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quarta-feira, 7 de abril de 2021

Hipólito da Costa: um jornalista de sete instrumentos - Paulo Roberto de Almeida e outros autores, Observatório da Imprensa

 Hipólito da Costa: um jornalista de sete instrumentos

 

Paulo Roberto de Almeida

Rio de Janeiro, 1897: 29 maio e Brasília, 10 junho 2008, 3 p. 

Depoimento concedido à TV Brasil no quadro do programa especial do Observatório da Imprensa sobre Hipólito José da Costa e os 200 anos da imprensa no Brasil. Não registrado de forma independente. Integrado seletivamente ao programa e descrito em matéria do Boletim Observatório da Imprensa (10.06.2008; Programa “200 Anos da Imprensa no Brasil – Parte 2”, apresentado em 10 de junho de 2008).

 

 

Observatório da Imprensa na TV

200 anos da imprensa brasileira: Correio Braziliense e Hipólito da Costa

Por Lília Diniz em 11/6/2008

 


O Observatório da Imprensa exibido na terça-feira (10/06) pela TV Brasil comemorou o bi-centenário do primeiro jornal do país, o Correio Braziliense. Impresso em Londres pelo jornalista Hipólito da Costa, o periódico circulou de 1808 a 1822, um período de profundas transformações na estrutura sócio-política do Brasil. Perseguido pela Inquisição, hoje Hipólito é o patrono dos jornalistas e da cadeira 17 da Academia Brasileira de Letras (ABL). Participaram do programa ao vivo a historiadora Isabel Lustosa, no estúdio do Rio de Janeiro, e o escritor e professor Antônio Costella, em São Paulo.

 

No editorial que precede o debate ao vivo, Alberto Dines questionou a razão de a imprensa não ter valorizado os 200 anos do Correio: "Que pecado cometeu Hipólito da Costa para ser esquecido numa data tão gloriosa? O que há de errado na sua biografia para incomodar tanto os donos da verdade? Só porque era maçom, só porque combateu a censura e a Inquisição, deve Hipólito ser condenado ao esquecimento?". O jornalista ressaltou que as duas exceções foram a Folha de S.Paulo e o Correio Brasiliense do Distrito Federal.

 

Também antes do debate, Dines comentou os fatos de destaque da semana. A estréia da jornalista Lílian Witte Fibe como âncora do programa Roda Viva, da TV Cultura, foi o primeiro tema da seção "A mídia da Semana". Em seguida, o foco foi o papel da imprensa no monitoramento dos candidatos nas próximas eleições municipais. Para finalizar, Dines analisou a falta de continuidade da cobertura esportiva e o mote do comentário foi a polêmica do último jogo do Vasco da Gama contra o Cruzeiro.

 

A primeira grande missão de Hipólito

 

A reportagem exibida antes do debate ao vivo mostrou que Hipólito da Costa nasceu na colônia de Sacramento, uma povoação portuguesa que hoje pertence ao Uruguai, em 1774 e era filho de fazendeiro. Formou-se em Direito na Universidade de Coimbra, em Portugal, em 1798. O diplomata e cientista político Paulo Roberto Almeida explicou que D. Rodrigo de Souza Coutinho, então ministro de D. João VI e futuro Conde de Linhares, encarregou Hipólito da Costa de uma missão que marcou a vida do jornalista: uma longa viagem de prospecção industrial e agrícola aos Estados Unidos.

 

O objetivo era recolher espécies e modelos e enviar relatórios a Portugal. O projeto tinha aspectos secretos, como a missão de recolher amostras da cochonilha, um inseto usado no processo de tingimento. Além da Filadélfia, onde passou a maior parte dos dois anos, Hipólito também conheceu Washington e Nova York.

 

Hipólito da Costa escreveu um relato desta "viagem antropológica aos Estados Unidos", como definiu Paulo Roberto Almeida, o Diário da Minha Viagem para a Filadélfia. No livro, o jornalista tratou de assuntos como o sistema bancário americano, eleições, indústria, especulação financeira, democracia e liberdade de culto. Também se deteve sobre temas mais amenos, como festas, mulheres e cavalos. Para o jovem Hipólito da Costa, educado em Coimbra, o comportamento do presidente americano parecia "grosseiro" e as festas locais, "caipiras". Hipólito conheceu um mundo completamente diferente do Europeu.

 

O relato do jornalista, o primeiro americanista brasileiro, é "atual" na opinião de Paulo Roberto Almeida. Provavelmente, foi nesta viagem que Hipólito da Costa foi iniciado na maçonaria e teve o primeiro contato com idéias liberais. "Foi uma espécie de mestrado prático que ele fez", analisou o diplomata. Neste período, conheceu as idéias do pensador e jornalista americano Benjamin Franklin e solidificou suas convicções democráticas e liberais.

 

A Inquisição persegue Hipólito

 

Nomeado em 1801 para a Imprensa Real, Hipólito fez uma viagem oficial à Inglaterra e França. Quando retornou, foi preso, acusado de disseminar a maçonaria. Passou três anos nos cárceres da Inquisição. Fugiu para Londres em 1805, onde conheceu o duque de Sussex, filho do rei da Inglaterra e também maçom. Hipólito foi protegido por ele quando os portugueses pressionaram o governo britânico para que o jornalista fosse repatriado. Londres era uma espécie de metrópole universal do século XIX. Hipólito da Costa conviveu com diversos líderes latino-americanos como Simon Bolívar, Francisco de Miranda e San Martín.

 

Em 1811, Hipólito publicou o livro Narrativa da perseguição, sobre o cárcere e os procedimentos da Inquisição portuguesa. Na obra, expôs o regimento do Santo Ofício, até então inédito. Demonstrou indignação com a existência de um tribunal com o poder de prender e processar pessoas por culpas que não existiam no código criminal da nação.

 

Longe da censura dos reinos de Portugal, lançou o Correio Braziliense, em 1º de junho de 1808. Paulo Roberto Almeida considera Hipólito da Costa como "o primeiro jornalista absoluto". Um cronista identificado com as novas idéias iluministas. Ao relatar o que ocorre em Portugal, na Europa e no Brasil, elabora uma crônica dos eventos correntes. Paulo Roberto Almeida aconselha que os jovens jornalistas leiam a "Introdução" do primeiro volume do Correio Braziliense. Para ele, a mensagem de compromisso com a verdade e de defesa da liberdade que o Hipólito passa deve nortear a profissão: "Ele era um jornalista de sete instrumentos".

 

A historiadora Tereza Cristina Kirshner afirmou que Hipólito foi crítico da administração do governo português. Censurava a inércia dos ministros e a corrupção, mas sempre poupou a figura do soberano. As reformas deveriam se conduzidas pela monarquia, e não pelo povo.

 

Um Armazém Literário em 175 edições

 

O público do Correio era restrito, cerca de quinhentos assinantes. De circulação mensal, tinha o formato de um livro, com cerca de 100 páginas. Dedicava-se ao jornalismo interpretativo e tinha como subtítulo Armazém Literário. No jornal, Hipólito defendia a liberdade de imprensa, segundo o modelo liberal inglês. Difundia os avanços da ciência e novas idéias culturais e artísticas. Brasileiros e portugueses podiam acompanhar pelo Correio fatos internacionais, tomar conhecimento de teorias iluministas e de novos conceitos de economia. O fim da Inquisição, da escravatura e da censura eram defendidos por Hipólito da Costa no jornal.

 

Paulo Roberto Almeida comentou que Hipólito da Costa agia como um jornalista moderno ao dividir o periódico em seções de economia, política, ciências, cultura e curiosidades. O jornal também publicava as cotações dos produtos brasileiros na bolsa de valores de Londres e por isso era essencial para o comércio da época. Hoje, historiadores podem usá-lo como fonte primária para pesquisa do período.

 

Por que Correio Braziliense e não "Correio Brasileiro"?

 

O professor emérito da UFF e integrante da Academia Brasileira de Letras, Domício Proença Filho, analisou a escolha do sufixo "ense" o lugar de "ano" ou "eiro". "Brasileiro" era o termo usado para designar os comerciantes de pau-brasil no início da colonização e o mais comum para designar os habitantes do país no século XIX. Ao optar por "Braziliense", Hipóltio talvez quisesse marcar uma diferenciação, pois o sufixo empregado era mais erudito.

 

No debate ao vivo, Dines perguntou à Lustosa por que Hipólito da Costa é "injustiçado" pela História. Lustosa explicou que o jornalista foi reconhecido como "uma força política e intelectual" ainda em vida, mas que enfrentava grande oposição. Polêmico e prestigiado, Hipólito foi protegido pelo conde de Linhares, mas depois se distanciaram, provavelmente na época em que Hipólito esteve preso pela Inquisição. Em Londres, o jornalista aproximou-se do futuro marquês de Funchal, irmão de Linhares, mas posteriormente também romperam. "A História tem ondas", disse.

 

Antônio Costella acredita que a apatia da mídia no bi-centeário da imprensa está ligada ao "deslumbramento" que houve durante a comemoração dos 200 anos da vinda da família real para o Brasil, em março deste ano. Outro fator que teria contribuído, na opinião de Costella, foi a falta de informação dos jornalistas sobre Hipólito. Para ele, é fundamental relembrar a vida do jornalista. Costella foi amigo de um dos primeiros biógrafos de Hipólito da Costa, o pesquisador Carlos Rizzini. O escritor afirmou que a paixão de Rizzini pela vida do biografado o contagiou.

 

Rizzini começou a pesquisa sobre o tema para a obra O livro, o jornal e a tipografia no Brasil, editada na década de 1940, quando poucos dados da vida e obra do jornalista eram conhecidos. Em seguida, o pesquisador adquiriu uma coleção do Correio: "Rizzini reencontrou e encontrou um Hipólito da Costa que não conhecia. O jornalista além do que estava escrito no Correio Braziliense", afirmou Costella. Na década de 1950, Rizzini conheceu Gastão Nothman, adido do Brasil em Londres, que preencheu diversas lacunas sobre a vida de Hipólito da Costa e também foi contagiado pelo interesse na vida do patriarca da imprensa. Gastão localizou os herdeiros de Hipólito e diversos arquivos e documentos.

 

Isabel Lustosa explicou que Hipólito da Costa fez parte de um grupo que pretendia construir uma grande nação. Assim como outras personalidades da época, como José Bonifácio, imaginava um império luso-brasileiro. O fato de ambos terem vivido fora do país teria contribuído para que pudessem vislumbrar essa possibilidade, classificada por ela como "utópica". Lustosa ressaltou que o jornalista passou muitos anos fora do Brasil, mas que escreveu continuamente sobre o país durante 14 anos. Para ela, Hipólito da Costa "idealizou e pensou o Brasil". Influenciado pelo reformismo ilustrado, pretendia manter as bases da monarquia, mas "iluminar a estrutura". Já em 1822, Hipólito da Costa pretendia preservar a unidade do Brasil.

 

O poder da maçonaria

 

Antônio Costella explicou que a maçonaria iniciou suas atividades no Brasil no século XVIII e que sua ideologia estava ligada ao liberalismo econômico e à garantia das liberdades individuais. No Brasil e em Portugal, a maçonaria funcionava como um "partido" ligado aos ideais de Liberdade, Igualdade e Fraternidade da Revolução Francesa. A maçonaria teria sido uma espécie de "gestora" da Independência do país. Figuras importantes para o processo de emancipação como José Bonifácio e Gonçalves Ledo tinham ligação com a sociedade secreta. "Não se pode escrever a história da Independência do Brasil sem se reportar à maçonaria", disse.

 

Hipólito da Costa morreu em 1823, depois de ser convidado para ser cônsul do Império Brasileiro em Londres. Só em meados do século XX foi reconhecido como o primeiro jornalista brasileiro. Em 2001, seus restos mortais foram transladados para o Brasil e, hoje, se encontram no Museu da Imprensa, em Brasília.

 

terça-feira, 6 de abril de 2021

Filme "Preto no Branco", de Silvio Tendler, e debate sobre Hipólito da Costa e o Brasil nestes 200 anos - Associação Brasileira de Imprensa (ABI)

 Participei deste debate neste começo de noite, dia 6/04/2021; o vídeo deverá estar disponível em breve.

https://www.youtube.com/watch?v=1YJuZFeSusk

2,15 mil inscritos

A exibição do filme Preto no Branco – a censura antes da Imprensa sobre Hipólito da Costa, Pai da Imprensa, no Cineclube Macunaíma, hoje, inicia os festejos dos 113 anos da ABI e o Dia da Imprensa, com debate entre os cineastas Silvio Tendler, Cacá Diegues, os escritores Isabel Lustosa e embaixador Paulo Roberto de Almeida, e Ricardo Cota. 
Macunaíma faz homenagem à ABI e ao Patrono da Imprensa O Cineclube Macunaíma presta duas homenagens antecipadas, hoje: aos 113 anos da Associação Brasileira de Imprensa e ao Dia do Jornalista, dois eventos que são comemorados amanhã, 7 de abril. 
A partir das 10 hs, o filme Preto no branco – a censura antes da Imprensa(2009), do jornalista e cineasta Silvio Tendler e do jornalista Alberto Dines estará à disposição do público, a partir das 10 hs, no canal da Associação Brasileira de Imprensa do YouTube. Com os atores Amir Haddad e Marcio Vitto, a obra mostra entrevistas com Alberto Dines, Isabel Lustosa, Antonio F.Costella e o embaixador Paulo Roberto de Almeida. 

O roteiro do documentário em preto e branco é sobre a vida e a obra do jornalista Hipólito da Costa, o Patrono da Imprensa, com 57 minutos. Às 19h30, haverá um debate com o diretor, Sílvio Tendler, o cineasta Cacá Diegues, a historiadora Isabel Lustosa, o diplomata Paulo Roberto de Almeida e Ricardo Cota, mediador. 

O Patrono da Imprensa 
Os participantes do debate são o cineasta Sílvio Tendler, com mais de 300 obras filmadas e entre elas JK e Jango; o cineasta Cacá Diegues, um dos fundadores do Cinema Novo e a maioria de seus 18 filmes foram selecionados para os principais festivais do mundo, entre eles Bye Bye Brasil, sendo também membro da Academia Brasileira de Letras; a historiadora e escritora Isabel Lustosa, entre outros livros escreveu O nascimento da imprensa brasileira; o embaixador Paulo Roberto de Almeida com 43 anos de carreira no Itamaraty, escreveu diversos livros como Miséria da diplomacia: a destruição da inteligência no Itamaraty, artigos sobre Hipólito da Costa e, no ano passado, ingressou com uma ação na Justiça Federal do DF para responsabilizar a União por ações de assédio moral e de perseguição no Ministério das Relações Exteriores; Ricardo Cota será o moderador do debate. 

Hipólito da Costa (1774-1823) é uma figura desconhecida fora dos círculos acadêmicos, mas tem uma dupla condição que o imortalizou como um dos Heróis da Pátria: ele é o pai da imprensa brasileira e da imprensa livre portuguesa. Rompeu com a rigorosa censura de Portugal e publicou de 1808 a 1823 o Correio Braziliense, que circulava dos dois lados do Atlântico. 
Preto no Branco mostra o impacto da longa censura imposta pelos portugueses e suas consequências para a formação do pensamento crítico brasileiro. A série sublinha que Portugal foi um dos últimos países europeus a permitir a impressão de livros e que nas colônias do Novo Mundo, ao contrário da Espanha, não era autorizado que se instalassem tipografias. A primeira prensa só chegou em 1808, com a transferência da família real e era censurada. A série conta como Hipólito driblou a proibição, em Londres, sozinho, escreveu um jornal em forma de revista que mudou a história da imprensa brasileira. 

Artigo do Embaixador Paulo Roberto de Almeida sobre Hipólito da Costa 

“Hipólito da Costa: o primeiro estadista do Brasil”, Brasília, 8 agosto 2018, 25 p. Artigo sobre o primeiro jornalista independente do Brasil como homem de Estado, para a revista 200, do projeto Bicentenário, sob editoria do embaixador Carlos Henrique Cardim.
Revista completa divulgada na plataforma Academia.edu (link: https://diplomatizzando.blogspot.com/2020/08/revista-200-n-1-2018-unico-numero-gt-do.html).

Brasil deve considerar fazer lockdown, diz Anthony Fauci - Entrevista exclusiva a Mariana Sanches (BBC-Brasil, de Washington)

 EXCLUSIVO 1) Líder do combate à covid-19 nos EUA, o médico Anthony Fauci me disse hoje q situação de pandemia do Brasil é 'mto grave' e se espalha pela América do Sul. País precisa acelerar vacinação e adotar medidas como 'lockdown'.

bbc.com

Exclusivo: Brasil deve considerar seriamente fazer lockdown, diz Anthony Fauci

  • Mariana Sanches - @mariana_sanches
  • Da BBC News Brasil em Washington

Enquanto grande parte do mundo vê uma diminuição no número de casos e mortes por covid-19, o Brasil vive seu maior pico na pandemia e responde hoje por um em cada três mortos pelo novo coronavírus no mundo. 

"Todos reconhecem que há uma situação muito grave no Brasil", afirmou o médico americano Anthony Fauci em entrevista exclusiva à BBC News Brasil.

Fauci é um dos olhares preocupados que a situação sanitária do país atraiu. Líder da força-tarefa contra a pandemia nos Estados Unidos, o médico ganhou proeminência global ao contrariar publicamente as declarações do então presidente americano Donald Trump, que minimizou a gravidade da pandemia e atuou contra medidas de distanciamento social e a favor de tratamentos sem eficácia comprovada contra a covid, como a hidroxicloroquina. 

Fauci prefere não tratar o Brasil como "ameaça", termo corrente na imprensa internacional diante da onda de contágio brasileira, mas reconhece que a grave situação do Brasil está se espalhando pela América do Sul e que, para contê-la, serão necessárias duas medidas: aumento na vacinação e adoção de medidas como lockdowns

"Não há dúvida de que medidas severas de saúde pública, incluindo lockdowns, têm se mostrado muito bem-sucedidas em diminuir a expansão dos casos. Então, essa é uma das coisas que o Brasil deveria pensar e considerar seriamente dado o período tão difícil que está passando", argumentou Fauci. 

Há três dias, no entanto, o ministro da Saúde do Brasil, Marcelo Queiroga, praticamente descartou essa medida ao dizer que "a ordem é evitar lockdown". 

Na outra frente, a das vacinas, a situação também não é confortável: apenas 20 milhões de brasileiros (pouco mais de 9% da população) já receberam ao menos uma dose de imunizante, e no ritmo atual não chegaria à metade da população neste semestre. 

Depois de recusar ofertas de vacinas da Pfizer, ameaçar boicotar a CoronVvac e não buscar outros fornecedores além da AstraZeneca-Oxford, cuja fabricação pela Fiocruz vem sofrendo sucessivos atrasos, o governo Bolsonaro se viu sem muitas opções para acelerar a chegada das vacinas aos braços brasileiros. 

Desde março deste ano, o governo federal tenta negociar a compra de alguns milhões de doses da vacina AstraZeneca-Oxford que estão sem uso nos Estados Unidos atualmente e não devem ser necessárias ao país, que conta com estoques de Pfizer, Moderna e Janssen suficientes para a população.

Fauci, no entanto, indica que os Estados Unidos não devem repassar essas doses ao Brasil em uma negociação bilateral. 

"Os Estados Unidos já desempenham um papel importante na tentativa de levar vacinas para outros países que precisam. Nós retornamos à Organização Mundial de Saúde (OMS), estamos nos juntando ao Covax", afirmou Fauci, em referêcia ao consórcio de países lderado pela OMS para distribuir vacinas aos países mais pobres.

O médico completou: "E já deixamos bem claro que assim que levarmos as vacinas para a esmagadora maioria das pessoas nos EUA, além de termos o suficiente para reforços, colocaremos o excesso de vacina à disposição dos países em todo o mundo que precisarem". 

Segundo ele, isso seria feito via Covax, que, no entanto, não deve trazer grande alívio à condição do Brasil, já que o governo federal optou por participar da iniciativa apenas com a cota mínima, de 42 milhões de doses (e até agora só recebeu 1 milhão delas).

Fauci, que chefia o Instituto Nacional de Alergia e Doenças Infecciosas (NIAID) desde 1984, não quis comentar sobre a responsabilidade de Bolsonaro no agravamento da pandemia. 

Ele disse, no entanto, que o exemplo dos Estados Unidos, onde mais de 550 mil morreram de covid-19, mostra ao Brasil que "negar a gravidade do surto nunca ajuda. Na verdade, muitas vezes piora a situação". 

"Para controlar uma epidemia, você precisa admitir que tem um problema sério. Depois de admitir que tem um problema sério, você pode começar a fazer as coisas para resolvê-lo", afirmou Fauci. 

Para ele, os países que tiveram mais eficiência em lidar com a covid-19, como Austrália e Nova Zelândia, devem seu sucesso ao acerto de um comando central que contou com a cooperação da população. "Quando você tem conflitos, sejam eles políticos ou não, isso sempre diminui a eficácia do controle do vírus."

Leia a seguir os principais trechos da entrevista de Anthony Fauci à BBC News Brasil.

BBC News Brasil - Um em cada três mortos por covid-19 no mundo hoje é do Brasil. No país, as pessoas estão morrendo sem acessos a UTIs, há falta de oxigênio e sedativos em hospitais e uma desproporção no número de mortes de jovens. Como avalia o que está acontecendo? 

Anthony Fauci - O Brasil está passando por uma situação muito infeliz. A variante P1, que parece estar dominando o país, tem a característica de ser muito eficiente na propagação de pessoa para pessoa. Não temos certeza se causa uma doença mais séria (do que o vírus da covid-19 original), mas muito provavelmente pode. 

E, dado de que o Brasil ainda não vacinou uma grande proporção de sua população, é bastante compreensível que o sistema de saúde no Brasil esteja sobrecarregado. Está tendo um grande aumento de casos que teve um impacto muito negativo sobre o sistema de saúde, que, em muitos aspectos, não tem sido capaz de lidar com o fluxo de pacientes que chega agora. Então, todos reconhecem que é uma situação muito grave no Brasil.

BBC News Brasil - A vacinação contra covid-19 no Brasil segue em ritmo lento por falta de doses, e o presidente brasileiro foi à Justiça lutar contra a adoção de lockdown, que ele diz que não funciona. Considerando isso, que medidas o Brasil poderia tomar para combater a pandemia? 

Fauci - Não há dúvida de que medidas severas de saúde pública, incluindo lockdowns, têm se mostrado muito bem-sucedidas em diminuir a expansão dos casos. Você não precisa fazer um lockdown sem prazo pra acabar, mas, se restringir a circulação e garantir que todos usem máscara, você não terá pessoas se reunindo em ambientes fechados como em restaurantes e bares, e isso diminui o número de casos.

Portanto, acho importante ressaltar que esses tipos de restrições de saúde pública são cruciais para se obter controle sobre epidemias. Vimos em muitos outros países onde houve uma grande quantidade de casos que, quando as medidas de saúde pública foram implementadas, o número de casos diminuiu drasticamente. Então, essa é uma das coisas que o Brasil deveria pensar e considerar seriamente dado o período tão difícil que está passando.

BBC News Brasil - O jornal americano The Washington Post mostrou que a variante P1, surgida no Brasil, se espalhou pela América do Sul. Ela já foi identificada em 25 países. O mesmo jornal afirmou que a pandemia no Brasil faz do país uma ameaça global. O senhor vê o Brasil como ameaça, não só pela P1 como pela possibilidade de surgimento de outras variantes?

Fauci - Não vou fazer uma declaração de que o Brasil é uma ameaça, porque isso poderia ser tirado do contexto e seria uma frase de efeito infeliz. O que estou dizendo é que o Brasil está em uma situação grave que está se espalhando para outros países da América do Sul, o que é lamentável. E esse é um dos motivos pelos quais é muito importante para a América do Sul e o Brasil, em particular, tentar vacinar o máximo de pessoas o mais rápido possível.

Funcionários de hospitais em Manaus estão trabalhando sem recursos para salvar vidas

Crédito, Reuters

Legenda da foto, 

Fauci aponta que o Brasil passa por uma situação muito 'infeliz'

BBC News Brasil - Existem doses extras da vacina AstraZeneca-Oxford nos Estados Unidos que não estão sendo usadas. Alguns cientistas do país argumentam que as doses devem ser enviadas ao Brasil o mais rápido possível. Qual sua opinião?

Fauci - Os Estados Unidos já desempenham um papel importante na tentativa de levar vacinas para outros países que precisam. Como você provavelmente sabe, nós retornamos à Organização Mundial de Saúde, estamos nos juntando ao Covax, que é um consórcio de organizações e países cuja finalidade é levar doses de vacina para aquelas partes do mundo que não têm acesso às vacinas. Demos ou já prometemos US$ 4 bilhões (R$ 22,4 bilhões) em recursos para fazer isso. E já deixamos bem claro que assim que levarmos as vacinas para a esmagadora maioria das pessoas nos Estados Unidos, além de termos o suficiente para reforços, colocaremos o excesso de vacina à disposição dos países em todo o mundo que precisam delas.

BBC News Brasil - E isso vai ser feito por meio do Covax?

Fauci - Sim, por meio do Covax.

BBC News Brasil - Os Estados Unidos parecem já ter deixado para trás o maior pico de infecções. Que lições o Brasil pode tirar da experiência dos americanos?

Fauci - Acho que a lição é sempre seguir a ciência da maneira que venho tentando dizer há mais de um ano, porque, se você seguir a ciência, provavelmente terá um melhor controle sobre o vírus e será capaz de seguir as evidências que surgirem. 

Às vezes, é necessário impor restrições mais duras que são diretrizes de saúde pública para controlar a epidemia. Negar a gravidade do surto nunca ajuda. Na verdade, muitas vezes piora a situação. Para controlar um surto, você precisa admitir que tem um problema sério.

Depois de admitir que tem um problema sério, você pode começar a fazer as coisas para resolvê-lo.

O novo ministro da saúde, Marcelo Queiroga

Crédito, Getty Images

Legenda da foto, 

Fauci se reuniu recentemente com Marcelo Queiroga, o quarto ministro da saúde do Brasil durante a pandemia

BBC News Brasil - É possível determinar o que faz de um país um exemplo de sucesso na pandemia? Poderia dar bons e maus exemplos disso e explicar o porquê? 

Fauci - Não vou dar maus exemplos. Vou te dar bons exemplos. Uma das coisas que é importante é que um país tem que se unir, e as pessoas têm que agir de forma uniforme, reconhecendo que o inimigo comum é o vírus e não ter conflitos sobre qual é a melhor abordagem. É preciso ter uma direção e garantir que a população seja cooperativa no cumprimento das ordens do poder central. 

Vemos em países como Austrália, Nova Zelândia, Taiwan e Cingapura, nos quais uma das decisões tomada foi a de fazer lockdown, e o país seguiu isso e entrou em lockdown. Quando foi a hora de abrir, houve a reabertura. Mas quando se tomou essa decisão de restringir certas coisas, todos cooperaram. 

É realmente uma situação em que é importante que haja cooperação, que as pessoas tenham o objetivo comum de combater o vírus. Quando você tem conflitos, sejam eles políticos ou não, isso sempre diminui a eficácia do controle do vírus.

Enfermeira vacina outra profissional da saúde contra a covid

Crédito, Reuters

Legenda da foto, 

A melhora da pandemia está diretamente relacionada com o avanço da vacinação, defende Fauci

BBC News Brasil - Deveríamos já ter uma vacina focada especificamente na variante P1?

Fauci - As vacinas funcionam muito bem contra a maioria das variantes. Acho que o importante é levar a vacina ao povo brasileiro o mais rápido possível. Não precisa ser específica contra a P1. A P1 diminui um pouco a eficácia (dos imunizantes), mas não a elimina. Portanto, é possível obter um grande benefício com a vacina padrão.

BBC News Brasil - O senhor vê dias difíceis pela frente para o Brasil?

Fauci - Acho que se você levar as vacinas ao povo brasileiro, as coisas vão melhorar com certeza. Isso é o que importa. Você tem que conseguir controlar (o contágio) com medidas de saúde pública, além de levar o máximo de vacina o mais rápido possível para o povo brasileiro.

BBC News Brasil - Existe uma disputa no Brasil agora porque as pessoas querem ir à igreja. Nós vimos isso nos Estados Unidos. O que diria sobre isso nesse momento difícil da pandemia?

Fauci - Diria que as pessoas precisam evitar ambientes fechados e cheios de gente. Sei que todo mundo quer ir à igreja, e isso é muito importante, mas é preciso ter cuidado ao lidar com lugares lotados. Geralmente, é um local de disseminação do vírus.

Minha mensagem ao povo brasileiro é tentar ao máximo evitar aquelas coisas que levam à propagação do vírus, usar máscaras, evitar ir a ambientes lotados, manter distância física, lavar as mãos. Sempre que você puder. Esses são os elementos básicos de saúde que, se os brasileiros seguirem, poderão controlar a pandemia.



Filme> "Preto no Branco, a censura antes da imprensa", de Silvio Tendler, sobre Hipólito José da Costa, o "pai" da imprensa independente no Brasil

Recomendo a todos assistirem este filme, como preparação ao debate que teremos neste final de dia em torno da imprensa brasileira INDEPENDENTE e seu "inventor": Hipólito José da Costa.

FILME | Preto no Branco, a censura antes da imprensa (2009)

Filme de Silvio Tendler, com o ator Marcio Vitto, representando Hipólito da Costa.


CALIBAN I cinema e conteúdo
15,6 mil inscritos

Hipólito da Costa (1774-1823) é uma figura desconhecida fora dos círculos acadêmicos, mas tem uma dupla condição que o imortalizou como um dos Heróis da Pátria: ele é o pai da imprensa brasileira e da imprensa livre portuguesa. Rompeu com a rigorosa censura de Portugal e publicou de 1808 a 1823 o Correio Braziliense, que circulava dos dois lados do Atlântico. Preto no Branco mostra o impacto da longa censura imposta pelos portugueses e suas consequências para a formação do pensamento crítico brasileiro. A série sublinha que Portugal foi um dos últimos países europeus a permitir a impressão de livros e que nas colônias do Novo Mundo, ao contrário da Espanha, não era autorizado que se instalassem tipografias. A primeira prensa só chegou em 1808, com a transferência da família real e era censurada. A série conta como Hipólito driblou a proibição, em Londres, sozinho, escreveu um jornal em forma de revista que mudou a história da imprensa brasileira. Episódio 01 – A Censura antes da Imprensa (26’25”) Episódio 02 – O ofício das Palavras (29’32”) Ficha Técnica: Argumento: Aberto Dines Roteiro: Alberto Dines, Silvio Tendler e Lilia Diniz Direção: Silvio Tendler] Com Marcio Vitto e Amir Haddad Entrevistas com: Alberto Dines, Isabel Lustosa, Antonio F. Costella, Paulo Roberto de Almeida Produtora executiva: Ana Rosa Tendler Editor: Zé Pedro Tafner Assistente de direção: Jô Serfaty Consultoria de pesquisa: Lilia Diniz Fotógrafo: Victor Burgos Ilustração caricaturas: Eduardo Baptistão Ilustrações: Felippe Sabino Videografismo: RadiográficoTrilha: Lucas Marcier – Estúdio Arpx Fotógrafo estúdio: André Carvalheira Ator Hipólito da Costa: Marcio Vitto Ator inquisidor: Amir Haddad Assistente de produção: Samya Rodrigues Direção de arte: Débora Mazloum Assistente de arte: Rafael AguiarFigurino: Rosângela Nascimento Assistente de figurino: Egas de Carvalho Ramos Maquiador: Sandro da Silva ValérioEletricista: Wallace Silveira dos Santos Maquinária: Leonardo Carlos F. de Oliveira Informações Adicionais: Produzida para a TV Brasil.
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 Hipólito José da Costa Pereira Furtado de Mendonça (1774-1823), o homem que criou a imprensa livre brasileira, fora do Brasil, abriu assim o primeiro jornal independente do Brasil, colocando este dever ao cidadão redator de idéias públicas:


“O primeiro dever do homem em sociedade é ser útil aos membros dela, e cada um deve, segundo suas forças físicas ou morais, administrar, em benefício da mesma, os conhecimentos ou talentos que a natureza, a arte ou a educação lhe prestou. O indivíduo, que abrange o bem geral de uma sociedade, vem a ser o membro mais distinto dela: as luzes que ele espalha tiram das trevas da ilusão aqueles que a ignorância precipitou no labirinto da apatia, da inépcia e do engano. Ninguém mais útil, pois, do que aquele que se destina a mostrar, com evidência, os conhecimentos do presente e desenvolver as sombras do futuro. Tal tem sido o trabalho dos redatores das folhas públicas, quando estes, munidos de uma crítica sã e de uma censura adequada, representam os fatos do momento, as reflexões sobre o passado, e as sólidas conjecturas sobre o futuro.”


Abertura do número inaugural do Correio Braziliense (1808)


Frontspício de meu livro A Grande Mudança (2003)

Preparando os futuros manuais escolares - Paulo Roberto de Almeida

 Preparando a matéria-prima e a documentação dos futuros manuais escolares, seção História do Brasil:

 Capítulo Relações Exteriores: o mais alucinado e alucinante chanceler acidental foi de fato um “Ministro das Alucinações Exteriores”, mais foi também um submisso servo de gleba do bando de prepotentes ignorantes que conduziu as Alucinações Interiores na pequena Idade das Trevas intermediária.

Foi um regime dos Novos Bárbaros, hunos com um Átila de araque à sua frente.

Não produziram nada, só deixaram terra arrasada, sem sequer um tufo de grama, como se a manada tivesse salgado o solo.

Demorou para reconstruir, pois a demolição foi muito grande, e a restauração cultural foi ainda mais penosa, dados os danos nas mentalidades.


Contribuição didática para as obras em preparação por Paulo Roberto de Almeida


Sobre “cartas de leitores” e “comentários” nas redes sociais: o mergulho na barbárie - Paulo Roberto de Almeida

 Sobre “cartas de leitores” e “comentários” nas redes sociais: o mergulho na barbárie 

Paulo Roberto de Almeida 

Sou, sempre fui, um grande leitor das seções de “cartas de leitores” nos jornais e periódicos impressos, que são selecionadas e publicadas, e desde algum tempo dos “comentários” da audiência de quaisquer lives interessantes, e neste caso já não há mais seleção por editores responsáveis,: entra tudo de cambulhada, do bom, do mau e do feio.

Posso dizer que fico realmente impressionado, não exatamente com as reclamações, críticas ou argumentos contrários ao que diz, ao que disse o palestrante, eu mesmo, por exemplo.

Fico supreendido e até estarrecido com a violência de ataques grosseiros, ofensas raivosas, expressões de ódio e xingamentos dos mais escabrosos que são expelidos por uma malta de obscurantistas, ignorantes e intolerantes que dispõem atualmente de todas as condições técnicas para divulgar suas vulgaridades dignas dos mais rasteiros dos bárbaros sanguinários, uma tropa de boçais incultos que não mais estão contidos pela consciência de sua própria idiotice consumada. Trata-se de um fenômeno novo na história da humanidade, que significa o poder atribuído aos mais idiotas de expressar livremente sua agressividade, seu ódio à inteligência e à cultura, especialmente magnificadas desde que um grande idiota chega ao poder!

Estamos em face do triunfo dos idiotas, que vão nos vencer pelo número, de que falava Nelson Rodrigues?

Provavelmente! Mas eles não vão conseguir enterrar a inteligência e a cultura de forma permanente; são apenas temporariamente e parcialmente dominantes, o que já aconteceu, por exemplo, na guerra civil espanhola — no caso do coronel Milan Astray —, mais recentemente nos Estados Unidos sob o mentecapto Trump, e ainda agora no próprio Brasil com o boçal do Bolsonaro. 

São momentos que nos constrangem e nos envergonham, pois representam a ascensão do obscurantismo, do ódio à inteligência, da intolerância com respeito à cultura, da recusa do saber, da negação da ciência. Tristes tempos, que depois passam, mas que mortificam, por saber que a ignorância crassa ainda encontra guarida em nossas sociedades.

Conclusão:

As hordas de Atila deixaram os cavalos nas planícies europeias e embarcaram nas redes sociais, a todo galope, em direção à ignorância...

Paulo Roberto de Almeida

Brasília, 6/04/2021

A volta do Cronista Misterioso: semi-rejubilante (moderadamente) com a saída do chanceler acidental: vai continuar a série? - Ereto da Brocha, Paulo Roberto de Almeida

 49. Xarab Sai (semana 49)

 

[Nota PRA: Nosso Cronista Misterioso rejubila-se com a saída do histriônico personagem que envergonhou a diplomacia profissional brasileira durante mais de dois anos, praticamente desde antes do dia 14 de novembro de 2018, quando ele foi confirmado como o encarregado de operar uma “diplomacia sem ideologia” – e só ofereceu ideologia e NENHUMA diplomacia –, até o último dia 29 de março de 2021, quando, para alívio de TODOS os diplomatas – OK, menos um ou dois – resolveu finalmente pedir demissão do cargo que NUNCA deveria ter assumido, e no qual só emporcalhou o ministério e a imagem externa do Brasil. O nosso Batman diz que abriu um champagne e mandou acender um cubano, mas eu não seria capaz de gastar nem um espumante ordinário com essa excrescência antidiplomática: no máximo fiz uma caipirinha com pisco, pois que nem aguardente brasileiro quis gastar com aquele que foi chamado pela Senador Katia Abreu de “Ex-nesto”. Vamos ver até onde vai a verve do nosso Cronista misterioso, pois seu principal personagem saiu, aparentemente, de cena. Desconfio, pessoalmente, que ao ser lotado na Secretaria de Administração, ele pretende pilotar a política externa e a diplomacia a partir de um MREdoB. Vamos ver.] 

 

 

Há uns bons meses, temos indagado, eu e você, caro leitor, até quando estaríamos fadados a lamentar a presença nefasta de nosso psicopata-chanceler. Foram meses difíceis, nos quais os próprios limites do real foram testados. Foram meses de tristeza, desespero, desaforo e destruição da casa e do espírito de Rio Branco, bem como de algumas troças e risadas que arrancamos das asneiras que vivemos.

 

Mas a tão aguardada hora chegou. Você que aguardou ansiosamente o espocar da champanha e o retinir das taças! Você, inimigo mortal da angústia e do desespero, esteja preparado... Prepare o seu coração para a emoção, para o grito silencioso que eu, você e todos nós temos guardado há mais de dois anos dentro do peito! Ernesto caiu! E temos de celebrar! Sirvam-me uma taça da champanha e acendam-me um daqueles puros. 

 

É dia de festa na casa de Rio Branco! Gritemos aos quatro cantos desta redonda Terra, que o pior chanceler da história já não é mais! Vamos festejar o sofrer e o penar da chancelaria estapafúrdia e da queda patética do pior e do mais baixo entre nós! Celebremos, também, o fracasso das tentativas cafonas e insipientes do ministrículo de tentar manter-se no cargo por meio de mentiras sobre o Senado da República. Celebremos a burrice de quem dobra a aposta quando já sabe que uma carta salvadora não virá.

 

Xarab sai e entra um substituto não ideológico. Um novo ministro menos afeito à loucura, com mais dignidade. Isso deve, sim, ser festejado. Mas devemos lembrar que acabou-se a chuva nos arcos deste palácio e o preguiçoso do astro-rei mostra-nos apenas uma cara pálida e sombria, como de quem esteve a dormir por muito tempo e acordou contra a vontade. Pudera, pois, com sol ou chuva, os hábitos de nosso genocida, desleal e covarde governo não se alteram.

 

Por isso, bebam e celebrem, mas lembrem-se que ainda há nuvens escuras no céu desta capital.

 

Ministro Ereto da Brocha, OMBUDSMAN


Brazil’s Agricultural Competitiveness: Recent Growth and Future Impacts Under Currency Depreciation and Changing Macroeconomic Conditions - USDA (2020)

Brazil’s Agricultural Competitiveness: Recent Growth and Future Impacts Under Currency Depreciation and Changing Macroeconomic Conditions

Constanza Valdes, Kim Hjort, and Ralph Seeley

United States Department of Agriculture

Economic Research Service

Economic Research Report

Number 276 - September 2020


Economic Research Service

www.ers.usda.gov

United States Department of Agriculture

Recommended citation format for this publication:

Valdes, Constanza, Kim Hjort, and Ralph Seeley. September 2020. Brazil’s Agricultural Competitiveness: Recent Growth and Future Impacts Under Currency Depreciation and

Changing Macroeconomic Conditions, ERR-276, U.S. Department of Agriculture, Economic Research Service.


Abstract

Macroeconomic reforms and policies have contributed to Brazil’s emergence as one of the world’s most competitive agricultural exporters. Brazil’s agricultural sector increased its exports in recent years, despite experiencing one of its worst recessions during 2014-16, falling international commodity prices, and slower demand growth in China and other foreign markets. To understand the forces behind this development, this report examines the effects of changing macroeconomic conditions on Brazil’s agricultural production and trade by simulating impacts of accelerated depreciation of its exchange rate and sustained macroeconomic growth. When the Brazilian currency weakens, higher prices in local currency stimulate production and exports of most major commodities. Simulations show that depreciation of Brazil’s currency results in greater world supplies, lower prices in global markets, and increased competition for U.S. exports. Finally, a simulation of stronger Brazilian economic growth shows that an increase in domestic consumption would have reduced Brazil’s exports of beef, corn, cotton, ethanol, pork, and soybean meal, easing downward pressure on world prices. However, Brazil’s soybean exports would not have been significantly affected by stronger economic growth.

Keywords: Brazil, agriculture, production, trade, recession, exchange rate, devaluation, credit, interest rates, domestic support.

See here: 

https://www.academia.edu/45683770/Brazils_Agricultural_Competitiveness_Recent_Growth_and_Future_Impacts_Under_Currency_Depreciation_and_Changing_Macroeconomic_Conditions_USDA_2020_