sexta-feira, 22 de setembro de 2006

621) Em tempos bicudos, um pouco de poesia nao pode fazer mal: Sete nafagafinhos

Sete nafagafinhos

Num ninho de nafagafos
há sete nafagafinhos.
Quando a nafagafa sai
ficam os nafagafinhos sozinhos.

E é um rodopio, uma roda viva,
os nafagafinhos nafagafam
com ruído tal que acordam
todos os não-nafagafinhos.

O nafagafinho mais novo
rebola feito bola,
gira que gira ao sol
feito girassol.

O segundo nafagafinho
quer montar uma burra que ali trota
mas torta lhe troca as voltas,
e lá cai o nafagafinho.

O terceiro nafagafinho
brinca com o eco que lá há:
mão-ão, mar-ar, nafagafinho-finho.
Há lá eco há!

Dois nafagafinhos palram sem parar
com o pequeno pardal pardo.
Outro nafagafinho ri até chorar
das boas graças da garça.

Um nafagafinho pergunta ao sábio mocho
quanto tempo o tempo tem.
O mocho responde-lhe que o tempo
tem tanto tempo quanto o tempo tem.

Há quem diga que nafagafos
é coisa que não há.
Mas como poderia isso ser,
se tudo isto pôde acontecer,
com sete nafagafinhos sozinhos?

Sofia Vilarigues

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Comentários são sempre bem-vindos, desde que se refiram ao objeto mesmo da postagem, de preferência identificados. Propagandas ou mensagens agressivas serão sumariamente eliminadas. Outras questões podem ser encaminhadas através de meu site (www.pralmeida.org). Formule seus comentários em linguagem concisa, objetiva, em um Português aceitável para os padrões da língua coloquial.
A confirmação manual dos comentários é necessária, tendo em vista o grande número de junks e spams recebidos.