sexta-feira, 23 de junho de 2006

508) Um embaixador do barulho?

Serviço público de informação. Da coluna diária de Cesar Maia (23/06/2006):

EDIÇÃO ESPECIAL E EXCLUSIVA!
O EMBAIXADOR-AGENTE DO SNI QUE DENUNCIAVA, PRENDIA E COMPRAVA TRAIDORES!

Todos aqueles que lutaram por um regime democrático não podem ficar calados frente a um fato gravíssimo que é um governo - de partido do qual participam tantos que lutaram pela mesma causa, que foram presos e aviltados- indenizar e promover um embaixador que se prestou aos papéis mais sórdidos no período ditatorial. Tantos democratas que lutaram -pagando com sua saúde, sua vida, seu futuro- se encontram hoje em atividades profissionais as mais diversas e em partidos políticos distintos, em situações diferentes. Mas esse passado nos faz convergir.

Sou daqueles que entende que anistia é anistia, e para todos os lados. Mas indenizar um servidor público que em condição de mando ocultou sua identidade de agente de espionagem e delação, na carreira diplomática, e agora -inacreditavelmente- promovê-lo na aposentadoria, a embaixador da Guiné, como prêmio especial e reparo do que fez, é inaceitável. É escandaloso. O próprio processo que refez a decisão da comissão dirigida pelo embaixador Ricúpero, o indenizou e lhe concedeu direitos, deveria ser revisto a bem da moralidade pública e da integridade democrática.

Tive ocasião -uns poucos anos atrás- contar em artigo na imprensa (clique no final), o que se fez na embaixada brasileira em Santiago cujos "porões” serviram para reunião preparatória dos golpistas no dia 7 de setembro, no aniversário de nossa Pátria. A repercussão no Chile foi enorme. Aqui -a investigação que pedi- não foi feita. E tudo em defesa da história do Itamaraty, que orgulha a todos nós brasileiros como padrão de serviço público. Se este ato for consumado, o Itamaraty estará sendo tão seviciado quanto foram os atingidos pelas sevícias praticadas ou estimuladas pelo embaixador-agente. Não vou fazer história para trás, sobre a segunda guerra mundial e as origens nazistas dele, pois não posso transferir responsabilidades por gerações. Mas os arquivos franceses podem contar. Mas não descarto que por educação ou por dna se possa explicar muito.

As notas abaixo são encaminhadas para leitura dos senhores senadores e para o próprio presidente da república e seu ministro de relações exteriores. Reflitam e não maculem a democracia e a diplomacia, brasileiras. Não se pede revanche. De forma alguma. Pede-se respeito. Respeito apenas.

DESRESPEITO AO SENADO !
Pensando que ainda estava na ditadura e que o Senado ainda era casa de simples ratificações dos atos do executivo, o embaixador dedo-duro, já tomava decisões como se o Senado fosse apenas uma formalidade, um passeio !

20/ 04/ 2006 Editor da UnB.
Embaixador quer UnB na Guiné
Mais nova representação brasileira no exterior pretende desenvolver trabalho de combate à Aids com ajuda da universidade
O embaixador do Brasil na Guiné, Jacques Fernandes Vieira Guilbauld, tem uma grande missão pela frente. É o responsável por implantar a representação brasileira no país e, antes mesmo de embarcar, já tem projetos a realizar. Uma de suas primeiras iniciativas visa a ajudar a Guiné a combater a epidemia de Aids, que já atinge 80% dos pouco mais de nove milhões de habitantes. Para concretizar seu plano, pretende levar uma equipe da Universidade de Brasília (UnB) para lá. Guilbauld fez o pedido diretamente ao reitor da instituição, Timothy Mulholland, em encontro realizado na tarde de quinta-feira, 20 de abril.

O CASO DO EMBAIXADOR AGENTE DO SNI !
MINISTRO DE RELAÇÕES EXTERIORES ENCAMINHOU O PEDIDO DE AGREMENT E OCULTOU, (OU FOI CÚMPLICE?), A EXPULSÃO DO SERVIÇO PÚBLICO E SEU PASSADO TENEBROSO! É CASO DE AFASTAMENTO DO MINISTRO POR OMITIR INFORMAÇÃO RELEVANTE AO SENADO!

Ministério das Relações Exteriores
Assessoria de Imprensa do Gabinete
Palácio Itamaraty
Nota nº 259 - 26/04/2006
Distribuição 22
Concessão de "agrément" ao Embaixador do Brasil na República da Guiné
O Governo da República da Guiné concedeu "agrément" ao Embaixador Jacques Claude François Michel Fernandes Vieira Guilbaud como Embaixador Extraordinário e Plenipotenciário do Brasil naquele país.

MAIS HISTÓRIAS DO EMBAIXADOR DEDO DURO !
ISTOÉ de 10 de setembro de 2003.
Chile
Foi na condição de “araponga” que o diplomata Jacques Guilbaud serviu no Chile. Cumprida a “tarefa” de espionar exilados, ele seguiu para Portugal em 1977. “Minha missão seria a de apurar, isto é, confirmar o envolvimento de diplomatas brasileiros com os soviéticos (KGB)”, escreveu Guilbaud ao advogado Francisco Arrais Rosal, referindo-se à polícia secreta da extinta União Soviética. Apesar de ter desempenhado um papel pouco nobre no período, Guilbaud conquistou do governo federal, no fim do ano passado, uma pensão mensal vitalícia de R$ 8.500, além de uma indenização de R$ 955 mil, como se tivesse sido vítima de perseguição pela ditadura brasileira.

Pelos registros do Itamaraty, o diplomata foi demitido em 1980, por abandono de emprego, quando servia no Consulado de Toronto, no Canadá. O embaixador Rubens Ricupero, hoje secretário-geral de Comércio e Desenvolvimento das Nações Unidas (Unctad), em Genebra, na Suíça, presidiu a comissão que se deslocou para Toronto para apurar os motivos da ausência do diplomata. Como Guilbaud não atendia o telefone, um funcionário foi enviado a sua casa, mas ele se recusou a assinar uma citação. De uma segunda vez, quem atendeu foi a empregada, que ficou de chamar Guilbaud. “Passou um certo tempo e a rua foi invadida por carros de polícia, que prenderam nosso representante. Guilbaud chamara a polícia dizendo que éramos do esquadrão da morte e íamos exterminá-lo”, relata Ricupero. Curiosamente, o secretário-geral não foi ouvido pela Comissão de Anistia que decidiu pela indenização de Guilbaud.

O MACABRO CASO DO EMBAIXADOR DEDO-DURO !
Já em 2004 era denunciado !
CartaCapital, 14/7/04
“A LEI NÃO É PARA QUEM VENCEU”
Suzana Lisbôa, representante de familiares de desaparecidos e mortos, discorda de critérios e valores de indenizações. Desde a primeira Lei de Anistia, há 25 anos, a gaúcha Suzana Lisbôa está engajada na luta pelos direitos dos familiares de mortos e desaparecidos na ditadura.

CC: A quem cabe a decisão final quanto aos valores?
Ou aquele diplomata, Jacques Guilbaud, que prestava serviço para a ditadura. Se ele foi demitido injustamente, deve ser reintegrado ao Itamaraty, mas nunca pela Lei de Anistia, porque jamais teve participação política contra a ditadura. Essa lei não foi feita para quem venceu, e sim para quem perdeu aquela guerra. Mas, pelos critérios que essa comissão está julgando, vai acabar aprovando o pedido do Cabo Anselmo também, o que é um escárnio. (O Cabo Anselmo, informante da repressão, levou à morte dezenas de antigos companheiros. Deu entrada no pedido de indenização em 1º de abril deste ano.)

MAIS NOTÍCIAS DE CONACRI !
Quando se conhece a vida pregressa do Embaixador Jacques Guilbaud se fica ainda mais estarrecido. Ele prestava serviços ao SEDOC (Serviço de Documentação), do Itamaraty, que usava esse nome fantasia para encobrir suas relações diretas com o SNI. Dois funcionários estão vivos e serviram nesse serviço e poderão depor a respeito na Comissão de Relações Exteriores do Senado: os Ministros Murilo de Miranda Basto Filho e Agildo Sellos de Moura. Ambos residem em Brasília.

O Embaixador Francisco Soares Alvim, na Costa Rica, poderá contar como sua casa em Paris foi invadida por elementos daquele serviço, capitaneados pelo diplomata Paulo Sérgio Nery. Foi um ato de barbárie, cometido num território estrangeiro. As razões para sua reintegração à Carreira e, agora, para sua designação para um posto diplomático são falsas. Trabalhava com total independência, num canal próprio de comunicações com o SEDOC e o SNI. Nem o Embaixador, General Fontoura (ex-Chefe do SNI) sabia o que ele fazia. Comentava-se na época,no Itamaraty,que ele teria participado do recrutamento do Cabo Anselmo e do Almirante Aragão, que se venderam em troca de uma "pro labore" mensal.

MAIS E MAIS DA PERIGOSA CARREIRA DE AGENTE DO SNI !
Análise da justificativa apresentada pelo ministro das relações exteriores -dizem que assinada por ele e preparara pelo Sargento Garcia,( o Marco Aurélio, é claro). Menciona-se que, em 1974, ele fora nomeado Assistente e Subchefe da Assessoria de Documentação de Política Exterior - nome fantasia do órgão do Itamaraty que fazia interface com o SNI. Em seguida, já treinado,ele foi designado para as Embaixadas em Santiago do Chile e em Lisboa. De ambas foi expulso pelos respectivos Embaixadores, Espedito Rezende e Carlos Alberto da Fontoura. Isso consta por certo dos assentamentos funcionais dele. Não se menciona que o Sr. Guilbaud fora demitido do quadro de funcionários diplomáticos do Ministério das Relações Exteriores em 21/08/1980, "a bem do serviço público", com base nos itens 2, 3 e 4 do artigo 20, combinado com o artigo 209, do Estatuto do Funcionalismo Público Civil da União, por ter incorrido em "abandono de cargo, incontinência pública escandalosa e insubordinação grave em serviço".

Isso é grave, pois se quer induzir os Senadores a um erro de avaliação. Mais adiante, consta a promoção dele a Primeiro Secretário e a Ministro de Primeira Classe - sem passar pelos escalões de Conselheiro e Ministro de Segunda Classe. Os membros da Comissão de Relações Exteriores deveriam ouvir alguns diplomatas que acompanharam de perto as atividades de araponga do Sr. Guilbaud (Embaixador Cláudio Sotero Caio, Ministro Agildo Sellos de Moura, Conselheiro Murilo de Miranda Basto, todos eles aposentados e residentes em Brasília). Não se pode criar constrangimentos aos diplomatas da ativa.

SOBRE O EMBAIXADOR ARAPONGA ?
O Embaixador Claudio Sotero Caio tem um longo dossiê sobre o caso. Deve ser ouvido e ele está disposto a depor.

AQUI O ARTIGO CITADO NA INICIAL !
http://geocities.yahoo.com.br/blogdocm/artigojb.pdf
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Pesquisa e Edição : JCM
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