Europeu de Bancos Centrais (SEBC), que se tornaria responsável pela formulação e implementação da política monetária. 

Ele definiu a união monetária sendo realizada em três etapas. 

Iniciando a primeira dessas etapas, em 1 de julho de 1990, os controles de câmbio foram abolidos, assim os movimentos de capitais foram completamente liberalizados na Comunidade Econômica Européia.

Os líderes chegaram a um acordo sobre a união monetária com o Tratado de Maastricht, assinado em 7 de fevereiro de 1992. 

Ele concordou em criar uma moeda única, embora sem a participação do Reino Unido, em janeiro de 1999. 

Obter a aprovação para o tratado foi um desafio. 

A Alemanha foi cautelosa em desistir de sua moeda estável, o marco alemão, a França aprovou o tratado por uma margem estreita  e a Dinamarca se recusou a ratificá-lo até que obtivesse um opt-out da união monetária como o Reino Unido. 

Segunda fase 

A segunda fase do plano começou em 1994 com a criação do Instituto Monetário Europeu, sucedendo o EMCF. 

Foi criado como o precursor do Banco Central Europeu. 

Em 17 de Junho de 1997, o Conselho Europeu decidiu em Amesterdão adotar o Pacto de Estabilidade e Crescimento, destinado a assegurar a disciplina orçamental após a criação do euro, e foi criado um novo mecanismo de taxas de câmbio ( MTC II ) para proporcionar estabilidade acima do euro e da moedas nacionais de países que ainda não entraram na zona do euro. 

Posteriormente, a 3 de Maio de 1998, no Conselho Europeu de Bruxelas, foram seleccionados os 11 primeiros países que iriam participar na terceira fase a partir de 1 de Janeiro de 1999. 

Para participar da nova moeda, os Estados membros tiveram que cumprir critérios estritos, como déficit orçamentário inferior a 3% do PIB, índice de endividamento inferior a 60% do PIB, inflação baixa e taxas de juros próximas à média da UE.

A Grécia não cumpriu os critérios e foi excluída da participação em 1 de Janeiro de 1999.

Em 1 de junho de 1998, o Banco Central Europeu sucedeu ao Instituto Monetário Europeu. 

No entanto, não assumiu os seus plenos poderes até que o euro foi criado em 1 de Janeiro de 1999. 

O primeiro presidente do banco foi Wim Duisenberg, antigo chefe do IME e do banco central holandês.  

Alex