sexta-feira, 19 de outubro de 2007

786) Relatorio sobre o Desenvolvimento Mundial 2008 do Banco Mundial

RELATÓRIO SOBRE O DESENVOLVIMENTO MUNDIAL
Banco Mundial, 2008 (neste link)

AMÉRICA LATINA: SUBSÍDIOS DOS PAÍSES
RICOS SÃO OBSTÁCULO PARA O DESENVOLVIMENTO AGRÍCOLA
O agronegócio e os biocombustíveis estão transformando o setor

WASHINGTON, DC, 19 de outubro de 2007 – Embora os subsídios dos países da OCDE representem um obstáculo para as exportações agrícolas da América Latina, o setor tem demonstrado grande sucesso no desenvolvimento de agronegócios e biocombustíveis, segundo o Relatório sobre o Desenvolvimento Mundial 2008 “Agricultura para o Desenvolvimento”, lançado hoje. Além disso, na última década a agricultura para o desenvolvimento teve pouco impacto na redução da pobreza na região.
Embora a agricultura represente uma pequena parcela do crescimento econômico da América Latina e Caribe – 7% entre 1993 e 2005 –, diversos subsetores com grandes vantagens comparativas tiveram crescimento espetacular – por exemplo, soja nos países do Cone Sul, biocombustíveis no Brasil, frutas e salmão no Chile, verduras na Guatemala e Peru, flores na Colômbia e Equador e bananas no Equador – e os serviços de agronegócios e alimentos têm grande representação nos PIBs nacionais.
Exportações tradicionais permanecem relevantes e respondem por 80% das exportações agrícolas da região, oferecendo novos mercados à medida que se livram crescentemente da dependência das commodities para ajustar-se a demandas de consumo diferenciadas, como por exemplo, café orgânico e Comércio Justo.
Exportações de alto valor têm se expandido rapidamente, com pequenos proprietários entrando em nichos de mercado, tais como a produção especializada de verduras e orgânicos na América Central.
A agricultura na América Latina e Caribe emprega 30% da população produtiva e gera 7% do crescimento do PIB.

Igualando as condições de competição
“Houve importantes resultados obtidos pelas reformas no comércio agrícola”, declarou Pamela Cox, Vice-Presidente do Banco Mundial para a América Latina e o Caribe. “Contudo, esses resultados são distribuídos de forma desigual entre as diversas commodities e países. É urgente que a Rodada de Doha de negociações comerciais leve à remoção das políticas mais distorcivas que prejudicam os países pobres”. Igualar as condições de competição no comércio agrícola internacional na América Latina e Caribe, diz Pamela Cox, é crítico pois a proteção e os subsídios permanecem em patamares muito altos nos países desenvolvidos.
Houve relativamente pouco progresso na reforma das políticas agrícolas dos países desenvolvidos. A proteção e os subsídios aos produtores nos países da OCDE diminuiu de 37% do valor bruto da renda agrícola em 1986 a 1988 para 30% em 2003 a 2005. Embora essa diminuição de 7 pontos percentuais seja um progresso, o volume do apoio cresceu de US$242 bilhões por ano para US$273 bilhões no mesmo período.
Os países latino americanos, como o Brasil, teriam os maiores ganhos em crescimento estimado de produção em uma potencial liberalização agrícola.

Pesquisa e desenvolvimento trazem retornos aos investimentos
Os retornos aos investimentos em pesquisa e desenvolvimento em agricultura são altos na América Latina e Caribe. Os altos ganhos frente ao custo de capital também sugerem que a pesquisa agrícola está em grande parte sub-financiada, segundo o novo relatório. Os países latino americanos e do caribe investiram mais em pesquisa e desenvolvimento agrícola do que todas as outras regiões excetuada a Ásia e os países da OCDE. O Brasil aumentou rapidamente os investimentos em pesquisa e desenvolvimento nas ultimas duas décadas e desenvolveu conhecimento de ponta no setor.

Biocombustíveis: Promessas e riscos para a América Latina e Caribe
Com os preços do petróleo próximos de seu recorde histórico e com poucos combustíveis alternativos para o transporte, o Brasil Peru e outros países da região estão apoiando ativamente a produção de biocombustíveis agrícolas líquidos – normalmente milho ou cana de açúcar para o etanol, e diversas oleaginosas para o biodiesel. Possíveis benefícios ambientais e sociais, inclusive a redução das mudanças climáticas, e a contribuição à segurança energética, são mencionados como as principais razões para o apoio do setor público à indústria de biocombustíveis, em rápido crescimento.
No debate mais amplo sobre os efeitos econômicos, ambientais e sociais dos biocombustíveis, será necessário avaliá-los cuidadosamente – segundo o relatório – antes de estender apoio público a programas de biocombustíveis em grande escala. Estratégias nacionais de biocombustíveis precisam estar fundamentadas sobre uma análise sólida dessas oportunidades e custos.

A agenda latino americana
“Somos responsáveis por tornar a agricultura mais compatível com o meio ambiente e fazer com que exista uma alocação mais eficiente de despesas na região”, disse Laura Tuck, Diretora do banco Mundial para Desenvolvimento Sustentável. “O desmatamento está intimamente ligado à agricultura na América Latina e Caribe. Já vimos os efeitos disso em outras regiões, como a Ásia, e em países como a China, e há possíveis lições para a América Latina”.
O relatório aponta que, em média, 54% dos subsídios vão para o setor privado. Assim, um movimento em direção ao investimento público em agricultura, ou uma abordagem equilibrada, é necessária nos países da América Latina e Caribe. Além disso, os países da região gastam aproximadamente 4% do PIB ao passo que na China esse número é de 8%, o que sugere que a região pode e deve usar melhor seus recursos para a agricultura.
O consumo doméstico é a maior fonte de demanda para a agricultura, absorvendo três quartos da produção e com 60% das vendas domésticas realizadas pelas redes de supermercados. Uma transformação da agricultura tradicional, de baixa produtividade, para uma agricultura moderna e comercial seria necessária para criar crescimento e empregos. Aumentar a competitividade dos pequenos proprietários de terras nos dinâmicos mercados domésticos de alimentos requer abordar especialmente as profundas desigualdades em acesso a mercados, serviços públicos e instituições de apoio.
Segundo o relatório, a maior parte dos paises da América Latina e Caribe são considerados urbanizados, contudo a América Central e o Paraguai se caracterizam como agrícolas. O México tem estados com características agrícolas, e o Brasil tem o atributo único na região de estados que são tanto urbanos quanto altamente dependentes em agricultura para o seu crescimento.
Nas regiões urbanizadas, a agricultura contribui com apenas 5% ao crescimento do PIB em média. Contudo, as áreas rurais ainda abrigam 45% dos pobres, e o agronegócio e serviços alimentícios respondem por até um terço do PIB. A meta geral seria fazer a conexão entre os pequenos proprietários e os modernos mercados de alimentos e oferecer empregos remunerados nas áreas rurais.
“As economias em transformação rápida devem ir além da revolução verde e enfocar a nova agricultura de alto valor – com a renda urbana em crescimento acelerado e demanda por produtos de alto valor na cidades se tornando o impulso do crescimento agrícola e da redução da pobreza”, disse Alain de Janvry, co-autor do relatório.

Mudança climática e agricultura
As mudanças climáticas terão grandes conseqüência na agricultura que afetarão os pobres de maneira desproporcional, diz o relatório. Um número maior de perdas agrícolas e pecuárias já impõe prejuízos econômicos e reduz a segurança alimentar. O custo de modificar a esquemas de irrigação, especialmente os que dependem do degelo glacial no Andes, poderia custar milhões ou mesmo bilhões de dólares.
O apoio do Banco Mundial à agricultura e desenvolvimento rural no ano fiscal 2007 chega a $1,8 bilhão, com um total de 42 projetos na região.
###

O relatório e os materiais relacionados estarão disponíveis na imediatamente
após o embargo na seguinte página:: http://www.worldbank.org/wdr2008

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Comentários são sempre bem-vindos, desde que se refiram ao objeto mesmo da postagem, de preferência identificados. Propagandas ou mensagens agressivas serão sumariamente eliminadas. Outras questões podem ser encaminhadas através de meu site (www.pralmeida.org). Formule seus comentários em linguagem concisa, objetiva, em um Português aceitável para os padrões da língua coloquial.
A confirmação manual dos comentários é necessária, tendo em vista o grande número de junks e spams recebidos.