No momento de deixar a cidade, e irrevocavelmente amoroso pela rádio digital Sinatra, sempre fixada no carro, não posso deixar de recorrer ao inevitável Frank, em sua glamorosa evocação da cidade:
New York, New York
Start spreading the news, I'm leaving today
I want to be a part of it - New York, New York
These vagabond shoes, are longing to stray
Right through the very heart of it - New York, New York
I want to wake up in that city, that doesn't sleep
And find I'm king of the hill - top of the heap
These little town blues, are melting away
I'll make a brand new start of it - in old New York
If I can make it there, I'll make it anywhere
It's up to you - New York, New York
New York, New York
I want to wake up, in that city that never sleeps
And find I'm A number 1, top of the list
King of the hill, A number 1
these little town blues, are melting away
I'm gonna make a brand new start of it, in old New York
and- If I can make it there, I'm gonna make it anywhere
It's up to you, New York- New York
Temas de relações internacionais, de política externa e de diplomacia brasileira, com ênfase em políticas econômicas, em viagens, livros e cultura em geral. Um quilombo de resistência intelectual em defesa da racionalidade, da inteligência e das liberdades democráticas.
quarta-feira, 29 de abril de 2009
terça-feira, 28 de abril de 2009
1087) Turismo academico (22): Mais museus de Nova York: duas boas supresas
Hoje, último dia inteiro em New York, aproveitamos para fazer mais dois museus nunca antes visitados:
Museum of the City of New York; Frick Collection
O Museu da Cidade de Nova York destina-se, obviamente, a contar a história da cidade e a exibir coleções temporárias e especiais sobre aspectos específicos da vida na cidade. Tem uma grande variedade de exposições temporárias, de moda, de pinturas, de objetos os mais diversos (jogos e brinquedos de crianças, por exemplo), mas o que mais reteve minha atenção foi a exposição especial sobre os 400 anos da fundação da cidade, feita em cooperação com diversos museus e coleções pertencentes aos Países Baixos, especificamente Amsterdam.
De fato, em 2009 comemoram-se 400 anos desde que o navegador inglês Henry Hudson, a serviço de uma companhia comercial holandesa, em busca de uma passagem setentrional para a Ásia (na competição com os portugueses e espanhóis, que se tinham reservado o monopólio das rotas e conhecimento geográfico sobre as rotas meridionais, ao sul da África e da América do Sul), chegou à foz do rio que depois levou o seu nome, dividindo o continente da ilha de Manhattan (que também só veio a ter esse nome tempos depois).
Em 1609, portanto, a serviço da Vereenigde Ost-Indische Compagnie -- a VOC, Companhia Unida das Indias Orientais, ou seja, da própria India, da China e das ilhas da Ásia oriental -- o navegador Henry Hudson, que já possuia experiência de outras viagens a serviço de comerciantes ingleses e holandeses, embarcou no Halve Maen (Meia Lua), um barco não maior do que setenta pés, e veio explorando a costa atlântica da América do Norte, até encontrar um lugar excepcionalmente frequentado por castores e outros animais que poderiam fornecer peles (um dos principais objetos do comércio nessa época).
Essa companhia foi a primeira multinacional estabelecida como tal (aliás, em 1602), com ações negociadas na bolsa de Amsterdam e um conselho empresarial muito ativo, dividido em câmaras, para admnistrar os seus muitos negócios em vários continentes,
Seus estatutos foram devidamente aprovados pelo governo, e em sua atividade monopolista conferida pelo governo das repúblicas unidas, essa companhia chegou a ter, no seu momento de maior poder, 30 mil empregados, enviando mais de 35 navios por ano aos mais diferentes portos do mundo, com um volume de negócios equivalente a 10 milhões de guilders (caberia fazer a conversão para valores correntes atuais).
Seus poderes era praticamente equivalentes ao de um Estado legitimamente constituído, pois que ela podia construir fortes, recrutar soldados e manter forças militares permanentes, e mesmo contrair tratados com poderes estrangeiros (desde um Estado até um bando de índios, como ocorreu na compra da ilha de Manhattan).
Henry Hudson não era exatamente um empregado da VOC, mas um contratado, e foi ele quem esteve na origem de New Amsterdam (ela, sim, administrada por por empregados da VOC).
Mais tarde, nos anos 1620, tendo em vista problemas com um monopólio tão extenso, foi constituída a WIC - a Geoctroyeerde West-Indisch Compagnie, a companhia registrada das Indias Ocidentais -- sob cuja administracao New Amsterdam passou a ser comissionada como um dos mais lucrativos entrepostos comerciais dos holandeses, a partir de 1621.
Não apenas a WIC passou a ter o monopólio do comércio atlântico, mas ela também constituiu um poderoso exército na luta contra espanhóis e portugueses, vindo daí a invasão do Nordeste brasileiro, a partir de 1624.
Foi a WIC quem comprou de uma tribo de indigenas, em 1626, o território no qual se instalou New Amsterdam, nada muito além do que seria hoje Wall Street, até no máximo o Chelsea. Aparentemente custou 60 guilders, segundo uma carta comunicada ao conselho da WIC, quando o comércio de peles rendia, anualmente, cerca de 45 mil guiders aos holandeses.
Esses monopólios nunca dão certo, pois comerciantes independentes se lançam também nos negócios e contestam judicialmente o poder exclusivo da companhia, o que também ocorreu com a multinacional em questão. Para defender seus direitos, a companhia contratou um "historiador" para apresentar o seu caso: Johannes de Laet faz, em 1844, a história da WIC, já relatando a invasão do Brasil pela companhia, como exemplo do "sucesso" da companhia na defesa dos interesses holandeses, contra os espanhóis e portugueses.
Esse sucesso não durou muito, pois que já em 1654, os holandeses tiveram de sair do Brasil.
Um documento existente nos arquivos municipais de NY (85-40, remetendo ao volume I do "Original Dutch Records", 1654-1656), relata o pedido feito à WIC para que os judeus luso-holandeses fugidos do Brasil pudessem estabelecer-se em New Amsterdam, os primeiros judeus a receberam tal autorização. Depois de muita relutância do governador da WIC, Peter Stuyvesant, eles foram autorizados a ali se instalarem (devem ter pago alguma coisa por fora, talvez, como provavelmente já vinham fazendo o mesmo nas suas relações comerciais com os portugueses do Brasil, colocados sob domínio holandês, durante praticamente duas décadas).
Essa parte da exposição, centrada sobre a figura do Hudson, foi a que mais me interessou, obviamente, pelas suas muitas conexões com o Brasil (alguns quadros de Eckout, com índios brasileiros, livros falando do Brasil) e com o comércio internacional. Mapas, globos (vários originais), objetos encontrados, fac-similes e reproduções, numa riqueza admirável para exposições desse gênero.
Havia vários holandeses visitando a exposição, visivelmente orgulhosos da semente que deixaram para os ingleses (que passaram a dominar a localidade desde a segunda guerra anglo-holandesa, em 1664). Aliás, foi o próprio Peter Stuyvesant quem teve de ceder o poder político aos novos mandantes ingleses, cuja força militar excedia várias vezes o poder de fogo de sua pequena milícia.
Uma outra exposição audio-visual, cheia de escolares e suas professoras, mostrava o desenvolvimento da cidade, das origens até o 11 de setembro de 2001.
The Frick Collection
Fui visitá-la, sob recomendação de um amigo, Georges Landau, e foi também um dos pontos altos desta minha estada em NY. Uma velha mansão aristocrática (ou burguesa, para não retomarmos a tradição européia), totalmente renovada, mas conservando o padrão original, e abrigando uma das mais fabulosas coleções de arte particulares já vistas em NY, provavelmente rivalizando com a coleção Morgan (que conheci anos atrás).
Impossível descrevê-la em sua riqueza. Os interessados podem fazer um tour virtual neste link: http://www.frick.org/virtual/index.htm
Acredito que gastei mais em parking para o carro do que nos tickets de entrada nos museus, descontando algum lanche e livros (inevitáveis) comprados em cada lojinha de museu.
Terminei o dia na loja da Apple, da 5a. Avenida, mas o excesso de gente, de equipamentos e de tudo deixa a gente desarmado. Acabei verificando minha correspondência, configurei um iPhone para a minha conta do Mac, mas finalmente não comprei esse pequeno objeto de desejo, posto que seu uso no Brasil corresponderia a um outro direito monopólico das poucas companhias autorizadas a operar o equipamento e o serviço, provavelmente a preços tão abusivos quanto os cobrados pelas antigas companhias mercantis holandesas do século 17.
Todo monopólio é um abuso...
Adieu New York (literalmente: o Novotel da Broadway está lotado de franceses...).
28.04.2009
Museum of the City of New York; Frick Collection
O Museu da Cidade de Nova York destina-se, obviamente, a contar a história da cidade e a exibir coleções temporárias e especiais sobre aspectos específicos da vida na cidade. Tem uma grande variedade de exposições temporárias, de moda, de pinturas, de objetos os mais diversos (jogos e brinquedos de crianças, por exemplo), mas o que mais reteve minha atenção foi a exposição especial sobre os 400 anos da fundação da cidade, feita em cooperação com diversos museus e coleções pertencentes aos Países Baixos, especificamente Amsterdam.
De fato, em 2009 comemoram-se 400 anos desde que o navegador inglês Henry Hudson, a serviço de uma companhia comercial holandesa, em busca de uma passagem setentrional para a Ásia (na competição com os portugueses e espanhóis, que se tinham reservado o monopólio das rotas e conhecimento geográfico sobre as rotas meridionais, ao sul da África e da América do Sul), chegou à foz do rio que depois levou o seu nome, dividindo o continente da ilha de Manhattan (que também só veio a ter esse nome tempos depois).
Em 1609, portanto, a serviço da Vereenigde Ost-Indische Compagnie -- a VOC, Companhia Unida das Indias Orientais, ou seja, da própria India, da China e das ilhas da Ásia oriental -- o navegador Henry Hudson, que já possuia experiência de outras viagens a serviço de comerciantes ingleses e holandeses, embarcou no Halve Maen (Meia Lua), um barco não maior do que setenta pés, e veio explorando a costa atlântica da América do Norte, até encontrar um lugar excepcionalmente frequentado por castores e outros animais que poderiam fornecer peles (um dos principais objetos do comércio nessa época).
Essa companhia foi a primeira multinacional estabelecida como tal (aliás, em 1602), com ações negociadas na bolsa de Amsterdam e um conselho empresarial muito ativo, dividido em câmaras, para admnistrar os seus muitos negócios em vários continentes,
Seus estatutos foram devidamente aprovados pelo governo, e em sua atividade monopolista conferida pelo governo das repúblicas unidas, essa companhia chegou a ter, no seu momento de maior poder, 30 mil empregados, enviando mais de 35 navios por ano aos mais diferentes portos do mundo, com um volume de negócios equivalente a 10 milhões de guilders (caberia fazer a conversão para valores correntes atuais).
Seus poderes era praticamente equivalentes ao de um Estado legitimamente constituído, pois que ela podia construir fortes, recrutar soldados e manter forças militares permanentes, e mesmo contrair tratados com poderes estrangeiros (desde um Estado até um bando de índios, como ocorreu na compra da ilha de Manhattan).
Henry Hudson não era exatamente um empregado da VOC, mas um contratado, e foi ele quem esteve na origem de New Amsterdam (ela, sim, administrada por por empregados da VOC).
Mais tarde, nos anos 1620, tendo em vista problemas com um monopólio tão extenso, foi constituída a WIC - a Geoctroyeerde West-Indisch Compagnie, a companhia registrada das Indias Ocidentais -- sob cuja administracao New Amsterdam passou a ser comissionada como um dos mais lucrativos entrepostos comerciais dos holandeses, a partir de 1621.
Não apenas a WIC passou a ter o monopólio do comércio atlântico, mas ela também constituiu um poderoso exército na luta contra espanhóis e portugueses, vindo daí a invasão do Nordeste brasileiro, a partir de 1624.
Foi a WIC quem comprou de uma tribo de indigenas, em 1626, o território no qual se instalou New Amsterdam, nada muito além do que seria hoje Wall Street, até no máximo o Chelsea. Aparentemente custou 60 guilders, segundo uma carta comunicada ao conselho da WIC, quando o comércio de peles rendia, anualmente, cerca de 45 mil guiders aos holandeses.
Esses monopólios nunca dão certo, pois comerciantes independentes se lançam também nos negócios e contestam judicialmente o poder exclusivo da companhia, o que também ocorreu com a multinacional em questão. Para defender seus direitos, a companhia contratou um "historiador" para apresentar o seu caso: Johannes de Laet faz, em 1844, a história da WIC, já relatando a invasão do Brasil pela companhia, como exemplo do "sucesso" da companhia na defesa dos interesses holandeses, contra os espanhóis e portugueses.
Esse sucesso não durou muito, pois que já em 1654, os holandeses tiveram de sair do Brasil.
Um documento existente nos arquivos municipais de NY (85-40, remetendo ao volume I do "Original Dutch Records", 1654-1656), relata o pedido feito à WIC para que os judeus luso-holandeses fugidos do Brasil pudessem estabelecer-se em New Amsterdam, os primeiros judeus a receberam tal autorização. Depois de muita relutância do governador da WIC, Peter Stuyvesant, eles foram autorizados a ali se instalarem (devem ter pago alguma coisa por fora, talvez, como provavelmente já vinham fazendo o mesmo nas suas relações comerciais com os portugueses do Brasil, colocados sob domínio holandês, durante praticamente duas décadas).
Essa parte da exposição, centrada sobre a figura do Hudson, foi a que mais me interessou, obviamente, pelas suas muitas conexões com o Brasil (alguns quadros de Eckout, com índios brasileiros, livros falando do Brasil) e com o comércio internacional. Mapas, globos (vários originais), objetos encontrados, fac-similes e reproduções, numa riqueza admirável para exposições desse gênero.
Havia vários holandeses visitando a exposição, visivelmente orgulhosos da semente que deixaram para os ingleses (que passaram a dominar a localidade desde a segunda guerra anglo-holandesa, em 1664). Aliás, foi o próprio Peter Stuyvesant quem teve de ceder o poder político aos novos mandantes ingleses, cuja força militar excedia várias vezes o poder de fogo de sua pequena milícia.
Uma outra exposição audio-visual, cheia de escolares e suas professoras, mostrava o desenvolvimento da cidade, das origens até o 11 de setembro de 2001.
The Frick Collection
Fui visitá-la, sob recomendação de um amigo, Georges Landau, e foi também um dos pontos altos desta minha estada em NY. Uma velha mansão aristocrática (ou burguesa, para não retomarmos a tradição européia), totalmente renovada, mas conservando o padrão original, e abrigando uma das mais fabulosas coleções de arte particulares já vistas em NY, provavelmente rivalizando com a coleção Morgan (que conheci anos atrás).
Impossível descrevê-la em sua riqueza. Os interessados podem fazer um tour virtual neste link: http://www.frick.org/virtual/index.htm
Acredito que gastei mais em parking para o carro do que nos tickets de entrada nos museus, descontando algum lanche e livros (inevitáveis) comprados em cada lojinha de museu.
Terminei o dia na loja da Apple, da 5a. Avenida, mas o excesso de gente, de equipamentos e de tudo deixa a gente desarmado. Acabei verificando minha correspondência, configurei um iPhone para a minha conta do Mac, mas finalmente não comprei esse pequeno objeto de desejo, posto que seu uso no Brasil corresponderia a um outro direito monopólico das poucas companhias autorizadas a operar o equipamento e o serviço, provavelmente a preços tão abusivos quanto os cobrados pelas antigas companhias mercantis holandesas do século 17.
Todo monopólio é um abuso...
Adieu New York (literalmente: o Novotel da Broadway está lotado de franceses...).
28.04.2009
1086) Por ocasiao do trabalho nr. 2000
Um balanço da produção e seu sentido...
reflexões livres por ocasião do trabalho nr. 2000
Paulo Roberto de Almeida
A título de introdução
Números redondos convidam a um balanço e, por vezes, a comemorações. Acabo de participar de um colóquio, na Universidade do Wisconsin em Madison, sobre os cem anos do ‘commencement speech’ escrito pelo Joaquim Nabuco, em 1909, e meu trabalho – sob o titulo de “The share of the United States and Brazil in the modern civilization: A centennial homage to Joaquim Nabuco’s commencement speech of 1909” (Urbana, 23 abril 2009, 15 p.; paper presented at the Symposium: Nabuco and Madison: A Centennial Celebration - Madison, WI: University of Wisconsin, April 24-25, 2009) – recebeu justamente o número 1999. Este texto, escrito em sua imediata seqüência, receberá, portanto, o número 2000, o que não deixa de provocar algum excitação, se este último termo se aplica, efetivamente.
Talvez, na medida em que são dois mil trabalhos que podem receber essa designação – isto é, textos acabados e completos, destinados ou não a publicação, mas em todo caso podendo corresponder a esse nome, posto que possuindo coerência intrínseca, tendo começo, meio e fim – ao longo de mais ou menos 40 anos de produção intelectual registrada. De fato, meu arquivo de originais, no momento de sua organização – em torno de 1986, aproximadamente –, registrava um primeiro trabalho escrito em maio de 1968, com cópia em carbono preservada: se tratava de um ensaio escrito sob pseudônimo para um concurso de trabalhos escolares: “001. ‘Quais os Fatores que Determinam uma Escolha Profissional Consciente?’ (São Paulo, Maio 1968, 9 pp. Trabalho escrito para concurso promovido pelo jornal Folha de São Paulo).” Mais tarde, graças a encontros com colegas do Ginásio Estadual Vocacional Osvaldo Aranha (Brooklin Paulista, na cidade de São Paulo, entre 1962 e 1964), vim a descobrir dois outros trabalhos escritos em 1964, que por enquanto não foram numerados, no aguardo de mais alguma pesquisa geológica ou arqueológica em fundos documentais onde sei existirem antigos trabalhos meus (jornal do Grêmio Estudantil do curso clássico, justamente, ou mais exemplares do jornal ginasial).
Se formos dividir o número total cronologicamente, daria mais ou menos 50 trabalhos por ano, mas é óbvio que o número se acelerou nos últimos anos, with a little help das tecnologias de processamento da informação e de comunicação. Antigamente, sem querer ser redundante, dava o maior trabalho fazer trabalhos. Era preciso preparar uma versão manuscrita mais ou menos organizada e depois começar a datilografia cuidadosamente nas folhas de papel, de preferência com carbono e folhas de seda atrás, pois as tecnologias de cópia eram de difícil acesso ou muito caras. Era preciso ficar cuidando das margens, das separações de palavras, das notas de rodapé, e sobretudo datilografar com cuidado, para evitar erros, rasuras, correções e outras imperfeições estilísticas, que poderiam comprometer a boa apresentação do “trabalho” (sim o termo se justifica, estrito e lato senso). Mesmo quando fiz a minha tese de doutoramento – dois pesados volumes com mais de 500 páginas no total – o trabalho permanecia quase o mesmo, ainda que contando com uma poderosa IBM elétrica, de esfera (inclusive uma exclusiva para itálicos, exigindo a troca a cada vez) e com copiadora própria, ambos um pesado investimento próprio, ainda mais que pagos num dos países mais caros do mundo, na Suíça. Conclusão: até hoje não disponho do teor da tese integramente em meu computador, assim como diversos outros trabalhos escritos antes de 1987 (data da compra de meu primeiro Macintosh).
Não pretendo aqui – ou neste momento, pelo menos – oferecer um balanço puramente contábil de minha produção, ainda que eu possa indicar, rapidamente, os números envolvidos (numa abordagem geográfico-quantitativa, ao final). Basta com dizer que os trabalhos só recebem número, data e local, quando são considerados terminados, arquivados sob esse número em pastas anuais, com listas cronológicas geralmente divididas por ano e local principal de residência naquele ano. Uma outra lista, necessariamente menor, apenas lista os trabalhos publicados, mas deixei de preservá-los em arquivos independentes em pastas próprias, pois representaria uma duplicação de arquivos (embora provavelmente útil, posto que alguns trabalhos publicados diferem ligeiramente, por diversas razões, dos originais registrados). Cópias físicas de originais e publicados foram feitas até o ano de 1998, ocorrendo aí, portanto, uma lacuna de mais de dez anos sem suporte físico completo (o que caberia providenciar em algum momento). Mas estas são preocupações secundárias neste momento de registro do trabalho número 2000.
Talvez seja mais útil tecer algumas considerações sobre o sentido da produção e minhas reflexões a esse respeito, inclusive porque, no momento da redação do trabalho número 1000 eu estava muito ocupado com trabalhos atrasados ou urgentes e deixei passar a oportunidade do devido registro comemorativo, o que cabe agora remediar. Não o faço por vaidade, ou egocentrismo (embora tais sentimentos possam ser justificados ou legítimos, em seu mérito próprio), mas apenas para responder a meu espírito de historiador improvisado. Acho que todo e qualquer esforço intelectual merece ser retraçado em suas origens e circunstâncias, já que esses trabalhos sempre responderam a alguma necessidade interna ou foram motivados pelo ambiente em que me encontrava vivendo e produzindo durante a sua elaboração.
Da necessidade da escrita (e seu registro)
Desde quando comecei a ler, na “tardia” idade de sete anos, sempre fiz notas de livros e elaborei trabalhos em torno dessas leituras. Já não tenho certeza se foi no ‘quinto’ ano do primário ou no primeiro do ginasial que impressionei a professora com meu conhecimento de história ‘clássica’, que nessa época queria dizer Grécia e Roma antigas. Devo isto graças à leitura de Monteiro Lobato: não apenas História do Mundo para as Crianças, mas também O Minotauro e Os Doze Trabalhos de Hércules (bem, tive de deixar a Emília de lado, nesses relatos sérios, mas ela merecia ter feito parte do trabalho...).
Na partida para a Europa, tive de deixar muitos registros para trás, mas passei a acumular cadernos de leituras, alguns dos quais já foram resumidos em um post antigo em um dos meus blogs (ver: 17) Meus cadernos de leitura (1971-1983); link). Muitas leituras foram feitas a partir de uma pequena bibliografia de mais ou menos 500 livros, que eu tinha feito para ler sistematicamente (não devo ter chegado nem a 10% da lista, mas em compensação li muitos outros livros, provavelmente mais interessantes): os interessados em saber quais são, podem referir-se a outro post (34. Uma 'pequena' bibliografia para leitura e notas; link). De todas essas leituras, emergiram trabalhos acadêmicos ou artigos independentes, vários dos quais publicados, mas de forma não sistemática e muitas vezes sem o devido registro ou preservação de originais.
Minhas listas de trabalhos originais e de publicados podem ser conferidas no seguintes links respectivos de meu site pessoal (http://www.pralmeida.org/03Originais/00originais.html e http://www.pralmeida.org/02Publicacoes/00Publicacoes.html), uma construção muito posterior à organização desses arquivos e feita não por narcisismo e sim para atender a demandas de alunos por informações em torno de questões relativas à integração regional e ao Mercosul, portanto, com objetivos didáticos muito definidos.
E por que essa compulsão, quase uma obsessão pela escrita e eventual publicação de trabalhos? Confesso que não sei fornecer uma resposta única, exclusiva ou especificamente válida a esta pergunta: alguns podem achar que é por exibicionismo pessoal, o que provavelmente não explicaria a enorme diferença entre o número de originais e o dos trabalhos efetivamente publicados, o que indica que escrevo por necessidade interior, quase uma segunda natureza, ou inclinação natural. Comecei de maneira informal, mas como as notas e manuscritos se multiplicavam, com muitas cópias carbono feitas – muitas delas sem registro preciso quanto a local e data –, logo senti a necessidade colocar ordem na bagunça. Daí surgiram as listas seriadas e depois a organização dos originais em pastas de classificados, uma providência praticamente dispensada na era do computador e dos arquivos eletrônicos (nem sempre adequadamente preservados em back-ups regulares, o que é sempre um risco, como todos sabem).
Enfim, creio que não preciso justificar o ato da escrita, inerente a todos os que lêem intensamente – OK, nem todos – ou pelo menos no caso daqueles que também possuem uma preocupação didática, ainda que indireta, como é o meu caso (ou seja, não o faço por ser professor, pois apenas exerço a atividade por vontade própria, não por necessidade ou como ocupação principal, sempre em detrimento do lazer ou descanso pessoal). Poderia apenas parafrasear Descartes: “Leio, logo escrevo” (por favor, alguém versado em latim, me transcreva esta frase, para ficar bonita...).
O que o Brasil fez por mim (e o que eu, pretensamente, estou fazendo por ele)
Não sou dado a patriotismos, nem a chauvinismos ultrapassados e um pouco ridículos. A nacionalidade é um acidente geográfico, partindo do ponto de vista da unidade fundamental da espécie humana. Sou brasileiro, como poderia ter nascido esquimó ou hotentote, e ninguém seria responsável por esse acaso demográfico, nem mesmo meus pais, posto que ninguém ‘fabrica’ uma personalidade humana com base em especificações pré-determinadas. Somos em grande parte (mas provavelmente não a mais decisiva) o resultado da herança genética, em outra parte o resultado do meio e das influências que experimentamos em diversas etapas formativas, mas também (uma parte que espero substancial) o produto de nossa formação ativa, por meio dos estudos empreendidos e dos esforços que nós mesmos fazemos para moldar um estilo de vida e um padrão de pensamento com base em escolhas e preferências que foram adotadas ao longo de toda uma vida, especialmente em seu primeiro terço.
Tendo nascido no Brasil, de pais descendentes de imigrantes europeus analfabetos, ainda assim beneficiei-me da herança cultural européia, visivelmente dotada de maior densidade do que a média brasileira tradicional, ou seja, um substrato desprovido de maior sofisticação técnica ou instrumental em relação aos requisitos modernos de uma sociedade caracterizada por uma produtividade satisfatória. O que o Brasil meu deu, uma vez iniciado o processo de escolarização (entre meados dos anos 1950 e meados da década seguinte), foi uma escola pública de qualidade razoável para os padrões conhecidos ulteriormente (e certamente no período recente). Esse ensino, a cargo de professoras ‘normalistas’, foi complementado por uma freqüência regular e intensa a uma biblioteca pública infantil – depois batizada de Anne Frank, no Itaim-Bibi, bairro da zona sul de São Paulo – onde devo ter lido praticamente todos os livros interessantes, dos quais guardei enormes e boas lembranças: lia quase todas as tardes – quando não me desviavam para alguma pelada de esquina – e ainda levava um ou dois para ler em casa, noite adentro (a ausência de televisão ajudou-me enormemente, e não por escolha própria, pois no final da tarde íamos assistir National Kid ou o Patrulheiro Rodoviário na casa de um vizinho).
Na verdade, não sei dizer se foi o Brasil quem me deu a chance de ingressar numa faculdade pública de boa qualidade – o curso de Ciências Sociais da USP, a partir de 1969 – ou se foi o meu próprio esforço de leituras intensas, aliás alternadas com o trabalho desde muito jovem. Daí o meu hábito de ler em toda e qualquer circunstância, anteriormente em ônibus ou trem, ou andando, depois diretamente em bibliotecas e livrarias, ou até dirigindo (o que não recomendo a ninguém...). Acho que foi apenas isto que o Brasil de fato me deu, além, involuntariamente, de uma consciência aguda sobre problemas sociais, miséria, pobreza, desigualdades, políticas econômicas (e suas conseqüências sempre surpreendentes...) e as muitas soluções propostas para resolver esses problemas. A adesão à sociologia – a arte de resolver rapidamente os problemas do Brasil, segundo Mário de Andrade – e ao socialismo veio naturalmente, sem qualquer ânimo ‘religioso’, porém, posto que sempre li materiais de todas as escolas filosóficas e tendências políticas.
Dito isto, pode-se dizer que o que o Brasil não me deu foi um bom ambiente de debate intelectual sobre essas questões, já que a qualidade intelectual da ‘pesquisa’ – se é que ela existe, de fato – é precária, para dizer o mínimo, com muita bobagem passando por argumentação de qualidade. E o que eu estou tentando ‘devolver’ ao Brasil, se ouso dizer? Como valorizo tremendamente os estudos, e acredito que a sociedade brasileira, como um todo, foi capaz de oferecer-me, numa determinada época, uma educação de qualidade relativamente satisfatória, julgo-me no dever de ‘devolver’ à sociedade parte do que recebi, contribuindo para que outros jovens, em situação talvez similar à minha na mesma faixa etária possam dispor de condições adequadas para também disputar uma posição condizente com suas aspirações. Como fazer isso? Bem, talvez exercendo também atividades docentes, embora consciente de que não estou atingindo os mais necessitados: mas já terá sido uma contribuição boa se eu conseguir atuar em direção dos ‘multiplicadores’ de conhecimento, ou seja, pela formação dos formadores, posto que muitos dos meus alunos poderão se dirigir para o sistema de ensino de primeiro ou de segundo grau.
Onde pretendo chegar com tantos trabalhos?
Boa pergunta, mas não sei responder, sinceramente. Certamente não estou em nenhum concurso quantitativo, nem sei se existe algum Guinness para volume de originais, o que aliás importa pouco. O mais relevante é aprender com as leituras, sintetizar o que se aprende nos livros – e não observação direta da realidade – e transmitir o conhecimento adquirido em linguagem adaptada aos novos receptores, provavelmente jovens que não tiveram acesso ao volume de livros e de informações (em diversas línguas) de que disponho em virtude de circunstâncias excepcionais.
Provavelmente preciso fazer um balanço qualitativo da minha produção e passar a trabalhar menos – ou em menor velocidade de escrita – e melhor, com trabalhos mais focados sobre aspectos específicos das carências didáticas já identificadas. Talvez, organizando um plano para trabalhos seriais que depois possam ser unificados em obras de divulgação mais ampla – necessariamente sob a forma de livros – em lugar dos muitos trabalhos dispersos e erráticos que respondem a demandas de terceiros para veículos eletrônicos nem sempre estáveis ou bem administrados. O excesso pode prejudicar a reflexão de maior densidade analítica, com pesquisa bem fundamentada e dados empíricos controláveis, para evitar polêmicas inúteis em torno de argumentos principistas.
De fato, está na hora de fazer um plano de trabalho e segui-lo de forma sistemática, de maneira a deixar uma obra caracterizada pela permanência, e não apenas uma coleção infindável de escritos dispersos, divulgados em suportes precários como podem ser os muitos sites e blogs de nossa era dominada pela facilidade da informação e da comunicação. Tenho alguns livros no pipeline – aliás, as minhas pastas de ‘working files’, ou seja, trabalhos em preparação, são provavelmente mais numerosas e mais dispersivas ainda do que os trabalhos concluídos e numerados – e caberia organizar, doravante, um roteiro-calendário para um esforço dirigido melhor organizado.
Uma palavra final, comemorativa (finalmente)
Bem, este é o trabalho número 2000. Como não comemorei o número 1000, não sei bem o que fazer com este, a não ser tê-lo como registro pessoal de um balanço parcial de minhas atividades de escrevinhador compulsivo. Não consigo sequer comprar um bolo com velinhas para festejar o evento, estando atualmente num hotel de Nova York. Vou apenas dizer a mim mesmo: parabéns, legitimamente, mas seja menos prolífico e mais focado, a partir de agora.
Ok, nem vou tentar fazer a contabilidade da produtividade escrevinhadora neste momento, apenas registrar um resumo das listas de originais, como abaixo. Vou precisar reorganizar o meu site – sou um desastre em matéria de web-design, aliás, não tenho a menor idéia de como se desenha um site – em função de grandes áreas de pesquisa ou de interesse, de maneira a poder fazer esse planejamento mais focado em resultados qualitativos, do que em volume aritmético de trabalhos.
Não tenho idéia do efeito que meus trabalhos – e livros e artigos publicados – possam estar tendo sobre o público visado: tipicamente os jovens universitários brasileiros, a não ser raramente, por meio de contatos ocasionais através do formulário do site (e de alguns pedidos de ajuda por e-mail). Suspeito que algo de bom possa resultar desse volume apreciável de trabalhos divulgados voluntariamente, ainda que muitos deles devem despertar reações negativas em vários dos supostos destinatários, tendo em vista o ambiente universitário típico no Brasil, atualmente. Não me importo muito com as críticas, aliás muitos dos trabalhos são suficientemente provocadores para provocar críticas, justamente. O que seria mais relevante seria um ambiente adequado para um bom debate intelectual no Brasil, o que infelizmente ocorre muito raramente hoje em dia.
Esperando que esse ambiente possa surgir e se desenvolver, continuarei a colaborar da forma que sempre fiz: lendo, sintetizando, escrevendo e divulgando meus trabalhos e os de terceiros (em meus escritos ou nos blogs dedicados a tais finalidades). Uma ultima palavra quanto aos curiosos quanto a minhas atuais posições políticas ou filosóficas: não me considero absolutamente nada, ou seja, não me filio a nenhuma escola determinada de pensamento ou a qualquer tendência ou movimento político. Considero-me absolutamente livre, e por isso mesmo recuso filiações ou adesões a qualquer entidade ou organização que possua regras ou ‘filosofias’ determinadas.
Meus únicos princípios poderiam ser resumidos em duas expressões: racionalismo moderado – posto que sentimentos sempre fazem parte das ações e intenções humanas – e ceticismo sadio, ou seja, desconfiança de tudo o que não vem suportado em evidências alcançados por meio de dados empíricos, da experiência prática, da lógica formal. Uma coisa não pode ser simplesmente aceitável por conveniência ou por relativismo cultural: neste ponto, é preciso ter coragem de defender suas convicções, a despeito de frustrações eventuais, derivadas do meio ambiente em que se vive ou trabalha. As pessoas são em geral acomodadas, o que não creio que seja o meu caso, pois estou sempre aceitando novos desafios.
Por fim, quanto ao método de trabalho, creio que ele pode ser resumido numa única expressão: honestidade intelectual, e isso não requer nenhum tipo de explicação complementar. Voilà: creio que o meu trabalho 2000 está agora completo e posso me despedir de meus poucos leitores...
Paulo Roberto de Almeida
New York, 2000, 28.04.2009
==========
Anexo:
Paulo Roberto de Almeida
Uma informação quantitativa da produção acumulada
(a partir das 23 listas de trabalhos seriados)
(listas de originais e publicados disponíveis no site pessoal: www.pralmeida.org)
1) São Paulo, 1968; Bruxelas, 1976: do nº 001 ao nº 041
2) São Paulo, 1977; Brasília, 1978-79; Berna, 1980-82; Belgrado, 1982-84; Bruxelas, 1984: do nº 042 ao nº 093
3) Brasília, 1985-1987: do nº 095 ao nº 149
4) Genebra, 1987-1990: do nº 150 ao nº 184
5) Montevidéu, 1990-1992: do nº 185 ao nº 223
6) Brasília: 1992-1993: do nº 224 ao nº 383
7) Paris, 1993-1995: do nº 384 ao nº 503
8) Brasília, 1996: do nº 504 ao nº 545
9) Brasília, 1997: do nº 546 ao nº 600
10) Brasília, 1998: do nº 601 ao nº 650
11) Brasília, 1999: do nº 651 ao nº 708
12) Washington, 1999: do nº 709 ao nº 718
13) Washington, 2000: do n. 719 ao n. 764
14) Washington, 2001: do n. 765 ao n. 843
15) Washington, 2002: do n. 844 ao n. 993
16) Washington, 2003: do n. 994 ao n. 1136
17) Brasília, 2003: do n. 1137 ao n. 1168
18) Brasília, 2004: do n. 1169 ao n. 1368
19) Brasília, 2005: do n. 1369 ao n. 1518
20) Brasília, 2006: do nº 1519 ao nº 1706
21) Brasília, 2007: do nº 1707 ao nº 1847
22) Brasília, 2008: do nº 1848 ao nº 1969
23) Brasília, 2009: do nº 1970 ao nº 2---
reflexões livres por ocasião do trabalho nr. 2000
Paulo Roberto de Almeida
A título de introdução
Números redondos convidam a um balanço e, por vezes, a comemorações. Acabo de participar de um colóquio, na Universidade do Wisconsin em Madison, sobre os cem anos do ‘commencement speech’ escrito pelo Joaquim Nabuco, em 1909, e meu trabalho – sob o titulo de “The share of the United States and Brazil in the modern civilization: A centennial homage to Joaquim Nabuco’s commencement speech of 1909” (Urbana, 23 abril 2009, 15 p.; paper presented at the Symposium: Nabuco and Madison: A Centennial Celebration - Madison, WI: University of Wisconsin, April 24-25, 2009) – recebeu justamente o número 1999. Este texto, escrito em sua imediata seqüência, receberá, portanto, o número 2000, o que não deixa de provocar algum excitação, se este último termo se aplica, efetivamente.
Talvez, na medida em que são dois mil trabalhos que podem receber essa designação – isto é, textos acabados e completos, destinados ou não a publicação, mas em todo caso podendo corresponder a esse nome, posto que possuindo coerência intrínseca, tendo começo, meio e fim – ao longo de mais ou menos 40 anos de produção intelectual registrada. De fato, meu arquivo de originais, no momento de sua organização – em torno de 1986, aproximadamente –, registrava um primeiro trabalho escrito em maio de 1968, com cópia em carbono preservada: se tratava de um ensaio escrito sob pseudônimo para um concurso de trabalhos escolares: “001. ‘Quais os Fatores que Determinam uma Escolha Profissional Consciente?’ (São Paulo, Maio 1968, 9 pp. Trabalho escrito para concurso promovido pelo jornal Folha de São Paulo).” Mais tarde, graças a encontros com colegas do Ginásio Estadual Vocacional Osvaldo Aranha (Brooklin Paulista, na cidade de São Paulo, entre 1962 e 1964), vim a descobrir dois outros trabalhos escritos em 1964, que por enquanto não foram numerados, no aguardo de mais alguma pesquisa geológica ou arqueológica em fundos documentais onde sei existirem antigos trabalhos meus (jornal do Grêmio Estudantil do curso clássico, justamente, ou mais exemplares do jornal ginasial).
Se formos dividir o número total cronologicamente, daria mais ou menos 50 trabalhos por ano, mas é óbvio que o número se acelerou nos últimos anos, with a little help das tecnologias de processamento da informação e de comunicação. Antigamente, sem querer ser redundante, dava o maior trabalho fazer trabalhos. Era preciso preparar uma versão manuscrita mais ou menos organizada e depois começar a datilografia cuidadosamente nas folhas de papel, de preferência com carbono e folhas de seda atrás, pois as tecnologias de cópia eram de difícil acesso ou muito caras. Era preciso ficar cuidando das margens, das separações de palavras, das notas de rodapé, e sobretudo datilografar com cuidado, para evitar erros, rasuras, correções e outras imperfeições estilísticas, que poderiam comprometer a boa apresentação do “trabalho” (sim o termo se justifica, estrito e lato senso). Mesmo quando fiz a minha tese de doutoramento – dois pesados volumes com mais de 500 páginas no total – o trabalho permanecia quase o mesmo, ainda que contando com uma poderosa IBM elétrica, de esfera (inclusive uma exclusiva para itálicos, exigindo a troca a cada vez) e com copiadora própria, ambos um pesado investimento próprio, ainda mais que pagos num dos países mais caros do mundo, na Suíça. Conclusão: até hoje não disponho do teor da tese integramente em meu computador, assim como diversos outros trabalhos escritos antes de 1987 (data da compra de meu primeiro Macintosh).
Não pretendo aqui – ou neste momento, pelo menos – oferecer um balanço puramente contábil de minha produção, ainda que eu possa indicar, rapidamente, os números envolvidos (numa abordagem geográfico-quantitativa, ao final). Basta com dizer que os trabalhos só recebem número, data e local, quando são considerados terminados, arquivados sob esse número em pastas anuais, com listas cronológicas geralmente divididas por ano e local principal de residência naquele ano. Uma outra lista, necessariamente menor, apenas lista os trabalhos publicados, mas deixei de preservá-los em arquivos independentes em pastas próprias, pois representaria uma duplicação de arquivos (embora provavelmente útil, posto que alguns trabalhos publicados diferem ligeiramente, por diversas razões, dos originais registrados). Cópias físicas de originais e publicados foram feitas até o ano de 1998, ocorrendo aí, portanto, uma lacuna de mais de dez anos sem suporte físico completo (o que caberia providenciar em algum momento). Mas estas são preocupações secundárias neste momento de registro do trabalho número 2000.
Talvez seja mais útil tecer algumas considerações sobre o sentido da produção e minhas reflexões a esse respeito, inclusive porque, no momento da redação do trabalho número 1000 eu estava muito ocupado com trabalhos atrasados ou urgentes e deixei passar a oportunidade do devido registro comemorativo, o que cabe agora remediar. Não o faço por vaidade, ou egocentrismo (embora tais sentimentos possam ser justificados ou legítimos, em seu mérito próprio), mas apenas para responder a meu espírito de historiador improvisado. Acho que todo e qualquer esforço intelectual merece ser retraçado em suas origens e circunstâncias, já que esses trabalhos sempre responderam a alguma necessidade interna ou foram motivados pelo ambiente em que me encontrava vivendo e produzindo durante a sua elaboração.
Da necessidade da escrita (e seu registro)
Desde quando comecei a ler, na “tardia” idade de sete anos, sempre fiz notas de livros e elaborei trabalhos em torno dessas leituras. Já não tenho certeza se foi no ‘quinto’ ano do primário ou no primeiro do ginasial que impressionei a professora com meu conhecimento de história ‘clássica’, que nessa época queria dizer Grécia e Roma antigas. Devo isto graças à leitura de Monteiro Lobato: não apenas História do Mundo para as Crianças, mas também O Minotauro e Os Doze Trabalhos de Hércules (bem, tive de deixar a Emília de lado, nesses relatos sérios, mas ela merecia ter feito parte do trabalho...).
Na partida para a Europa, tive de deixar muitos registros para trás, mas passei a acumular cadernos de leituras, alguns dos quais já foram resumidos em um post antigo em um dos meus blogs (ver: 17) Meus cadernos de leitura (1971-1983); link). Muitas leituras foram feitas a partir de uma pequena bibliografia de mais ou menos 500 livros, que eu tinha feito para ler sistematicamente (não devo ter chegado nem a 10% da lista, mas em compensação li muitos outros livros, provavelmente mais interessantes): os interessados em saber quais são, podem referir-se a outro post (34. Uma 'pequena' bibliografia para leitura e notas; link). De todas essas leituras, emergiram trabalhos acadêmicos ou artigos independentes, vários dos quais publicados, mas de forma não sistemática e muitas vezes sem o devido registro ou preservação de originais.
Minhas listas de trabalhos originais e de publicados podem ser conferidas no seguintes links respectivos de meu site pessoal (http://www.pralmeida.org/03Originais/00originais.html e http://www.pralmeida.org/02Publicacoes/00Publicacoes.html), uma construção muito posterior à organização desses arquivos e feita não por narcisismo e sim para atender a demandas de alunos por informações em torno de questões relativas à integração regional e ao Mercosul, portanto, com objetivos didáticos muito definidos.
E por que essa compulsão, quase uma obsessão pela escrita e eventual publicação de trabalhos? Confesso que não sei fornecer uma resposta única, exclusiva ou especificamente válida a esta pergunta: alguns podem achar que é por exibicionismo pessoal, o que provavelmente não explicaria a enorme diferença entre o número de originais e o dos trabalhos efetivamente publicados, o que indica que escrevo por necessidade interior, quase uma segunda natureza, ou inclinação natural. Comecei de maneira informal, mas como as notas e manuscritos se multiplicavam, com muitas cópias carbono feitas – muitas delas sem registro preciso quanto a local e data –, logo senti a necessidade colocar ordem na bagunça. Daí surgiram as listas seriadas e depois a organização dos originais em pastas de classificados, uma providência praticamente dispensada na era do computador e dos arquivos eletrônicos (nem sempre adequadamente preservados em back-ups regulares, o que é sempre um risco, como todos sabem).
Enfim, creio que não preciso justificar o ato da escrita, inerente a todos os que lêem intensamente – OK, nem todos – ou pelo menos no caso daqueles que também possuem uma preocupação didática, ainda que indireta, como é o meu caso (ou seja, não o faço por ser professor, pois apenas exerço a atividade por vontade própria, não por necessidade ou como ocupação principal, sempre em detrimento do lazer ou descanso pessoal). Poderia apenas parafrasear Descartes: “Leio, logo escrevo” (por favor, alguém versado em latim, me transcreva esta frase, para ficar bonita...).
O que o Brasil fez por mim (e o que eu, pretensamente, estou fazendo por ele)
Não sou dado a patriotismos, nem a chauvinismos ultrapassados e um pouco ridículos. A nacionalidade é um acidente geográfico, partindo do ponto de vista da unidade fundamental da espécie humana. Sou brasileiro, como poderia ter nascido esquimó ou hotentote, e ninguém seria responsável por esse acaso demográfico, nem mesmo meus pais, posto que ninguém ‘fabrica’ uma personalidade humana com base em especificações pré-determinadas. Somos em grande parte (mas provavelmente não a mais decisiva) o resultado da herança genética, em outra parte o resultado do meio e das influências que experimentamos em diversas etapas formativas, mas também (uma parte que espero substancial) o produto de nossa formação ativa, por meio dos estudos empreendidos e dos esforços que nós mesmos fazemos para moldar um estilo de vida e um padrão de pensamento com base em escolhas e preferências que foram adotadas ao longo de toda uma vida, especialmente em seu primeiro terço.
Tendo nascido no Brasil, de pais descendentes de imigrantes europeus analfabetos, ainda assim beneficiei-me da herança cultural européia, visivelmente dotada de maior densidade do que a média brasileira tradicional, ou seja, um substrato desprovido de maior sofisticação técnica ou instrumental em relação aos requisitos modernos de uma sociedade caracterizada por uma produtividade satisfatória. O que o Brasil meu deu, uma vez iniciado o processo de escolarização (entre meados dos anos 1950 e meados da década seguinte), foi uma escola pública de qualidade razoável para os padrões conhecidos ulteriormente (e certamente no período recente). Esse ensino, a cargo de professoras ‘normalistas’, foi complementado por uma freqüência regular e intensa a uma biblioteca pública infantil – depois batizada de Anne Frank, no Itaim-Bibi, bairro da zona sul de São Paulo – onde devo ter lido praticamente todos os livros interessantes, dos quais guardei enormes e boas lembranças: lia quase todas as tardes – quando não me desviavam para alguma pelada de esquina – e ainda levava um ou dois para ler em casa, noite adentro (a ausência de televisão ajudou-me enormemente, e não por escolha própria, pois no final da tarde íamos assistir National Kid ou o Patrulheiro Rodoviário na casa de um vizinho).
Na verdade, não sei dizer se foi o Brasil quem me deu a chance de ingressar numa faculdade pública de boa qualidade – o curso de Ciências Sociais da USP, a partir de 1969 – ou se foi o meu próprio esforço de leituras intensas, aliás alternadas com o trabalho desde muito jovem. Daí o meu hábito de ler em toda e qualquer circunstância, anteriormente em ônibus ou trem, ou andando, depois diretamente em bibliotecas e livrarias, ou até dirigindo (o que não recomendo a ninguém...). Acho que foi apenas isto que o Brasil de fato me deu, além, involuntariamente, de uma consciência aguda sobre problemas sociais, miséria, pobreza, desigualdades, políticas econômicas (e suas conseqüências sempre surpreendentes...) e as muitas soluções propostas para resolver esses problemas. A adesão à sociologia – a arte de resolver rapidamente os problemas do Brasil, segundo Mário de Andrade – e ao socialismo veio naturalmente, sem qualquer ânimo ‘religioso’, porém, posto que sempre li materiais de todas as escolas filosóficas e tendências políticas.
Dito isto, pode-se dizer que o que o Brasil não me deu foi um bom ambiente de debate intelectual sobre essas questões, já que a qualidade intelectual da ‘pesquisa’ – se é que ela existe, de fato – é precária, para dizer o mínimo, com muita bobagem passando por argumentação de qualidade. E o que eu estou tentando ‘devolver’ ao Brasil, se ouso dizer? Como valorizo tremendamente os estudos, e acredito que a sociedade brasileira, como um todo, foi capaz de oferecer-me, numa determinada época, uma educação de qualidade relativamente satisfatória, julgo-me no dever de ‘devolver’ à sociedade parte do que recebi, contribuindo para que outros jovens, em situação talvez similar à minha na mesma faixa etária possam dispor de condições adequadas para também disputar uma posição condizente com suas aspirações. Como fazer isso? Bem, talvez exercendo também atividades docentes, embora consciente de que não estou atingindo os mais necessitados: mas já terá sido uma contribuição boa se eu conseguir atuar em direção dos ‘multiplicadores’ de conhecimento, ou seja, pela formação dos formadores, posto que muitos dos meus alunos poderão se dirigir para o sistema de ensino de primeiro ou de segundo grau.
Onde pretendo chegar com tantos trabalhos?
Boa pergunta, mas não sei responder, sinceramente. Certamente não estou em nenhum concurso quantitativo, nem sei se existe algum Guinness para volume de originais, o que aliás importa pouco. O mais relevante é aprender com as leituras, sintetizar o que se aprende nos livros – e não observação direta da realidade – e transmitir o conhecimento adquirido em linguagem adaptada aos novos receptores, provavelmente jovens que não tiveram acesso ao volume de livros e de informações (em diversas línguas) de que disponho em virtude de circunstâncias excepcionais.
Provavelmente preciso fazer um balanço qualitativo da minha produção e passar a trabalhar menos – ou em menor velocidade de escrita – e melhor, com trabalhos mais focados sobre aspectos específicos das carências didáticas já identificadas. Talvez, organizando um plano para trabalhos seriais que depois possam ser unificados em obras de divulgação mais ampla – necessariamente sob a forma de livros – em lugar dos muitos trabalhos dispersos e erráticos que respondem a demandas de terceiros para veículos eletrônicos nem sempre estáveis ou bem administrados. O excesso pode prejudicar a reflexão de maior densidade analítica, com pesquisa bem fundamentada e dados empíricos controláveis, para evitar polêmicas inúteis em torno de argumentos principistas.
De fato, está na hora de fazer um plano de trabalho e segui-lo de forma sistemática, de maneira a deixar uma obra caracterizada pela permanência, e não apenas uma coleção infindável de escritos dispersos, divulgados em suportes precários como podem ser os muitos sites e blogs de nossa era dominada pela facilidade da informação e da comunicação. Tenho alguns livros no pipeline – aliás, as minhas pastas de ‘working files’, ou seja, trabalhos em preparação, são provavelmente mais numerosas e mais dispersivas ainda do que os trabalhos concluídos e numerados – e caberia organizar, doravante, um roteiro-calendário para um esforço dirigido melhor organizado.
Uma palavra final, comemorativa (finalmente)
Bem, este é o trabalho número 2000. Como não comemorei o número 1000, não sei bem o que fazer com este, a não ser tê-lo como registro pessoal de um balanço parcial de minhas atividades de escrevinhador compulsivo. Não consigo sequer comprar um bolo com velinhas para festejar o evento, estando atualmente num hotel de Nova York. Vou apenas dizer a mim mesmo: parabéns, legitimamente, mas seja menos prolífico e mais focado, a partir de agora.
Ok, nem vou tentar fazer a contabilidade da produtividade escrevinhadora neste momento, apenas registrar um resumo das listas de originais, como abaixo. Vou precisar reorganizar o meu site – sou um desastre em matéria de web-design, aliás, não tenho a menor idéia de como se desenha um site – em função de grandes áreas de pesquisa ou de interesse, de maneira a poder fazer esse planejamento mais focado em resultados qualitativos, do que em volume aritmético de trabalhos.
Não tenho idéia do efeito que meus trabalhos – e livros e artigos publicados – possam estar tendo sobre o público visado: tipicamente os jovens universitários brasileiros, a não ser raramente, por meio de contatos ocasionais através do formulário do site (e de alguns pedidos de ajuda por e-mail). Suspeito que algo de bom possa resultar desse volume apreciável de trabalhos divulgados voluntariamente, ainda que muitos deles devem despertar reações negativas em vários dos supostos destinatários, tendo em vista o ambiente universitário típico no Brasil, atualmente. Não me importo muito com as críticas, aliás muitos dos trabalhos são suficientemente provocadores para provocar críticas, justamente. O que seria mais relevante seria um ambiente adequado para um bom debate intelectual no Brasil, o que infelizmente ocorre muito raramente hoje em dia.
Esperando que esse ambiente possa surgir e se desenvolver, continuarei a colaborar da forma que sempre fiz: lendo, sintetizando, escrevendo e divulgando meus trabalhos e os de terceiros (em meus escritos ou nos blogs dedicados a tais finalidades). Uma ultima palavra quanto aos curiosos quanto a minhas atuais posições políticas ou filosóficas: não me considero absolutamente nada, ou seja, não me filio a nenhuma escola determinada de pensamento ou a qualquer tendência ou movimento político. Considero-me absolutamente livre, e por isso mesmo recuso filiações ou adesões a qualquer entidade ou organização que possua regras ou ‘filosofias’ determinadas.
Meus únicos princípios poderiam ser resumidos em duas expressões: racionalismo moderado – posto que sentimentos sempre fazem parte das ações e intenções humanas – e ceticismo sadio, ou seja, desconfiança de tudo o que não vem suportado em evidências alcançados por meio de dados empíricos, da experiência prática, da lógica formal. Uma coisa não pode ser simplesmente aceitável por conveniência ou por relativismo cultural: neste ponto, é preciso ter coragem de defender suas convicções, a despeito de frustrações eventuais, derivadas do meio ambiente em que se vive ou trabalha. As pessoas são em geral acomodadas, o que não creio que seja o meu caso, pois estou sempre aceitando novos desafios.
Por fim, quanto ao método de trabalho, creio que ele pode ser resumido numa única expressão: honestidade intelectual, e isso não requer nenhum tipo de explicação complementar. Voilà: creio que o meu trabalho 2000 está agora completo e posso me despedir de meus poucos leitores...
Paulo Roberto de Almeida
New York, 2000, 28.04.2009
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Anexo:
Paulo Roberto de Almeida
Uma informação quantitativa da produção acumulada
(a partir das 23 listas de trabalhos seriados)
(listas de originais e publicados disponíveis no site pessoal: www.pralmeida.org)
1) São Paulo, 1968; Bruxelas, 1976: do nº 001 ao nº 041
2) São Paulo, 1977; Brasília, 1978-79; Berna, 1980-82; Belgrado, 1982-84; Bruxelas, 1984: do nº 042 ao nº 093
3) Brasília, 1985-1987: do nº 095 ao nº 149
4) Genebra, 1987-1990: do nº 150 ao nº 184
5) Montevidéu, 1990-1992: do nº 185 ao nº 223
6) Brasília: 1992-1993: do nº 224 ao nº 383
7) Paris, 1993-1995: do nº 384 ao nº 503
8) Brasília, 1996: do nº 504 ao nº 545
9) Brasília, 1997: do nº 546 ao nº 600
10) Brasília, 1998: do nº 601 ao nº 650
11) Brasília, 1999: do nº 651 ao nº 708
12) Washington, 1999: do nº 709 ao nº 718
13) Washington, 2000: do n. 719 ao n. 764
14) Washington, 2001: do n. 765 ao n. 843
15) Washington, 2002: do n. 844 ao n. 993
16) Washington, 2003: do n. 994 ao n. 1136
17) Brasília, 2003: do n. 1137 ao n. 1168
18) Brasília, 2004: do n. 1169 ao n. 1368
19) Brasília, 2005: do n. 1369 ao n. 1518
20) Brasília, 2006: do nº 1519 ao nº 1706
21) Brasília, 2007: do nº 1707 ao nº 1847
22) Brasília, 2008: do nº 1848 ao nº 1969
23) Brasília, 2009: do nº 1970 ao nº 2---
1085) Noticias economicas do imperio: uma lenta recuperacao
As estatísticas econômicas que estou lendo na imprensa americana (uma média ponderada de dezenas de estimativas feitas por instituições públicas, privadas, professores universitários e agências de avaliação de risco) permitem um otimismo cauteloso sobre os desenvolvimentos da crise atual.
Segundo esses dados, a evolução será a seguinte para alguns indicadores:
Dado Q1-2009 Q2-2009 (...) Q2-2010
PIB -5,0% -2,0% 2,6%
Juros Fed 0% 0% 0,38%
Inflação -0,4% -1,1% 1,7%
T-bonds 10y 2,71% 2,9% 3,41%
Desemprego 8,5% 9,0% 9,5%
Petroleo $43 $50 $63
O dado mais espetacular é a percepção do ambiente de negócios, que guia os investimentos dos empresários: o indicador (cuja natureza deve ser uma pesquisa qualitativa, diretamente com grandes empresas da Forbes) sai de -24,4$ de queda, neste primeiro trimestre de 2009, para 3,3% no segundo trimestre de 2010.
Ou seja, os catastrofistas podem ser desmentidos antes que publiquem seus primeiros livros sobre o declínio do capitalismo...
Post scriptum em 28.04.2009: Os catastrofistas ainda ganham por um a zero. Os resultados publicados nesta data revelam uma queda do PIB americano ainda mais severa do que a prevista acima: PIB dos EUA tem retração de 6,1% no 1º trimestre.
Parece que a situação ainda vai exigir um pouco de paciência até melhorar...
Segundo esses dados, a evolução será a seguinte para alguns indicadores:
Dado Q1-2009 Q2-2009 (...) Q2-2010
PIB -5,0% -2,0% 2,6%
Juros Fed 0% 0% 0,38%
Inflação -0,4% -1,1% 1,7%
T-bonds 10y 2,71% 2,9% 3,41%
Desemprego 8,5% 9,0% 9,5%
Petroleo $43 $50 $63
O dado mais espetacular é a percepção do ambiente de negócios, que guia os investimentos dos empresários: o indicador (cuja natureza deve ser uma pesquisa qualitativa, diretamente com grandes empresas da Forbes) sai de -24,4$ de queda, neste primeiro trimestre de 2009, para 3,3% no segundo trimestre de 2010.
Ou seja, os catastrofistas podem ser desmentidos antes que publiquem seus primeiros livros sobre o declínio do capitalismo...
Post scriptum em 28.04.2009: Os catastrofistas ainda ganham por um a zero. Os resultados publicados nesta data revelam uma queda do PIB americano ainda mais severa do que a prevista acima: PIB dos EUA tem retração de 6,1% no 1º trimestre.
Parece que a situação ainda vai exigir um pouco de paciência até melhorar...
1084) Turismo academico (21): Museus de Nova York, os novos sao os melhores
Nova York tem tanta coisa para se fazer, que é virtualmente impossível se contemplar todas as possibilidades. Assim, decidi deixar de lado os museus mais conhecidos (Moma, Guggenheim, Natural History e Planetarium) e fazer um tour das novidades.
Novos museus em New York
Começamos a segunda-feira (um dia, aliás, no qual a maior parte dos museus estão fechados) por uma visita à coleção Rubin de arte himalaia, situado no Chelsea, rua 17. Incrivel como esse tipo de iniciativa prospera nos EUA: um casal de judeus, sem nenhuma vinculação especial com a Ásia ou sua cultura, começa, muitos anos atrás, a colecionar peças de arte himalaia, por puro gosto pessoal. A coleção cresce, começa a ocupar toda a casa, e daí surge a idéia de fazer um museu, com a ajuda dos amigos (que nunca falham) e de outras instituições.
Ai, basta encontrar uma palacete em NY (o que não é muito dificil), derrubar tudo por dentro, deixando a fachada, com a ajuda de algum arquiteto judeu que não cobra nada por isso, e zut, voilà, surge um novo museu, espetacular, inteiramente dedicado à arte himalaia (sobretudo Nepal e Tibete, mas tambem India e Paquistão, o que é inevitável), com peças inacreditáveis, que "aparecem" não se sabe bem como, mas que não são vistas nos museus de arte asiática tradicional (em todo caso, vi peças que nunca tinha visto iguais no Guimet de Paris, ou na Sackler e Freer de Washington).
Recomendo, absolutamente, inclusive porque além das coleções permanentes, sempre estão apresentando exibições especiais e temporárias, com peças coletadas em outros museus ou, o que é mais importante, em coleções particulares (e que portanto nunca serão mais vistas, a não ser em casos de doações, o que aliás ocorre muito frequentemente nos EUA).
Jewish Museum (Quinta Avenida, não muito longe do Museu of Design e da Guggenheim)
Outro museu espetacular, imperdível, construído (sempre totalmente renovado por dentro) dentro do antigo palacete dos Warburg (uma dessas familias de banqueiros riquíssimos da belle époque), e que abriga não apenas peças de coleções, mas toda uma exibição didática, com todos os recursos de mídia, sobre alguns milhares de anos da história do povo judeu. Imperdível, também, sobretudo porque eles reconstroem a experiência do povo judeu através das eras em diferentes continentes e nas três grandes divisões do povo judeu depois da diáspora: os que ficarem na terra de Israel, os de tradição sefardita (que foram para a Espanha, e depois se espalharam pelo mundo ocidental e oriental, depois do Edito de Expulsão, de 1492), e os askenazi (concentrados na Europa do norte, da Alemanha à Rússia, os que mais sofreram perseguições).
Convido os interessados a visitarem o museu pelo seu site online, pois não saberia descrever com fidelidade tudo o que vi durante algumas horas.
Sim, apenas uma lembrança (que já tinha me surpreendido anos atrás, quando soube desse atraso espanhol de quatro séculos): apenas em 1966 foi introduzida uma emenda ao Fuero de los Españoles, que deu liberdade religiosa aos judeus e revogou o édito de expulsão de 1492. Demorados esses espanhóis...
As lojinhas de museus também são excelentes e não apenas para lembrancinhas, para livros de qualidade também. Além dos catálogos próprios e das exposições especiais, fiquei lendo o prefácio e a introdução de um livro de um historiador americano-luxemburguês, Arno J. Meyer, que conheci anos atrás em Paris, autor de um excelente livro de revisionismo histórico sobre a Europa da belle époque, The Persistence of Old Regime (já traduzido e publicado no Brasil). Seu livro mais recente é uma história progressista do Estado de Israel: From Plougshares to Swords: From Zionism to Israel (London; Verso, 2008).
Não comprei porque já não tenho mais onde colocar um hardcover, não porque custa 34 dólares (embora pretenda comprá-lo por 6 ou 8 dólares dentre em breve, na abebooks.com) e escrever ao autor, que é emérito de Princeton.
Bem, acho que seria preciso um ano de NY, apenas para fazer as novidades, não o que já existe catalogado nos guias turísticos. Vou precisar de um sabático inteiro...
New York, 27 de abril de 2009
Novos museus em New York
Começamos a segunda-feira (um dia, aliás, no qual a maior parte dos museus estão fechados) por uma visita à coleção Rubin de arte himalaia, situado no Chelsea, rua 17. Incrivel como esse tipo de iniciativa prospera nos EUA: um casal de judeus, sem nenhuma vinculação especial com a Ásia ou sua cultura, começa, muitos anos atrás, a colecionar peças de arte himalaia, por puro gosto pessoal. A coleção cresce, começa a ocupar toda a casa, e daí surge a idéia de fazer um museu, com a ajuda dos amigos (que nunca falham) e de outras instituições.
Ai, basta encontrar uma palacete em NY (o que não é muito dificil), derrubar tudo por dentro, deixando a fachada, com a ajuda de algum arquiteto judeu que não cobra nada por isso, e zut, voilà, surge um novo museu, espetacular, inteiramente dedicado à arte himalaia (sobretudo Nepal e Tibete, mas tambem India e Paquistão, o que é inevitável), com peças inacreditáveis, que "aparecem" não se sabe bem como, mas que não são vistas nos museus de arte asiática tradicional (em todo caso, vi peças que nunca tinha visto iguais no Guimet de Paris, ou na Sackler e Freer de Washington).
Recomendo, absolutamente, inclusive porque além das coleções permanentes, sempre estão apresentando exibições especiais e temporárias, com peças coletadas em outros museus ou, o que é mais importante, em coleções particulares (e que portanto nunca serão mais vistas, a não ser em casos de doações, o que aliás ocorre muito frequentemente nos EUA).
Jewish Museum (Quinta Avenida, não muito longe do Museu of Design e da Guggenheim)
Outro museu espetacular, imperdível, construído (sempre totalmente renovado por dentro) dentro do antigo palacete dos Warburg (uma dessas familias de banqueiros riquíssimos da belle époque), e que abriga não apenas peças de coleções, mas toda uma exibição didática, com todos os recursos de mídia, sobre alguns milhares de anos da história do povo judeu. Imperdível, também, sobretudo porque eles reconstroem a experiência do povo judeu através das eras em diferentes continentes e nas três grandes divisões do povo judeu depois da diáspora: os que ficarem na terra de Israel, os de tradição sefardita (que foram para a Espanha, e depois se espalharam pelo mundo ocidental e oriental, depois do Edito de Expulsão, de 1492), e os askenazi (concentrados na Europa do norte, da Alemanha à Rússia, os que mais sofreram perseguições).
Convido os interessados a visitarem o museu pelo seu site online, pois não saberia descrever com fidelidade tudo o que vi durante algumas horas.
Sim, apenas uma lembrança (que já tinha me surpreendido anos atrás, quando soube desse atraso espanhol de quatro séculos): apenas em 1966 foi introduzida uma emenda ao Fuero de los Españoles, que deu liberdade religiosa aos judeus e revogou o édito de expulsão de 1492. Demorados esses espanhóis...
As lojinhas de museus também são excelentes e não apenas para lembrancinhas, para livros de qualidade também. Além dos catálogos próprios e das exposições especiais, fiquei lendo o prefácio e a introdução de um livro de um historiador americano-luxemburguês, Arno J. Meyer, que conheci anos atrás em Paris, autor de um excelente livro de revisionismo histórico sobre a Europa da belle époque, The Persistence of Old Regime (já traduzido e publicado no Brasil). Seu livro mais recente é uma história progressista do Estado de Israel: From Plougshares to Swords: From Zionism to Israel (London; Verso, 2008).
Não comprei porque já não tenho mais onde colocar um hardcover, não porque custa 34 dólares (embora pretenda comprá-lo por 6 ou 8 dólares dentre em breve, na abebooks.com) e escrever ao autor, que é emérito de Princeton.
Bem, acho que seria preciso um ano de NY, apenas para fazer as novidades, não o que já existe catalogado nos guias turísticos. Vou precisar de um sabático inteiro...
New York, 27 de abril de 2009
segunda-feira, 27 de abril de 2009
1083) Fontes para o estudo da historia do Brasil: Guias
Reproduzo abaixo um post antigo postado por mim em outro blog (Vivendo com Livros), mas que pode apresentar interesse continuado para pesquisadores da história do Brasil.
Domingo, Março 04, 2007
10) Arquivos históricos sobre o Brasil no exterior
Existem, obviamente, muitos arquivos relevantes para o estudo da história do Brasil no exterior, a começar pelos arquivos portugueses, que compõem a mais ampla coleção de documentos primários da era colonial.
Todos esses arquivos foram devidamente catalogados e encontram-se disponíveis no Brasil, por meio de publicações especializadas feitas no quadro do Projeto Resgate Barão do Rio Branco, sob a direção técnica da arquivista e historiadora Esther Caldas Bertoletti.
Quando eu me encontrava trabalhando na Embaixada do Brasil em Washington tive a preocupação de tentar reproduzir esse esforço para os muitos arquivos existentes nos EUA, a começar pelos National Archives, mas também compilando informações sobre outros arquivos relevantes.
O "Guia dos Arquivos Americanos sobre o Brasil" foi compilado em 2003 e encontra-se em fase de publicação impressa. Os interessados podem consultá-lo nesta cópia em pdf:
http://www.pralmeida.org/01Livros/2FramesBooks/59GuiaArquivosEUA.pdf
Mais tarde, sob o mesmo modelo, sob iniciativa de meu colega Luis Claudio Villafane Gomes Santos, que havia trabalhado comigo e depois foi removido para Montevidéu, foi composto um volume cobrindo os arquivos uruguaios.
Ele pode ser consultado neste link: http://www.brasmont.org.uy/home/home/index.php?t=noticias&id=65&secc=127
Nota em 27.04.2009: Não tenho certeza de que este último link esteja ainda funcionando, pois não controlei. O Guia americano está em meu próprio provedor.
Domingo, Março 04, 2007
10) Arquivos históricos sobre o Brasil no exterior
Existem, obviamente, muitos arquivos relevantes para o estudo da história do Brasil no exterior, a começar pelos arquivos portugueses, que compõem a mais ampla coleção de documentos primários da era colonial.
Todos esses arquivos foram devidamente catalogados e encontram-se disponíveis no Brasil, por meio de publicações especializadas feitas no quadro do Projeto Resgate Barão do Rio Branco, sob a direção técnica da arquivista e historiadora Esther Caldas Bertoletti.
Quando eu me encontrava trabalhando na Embaixada do Brasil em Washington tive a preocupação de tentar reproduzir esse esforço para os muitos arquivos existentes nos EUA, a começar pelos National Archives, mas também compilando informações sobre outros arquivos relevantes.
O "Guia dos Arquivos Americanos sobre o Brasil" foi compilado em 2003 e encontra-se em fase de publicação impressa. Os interessados podem consultá-lo nesta cópia em pdf:
http://www.pralmeida.org/01Livros/2FramesBooks/59GuiaArquivosEUA.pdf
Mais tarde, sob o mesmo modelo, sob iniciativa de meu colega Luis Claudio Villafane Gomes Santos, que havia trabalhado comigo e depois foi removido para Montevidéu, foi composto um volume cobrindo os arquivos uruguaios.
Ele pode ser consultado neste link: http://www.brasmont.org.uy/home/home/index.php?t=noticias&id=65&secc=127
Nota em 27.04.2009: Não tenho certeza de que este último link esteja ainda funcionando, pois não controlei. O Guia americano está em meu próprio provedor.
1082) Turismo academico (20): A musica das estradas americanas
Well, not exactly....
Suponho que a maior parte dos carros alugados atualmente nos EUA venham com alguns equipamentos padrão: GPS, pedágio eletrônico e, sobretudo, rádio digital.
Viajando com música...e notícias...
O meu Pontiac (teria preferido um Honda Accord, mas não havia disponível) veio com tudo isso, e foi um conforto. Algum museu no caminho? Bastava colocar o endereço no GPS e lá íamos nós tranquilamente pelas estradas e ruas até chegar no exato local pretendido.
Pedágio? Go ahead... (depois aparece no meu cartão de crédito).
O mais agradável foi poder escolher entre dezenas de estações de rádio, cada uma com cobertura praticamente nacional.
Das estações de informações, todas as mais conhecidas, nas não consegui achar a minha PBS preferida em Washington (talvez porque existissem muitas para escolher, nas mais diferentes bandas, o mínimo quatro, acredito). Mas, CNN, BBC World Service e outras, em inglês, espanhol, francês (inclusive uma quebecoise Quoi de Neuf?).
Em matéria de música, para todos os gostos e inclinações.
Depois de algum zapping, inclusive controlado da própria direção, me fixei em três: Real Jazz, de feição mais clássica, Watercolor (jazz moderno) e uma que finalmente me prendeu mais tempo: Sinatra.
Não apenas o próprio, mas seu filho e filha (Nancy apresentava um programa que dialogava com ouvintes), seus imitadores e todo o tipo de música parecida (inclusive Tom Jobim, Caetano Velloso, ambos em inglês). Foi a melhor estação de todas: música variada, clássicos do Sinatra e programas especiais.
Alternei com alguns CDs de cantoras que aprecio (Diana Krall, Jane Monheit) e uma biografia do presidente Harry Truman, escrita e lida pelo historiador David McCullough, em cinco CDs, que fui ouvindo nos longos trajetos...
Quando teremos rádios digitais, ou melhor, estações digitais com essa diversidade no Brasil? Na verdade, a tecnologia já existe, e algumas estações já emitem digitalmente, mas suponho que o número, diversidade e conteúdo sejam ainda muito pobres, para não dizer miseráveis...
Quando entregar o carro em Miami, vou sentir saudades de meu périplo musical...
Terão sido mais ou menos seis mil milhas de músicas de alta qualidade e programas variados também instrutivos e informativos...
Suponho que a maior parte dos carros alugados atualmente nos EUA venham com alguns equipamentos padrão: GPS, pedágio eletrônico e, sobretudo, rádio digital.
Viajando com música...e notícias...
O meu Pontiac (teria preferido um Honda Accord, mas não havia disponível) veio com tudo isso, e foi um conforto. Algum museu no caminho? Bastava colocar o endereço no GPS e lá íamos nós tranquilamente pelas estradas e ruas até chegar no exato local pretendido.
Pedágio? Go ahead... (depois aparece no meu cartão de crédito).
O mais agradável foi poder escolher entre dezenas de estações de rádio, cada uma com cobertura praticamente nacional.
Das estações de informações, todas as mais conhecidas, nas não consegui achar a minha PBS preferida em Washington (talvez porque existissem muitas para escolher, nas mais diferentes bandas, o mínimo quatro, acredito). Mas, CNN, BBC World Service e outras, em inglês, espanhol, francês (inclusive uma quebecoise Quoi de Neuf?).
Em matéria de música, para todos os gostos e inclinações.
Depois de algum zapping, inclusive controlado da própria direção, me fixei em três: Real Jazz, de feição mais clássica, Watercolor (jazz moderno) e uma que finalmente me prendeu mais tempo: Sinatra.
Não apenas o próprio, mas seu filho e filha (Nancy apresentava um programa que dialogava com ouvintes), seus imitadores e todo o tipo de música parecida (inclusive Tom Jobim, Caetano Velloso, ambos em inglês). Foi a melhor estação de todas: música variada, clássicos do Sinatra e programas especiais.
Alternei com alguns CDs de cantoras que aprecio (Diana Krall, Jane Monheit) e uma biografia do presidente Harry Truman, escrita e lida pelo historiador David McCullough, em cinco CDs, que fui ouvindo nos longos trajetos...
Quando teremos rádios digitais, ou melhor, estações digitais com essa diversidade no Brasil? Na verdade, a tecnologia já existe, e algumas estações já emitem digitalmente, mas suponho que o número, diversidade e conteúdo sejam ainda muito pobres, para não dizer miseráveis...
Quando entregar o carro em Miami, vou sentir saudades de meu périplo musical...
Terão sido mais ou menos seis mil milhas de músicas de alta qualidade e programas variados também instrutivos e informativos...
domingo, 26 de abril de 2009
1081) Turismo academico (19): Simposio sobre Joaquim Nabuco em Madison: um breve relato
Participei, na sexta-feira 23 e no sábado 24 de abril, do simpósio sobre o Joaquim Nabuco referenciado em meu post 1078 (vide abaixo).
Alguns velhos amigos brasilianistas, novos conhecimentos acadêmicos e, sobretudo, a oportunidade de conhecer um pouco mais sobre o personagem em questão (aliás representado, se o caso se aplica, por um neto e dois bisnetos).
Minha apresentação, como referido aqui, encontra-se disponível em meu site, aliás, não a apresentação em si (um arquivo em PowerPoint), mas o texto que lhe serviu de suporte.
1999. The share of the United States and Brazil in the modern civilization: A centennial homage to Joaquim Nabuco’s commencement speech of 1909, Urbana, 23 abril 2009, 15 p. Paper presented at the Symposium: Nabuco and Madison: A Centennial Celebration (Madison, WI: University of Wisconsin, April 24-25, 2009); Organizador: Prof. Severino Albuquerque. Desenvolvido a partir do esquema n. 1957. Preparada apresentação em PowerPoint com base nesse texto. Disponível como arquivo pdf, em versão ainda não revista, no site pessoal (link: http://www.pralmeida.org/05DocsPRA/1999NabucoMadison.pdf).
O diretor da Fundação Joaquim Nabuco, Humberto França, fez uma palestra inicial muito interessante, sobre o pan-americanismo de Joaquim Nabuco, transcrevendo trechos de cartas e de seus diários. Parece que o Joaquim Nabuco chegou com muito má disposição ao seu prestigioso posto de primeiro embaixador do Brasil, em Washington, em 1905. Começou a reclamar dos "preços exorbitantes, da comida deplorável e do clima miserável". Bem, com exceção dos preços, que estão razoáveis, parece que o resto se manteve. Minto: o clima melhorou bastante. Washington, nos tempos de Nabuco ainda era um lugar pouco saudável, com muito barro nas ruas e mosquitos e febres pestilenciais, por causa dos pântanos em volta. Melhoraram isso, e no verão já não sente tanto o calor abafado, graças ao ar condicionado, obviamente.
Muitas outras palestras interessantes, das quais fiz extensas notas, que não transcrevo por causa do volume do material e do meu cansaço de viagem.
Espero que a Luso-Brazilian Review possa transcrever alguns dos textos das palestras, ainda não o meu pois ele é preliminar e requer uma boa revisão, estilística e de conteúdo.
O ano que vem, 2010, foi declarado o ano de Joaquim Nabuco no Brasil, pelos cem anos de sua morte...
Escritores, historiadores, romancistas, curiosos...
Alguns velhos amigos brasilianistas, novos conhecimentos acadêmicos e, sobretudo, a oportunidade de conhecer um pouco mais sobre o personagem em questão (aliás representado, se o caso se aplica, por um neto e dois bisnetos).
Minha apresentação, como referido aqui, encontra-se disponível em meu site, aliás, não a apresentação em si (um arquivo em PowerPoint), mas o texto que lhe serviu de suporte.
1999. The share of the United States and Brazil in the modern civilization: A centennial homage to Joaquim Nabuco’s commencement speech of 1909, Urbana, 23 abril 2009, 15 p. Paper presented at the Symposium: Nabuco and Madison: A Centennial Celebration (Madison, WI: University of Wisconsin, April 24-25, 2009); Organizador: Prof. Severino Albuquerque. Desenvolvido a partir do esquema n. 1957. Preparada apresentação em PowerPoint com base nesse texto. Disponível como arquivo pdf, em versão ainda não revista, no site pessoal (link: http://www.pralmeida.org/05DocsPRA/1999NabucoMadison.pdf).
O diretor da Fundação Joaquim Nabuco, Humberto França, fez uma palestra inicial muito interessante, sobre o pan-americanismo de Joaquim Nabuco, transcrevendo trechos de cartas e de seus diários. Parece que o Joaquim Nabuco chegou com muito má disposição ao seu prestigioso posto de primeiro embaixador do Brasil, em Washington, em 1905. Começou a reclamar dos "preços exorbitantes, da comida deplorável e do clima miserável". Bem, com exceção dos preços, que estão razoáveis, parece que o resto se manteve. Minto: o clima melhorou bastante. Washington, nos tempos de Nabuco ainda era um lugar pouco saudável, com muito barro nas ruas e mosquitos e febres pestilenciais, por causa dos pântanos em volta. Melhoraram isso, e no verão já não sente tanto o calor abafado, graças ao ar condicionado, obviamente.
Muitas outras palestras interessantes, das quais fiz extensas notas, que não transcrevo por causa do volume do material e do meu cansaço de viagem.
Espero que a Luso-Brazilian Review possa transcrever alguns dos textos das palestras, ainda não o meu pois ele é preliminar e requer uma boa revisão, estilística e de conteúdo.
O ano que vem, 2010, foi declarado o ano de Joaquim Nabuco no Brasil, pelos cem anos de sua morte...
Escritores, historiadores, romancistas, curiosos...
1080) Turismo academico (18): Leituras em Urbana: uma simples listagem
Ao deixar Urbana, ao meio dia da sexta-feira 24 de abril, posso dizer que empreguei bem meu tempo de Visiting Scholar da Universidade do Illinois, campus Urbana-Champaign.
Levo as mais gratas lembranças da biblioteca da universidade, do seu campus, dos shoppings (onde fiz algumas compras, e por isso minha mala está vergando sob o peso dos livros), lembranças menos gratas do seu tempo inclemente (frio, granizo, chuva, vento) e muitos novos conhecimentos e amizades.
Li muito, sem contar os jornais, revistas, noticiário de TV (alguns filmes entrevistos, também), material recebido pela internet, muita correspondência, alguns trabalhos escritos (devidamente registrados em minha lista de originais, no site), além de duas palestras preparadas.
Seria talvez oportuno referenciar aqui os livros ou artigos diretamente compulsados, de forma diagonal, na maior parte das vezes, mas sempre com notas e transcrições de tudo o que me interessava. Montei a lista abaixo de minhas anotações de leitura, justamente, assim é possível que uma ou outra coisa me tenha escapado, ao não tomar notas adequadamente. Em todo caso aqui vai:
Leituras em Urbana – Universidade do Illinois, EUA
Abril 2009
Paulo Roberto de Almeida
1) Carlos F. Díaz Alejandro. Essays on the Economic History of the Argentina Republic (New Haven: Yale University Press, 1970)
2) O’Rourke, Kevin and Williamson, Jeffrey. Globalization and History: The Evolution of a 19th Century Atlantic Economy (Massachusetts: The MIT Press, 1999)
3) Holger C. Wolf and Tarik M. Youssef, “Breaking the Fetters: Why Did Countries Exit the Interwar Gold Standard?”, In: In: Hatton, Timothy J.; O’Rourke, Kevin H.; Taylor, Alan M. The New Comparative Economic History: Essays in Honor of Jeffrey Williamson (Cambridge, MA: The MIT Press, 2007), p. 241. 265.
4) Officer, Lawrence. "Gold Standard". EH.Net Encyclopedia, edited by Robert Whaples. March 26, 2008. URL http://eh.net/encyclopedia/article/officer.gold.standard
5) Bordo, Michael D.; Taylor, Alan M.; Williamson, Jeffrey G. (eds) Globalization in Historical Perspective (Chicago: The University of Chicago Press, 2003)
6) Peter H. Lindert and Jeffrey G. Williamson, “Does Globalization Make the World More Unequal?” In. Bordo, Michael D.; Taylor, Alan M.; Williamson, Jeffrey G. (eds) Globalization in Historical Perspective (The University of Chicago Press, 2003), p. 227-275
7) Nicholas Craft and Anthony J. Venables, “Globalization in History: A Geographical Perspective”, p. 323-369 in Bordo...
8) Larry Neal and Marc Weidenmier, “Crisis in the Global Economy from Tulips tp Today: Contagion and Consequences, p. 473-514 in Bordo Taylor Williamson
9) Barry Eichengreen and Harold James, “Monetary and Financial Reform in Two Eras of Globalization”, p. 515-548 de Bordo et alii
10) William Summerhill, Order against Progress: Government, Foreign Investment, and Railroads in Brazil, 1854-1913 (Stanford: Stanford University Press, 2003)
11) Henry William Spiegel: (Associate Professor of Economics, Catholic University of America): The Brazilian Economy: Chronic Inflation and Sporadic Industrialization (Philadelphia: The Blakiston Company, 1949).
12) Milton Friedman and Anna Jacobson Schwartz, A Monetary History of the United States, 1867-1960 (Princeton, NJ: Princeton University Press, 1963. A Study By the NBER, NY)
13) Thomas J. Trebat: Brazil’s State-Owned Enterprises: A Case Study of the State as Entrepreneur (New York: Cambridge University Press, 1983)
14) Julio Berlinski, “International trade and commercial policy”, in Della Paolera, Gerardo, Alan M. Taylor, A New Economic History of Argentina (New York: Cambridge University Press, 2003), p. 197-232
15) Leonard I. Nakamura and Carlos E. J. M. Zaragaza, “Banking and Finance, 1900-1935”, in Della Paolera, Gerardo, Alan M. Taylor, A New Economic History of Argentina (New York: Cambridge University Press, 2003), p. 295-323
16) Della Paolera, Gerardo, Alan M. Taylor, Straining at the Anchor: The Argentine Currency Board and the Search for Macroeconomic Stability, 1880-1935 (Chicago, The Chicago University Press, 2001),
17) David A. Lake. Power, Protection and Free Trade: International Sources of U.S. Commercial Strategy, 1887-1939 (Ithaca: Cornell University Press, 1988).
18) Jeffrey Williamson. Globalization and the Poor Periphery before 1950 (Cambridge, MA: The MIT Press, 2006).
19) Eichengreen, Barry and Lindert, Peter, H. (Eds.). The International Debt Crisis in Historical Perspective (Cambridge, MA: The MIT Press, 1989)
20) Cardoso, Eliana; Dornbush, Rudiger, “Brazilian Debt Crises: Past and Present” in Eichengreen, Barry and Lindert, Peter, H. (Eds.). The International Debt Crisis in Historical Perspective (Cambridge, MA: The MIT Press, 1989), p. 106-139.
21) Fishlow, Albert, “Conditionality and Willingness to Pay: Some Parallels from the 1890s” in Eichengreen, Barry and Lindert, Peter, H. (Eds.). The International Debt Crisis in Historical Perspective (Cambridge, MA: The MIT Press, 1989), p. 86-105.
22) Mira Wilkins, “Conduits for Long-Term Foreign Investment in the Gold Standard Era”, In: Flandreau, Marc; Holtfrerich, Carl-Ludwig; James, Harold (Eds.). International Financial Historu of the Twentieth-Century (Cambridge: German Historical Institute and Cambridge University Press, 2003), p. 51-76.
23) Stephen A. Schuker, “The Gold-Exchange Standard: A Reinterpretation” in Flandreau, p. 77-93
24) Robert Skidelsky, “Keynes’ Road to Bretton Woods: An Essay in Interpretation”, In Flandreau, p. 125-151
25) René Courtin: Le Problème de La Civilisation Économique au Brésil (Paris: Librarie de Medicis, 1941)
26) J. P. Wileman. Brazilian Exchange: The Study of an Inconvertible Currency, dedicated to Dr. Fernando Abbott, Minister Plenipotentiary in the Argentine Republic to whose sympathy and encouragement the author is deeply indebted (New York: Greenwood Press, 1969; originally published in 1896).
27) Wirth, John D. The Politics of Brazilian Development, 1930-1954 (Stanford. Stanford University Press, 1970)
28) Herbert Feis, The Diplomacy of the Dollar, First Era, 1919-1932 (Hamdem, Connecticut: Archon Books, 1965) copyright 1950, The Johns Hopkins Press
29) Herbert Feis, The Changing Pattern of International Economic Affairs (New York: Harper and Brothers, 1940)
30) Herbert Feis. Europe The World’s Banker, 1879-1914: An Account of European Foreign Investment and the Connection with World Finance with Diplomacy before the War (New Haven: Yale University Press; Council on Foreign Relations, 1930)
31) Council of the Corporation of Foreign Bondholders, incorporated under Licencce form the Board of Trade, August 1873. Reconstitute by special Act of the Parliament, July 1898. Annual Reports. Seventieth Report, For the Year ending december 31, 1943.
32) Machado, Barry Francis 1944-. Farquhar and Ford in Brazil: Studies in Business Expansion and Foreign Policy (Evanston, Illinois: Northwestern University, Ph.D. Dissertation, History, 1975)
33) Gustavo Maia Gomes, The Roots of State Intervention in the Brazilian Economy (NY: Praeger, 1986)
34) Fisk, George Mygatt; Peirce, Paul Skeels. International Commercial Policies, with special reference to the United States, A Text-Book (NY: MacMillan, 1930)
35) Culbertson, William Smith. International Economic Policies: A Survey of the Economics of Diplomacy ( NY: Appleton, 1925)
36) Wilson Suzigan. Industrialization and Economic Policy in Historical Perspective. IPEA, Brazilian Economic Studies, n. 2, (Rio de Janeiro, IPEA-INPES, 1976, p. 5-33. Pesquisa e Planejamento Econômico, 5, n. 2, dez 1975, 433-74.
37) Annibal V. Villela, Wilson Suzigan, “Government Policy and the Economic Growth of Brazil, 1889-1945”, IPEA, Brazilian Economic Studies, n. 3, (Rio de Janeiro, IPEA-INPES, 1977, p. vii+1-393
38) Marcelo de Paiva Abreu. Brazilian Public Foreign Debt Policy, 1931-1943, IPEA, Brazilian Economic Studies, n. 4, (Rio de Janeiro, IPEA-INPES, 1978, p. 105-140.
39) Werner Baer, Richard Newfarmer, and Thomas Trebatt, On State Capitalism in Brazil: some new issues and questions. Austix, TX: The Institute of Latin American Studies, The University of Texas at Austin, 1976, Technical Paper Series n. 1
40) Hatton, Timothy J.; Williamson, Jeffrey G. International Migration, 1850-1939: an economic survey. In: Idem (eds.), Migration and the International Labor Market, 1850-1939 (London-New York: Routledge, 1994), p. 3-32
41) Hatton, Timothy J.; Williamson, Jeffrey G. Latecomers to Mass Emigration: the Latin Experience. In: Idem (eds.), Migration and the International Labor Market, 1850-1939 (London-New York: Routledge, 1994), p. 55-71.
42) Taylor, Alan M. Mass Migration to Distant Southern Shores: Argentina and Austrial, 1870-1939. In: Hatton, Timothy J.; Williamson, Jeffrey G. (eds.), Migration and the International Labor Market, 1850-1939 (London-New York: Routledge, 1994), p. 91-11
43) Baer, Werner. The Brazilian Economy: Growth and Development (6th ed.; Boulder: Lynne Riener, 2008)
44) Bairoch, Paul. The Main Trends in National Economic Disparities since the Industrial Revolution. In: Bairoch, Paul; Lévy-Leboyer, Maurice. Diaparities in Economic Development Since the Industrial Revolution (New York: St. Martin’s Press, 1981), p. 3-25.
45) Escosura, Leandro Prados de. Inequality and Poverty in Latin America: A Long-Run Exploration. In: Hatton, Timothy J.; O’Rourke, Kevin H.; Taylor, Alan M. The New Comprative Economic History: Essays in Honor of Jeffrey Williamson (Cambridge, MA: The MIT Press, 2007) 291-315.
46) Franko, Patrice M. The Puzzle of Latin American Economic Development (Lanham, MD; Rowman & Littlefield, 1999)
47) Schneider, Jürgen. Terms of Trade Between France and Latin America, 1826-1856: Causes of Increasing Economic Disparities? In: Bairoch, Paul; Lévy-Leboyer, Maurice. Diaparities in Economic Development Since the Industrial Revolution (New York: St. Martin’s Press, 1981), p. 110-119.
Urbana, IL, de 2 a 24 de abril de 2009
Levo as mais gratas lembranças da biblioteca da universidade, do seu campus, dos shoppings (onde fiz algumas compras, e por isso minha mala está vergando sob o peso dos livros), lembranças menos gratas do seu tempo inclemente (frio, granizo, chuva, vento) e muitos novos conhecimentos e amizades.
Li muito, sem contar os jornais, revistas, noticiário de TV (alguns filmes entrevistos, também), material recebido pela internet, muita correspondência, alguns trabalhos escritos (devidamente registrados em minha lista de originais, no site), além de duas palestras preparadas.
Seria talvez oportuno referenciar aqui os livros ou artigos diretamente compulsados, de forma diagonal, na maior parte das vezes, mas sempre com notas e transcrições de tudo o que me interessava. Montei a lista abaixo de minhas anotações de leitura, justamente, assim é possível que uma ou outra coisa me tenha escapado, ao não tomar notas adequadamente. Em todo caso aqui vai:
Leituras em Urbana – Universidade do Illinois, EUA
Abril 2009
Paulo Roberto de Almeida
1) Carlos F. Díaz Alejandro. Essays on the Economic History of the Argentina Republic (New Haven: Yale University Press, 1970)
2) O’Rourke, Kevin and Williamson, Jeffrey. Globalization and History: The Evolution of a 19th Century Atlantic Economy (Massachusetts: The MIT Press, 1999)
3) Holger C. Wolf and Tarik M. Youssef, “Breaking the Fetters: Why Did Countries Exit the Interwar Gold Standard?”, In: In: Hatton, Timothy J.; O’Rourke, Kevin H.; Taylor, Alan M. The New Comparative Economic History: Essays in Honor of Jeffrey Williamson (Cambridge, MA: The MIT Press, 2007), p. 241. 265.
4) Officer, Lawrence. "Gold Standard". EH.Net Encyclopedia, edited by Robert Whaples. March 26, 2008. URL http://eh.net/encyclopedia/article/officer.gold.standard
5) Bordo, Michael D.; Taylor, Alan M.; Williamson, Jeffrey G. (eds) Globalization in Historical Perspective (Chicago: The University of Chicago Press, 2003)
6) Peter H. Lindert and Jeffrey G. Williamson, “Does Globalization Make the World More Unequal?” In. Bordo, Michael D.; Taylor, Alan M.; Williamson, Jeffrey G. (eds) Globalization in Historical Perspective (The University of Chicago Press, 2003), p. 227-275
7) Nicholas Craft and Anthony J. Venables, “Globalization in History: A Geographical Perspective”, p. 323-369 in Bordo...
8) Larry Neal and Marc Weidenmier, “Crisis in the Global Economy from Tulips tp Today: Contagion and Consequences, p. 473-514 in Bordo Taylor Williamson
9) Barry Eichengreen and Harold James, “Monetary and Financial Reform in Two Eras of Globalization”, p. 515-548 de Bordo et alii
10) William Summerhill, Order against Progress: Government, Foreign Investment, and Railroads in Brazil, 1854-1913 (Stanford: Stanford University Press, 2003)
11) Henry William Spiegel: (Associate Professor of Economics, Catholic University of America): The Brazilian Economy: Chronic Inflation and Sporadic Industrialization (Philadelphia: The Blakiston Company, 1949).
12) Milton Friedman and Anna Jacobson Schwartz, A Monetary History of the United States, 1867-1960 (Princeton, NJ: Princeton University Press, 1963. A Study By the NBER, NY)
13) Thomas J. Trebat: Brazil’s State-Owned Enterprises: A Case Study of the State as Entrepreneur (New York: Cambridge University Press, 1983)
14) Julio Berlinski, “International trade and commercial policy”, in Della Paolera, Gerardo, Alan M. Taylor, A New Economic History of Argentina (New York: Cambridge University Press, 2003), p. 197-232
15) Leonard I. Nakamura and Carlos E. J. M. Zaragaza, “Banking and Finance, 1900-1935”, in Della Paolera, Gerardo, Alan M. Taylor, A New Economic History of Argentina (New York: Cambridge University Press, 2003), p. 295-323
16) Della Paolera, Gerardo, Alan M. Taylor, Straining at the Anchor: The Argentine Currency Board and the Search for Macroeconomic Stability, 1880-1935 (Chicago, The Chicago University Press, 2001),
17) David A. Lake. Power, Protection and Free Trade: International Sources of U.S. Commercial Strategy, 1887-1939 (Ithaca: Cornell University Press, 1988).
18) Jeffrey Williamson. Globalization and the Poor Periphery before 1950 (Cambridge, MA: The MIT Press, 2006).
19) Eichengreen, Barry and Lindert, Peter, H. (Eds.). The International Debt Crisis in Historical Perspective (Cambridge, MA: The MIT Press, 1989)
20) Cardoso, Eliana; Dornbush, Rudiger, “Brazilian Debt Crises: Past and Present” in Eichengreen, Barry and Lindert, Peter, H. (Eds.). The International Debt Crisis in Historical Perspective (Cambridge, MA: The MIT Press, 1989), p. 106-139.
21) Fishlow, Albert, “Conditionality and Willingness to Pay: Some Parallels from the 1890s” in Eichengreen, Barry and Lindert, Peter, H. (Eds.). The International Debt Crisis in Historical Perspective (Cambridge, MA: The MIT Press, 1989), p. 86-105.
22) Mira Wilkins, “Conduits for Long-Term Foreign Investment in the Gold Standard Era”, In: Flandreau, Marc; Holtfrerich, Carl-Ludwig; James, Harold (Eds.). International Financial Historu of the Twentieth-Century (Cambridge: German Historical Institute and Cambridge University Press, 2003), p. 51-76.
23) Stephen A. Schuker, “The Gold-Exchange Standard: A Reinterpretation” in Flandreau, p. 77-93
24) Robert Skidelsky, “Keynes’ Road to Bretton Woods: An Essay in Interpretation”, In Flandreau, p. 125-151
25) René Courtin: Le Problème de La Civilisation Économique au Brésil (Paris: Librarie de Medicis, 1941)
26) J. P. Wileman. Brazilian Exchange: The Study of an Inconvertible Currency, dedicated to Dr. Fernando Abbott, Minister Plenipotentiary in the Argentine Republic to whose sympathy and encouragement the author is deeply indebted (New York: Greenwood Press, 1969; originally published in 1896).
27) Wirth, John D. The Politics of Brazilian Development, 1930-1954 (Stanford. Stanford University Press, 1970)
28) Herbert Feis, The Diplomacy of the Dollar, First Era, 1919-1932 (Hamdem, Connecticut: Archon Books, 1965) copyright 1950, The Johns Hopkins Press
29) Herbert Feis, The Changing Pattern of International Economic Affairs (New York: Harper and Brothers, 1940)
30) Herbert Feis. Europe The World’s Banker, 1879-1914: An Account of European Foreign Investment and the Connection with World Finance with Diplomacy before the War (New Haven: Yale University Press; Council on Foreign Relations, 1930)
31) Council of the Corporation of Foreign Bondholders, incorporated under Licencce form the Board of Trade, August 1873. Reconstitute by special Act of the Parliament, July 1898. Annual Reports. Seventieth Report, For the Year ending december 31, 1943.
32) Machado, Barry Francis 1944-. Farquhar and Ford in Brazil: Studies in Business Expansion and Foreign Policy (Evanston, Illinois: Northwestern University, Ph.D. Dissertation, History, 1975)
33) Gustavo Maia Gomes, The Roots of State Intervention in the Brazilian Economy (NY: Praeger, 1986)
34) Fisk, George Mygatt; Peirce, Paul Skeels. International Commercial Policies, with special reference to the United States, A Text-Book (NY: MacMillan, 1930)
35) Culbertson, William Smith. International Economic Policies: A Survey of the Economics of Diplomacy ( NY: Appleton, 1925)
36) Wilson Suzigan. Industrialization and Economic Policy in Historical Perspective. IPEA, Brazilian Economic Studies, n. 2, (Rio de Janeiro, IPEA-INPES, 1976, p. 5-33. Pesquisa e Planejamento Econômico, 5, n. 2, dez 1975, 433-74.
37) Annibal V. Villela, Wilson Suzigan, “Government Policy and the Economic Growth of Brazil, 1889-1945”, IPEA, Brazilian Economic Studies, n. 3, (Rio de Janeiro, IPEA-INPES, 1977, p. vii+1-393
38) Marcelo de Paiva Abreu. Brazilian Public Foreign Debt Policy, 1931-1943, IPEA, Brazilian Economic Studies, n. 4, (Rio de Janeiro, IPEA-INPES, 1978, p. 105-140.
39) Werner Baer, Richard Newfarmer, and Thomas Trebatt, On State Capitalism in Brazil: some new issues and questions. Austix, TX: The Institute of Latin American Studies, The University of Texas at Austin, 1976, Technical Paper Series n. 1
40) Hatton, Timothy J.; Williamson, Jeffrey G. International Migration, 1850-1939: an economic survey. In: Idem (eds.), Migration and the International Labor Market, 1850-1939 (London-New York: Routledge, 1994), p. 3-32
41) Hatton, Timothy J.; Williamson, Jeffrey G. Latecomers to Mass Emigration: the Latin Experience. In: Idem (eds.), Migration and the International Labor Market, 1850-1939 (London-New York: Routledge, 1994), p. 55-71.
42) Taylor, Alan M. Mass Migration to Distant Southern Shores: Argentina and Austrial, 1870-1939. In: Hatton, Timothy J.; Williamson, Jeffrey G. (eds.), Migration and the International Labor Market, 1850-1939 (London-New York: Routledge, 1994), p. 91-11
43) Baer, Werner. The Brazilian Economy: Growth and Development (6th ed.; Boulder: Lynne Riener, 2008)
44) Bairoch, Paul. The Main Trends in National Economic Disparities since the Industrial Revolution. In: Bairoch, Paul; Lévy-Leboyer, Maurice. Diaparities in Economic Development Since the Industrial Revolution (New York: St. Martin’s Press, 1981), p. 3-25.
45) Escosura, Leandro Prados de. Inequality and Poverty in Latin America: A Long-Run Exploration. In: Hatton, Timothy J.; O’Rourke, Kevin H.; Taylor, Alan M. The New Comprative Economic History: Essays in Honor of Jeffrey Williamson (Cambridge, MA: The MIT Press, 2007) 291-315.
46) Franko, Patrice M. The Puzzle of Latin American Economic Development (Lanham, MD; Rowman & Littlefield, 1999)
47) Schneider, Jürgen. Terms of Trade Between France and Latin America, 1826-1856: Causes of Increasing Economic Disparities? In: Bairoch, Paul; Lévy-Leboyer, Maurice. Diaparities in Economic Development Since the Industrial Revolution (New York: St. Martin’s Press, 1981), p. 110-119.
Urbana, IL, de 2 a 24 de abril de 2009
sexta-feira, 24 de abril de 2009
1079) Angus Maddison: dados para o desempenho economico comparado
Trata-se, simplesmente, da maior autoridade mundial em séries estatísticas homogêneas e uniformes, permitindo a comparação de desempenhos econômicos relativos entre países, e isto cada vez mais longe historicamente.
Historical Statistics
Angus Maddison is the world's leading authority on long term economic statistics - former head of the Organisation for European Economic Cooperation (OEEC) economics division. He is first professor, and then emeritus professor at Groningen University and remained there until his retirement. Angus Maddison received a royal decoration as Commander in the Netherlands Order of Orange Nassau.
Ver sua pagina: http://www.ggdc.net/Maddison/
Historical Statistics
Angus Maddison is the world's leading authority on long term economic statistics - former head of the Organisation for European Economic Cooperation (OEEC) economics division. He is first professor, and then emeritus professor at Groningen University and remained there until his retirement. Angus Maddison received a royal decoration as Commander in the Netherlands Order of Orange Nassau.
Ver sua pagina: http://www.ggdc.net/Maddison/
quinta-feira, 23 de abril de 2009
1078) Turismo Academico (17): Simposio Joaquim Nabuco e Madison: Universidade de Wisconsin
Devo participar, nesta sexta feira 24 e no sábado 25 de abril, de um simpósio sobre o Joaquim Nabuco, conforme programa abaixo.
Nabuco and Madison
Conference Program
April 24-25, 2009
University of Wisconsin-Madison
The Brazil Initiative and Nabuco and Madison: A Centennial Celebration
Program
Pre-Conference Event
Friday, April 24, 2009 - 3:00 - 5:00pm
Memorial Library, Special Collections, 9th floor
A guided tour of Joaquim Nabuco holdings at the University of Wisconsin.
Paloma Celis Carbajal, Ibero-American Bibliographer, University of Wisconsin
Friday, April 24, 2009 - 6:00pm
Brazil Initiative Launching Ceremony
Prof. Severino J. Albuquerque, Spanish and Portuguese, UW
Prof. Ksenija Bilbija, Director, Latin American, Caribbean and Iberian Studies, UW
Prof. Gilles Bousquet, Dean of International Studies, UW
Ambassador João Almino, Consul General of Brazil in Chicago
7:00pm - 9:30pm - Conference Opening
Prof. Severino J. Albuquerque, Spanish and Portuguese, UW
Prof. Ivy Corfis, Chair, Spanish and Portuguese, UW
Prof. Guido Podestá, Associate Dean, International Studies, UW
Prof. Magdalena Hauner, Associate Dean, Letters and Science, UW
Speakers:
Ambassador João Almino, Consul General of Brazil in Chicago
“The Share of America in Civilization: The Importance of Nabuco’s Madison Speech”
Dr. Humberto França, Fundação Joaquim Nabuco, Recife, Brazil
“Joaquim Nabuco nos Estados Unidos: A Diplomacia Pan-Americanista, 1905-1910"
Saturday, April 25, 2009 - 9:00am - 11:45am
Session: Nabuco’s America(s)
Chair: Prof. Francisco Scarano, University of Wisconsin-Madison
Dr. Paulo Roberto de Almeida, Ministério das Relações Exteriores, Brasília.
“The Share of the United States and Brazil in Modern Civilization: A Centennial Homage to Joaquim Nabuco’s Wisconsin Commencement Speech of 1909"
Prof. Pedro Meira Monteiro, Princeton University
“Sharing America: O espaço americano em Joaquim Nabuco”
Prof. Dain Borges, University of Chicago
“Nabuco and Brazilian Travel Writing”
Prof. João Cezar de Castro Rocha, University of Manchester, UK
“The Task of the Translator (According to Nabuco)”
1:00pm - 2:45pm
Session: Nabuco, Diplomacy, and Foreign Policy
Chair: Prof. Mary Lou Daniel, Emerita, University of Wisconsin-Madison
Diana Page, Foreign Service Officer, Department of State, Washington, D.C.
“Public Diplomacy: Ambassador Nabuco’s Enduring Legacy”
Alfred M. Boll, SJD, Foreign Service Officer, Department of State, Washington, D.C.
“Joaquim Nabuco and the Development of the United States Foreign Service”
Prof. Steven Topik, University of California-Irvine
“Joaquim Nabuco, Classical Liberal and Diplomat?”
Prof. Joshua Alma Enslen, West Point Academy
“Diplomatas e escritores: Nabuco, Machado e a fundação da Academia Brasileira de Letras”
3:15pm - 5:00pm
Session: Nabuco and the Trajectory of Brazilian Abolitionism
Chair: Prof. Peter M. Beattie, Michigan State University
Prof. Jeffrey Needell, University of Florida
“Nabuco and the Parliamentary Struggle for Abolition”
Prof. Peter M. Beattie, Michigan State University
“Thomas, the Slave, and Joaquim Nabuco, the Lawyer: Crime, Capital Punishment, and the Courts in Recife, Pernambuco, in the 1870s”
Courtney Campbell, Vanderbilt University
“An Exception to the Rule: Joaquim Nabuco and the Case of Morro Velho”
Celso T. Castilho, Vanderbilt University
“Abolitionism, Urban Spaces, and Changing Electoral Practices in 1880s Recife: The Case of Joaquim Nabuco’s 1884 Parliamentary Campaign"
Please visit the public exhibit of selected Nabuco works and documents at the University of Wisconsin
Memorial Library, Main Entrance
April 13-26, 2009
Nabuco and Madison
Conference Program
April 24-25, 2009
University of Wisconsin-Madison
The Brazil Initiative and Nabuco and Madison: A Centennial Celebration
Program
Pre-Conference Event
Friday, April 24, 2009 - 3:00 - 5:00pm
Memorial Library, Special Collections, 9th floor
A guided tour of Joaquim Nabuco holdings at the University of Wisconsin.
Paloma Celis Carbajal, Ibero-American Bibliographer, University of Wisconsin
Friday, April 24, 2009 - 6:00pm
Brazil Initiative Launching Ceremony
Prof. Severino J. Albuquerque, Spanish and Portuguese, UW
Prof. Ksenija Bilbija, Director, Latin American, Caribbean and Iberian Studies, UW
Prof. Gilles Bousquet, Dean of International Studies, UW
Ambassador João Almino, Consul General of Brazil in Chicago
7:00pm - 9:30pm - Conference Opening
Prof. Severino J. Albuquerque, Spanish and Portuguese, UW
Prof. Ivy Corfis, Chair, Spanish and Portuguese, UW
Prof. Guido Podestá, Associate Dean, International Studies, UW
Prof. Magdalena Hauner, Associate Dean, Letters and Science, UW
Speakers:
Ambassador João Almino, Consul General of Brazil in Chicago
“The Share of America in Civilization: The Importance of Nabuco’s Madison Speech”
Dr. Humberto França, Fundação Joaquim Nabuco, Recife, Brazil
“Joaquim Nabuco nos Estados Unidos: A Diplomacia Pan-Americanista, 1905-1910"
Saturday, April 25, 2009 - 9:00am - 11:45am
Session: Nabuco’s America(s)
Chair: Prof. Francisco Scarano, University of Wisconsin-Madison
Dr. Paulo Roberto de Almeida, Ministério das Relações Exteriores, Brasília.
“The Share of the United States and Brazil in Modern Civilization: A Centennial Homage to Joaquim Nabuco’s Wisconsin Commencement Speech of 1909"
Prof. Pedro Meira Monteiro, Princeton University
“Sharing America: O espaço americano em Joaquim Nabuco”
Prof. Dain Borges, University of Chicago
“Nabuco and Brazilian Travel Writing”
Prof. João Cezar de Castro Rocha, University of Manchester, UK
“The Task of the Translator (According to Nabuco)”
1:00pm - 2:45pm
Session: Nabuco, Diplomacy, and Foreign Policy
Chair: Prof. Mary Lou Daniel, Emerita, University of Wisconsin-Madison
Diana Page, Foreign Service Officer, Department of State, Washington, D.C.
“Public Diplomacy: Ambassador Nabuco’s Enduring Legacy”
Alfred M. Boll, SJD, Foreign Service Officer, Department of State, Washington, D.C.
“Joaquim Nabuco and the Development of the United States Foreign Service”
Prof. Steven Topik, University of California-Irvine
“Joaquim Nabuco, Classical Liberal and Diplomat?”
Prof. Joshua Alma Enslen, West Point Academy
“Diplomatas e escritores: Nabuco, Machado e a fundação da Academia Brasileira de Letras”
3:15pm - 5:00pm
Session: Nabuco and the Trajectory of Brazilian Abolitionism
Chair: Prof. Peter M. Beattie, Michigan State University
Prof. Jeffrey Needell, University of Florida
“Nabuco and the Parliamentary Struggle for Abolition”
Prof. Peter M. Beattie, Michigan State University
“Thomas, the Slave, and Joaquim Nabuco, the Lawyer: Crime, Capital Punishment, and the Courts in Recife, Pernambuco, in the 1870s”
Courtney Campbell, Vanderbilt University
“An Exception to the Rule: Joaquim Nabuco and the Case of Morro Velho”
Celso T. Castilho, Vanderbilt University
“Abolitionism, Urban Spaces, and Changing Electoral Practices in 1880s Recife: The Case of Joaquim Nabuco’s 1884 Parliamentary Campaign"
Please visit the public exhibit of selected Nabuco works and documents at the University of Wisconsin
Memorial Library, Main Entrance
April 13-26, 2009
quarta-feira, 22 de abril de 2009
1077) Visiting Scholar em Urbana: um reconhecimento
Abaixo, teor de carta pessoal, mas que pode ser tornada pública sem qualquer objeção de minha parte, ao patrono do programa de cooperação acadêmica ao abrigo do qual pude vir passar um mês de pesquisas na Universidade do Illinois em Urbana-Champaign, a convite do Professor Werner Baer, um conhecido economista brasilianista.
Visiting Scholar na Universidade do Illinois em Urbana
Um privilégio e uma chance...
Paulo Roberto de Almeida
Caro Jorge Paulo Lemann,
Há muito tempo tenho conhecimento de sua obra meritória – mas que deve ser reconhecida como verdadeiramente excepcional no contexto brasileiro – em benefício da formação acadêmica de alta qualidade de jovens brasileiros (e estrangeiros, por tabela). Tomei conhecimento de sua ação desde muitos anos, seja pela imprensa, seja por meio de boletins acadêmicos, mais especificamente alguns anos atrás quando servi, como diplomata que sou, na Embaixada em Washington – na gestão do Embaixador Rubens Antônio Barbosa, de 1999 a 2003 – ocasião na qual soube de sua generosa doação ao David Rockefeller Center of Latin American Studies da Universidade de Harvard, numa conjuntura em que a nossa embaixada também estava buscando impulsionar os estudos brasileiros nos EUA (materializados em algumas iniciativas conhecidas).
Não tinha tido ainda a oportunidade de interagir com você direta ou pessoalmente, posto que nossos itinerários nunca se cruzaram, na diplomacia ou na academia, por pura falta de sorte, ou de oportunidade, diria eu. Aliás, faltavam-me as suas coordenadas, que me foram agora repassadas pelo professor Werner Baer, que leva, aliás, o título de “Lemann Professor of Economics”, o que por si só é uma indicação de sua obra, uma entre muitas outras, que conheço mal, confesso. Acabo de passar um mês, a convite do professor Baer, como Visiting Scholar, o que para mim foi dupla ou triplamente gratificante. Já conhecia Urbana, tendo aqui vindo em duas oportunidades anteriores para participar de seminários sobre o Brasil. Mas foi a primeira vez que aqui passei mais de três ou quatro dias, podendo, portanto, usufruir do que a universidade tem a oferecer de melhor, do meu ponto de vista: acesso irrestrito e interminável a todo e qualquer tipo de publicação acadêmica.
Atualmente, como diplomata em relativa ‘inatividade’, mas sobretudo como acadêmico em tempo parcial, estou terminando o segundo volume de uma história da diplomacia econômica brasileira – depois de já ter escrito um primeiro volume relativo ao século 19 – cobrindo desta vez o período da República Velha e a Era Vargas (1889-1945). Faltava-me no Brasil, justamente, o acesso à literatura secundária e a alguns relatórios servindo como fonte primária tocando em alguns dos problemas mais importantes do período em questão: temas financeiros e comerciais, sobretudo. Nestas poucas semanas em Urbana processei, assim, uma massa de informações e análises a que não teria nunca acesso no Brasil, ou apenas em condições muito difíceis, considerando-se a precariedade de nossas bibliotecas em geral, e a ineficiência, ou inexistência, de empréstimos inter-bibliotecas. Para meus interesses livrescos egoístas, foi o ponto alto de minha estada.
O professor Baer também foi extremamente generoso, convidando-nos – eu e minha esposa, Carmen Lícia – a uma noite na ópera do Performing Arts Center da própria universidade, para assistir a uma representação moderna em seu formato de Der Rosenkavalier, de Richard Strauss e Hugo Von Hofmannsthal. Foi o ponto alto no plano artístico-cultural de nossa estada. Aproveitamos os fins de semana para duas esticadas a Chicago – visitas a museus, sobretudo – outra a Indianápolis, em Indiana, e uma em Saint Louis, no Missouri, para uma outra exposição excepcional, além de uma curta visita a Springfield, incontornável em se tratando da terra do Lincoln. O professor Baer ainda nos ofereceu um coquetel de boas vindas em sua residência, juntamente com outros brasileiros de passagem ou pós-graduandos em Urbana, o que representou mais uma oportunidade de interação acadêmica.
Minha retribuição como contrapartida acadêmica foi pequena, por falta de tempo e, talvez, de calendário no Centro de Estudos Latino-Americanos. Ainda que disposto a fazer palestras ou exposições sobre os temas de minha competência ou especialização – relações econômicas internacionais e política externa do Brasil – apenas foi possível fazer, em 21 de abril, uma palestra sobre o Brasil e a crise financeira internacional, cujo suporte visual, meramente ilustrativo, encontra-se disponível em meu site (link). O balanço de minha estada é, portanto, nitidamente em meu favor, o que poderá ser eventualmente compensado em alguma ocasião futura, ou mediante outras iniciativas compatíveis com o programa de estudos do Centro de Estudos Latino-Americanos da UIUC, especificamente sobre o Brasil, tão bem conduzido por eminentes scholars como o próprio professor Werner Baer e pelo professor Joseph Love.
Gostaria, aliás, de aproveitar esta oportunidade para cumprimentá-lo diretamente pelo seu constante apoio e excepcional suporte financeiro aos programas vinculados ao Brasil – não exclusivamente – concedidos em favor de diversas universidades americanas (e brasileiras, certamente). Embora não inéditas na tradição americana, estas ações são certamente excepcionais no plano acadêmico brasileiro, provavelmente sem precedentes ou similitudes históricas no caso de “mecenas” brasileiros, o que é não apenas merecedor de registro apropriado, mas digno de encômios e de publicidade (visando estimular vocações comparáveis dentre nossos capitalistas eventualmente motivados pela vida acadêmica). Se eu dispusesse de capital, faria algo similar, mas não semelhante, provavelmente dirigido ao estudo fundamental, pois que, vindo de família modesta, sei da monumental diferença que pode fazer no itinerário de um jovem desfavorecido a disponibilidade de boas escolas e de boas bibliotecas para uma formação compatível com os requerimentos de uma integração bem sucedida ao mercado de trabalho ou simplesmente provedores de condições mínimas para uma vida digna e profícua, no plano social.
Sou seu irrestrito admirador, portanto, no que concerne seu trabalho de apoio a programas de estudos como os aqui conduzidos de forma competente pelo professor Baer, aliás, um “vieux routier” dos estudos brasileiros desde o final dos anos 1960, como tenho constatado pela bibliografia compulsada aqui mesmo em Urbana (mas ainda relativa a seu período de Vanderbilt e de colaboração com o IPEA). Seu suporte financeiro direto pode – e deve – fazer diferença na vida de muitos estudantes brasileiros, contemplados com um séjour d’études (ou um programa inteiro de pós-graduação) em Urbana, onde as opções de estudo são obrigatórias, eu diria, tendo em vista o ambiente interno, favorável, e o milharal em volta, desencorajador, talvez. Um pouco menos de frio, e um pouco mais de animação, do ponto de vista brasileiro, talvez ajudassem a tornar a vida mais agradável em Urbana, mas não se pode dizer que esses fatores de indução ao estudo sejam negativos absolutamente, já que ajudam a converter o acadêmico brasileiro em um eremita intelectual temporário.
O novo aporte Lemann agora concedido ao programa brasileiro de Urbana vai certamente reforçar a presença e a cobertura geográfica dos recrutados brasileiros, assim como dos docentes e colaboradores daqui e de outras instituições. Mais importante, provavelmente, do que o simples aporte financeiro, é o engajamento pessoal, o commitment com um projeto definido, a definição de um objetivo maior, que é o da elevação intelectual, juntamente com a capacitação profissional, dos candidatos aqui acolhidos. A universidade já representa, em si, um excelente ambiente de pesquisa e de trabalho: o apoio material e a orientação intelectual a um programa focado em estudos brasileiros, com o instrumental analítico universal que cerca necessariamente qualquer empreendimento acadêmico, farão deste projeto, tenho certeza, um exemplo de excelência no terreno do mecenato intelectual.
Estas são as minhas poucas impressões de uma curta, mas produtiva, estada em Urbana nesta fria primavera de abril 2009. Levo daqui alguns megabytes a mais de conhecimento, tanto no computador quanto em meu próprio hard-drive neuronal, o que representará um subsídio relevante na preparação de minha obra projetada, e por isso sou grato ao programa, ao professor Werner Baer, e a você mesmo, ainda que indiretamente ou por vias interpostas. Sou reconhecido, em qualquer hipótese, pela oportunidade que me foi concedida de conhecer um pouco melhor uma grande universidade americana, de me beneficiar com a riqueza de seus fundos bibliográficos e documentais, e de dispor de um excelente ambiente de trabalho intelectual nestas poucas semanas, o que será devidamente registrado no trabalho em preparação.
Espero poder travar conhecimento direto numa próxima oportunidade, para confirmar-lhe meu agradecimento pessoal pela distinção que me foi concedida. No momento aceite meus cumprimentos, junto com minha apreciação renovada pelo esforço conduzido aqui e em outras instituições de estudo especializado, assim como meu testemunho especial de reconhecimento, que pode valer para expressar o mesmo sentimento da parte de muitos outros jovens beneficiários, provavelmente incógnitos em vista de seu grande número. No mesmo ato, desejo consignar minha gratidão acadêmica e pessoal ao professor Werner Baer, que já formou e orientou centenas de estudantes de mais de uma geração, de forma contínua e confirmadamente entusiástica: seu nome está consolidado como o grande brasilianista da área econômica e como um excepcional amigo do Brasil, junto com outros nomes igualmente famosos dessa comunidade agora ampla e diversificada.
O abraço do
Paulo Roberto de Almeida
Urbana, IL, 22 de abril de 2009
Para: Jorge Paulo Lemann
cc: Werner Baer
Lemann Professor of Economics
University of Illinois at Urbana-Champaign
1407 West Gregory Drive
Urbana, Illinois 61801
Phone: (217) 333-8388
Visiting Scholar na Universidade do Illinois em Urbana
Um privilégio e uma chance...
Paulo Roberto de Almeida
Caro Jorge Paulo Lemann,
Há muito tempo tenho conhecimento de sua obra meritória – mas que deve ser reconhecida como verdadeiramente excepcional no contexto brasileiro – em benefício da formação acadêmica de alta qualidade de jovens brasileiros (e estrangeiros, por tabela). Tomei conhecimento de sua ação desde muitos anos, seja pela imprensa, seja por meio de boletins acadêmicos, mais especificamente alguns anos atrás quando servi, como diplomata que sou, na Embaixada em Washington – na gestão do Embaixador Rubens Antônio Barbosa, de 1999 a 2003 – ocasião na qual soube de sua generosa doação ao David Rockefeller Center of Latin American Studies da Universidade de Harvard, numa conjuntura em que a nossa embaixada também estava buscando impulsionar os estudos brasileiros nos EUA (materializados em algumas iniciativas conhecidas).
Não tinha tido ainda a oportunidade de interagir com você direta ou pessoalmente, posto que nossos itinerários nunca se cruzaram, na diplomacia ou na academia, por pura falta de sorte, ou de oportunidade, diria eu. Aliás, faltavam-me as suas coordenadas, que me foram agora repassadas pelo professor Werner Baer, que leva, aliás, o título de “Lemann Professor of Economics”, o que por si só é uma indicação de sua obra, uma entre muitas outras, que conheço mal, confesso. Acabo de passar um mês, a convite do professor Baer, como Visiting Scholar, o que para mim foi dupla ou triplamente gratificante. Já conhecia Urbana, tendo aqui vindo em duas oportunidades anteriores para participar de seminários sobre o Brasil. Mas foi a primeira vez que aqui passei mais de três ou quatro dias, podendo, portanto, usufruir do que a universidade tem a oferecer de melhor, do meu ponto de vista: acesso irrestrito e interminável a todo e qualquer tipo de publicação acadêmica.
Atualmente, como diplomata em relativa ‘inatividade’, mas sobretudo como acadêmico em tempo parcial, estou terminando o segundo volume de uma história da diplomacia econômica brasileira – depois de já ter escrito um primeiro volume relativo ao século 19 – cobrindo desta vez o período da República Velha e a Era Vargas (1889-1945). Faltava-me no Brasil, justamente, o acesso à literatura secundária e a alguns relatórios servindo como fonte primária tocando em alguns dos problemas mais importantes do período em questão: temas financeiros e comerciais, sobretudo. Nestas poucas semanas em Urbana processei, assim, uma massa de informações e análises a que não teria nunca acesso no Brasil, ou apenas em condições muito difíceis, considerando-se a precariedade de nossas bibliotecas em geral, e a ineficiência, ou inexistência, de empréstimos inter-bibliotecas. Para meus interesses livrescos egoístas, foi o ponto alto de minha estada.
O professor Baer também foi extremamente generoso, convidando-nos – eu e minha esposa, Carmen Lícia – a uma noite na ópera do Performing Arts Center da própria universidade, para assistir a uma representação moderna em seu formato de Der Rosenkavalier, de Richard Strauss e Hugo Von Hofmannsthal. Foi o ponto alto no plano artístico-cultural de nossa estada. Aproveitamos os fins de semana para duas esticadas a Chicago – visitas a museus, sobretudo – outra a Indianápolis, em Indiana, e uma em Saint Louis, no Missouri, para uma outra exposição excepcional, além de uma curta visita a Springfield, incontornável em se tratando da terra do Lincoln. O professor Baer ainda nos ofereceu um coquetel de boas vindas em sua residência, juntamente com outros brasileiros de passagem ou pós-graduandos em Urbana, o que representou mais uma oportunidade de interação acadêmica.
Minha retribuição como contrapartida acadêmica foi pequena, por falta de tempo e, talvez, de calendário no Centro de Estudos Latino-Americanos. Ainda que disposto a fazer palestras ou exposições sobre os temas de minha competência ou especialização – relações econômicas internacionais e política externa do Brasil – apenas foi possível fazer, em 21 de abril, uma palestra sobre o Brasil e a crise financeira internacional, cujo suporte visual, meramente ilustrativo, encontra-se disponível em meu site (link). O balanço de minha estada é, portanto, nitidamente em meu favor, o que poderá ser eventualmente compensado em alguma ocasião futura, ou mediante outras iniciativas compatíveis com o programa de estudos do Centro de Estudos Latino-Americanos da UIUC, especificamente sobre o Brasil, tão bem conduzido por eminentes scholars como o próprio professor Werner Baer e pelo professor Joseph Love.
Gostaria, aliás, de aproveitar esta oportunidade para cumprimentá-lo diretamente pelo seu constante apoio e excepcional suporte financeiro aos programas vinculados ao Brasil – não exclusivamente – concedidos em favor de diversas universidades americanas (e brasileiras, certamente). Embora não inéditas na tradição americana, estas ações são certamente excepcionais no plano acadêmico brasileiro, provavelmente sem precedentes ou similitudes históricas no caso de “mecenas” brasileiros, o que é não apenas merecedor de registro apropriado, mas digno de encômios e de publicidade (visando estimular vocações comparáveis dentre nossos capitalistas eventualmente motivados pela vida acadêmica). Se eu dispusesse de capital, faria algo similar, mas não semelhante, provavelmente dirigido ao estudo fundamental, pois que, vindo de família modesta, sei da monumental diferença que pode fazer no itinerário de um jovem desfavorecido a disponibilidade de boas escolas e de boas bibliotecas para uma formação compatível com os requerimentos de uma integração bem sucedida ao mercado de trabalho ou simplesmente provedores de condições mínimas para uma vida digna e profícua, no plano social.
Sou seu irrestrito admirador, portanto, no que concerne seu trabalho de apoio a programas de estudos como os aqui conduzidos de forma competente pelo professor Baer, aliás, um “vieux routier” dos estudos brasileiros desde o final dos anos 1960, como tenho constatado pela bibliografia compulsada aqui mesmo em Urbana (mas ainda relativa a seu período de Vanderbilt e de colaboração com o IPEA). Seu suporte financeiro direto pode – e deve – fazer diferença na vida de muitos estudantes brasileiros, contemplados com um séjour d’études (ou um programa inteiro de pós-graduação) em Urbana, onde as opções de estudo são obrigatórias, eu diria, tendo em vista o ambiente interno, favorável, e o milharal em volta, desencorajador, talvez. Um pouco menos de frio, e um pouco mais de animação, do ponto de vista brasileiro, talvez ajudassem a tornar a vida mais agradável em Urbana, mas não se pode dizer que esses fatores de indução ao estudo sejam negativos absolutamente, já que ajudam a converter o acadêmico brasileiro em um eremita intelectual temporário.
O novo aporte Lemann agora concedido ao programa brasileiro de Urbana vai certamente reforçar a presença e a cobertura geográfica dos recrutados brasileiros, assim como dos docentes e colaboradores daqui e de outras instituições. Mais importante, provavelmente, do que o simples aporte financeiro, é o engajamento pessoal, o commitment com um projeto definido, a definição de um objetivo maior, que é o da elevação intelectual, juntamente com a capacitação profissional, dos candidatos aqui acolhidos. A universidade já representa, em si, um excelente ambiente de pesquisa e de trabalho: o apoio material e a orientação intelectual a um programa focado em estudos brasileiros, com o instrumental analítico universal que cerca necessariamente qualquer empreendimento acadêmico, farão deste projeto, tenho certeza, um exemplo de excelência no terreno do mecenato intelectual.
Estas são as minhas poucas impressões de uma curta, mas produtiva, estada em Urbana nesta fria primavera de abril 2009. Levo daqui alguns megabytes a mais de conhecimento, tanto no computador quanto em meu próprio hard-drive neuronal, o que representará um subsídio relevante na preparação de minha obra projetada, e por isso sou grato ao programa, ao professor Werner Baer, e a você mesmo, ainda que indiretamente ou por vias interpostas. Sou reconhecido, em qualquer hipótese, pela oportunidade que me foi concedida de conhecer um pouco melhor uma grande universidade americana, de me beneficiar com a riqueza de seus fundos bibliográficos e documentais, e de dispor de um excelente ambiente de trabalho intelectual nestas poucas semanas, o que será devidamente registrado no trabalho em preparação.
Espero poder travar conhecimento direto numa próxima oportunidade, para confirmar-lhe meu agradecimento pessoal pela distinção que me foi concedida. No momento aceite meus cumprimentos, junto com minha apreciação renovada pelo esforço conduzido aqui e em outras instituições de estudo especializado, assim como meu testemunho especial de reconhecimento, que pode valer para expressar o mesmo sentimento da parte de muitos outros jovens beneficiários, provavelmente incógnitos em vista de seu grande número. No mesmo ato, desejo consignar minha gratidão acadêmica e pessoal ao professor Werner Baer, que já formou e orientou centenas de estudantes de mais de uma geração, de forma contínua e confirmadamente entusiástica: seu nome está consolidado como o grande brasilianista da área econômica e como um excepcional amigo do Brasil, junto com outros nomes igualmente famosos dessa comunidade agora ampla e diversificada.
O abraço do
Paulo Roberto de Almeida
Urbana, IL, 22 de abril de 2009
Para: Jorge Paulo Lemann
cc: Werner Baer
Lemann Professor of Economics
University of Illinois at Urbana-Champaign
1407 West Gregory Drive
Urbana, Illinois 61801
Phone: (217) 333-8388
terça-feira, 21 de abril de 2009
1076) O Brasil e a crise internacional: uma abordagem pessoal
Este é o título, em inglês, de uma apresentação minha na Centro de Estudos Internacionais da Universidade do Illinois, em Urbana, em 21 de abril de 2009, como abaixo:
Brazil and the international crisis: a personal approach
Urbana, 21 abril 2009, 78 slides.
Apresentação sobre a crise financeira internacional e o Brasil, preparada e apresentada no quadro de programa de visiting professor na Universidade do Illinois em Urbana-Champaign, a convite do professor Werner Baer. Disponível no site pessoal.
Brazil and the international crisis: a personal approach
Urbana, 21 abril 2009, 78 slides.
Apresentação sobre a crise financeira internacional e o Brasil, preparada e apresentada no quadro de programa de visiting professor na Universidade do Illinois em Urbana-Champaign, a convite do professor Werner Baer. Disponível no site pessoal.
1075) Uma biblioteca digital universal: quanto mais melhor...
James Billington, o responsável pelo projeto é o diretor da Library of Congress, dos EUA, e representa uma especie de ministro da cultura informal...
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Paulo Roberto de Almeida
U.N. Launches Library Of World's Knowledge
James H. Billington created the project four years ago.
By Edward Cody
Washington Post Foreign Service, Tuesday, April 21, 2009
PARIS, April 20 -- A globe-spanning U.N. digital library seeking to display and explain the wealth of all human cultures has gone into operation on the Internet, serving up mankind's accumulated knowledge in seven languages for students around the world.
James H. Billington, the librarian of Congress who launched the project four years ago, said the ambition was to make available on an easy-to-navigate site, free for scholars and other curious people anywhere, a collection of primary documents and authoritative explanations from the planet's leading libraries.
The site (www.wdl.org) has put up the Japanese work that is considered the first novel in history, for instance, along with the Aztecs' first mention of the Christ child in the New World and the works of ancient Arab scholars piercing the mysteries of algebra, each entry flanked by learned commentary. "There are many one-of-a-kind documents," Billington said in an interview.
The World Digital Library, which officially will be inaugurated Tuesday at the Paris headquarters of UNESCO, the U.N. Educational, Scientific and Cultural Organization, has started small, with about 1,200 documents and their explanations from scholars in Arabic, Chinese, English, French, Portuguese, Spanish and Russian. But it is designed to accommodate an unlimited number of such texts, charts and illustrations from as many countries and libraries as want to contribute.
"There is no limit," Billington said. "Everybody is welcome."
The main target is children, he added, building on the success among young people of the U.S. National Digital Library Program, which has been in operation at the Library of Congress since the mid-1990s. That program, at its American Memory site, has made available 15 million U.S. historical records, including recorded interviews with former slaves, the first moving pictures and the Declaration of Independence. Billington predicted that children around the world, like their U.S. counterparts, will turn naturally to the Internet for answers to questions, provided they have access to computers and high-speed connections. "This is designed to use the newest technology to reach the youngest people," he said.
ad_icon
The site was developed by a team at the Library of Congress in Washington with technical assistance from the Bibliotheca Alexandrina in Egypt. The digital library's main server is also in Washington, but officials said plans are underway for regional servers around the world.
Development costs of more than $10 million were financed by private donors, including Google, Microsoft, the Qatar Foundation, King Abdullah University in Saudi Arabia and the Carnegie Corporation of New York. By comparison, the American Memory project cost about $60 million, suggesting that more funds will have to be raised as the World Digital Library expands.
In addition to UNESCO and the Library of Congress, 26 other libraries and institutions in 19 countries have contributed to the project. Their offerings include rubbings of oracle bones from the National Library of China, delicate drawings of court life from the National Diet Library of Japan and a 13th-century "Devil's Bible" from the National Library of Sweden. Each is accompanied by a brief explanation of its content and significance. The documents have been scanned onto the site directly, in their original languages, but the explanations appear in all seven of the site's official languages.
"All of this is dependable, authoritative commentary," Billington said.
Users can sort through the information in several ways. They can ask what was going on anywhere in the world in, say, science or literature during the 4th century B.C., for instance. They can look up the history of a certain topic over the centuries in China alone, or in China and North America. By cross-referencing, a user can see how one area of the world compared with another at any given time.
Billington acknowledged that national sensitivities could generate problems as the store of documents expands to include episodes in more recent history that some governments may want to hide or distort. But deliberate omissions may prove difficult to maintain, he said, because the site is open to contributions from all sides.
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Paulo Roberto de Almeida
U.N. Launches Library Of World's Knowledge
James H. Billington created the project four years ago.
By Edward Cody
Washington Post Foreign Service, Tuesday, April 21, 2009
PARIS, April 20 -- A globe-spanning U.N. digital library seeking to display and explain the wealth of all human cultures has gone into operation on the Internet, serving up mankind's accumulated knowledge in seven languages for students around the world.
James H. Billington, the librarian of Congress who launched the project four years ago, said the ambition was to make available on an easy-to-navigate site, free for scholars and other curious people anywhere, a collection of primary documents and authoritative explanations from the planet's leading libraries.
The site (www.wdl.org) has put up the Japanese work that is considered the first novel in history, for instance, along with the Aztecs' first mention of the Christ child in the New World and the works of ancient Arab scholars piercing the mysteries of algebra, each entry flanked by learned commentary. "There are many one-of-a-kind documents," Billington said in an interview.
The World Digital Library, which officially will be inaugurated Tuesday at the Paris headquarters of UNESCO, the U.N. Educational, Scientific and Cultural Organization, has started small, with about 1,200 documents and their explanations from scholars in Arabic, Chinese, English, French, Portuguese, Spanish and Russian. But it is designed to accommodate an unlimited number of such texts, charts and illustrations from as many countries and libraries as want to contribute.
"There is no limit," Billington said. "Everybody is welcome."
The main target is children, he added, building on the success among young people of the U.S. National Digital Library Program, which has been in operation at the Library of Congress since the mid-1990s. That program, at its American Memory site, has made available 15 million U.S. historical records, including recorded interviews with former slaves, the first moving pictures and the Declaration of Independence. Billington predicted that children around the world, like their U.S. counterparts, will turn naturally to the Internet for answers to questions, provided they have access to computers and high-speed connections. "This is designed to use the newest technology to reach the youngest people," he said.
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The site was developed by a team at the Library of Congress in Washington with technical assistance from the Bibliotheca Alexandrina in Egypt. The digital library's main server is also in Washington, but officials said plans are underway for regional servers around the world.
Development costs of more than $10 million were financed by private donors, including Google, Microsoft, the Qatar Foundation, King Abdullah University in Saudi Arabia and the Carnegie Corporation of New York. By comparison, the American Memory project cost about $60 million, suggesting that more funds will have to be raised as the World Digital Library expands.
In addition to UNESCO and the Library of Congress, 26 other libraries and institutions in 19 countries have contributed to the project. Their offerings include rubbings of oracle bones from the National Library of China, delicate drawings of court life from the National Diet Library of Japan and a 13th-century "Devil's Bible" from the National Library of Sweden. Each is accompanied by a brief explanation of its content and significance. The documents have been scanned onto the site directly, in their original languages, but the explanations appear in all seven of the site's official languages.
"All of this is dependable, authoritative commentary," Billington said.
Users can sort through the information in several ways. They can ask what was going on anywhere in the world in, say, science or literature during the 4th century B.C., for instance. They can look up the history of a certain topic over the centuries in China alone, or in China and North America. By cross-referencing, a user can see how one area of the world compared with another at any given time.
Billington acknowledged that national sensitivities could generate problems as the store of documents expands to include episodes in more recent history that some governments may want to hide or distort. But deliberate omissions may prove difficult to maintain, he said, because the site is open to contributions from all sides.
1074) Nuestros hermanos protecionistas (e orgulhosos de se-lo)
Parece incrivel, mas seguindo a história argentina, há uma constante que aparece: eles sempre insistem em praticar os mesmos erros do passado (e com isso vão afundando).
O Brasil, pelo menos, pratica novos erros...
Os industriais argentinos e a ameaça brasileira
José Luis Espert
Valor Econômico, 20.04.2009
Que misterioso tesouro terá a indústria argentina que há mais de meio século não deixa de se proteger contra todo tipo de invasão importada? Será que o resto do mundo não compreende a maravilha inigualável que se esconde nas entranhas das fábricas argentinas, e que justifica que seus governos gerem tensões comerciais permanentes com outros países?
Durante a década de 1990, a Argentina tinha um regime de conversibilidade da sua moeda, já que uma lei federal garantia que cada peso circulante estava respaldado por um dólar, e a paridade era um a um. Naqueles tempos, a Argentina era tão cara em dólares que importava até as vassouras dos Estados Unidos e Europa, razão pela qual tinha grandes déficits comerciais com o primeiro mundo. No entanto, naqueles tempos de conversibilidade o país obteve importantes superávits comerciais com Brasil.
Mas, em 2002, o peso argentino se desvalorizou 60% em termos reais, transformando o país em uma autêntica fábrica de pobres. E, a partir desse momento, a única nação do planeta da qual podíamos comprar era (e continua sendo) o nosso vizinho Brasil. Por essa razão, na atualidade a Argentina tem grandes déficits no seu comércio exterior com o Brasil e superávits com os Estados Unidos e a Europa. Uma situação inversa à da década de 1990.
A economia mudou, mas o espírito contestatório dos industriais argentinos contra os produtos importados se mantém idêntico. Antes se queixavam da invasão importada proveniente do país do Tio Sam e do Velho Continente. Hoje choram amargamente pela depredação que sofrem nas mãos do seu irmão maior do Mercosul. Na verdade, seu lamento os ajudou a obter diversas medidas protecionistas contra as importações.
No mês passado industriais argentinos rejeitaram a possibilidade de o Brasil recorrer à Organização Mundial do Comércio (OMC) ou a cotas de exportação para se defender de medidas protecionistas no comércio bilateral. Segundo a União Industrial Argentina, o Brasil faz reclamações injustas, pois traz nas costas uma história de mais de 30 anos de proteção da produção, junto com financiamento a taxas subsidiadas por parte de seu Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), inclusive para compra de empresas argentinas.
O espírito protecionista dos empresários argentinos fez também com que a primeira reunião entre empresários argentinos e brasileiros para autorregular o comércio, levada a cabo no dia 25 de março, em Buenos Aires, fosse um absoluto fracasso. Do encontro participaram produtores de móveis de madeira, autopeças como baterias, freios e embreagens, vinhos e denim [jeans], considerados setores sensíveis pelos governos brasileiro e argentino.
No caso das baterias, os produtores argentinos propuseram aos seus pares brasileiros reduzir a cota de exportação à Argentina em 60%, para passar de 1,5 milhões de unidades a apenas 600 mil. No caso do denim, o desejo dos fabricantes argentinos foi uma limitação de 100%. No caso das autopeças, 30% menos. A negativa brasileira era previsível.
O governo de Cristina Kirchner está fechando a economia, as importações já caíram 30%, mantém-se a fuga de capitais e a queda do consumo interno. O Brasil não deve ter dúvidas de que a Argentina seguirá fechando sua economia ao comércio todos os dias e não se amedrontará com a existência do Mercosul.
A Argentina adotou a proteção de sua indústria como filosofia no começo da década de 1950. Nesse momento, seus governantes pensavam que a deterioração secular dos termos de intercâmbio era a causa de as economias em desenvolvimento terem caído em dependência com relação ao primeiro mundo, convertendo-se apenas em produtores de matérias-primas. E acreditavam, como ainda acredita a presidente Kirchner e o marido dela, que para os nossos países entrarem em um caminho de desenvolvimento sustentável será necessário promover a substituição de importações.
Hoje o protecionismo argentino à indústria continua com os impostos (retenções) às exportações agropecuárias, inclusive com proibições para exportar. E quando não há razões legais, o governo impede que as empresas exportem com liberdade, fechando os registros oficiais de exportação. Tudo para baratear os alimentos e os produtos manufaturados, para que os salários reais se mantenham altos e a indústria local possa ganhar muito dinheiro e se desenvolver com o mínimo esforço.
Não por acaso, nas últimas semanas o fluxo comercial entre o Brasil e a Argentina teve uma forte queda. O Brasil é o principal parceiro comercial da Argentina, mas o governo da presidente Kirchner aplicou uma série de barreiras à entrada de uma enorme lista de produtos importados (eletrodomésticos, eletroeletrônicos, calçados, tecidos, confecções, autopeças, aço e vidros), o que afeta 15% do comércio entre os dois países.
A ilusão kirchnerista, e de grande parte da nossa classe política, é blindar à Argentina da ameaça da concorrência com os importados.
Além disso, o governo da presidente Cristina Kirchner tenta proteger as reservas do seu Banco Central com métodos pouco ortodoxos: adverte as subsidiárias argentinas de empresas multinacionais (brasileiras inclusas) que demorem a comprar no mercado os dólares necessários para enviar as utilidades a suas casas matrizes.
Cuidar das reservas do Banco Central com pressões informais, proteger a indústria até brigar com o seu parceiro brasileiro, mentir com as estatísticas do país e tensionar ao máximo a sociedade, são todos os rasgos distintivos da política da presidente Kirchner e do marido e assessor dela, Néstor Kirchner.
Se o Brasil tivesse previsto esse comportamento quinze anos atrás, quando o Mercosul apenas começava, quem sabe não teria se interessado em comprometer-se com um sócio tão conflitivo.
José Luis Espert é economista e diretor da consultoria Espert e Associados
(www.espert.com.ar)
O Brasil, pelo menos, pratica novos erros...
Os industriais argentinos e a ameaça brasileira
José Luis Espert
Valor Econômico, 20.04.2009
Que misterioso tesouro terá a indústria argentina que há mais de meio século não deixa de se proteger contra todo tipo de invasão importada? Será que o resto do mundo não compreende a maravilha inigualável que se esconde nas entranhas das fábricas argentinas, e que justifica que seus governos gerem tensões comerciais permanentes com outros países?
Durante a década de 1990, a Argentina tinha um regime de conversibilidade da sua moeda, já que uma lei federal garantia que cada peso circulante estava respaldado por um dólar, e a paridade era um a um. Naqueles tempos, a Argentina era tão cara em dólares que importava até as vassouras dos Estados Unidos e Europa, razão pela qual tinha grandes déficits comerciais com o primeiro mundo. No entanto, naqueles tempos de conversibilidade o país obteve importantes superávits comerciais com Brasil.
Mas, em 2002, o peso argentino se desvalorizou 60% em termos reais, transformando o país em uma autêntica fábrica de pobres. E, a partir desse momento, a única nação do planeta da qual podíamos comprar era (e continua sendo) o nosso vizinho Brasil. Por essa razão, na atualidade a Argentina tem grandes déficits no seu comércio exterior com o Brasil e superávits com os Estados Unidos e a Europa. Uma situação inversa à da década de 1990.
A economia mudou, mas o espírito contestatório dos industriais argentinos contra os produtos importados se mantém idêntico. Antes se queixavam da invasão importada proveniente do país do Tio Sam e do Velho Continente. Hoje choram amargamente pela depredação que sofrem nas mãos do seu irmão maior do Mercosul. Na verdade, seu lamento os ajudou a obter diversas medidas protecionistas contra as importações.
No mês passado industriais argentinos rejeitaram a possibilidade de o Brasil recorrer à Organização Mundial do Comércio (OMC) ou a cotas de exportação para se defender de medidas protecionistas no comércio bilateral. Segundo a União Industrial Argentina, o Brasil faz reclamações injustas, pois traz nas costas uma história de mais de 30 anos de proteção da produção, junto com financiamento a taxas subsidiadas por parte de seu Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), inclusive para compra de empresas argentinas.
O espírito protecionista dos empresários argentinos fez também com que a primeira reunião entre empresários argentinos e brasileiros para autorregular o comércio, levada a cabo no dia 25 de março, em Buenos Aires, fosse um absoluto fracasso. Do encontro participaram produtores de móveis de madeira, autopeças como baterias, freios e embreagens, vinhos e denim [jeans], considerados setores sensíveis pelos governos brasileiro e argentino.
No caso das baterias, os produtores argentinos propuseram aos seus pares brasileiros reduzir a cota de exportação à Argentina em 60%, para passar de 1,5 milhões de unidades a apenas 600 mil. No caso do denim, o desejo dos fabricantes argentinos foi uma limitação de 100%. No caso das autopeças, 30% menos. A negativa brasileira era previsível.
O governo de Cristina Kirchner está fechando a economia, as importações já caíram 30%, mantém-se a fuga de capitais e a queda do consumo interno. O Brasil não deve ter dúvidas de que a Argentina seguirá fechando sua economia ao comércio todos os dias e não se amedrontará com a existência do Mercosul.
A Argentina adotou a proteção de sua indústria como filosofia no começo da década de 1950. Nesse momento, seus governantes pensavam que a deterioração secular dos termos de intercâmbio era a causa de as economias em desenvolvimento terem caído em dependência com relação ao primeiro mundo, convertendo-se apenas em produtores de matérias-primas. E acreditavam, como ainda acredita a presidente Kirchner e o marido dela, que para os nossos países entrarem em um caminho de desenvolvimento sustentável será necessário promover a substituição de importações.
Hoje o protecionismo argentino à indústria continua com os impostos (retenções) às exportações agropecuárias, inclusive com proibições para exportar. E quando não há razões legais, o governo impede que as empresas exportem com liberdade, fechando os registros oficiais de exportação. Tudo para baratear os alimentos e os produtos manufaturados, para que os salários reais se mantenham altos e a indústria local possa ganhar muito dinheiro e se desenvolver com o mínimo esforço.
Não por acaso, nas últimas semanas o fluxo comercial entre o Brasil e a Argentina teve uma forte queda. O Brasil é o principal parceiro comercial da Argentina, mas o governo da presidente Kirchner aplicou uma série de barreiras à entrada de uma enorme lista de produtos importados (eletrodomésticos, eletroeletrônicos, calçados, tecidos, confecções, autopeças, aço e vidros), o que afeta 15% do comércio entre os dois países.
A ilusão kirchnerista, e de grande parte da nossa classe política, é blindar à Argentina da ameaça da concorrência com os importados.
Além disso, o governo da presidente Cristina Kirchner tenta proteger as reservas do seu Banco Central com métodos pouco ortodoxos: adverte as subsidiárias argentinas de empresas multinacionais (brasileiras inclusas) que demorem a comprar no mercado os dólares necessários para enviar as utilidades a suas casas matrizes.
Cuidar das reservas do Banco Central com pressões informais, proteger a indústria até brigar com o seu parceiro brasileiro, mentir com as estatísticas do país e tensionar ao máximo a sociedade, são todos os rasgos distintivos da política da presidente Kirchner e do marido e assessor dela, Néstor Kirchner.
Se o Brasil tivesse previsto esse comportamento quinze anos atrás, quando o Mercosul apenas começava, quem sabe não teria se interessado em comprometer-se com um sócio tão conflitivo.
José Luis Espert é economista e diretor da consultoria Espert e Associados
(www.espert.com.ar)
1073) O Brasil visto como candidato a grande potencia...
Da revista Newsweek
The Crafty Superpower
By turns charming and cagey, cool to America and close to Obama, Lula is building a unique regional giant.
Mac Margolis
NEWSWEEK, Apr 27, 2009
Brazilian President Luiz Inácio Lula da Silva is on a roll. In recent weeks he's shared a dais with Gordon Brown and Nicolas Sarkozy, and drew effusive praise ("My man!") from Barack Obama at the G20 summit in London. He even had a photo op with Queen Elizabeth II. The former machine-tool worker, who spent decades picketing "savage capitalism," is now the toast of bankers and boardrooms. "Don't you think it's chic that we are now lending the IMF money?" he joked at a press conference.
Not so long ago, such scenes would have been improbable. With Brazil's tender democracy, clawing poverty and an accident-prone economy, the country's leaders were more likely to be queuing for a bailout than standing toe-to-toe with rainmakers on the international stage. After decades of false steps, Brazil has become a solid free-market democracy, a rare island of stability in a region of turmoil and governed by the rule of law instead of the whims of autocrats. Now Brazil is asserting itself as never before, but in a way that is markedly different from other big global players. Over the past decade, Brazil has emerged as a unique regional powerhouse. Relying on the cover of America's security umbrella, and a hemisphere with no credible enemies, Brazil has been free to leverage its vast economic size advantage within South America to befriend, sway or co-opt neighbors, while managing to contain its most troublesome regional rival, Venezuela. Lula presides over a crafty superpower unlike any other emerging giant.
The Chinese police the Taiwan Strait, and Moscow never relinquished the Soviet sphere of influence in the Caucasus. India's security duties stretch from the Pakistani border to the Persian Gulf, and Washington casts a long shadow from pole to pole. Yet Brazil has asserted its international ambitions without rattling a saber. When tempers flare between neighbors—as when Ecuador and Peru nearly went to war in the 1990s, and after Colombia bombed guerrilla camps in the Ecuadoran jungle last year—diplomats and lawyers are dispatched to the hot zones rather than flotillas or tanks. And when U.N. peacekeepers clashed with street gangs in Haiti, the Brazilians called not for a troop surge, but for footballers Ronaldinho, Robinho and Ronaldo, who played a friendly in the war zone. Now Haitian youths do battle with cleats, not Kalashnikovs.
The Brazilians have also become a more assertive voice for the emerging markets in international affairs. They rallied the major developing nations to challenge the rich world's agricultural subsidies, forming a group now known as the G5. At Brasília's prodding, the ambassadors of Brazil, China, India and Russia now meet monthly in Washington to coordinate a common BRIC policy strategy, often to counter U.S. positions. Pushing its "south-south" agenda, the Lula government has opened 35 embassies since taking office in 2003, most of them in Africa and the Caribbean. Brazil also leads a widely acclaimed peacekeeping mission in Haiti, one of the hemisphere's biggest basket cases.
Brazil can do all this in large part because it has no credible state enemies with which to contend, and is therefore unshackled from many of the responsibilities of power, like patrolling sea lanes. Moreover, the United States has always been the peacemaker of last resort in the region, so while emerging nations in many global trouble zones must pump precious wealth into defense, Brazil's military expenditures have remained stagnant at about 1.5 percent of GDP, a quarter of China's defense spending and about 60 percent of India's and Russia's. "Brazil doesn't have the ambition to be a military power," says Amaury de Souza, a Brazilian political analyst. "What we have is economic strength, a history of defending our interests and a complex and compelling culture."
For years, Brazilians have wanted a larger role in world affairs, and the world has refused. Despite its war efforts—Brazil was the only Latin country to send troops to Europe during World War II—it had no seat at the postwar negotiating table. Brazil's international standing finally won an upgrade in the mid-1990s, when the reform-minded administration of Fernando Henrique Cardoso stopped inflation, opened the country to trade and normalized tattered relations with the world financial community. Cardoso parlayed the young democracy's new bona fides into a more assertive role abroad. He argued for a seat on the U.N. Security Council, jump-started the Mercosur free-trade zone for South America and rallied the larger developing nations under the banner of free trade.
But no government has been as determined as Lula's in extending Brazil's international footprint. Though he began his political career on the left, Lula surprised foreign and national investors alike by preserving Cardoso's market-friendly policies at home, much to the frustration of his militant Workers' Party allies. For the left, he offered a pumped-up foreign policy. "Lula put Cardoso's foreign policy on steroids," says Donna Hrinak, a former U.S. ambassador to a number of Latin countries.
Lula has doubled the number of departments in the Foreign Ministry and embarked on a breathless international itinerary, visiting 45 countries and spending nearly one of every five months in office abroad just since 2007. "Aero-Lula," the local press has dubbed him. The explicit purpose of all this diplomacy has been to boost relations with other developing countries. But Lula's increased visibility has also helped force the richest nations to lower trade barriers. In two major cases in 2004, the WTO ruled in favor of Brazil, ordering the U.S. to drop subsidies to cotton farmers, and told Europe to end its protection of the sugar-beet industry. In keeping with Lula's staunch support for free trade, Brazil also sided with the U.S. at the recent Doha trade talks over the developing world's own protectionist barriers. In a recent report warning of rising protectionism in developing nations, the World Bank praised Brazilians for resisting pressures to close down its own borders.
At least part of these efforts spring from Brazil's undeclared strategy to blunt U.S. influence in the region and dispel expectations that it play a proxy role for Washington. In fact, while U.S. officials wax diplomatic over their new "global partner," Brasília has been mostly silent as Venezuelan strongman Hugo Chávez threatens foreign companies, intimidates the opposition and bullies its courts and Congress. "No one can claim that democracy doesn't exist in Venezuela" is Lula's canned defense of companheiro Chávez. Citing the catchall rule of sovereignty, Brazil also roundly condemned Colombia, the U.S.'s closest ally in the region, for attacking a guerrilla encampment in the Ecuadoran jungle last year, and routinely abstains on U.N. resolutions condemning human-rights violations in Cuba.
But Lula has hardly thrown in with the Bolivarian revolution. Instead, he has controlled the region by co-opting his neighbors with trade, turning the whole continent into a captive market for Brazilian goods. Ultimately, Brazil's power derives not from guns but from its immense store of natural resources, including oil and gas, metals, soybeans and beef—and it has become a key supplier of markets in Asia and closer to home. Brazil now enjoys a trade surplus with every country in the region, including a $1 billion surplus with Venezuela. "Turning natural resources into value-added goods has helped Brazil punch above its weight," says David Rothkopf, a former U.S. Commerce Department official.
For instance, Lula has curbed two grandiose initiatives from Chávez's playbook, a regional development bank (Banco del Sur) and a joint Brazilian-Venezuelan oil refinery, by quietly never getting around to allocating money to help. He also chided Chávez for his lavish spending on modern weapons even though Venezuela's economy is so weak it has become utterly dependent on Brazil for basic consumer goods. "Christ, what do you want these weapons for?" Lula reportedly berated Chávez in a recent visit. "You can't even get milk for your coffee in the hotels." Brazil's Congress will probably end up approving Venezuela's entry into Mercosur in the coming weeks, not as an endorsement of Chávez's imperial designs but as a way to contain him through the trading bloc's treaty obligations, such as respect for democracy and property protection.
This might be risky politics. But the smart money is on the Brazilians. With no manual for becoming a global power, Lula's Brazil seems to be writing one of its own.
The Crafty Superpower
By turns charming and cagey, cool to America and close to Obama, Lula is building a unique regional giant.
Mac Margolis
NEWSWEEK, Apr 27, 2009
Brazilian President Luiz Inácio Lula da Silva is on a roll. In recent weeks he's shared a dais with Gordon Brown and Nicolas Sarkozy, and drew effusive praise ("My man!") from Barack Obama at the G20 summit in London. He even had a photo op with Queen Elizabeth II. The former machine-tool worker, who spent decades picketing "savage capitalism," is now the toast of bankers and boardrooms. "Don't you think it's chic that we are now lending the IMF money?" he joked at a press conference.
Not so long ago, such scenes would have been improbable. With Brazil's tender democracy, clawing poverty and an accident-prone economy, the country's leaders were more likely to be queuing for a bailout than standing toe-to-toe with rainmakers on the international stage. After decades of false steps, Brazil has become a solid free-market democracy, a rare island of stability in a region of turmoil and governed by the rule of law instead of the whims of autocrats. Now Brazil is asserting itself as never before, but in a way that is markedly different from other big global players. Over the past decade, Brazil has emerged as a unique regional powerhouse. Relying on the cover of America's security umbrella, and a hemisphere with no credible enemies, Brazil has been free to leverage its vast economic size advantage within South America to befriend, sway or co-opt neighbors, while managing to contain its most troublesome regional rival, Venezuela. Lula presides over a crafty superpower unlike any other emerging giant.
The Chinese police the Taiwan Strait, and Moscow never relinquished the Soviet sphere of influence in the Caucasus. India's security duties stretch from the Pakistani border to the Persian Gulf, and Washington casts a long shadow from pole to pole. Yet Brazil has asserted its international ambitions without rattling a saber. When tempers flare between neighbors—as when Ecuador and Peru nearly went to war in the 1990s, and after Colombia bombed guerrilla camps in the Ecuadoran jungle last year—diplomats and lawyers are dispatched to the hot zones rather than flotillas or tanks. And when U.N. peacekeepers clashed with street gangs in Haiti, the Brazilians called not for a troop surge, but for footballers Ronaldinho, Robinho and Ronaldo, who played a friendly in the war zone. Now Haitian youths do battle with cleats, not Kalashnikovs.
The Brazilians have also become a more assertive voice for the emerging markets in international affairs. They rallied the major developing nations to challenge the rich world's agricultural subsidies, forming a group now known as the G5. At Brasília's prodding, the ambassadors of Brazil, China, India and Russia now meet monthly in Washington to coordinate a common BRIC policy strategy, often to counter U.S. positions. Pushing its "south-south" agenda, the Lula government has opened 35 embassies since taking office in 2003, most of them in Africa and the Caribbean. Brazil also leads a widely acclaimed peacekeeping mission in Haiti, one of the hemisphere's biggest basket cases.
Brazil can do all this in large part because it has no credible state enemies with which to contend, and is therefore unshackled from many of the responsibilities of power, like patrolling sea lanes. Moreover, the United States has always been the peacemaker of last resort in the region, so while emerging nations in many global trouble zones must pump precious wealth into defense, Brazil's military expenditures have remained stagnant at about 1.5 percent of GDP, a quarter of China's defense spending and about 60 percent of India's and Russia's. "Brazil doesn't have the ambition to be a military power," says Amaury de Souza, a Brazilian political analyst. "What we have is economic strength, a history of defending our interests and a complex and compelling culture."
For years, Brazilians have wanted a larger role in world affairs, and the world has refused. Despite its war efforts—Brazil was the only Latin country to send troops to Europe during World War II—it had no seat at the postwar negotiating table. Brazil's international standing finally won an upgrade in the mid-1990s, when the reform-minded administration of Fernando Henrique Cardoso stopped inflation, opened the country to trade and normalized tattered relations with the world financial community. Cardoso parlayed the young democracy's new bona fides into a more assertive role abroad. He argued for a seat on the U.N. Security Council, jump-started the Mercosur free-trade zone for South America and rallied the larger developing nations under the banner of free trade.
But no government has been as determined as Lula's in extending Brazil's international footprint. Though he began his political career on the left, Lula surprised foreign and national investors alike by preserving Cardoso's market-friendly policies at home, much to the frustration of his militant Workers' Party allies. For the left, he offered a pumped-up foreign policy. "Lula put Cardoso's foreign policy on steroids," says Donna Hrinak, a former U.S. ambassador to a number of Latin countries.
Lula has doubled the number of departments in the Foreign Ministry and embarked on a breathless international itinerary, visiting 45 countries and spending nearly one of every five months in office abroad just since 2007. "Aero-Lula," the local press has dubbed him. The explicit purpose of all this diplomacy has been to boost relations with other developing countries. But Lula's increased visibility has also helped force the richest nations to lower trade barriers. In two major cases in 2004, the WTO ruled in favor of Brazil, ordering the U.S. to drop subsidies to cotton farmers, and told Europe to end its protection of the sugar-beet industry. In keeping with Lula's staunch support for free trade, Brazil also sided with the U.S. at the recent Doha trade talks over the developing world's own protectionist barriers. In a recent report warning of rising protectionism in developing nations, the World Bank praised Brazilians for resisting pressures to close down its own borders.
At least part of these efforts spring from Brazil's undeclared strategy to blunt U.S. influence in the region and dispel expectations that it play a proxy role for Washington. In fact, while U.S. officials wax diplomatic over their new "global partner," Brasília has been mostly silent as Venezuelan strongman Hugo Chávez threatens foreign companies, intimidates the opposition and bullies its courts and Congress. "No one can claim that democracy doesn't exist in Venezuela" is Lula's canned defense of companheiro Chávez. Citing the catchall rule of sovereignty, Brazil also roundly condemned Colombia, the U.S.'s closest ally in the region, for attacking a guerrilla encampment in the Ecuadoran jungle last year, and routinely abstains on U.N. resolutions condemning human-rights violations in Cuba.
But Lula has hardly thrown in with the Bolivarian revolution. Instead, he has controlled the region by co-opting his neighbors with trade, turning the whole continent into a captive market for Brazilian goods. Ultimately, Brazil's power derives not from guns but from its immense store of natural resources, including oil and gas, metals, soybeans and beef—and it has become a key supplier of markets in Asia and closer to home. Brazil now enjoys a trade surplus with every country in the region, including a $1 billion surplus with Venezuela. "Turning natural resources into value-added goods has helped Brazil punch above its weight," says David Rothkopf, a former U.S. Commerce Department official.
For instance, Lula has curbed two grandiose initiatives from Chávez's playbook, a regional development bank (Banco del Sur) and a joint Brazilian-Venezuelan oil refinery, by quietly never getting around to allocating money to help. He also chided Chávez for his lavish spending on modern weapons even though Venezuela's economy is so weak it has become utterly dependent on Brazil for basic consumer goods. "Christ, what do you want these weapons for?" Lula reportedly berated Chávez in a recent visit. "You can't even get milk for your coffee in the hotels." Brazil's Congress will probably end up approving Venezuela's entry into Mercosur in the coming weeks, not as an endorsement of Chávez's imperial designs but as a way to contain him through the trading bloc's treaty obligations, such as respect for democracy and property protection.
This might be risky politics. But the smart money is on the Brazilians. With no manual for becoming a global power, Lula's Brazil seems to be writing one of its own.
segunda-feira, 20 de abril de 2009
1072) Turismo academico (16): um pouco de milhagem, antes da quilometragem efetiva
Está muito frio, e chuvoso, para sair de casa novamente e conferir a milhagem de chegada do meu carro em Urbana. Só sei dizer agora que sai para Chicago, na sexta-feira, com 14.430 milhas marcadas no odômetro (acho que peguei em Miami com 11.100).
Engolindo asfalto (na verdade concreto)
Vejamos pela simples conta do Google Maps, a partir de Urbana, sem considerar as milhagens intermediárias:
1) Chicago, IL: 140 mi
2) Saint Louis, MO: 297 mi
3) Sprinfield, IL: 98,4 mi
4) Urbana, IL: 91,5 mi
Total aparente: 627 milhas (ou mais ou menos 1.040 kms).
Caberia acrescentar algumas dezenas de milhas de percursos urbanos, entre museus, shoppings, restaurantes, livrarias, em trajetos por vezes longos (Chicago, por exemplo, é uma cidade extensíssima, com muitas vias expressas, autopistas urbanas, que convidam aos grandes deslocamentos). Talvez 50 ou 70 milhas mais.
Amanhã completo os cálculos com base no contador. Convêm não esquecer de verificar pneus e óleo do motor, para evitar alguma má surpresa numa viagem noturna por estrada...
Engolindo asfalto (na verdade concreto)
Vejamos pela simples conta do Google Maps, a partir de Urbana, sem considerar as milhagens intermediárias:
1) Chicago, IL: 140 mi
2) Saint Louis, MO: 297 mi
3) Sprinfield, IL: 98,4 mi
4) Urbana, IL: 91,5 mi
Total aparente: 627 milhas (ou mais ou menos 1.040 kms).
Caberia acrescentar algumas dezenas de milhas de percursos urbanos, entre museus, shoppings, restaurantes, livrarias, em trajetos por vezes longos (Chicago, por exemplo, é uma cidade extensíssima, com muitas vias expressas, autopistas urbanas, que convidam aos grandes deslocamentos). Talvez 50 ou 70 milhas mais.
Amanhã completo os cálculos com base no contador. Convêm não esquecer de verificar pneus e óleo do motor, para evitar alguma má surpresa numa viagem noturna por estrada...
1071) Turismo academico (15): Chicago, Saint Louis, no Missouri, e depois Springfield
Ops, tropecei na dinastia Ming...
Meu périplo dominical me levou bem mais longe do que o pretendido inicialmente. Depois de vir a Chicago na sexta-feira, com visitas ao Instituto Oriental da Universidade de Chicago e algumas livrarias, além de encontros com amigos, saimos no domingo apenas para dar uma esticada em Springfield, terra do Lincoln, antes de voltar a Urbana-Champaign.
Mas eis que na estrada aparece o anúncio de uma exposição sobre a dinastia Ming no Fine Arts de Saint Louis, ali mesmo, atravessando o Mississipi, no Missouri.
Assim, em lugar de fazer apenas as 207 milhas (340 kms, aproximadamente) até a capital do Illinois, acabamos esticando em mais 100 milhas, até St. Louis. Tudo isso debaixo de uma chuva gelada, por vezes intensa, que não nos deixou o dia inteiro, desde Chicago até a volta a casa, 22hs do domingo. Depois vou calcular a quilometragem total.
A exposição valeu o petit détour, ou valeu a viagem, como diria o Guia Michelin: são desses exposições que só ocorrem nos EUA, felizmente com bastante frequência. Os grandes museus americanos, por vezes em consorcios de três ou quatro ao mesmo tempo, se organizam (por vezes, cinco ou seis anos antes) para juntar tudo o que é possível obter em torno de um grande tema. Fazem um catálogo acurado de todas as peças disponíveis e transportáveis -- por vezes monstros de toneladas, outras vezes, quadros valiosíssimos, tudo com seguro astronômico, sem mencionar o próprio custo dos curadores, especialistas, scholars convidados para escrever capítulos de catálogos que são verdadeiras enciclopédias ilustradas, esgotando praticamente o assunto selecionado -- depois montam uma exposição itinerante que fica três ou quatro meses em cada capital, antes de ser desmontada, com as peças devolvidas a cada instituição de origem.
Ou seja, praticamente nunca mais na vida terrestre, talvez em milênios, se terá a possibilidade ver novamente uma tal assemblagem riquíssima como ocorre nessas exposições temáticas.
Desde meus longos anos na Europa, eu nunca fui de perder uma dessas grandes exposições temáticas: Tuthankamon, na Alemanha, nos anos 70, celtas em Veneza, nos anos 80, modernistas em Basiléia, sem mencionar as muitas que vi nos EUA durante vários anos: em Boston, NY, Chicago e, agora, Saint Louis. Por vezes era capaz de fazer 700 kms só para ver uma dessas exposições e depois voltar. As que eu não conseguia ver, por impossibilidade transcontinental, eu encomendava o catálogo, não raramente um catatau de 500 páginas com tudo o que se poderia desejar de ilustrativo sobre o tema em questão, como por acaso a exposição 'colombina' que ocorreu em 1992 na National Gallery de Washington, sobre os 400 anos da descoberta do Novo Mundo, período em que eu estava entre Montevidéu e Brasília.
Pois essa exposição de Saint Louis era a última do roteiro, já que as peças estarão sendo desmontadas agora em maio para devolução aos museus (Nanquim, Beijing, outros museus americanos) ou colecionadores de origem. Coisas que eu nunca tinha visto (e sou habitué em arte oriental, desde muito tempo, em Paris, Washington e outras capitais), e peças surpreendentemente belas. Uma dinastia que, aliás, presidiu à decadência chinesa, sinal de que, mais de uma vez (como os Habsburgos da Austria, por exemplo), decadência material não quer dizer esgotamento das possibilidades artísticas.
Acabei comprando, não o catálogo da exposição (pois não sou especializado em arte chinesa), mas um livro imenso (30x50, creio), grande (mais de 330 páginas de papel couché), pesado (deve ter mais de 5kgs), finamente ilustrado (centenas de reproduções da mais alta qualidade) sobre "China through the Eyes of the West: From Marco Polo to the Last Emperor", escrito por um especialista italiano, descendente de Marco Polo (no sentido lato, claro), Gianni Guadalupi, e impresso na Coréia. Uma verdadeira maravilha.
Mais surpreendente ainda é o preço: apenas e tão somente, 29,99 dólares, o que me fez sorrir. Só não comprei dois ou três, porque já tenho livros demais para carregar, e não seria o caso de afundar a mala.
Na volta, uma parada em Springfield, para visitar a cidade de um dos icones da história americana: Abraham Lincoln: casa, Museu e Livraria presidencial, além de outras memorabilia, bugigangas, tumba, talvez fantasma do Abe Linc. Não sou de panegíricos, nem de ficar cultuando mitos, mas é importante conhecer os mitos históricos de outros países, assim como temos os nossos próprios: Tiradentes, Rio Branco, Vargas, JK, quem sabe quem mais... Mitos contentam os espíritos simples, ainda que alguns posssam ter sido efetivamente importantes na história nacional, como é o caso do próprio Lincoln, de F.D. Roosevelt, talvez de Kennedy (provavelmente não pelas boas razões...) e outros mais. Churchill, sem dúvida alguma é um mito real, ou seja, está inteiramente à altura de sua fama, embora tenha sido um velhaco imperialista (talvez mesmo por isso...).
Em todo caso, para quem quer saber um pouco mais sobre o que existe exatamente sobre o Lincoln em Springfield, basta acessar este pequeno video de apresentacao do material e locais disponiveis: http://www.alplm.org/museum/ALPLMvideo_preview.html
Bem, na volta aquela chuva horrorosa, que nos perseguiu o dia inteiro. Promete mais amanhã. Tempinho miserável este da primavera no Illinois. Da próxima vez não me pegam abril: só volto em setembro, no máximo até o começo de outubro...
Bem, depois faço a conta da quilometragem, mas acho que tenho de controlar o óleo do carro, pois devo estar um pouquinho acima da média dos rented cars...
Urbana, 18.04.2009 (aliás, já 19 de abril no Brasil)
Meu périplo dominical me levou bem mais longe do que o pretendido inicialmente. Depois de vir a Chicago na sexta-feira, com visitas ao Instituto Oriental da Universidade de Chicago e algumas livrarias, além de encontros com amigos, saimos no domingo apenas para dar uma esticada em Springfield, terra do Lincoln, antes de voltar a Urbana-Champaign.
Mas eis que na estrada aparece o anúncio de uma exposição sobre a dinastia Ming no Fine Arts de Saint Louis, ali mesmo, atravessando o Mississipi, no Missouri.
Assim, em lugar de fazer apenas as 207 milhas (340 kms, aproximadamente) até a capital do Illinois, acabamos esticando em mais 100 milhas, até St. Louis. Tudo isso debaixo de uma chuva gelada, por vezes intensa, que não nos deixou o dia inteiro, desde Chicago até a volta a casa, 22hs do domingo. Depois vou calcular a quilometragem total.
A exposição valeu o petit détour, ou valeu a viagem, como diria o Guia Michelin: são desses exposições que só ocorrem nos EUA, felizmente com bastante frequência. Os grandes museus americanos, por vezes em consorcios de três ou quatro ao mesmo tempo, se organizam (por vezes, cinco ou seis anos antes) para juntar tudo o que é possível obter em torno de um grande tema. Fazem um catálogo acurado de todas as peças disponíveis e transportáveis -- por vezes monstros de toneladas, outras vezes, quadros valiosíssimos, tudo com seguro astronômico, sem mencionar o próprio custo dos curadores, especialistas, scholars convidados para escrever capítulos de catálogos que são verdadeiras enciclopédias ilustradas, esgotando praticamente o assunto selecionado -- depois montam uma exposição itinerante que fica três ou quatro meses em cada capital, antes de ser desmontada, com as peças devolvidas a cada instituição de origem.
Ou seja, praticamente nunca mais na vida terrestre, talvez em milênios, se terá a possibilidade ver novamente uma tal assemblagem riquíssima como ocorre nessas exposições temáticas.
Desde meus longos anos na Europa, eu nunca fui de perder uma dessas grandes exposições temáticas: Tuthankamon, na Alemanha, nos anos 70, celtas em Veneza, nos anos 80, modernistas em Basiléia, sem mencionar as muitas que vi nos EUA durante vários anos: em Boston, NY, Chicago e, agora, Saint Louis. Por vezes era capaz de fazer 700 kms só para ver uma dessas exposições e depois voltar. As que eu não conseguia ver, por impossibilidade transcontinental, eu encomendava o catálogo, não raramente um catatau de 500 páginas com tudo o que se poderia desejar de ilustrativo sobre o tema em questão, como por acaso a exposição 'colombina' que ocorreu em 1992 na National Gallery de Washington, sobre os 400 anos da descoberta do Novo Mundo, período em que eu estava entre Montevidéu e Brasília.
Pois essa exposição de Saint Louis era a última do roteiro, já que as peças estarão sendo desmontadas agora em maio para devolução aos museus (Nanquim, Beijing, outros museus americanos) ou colecionadores de origem. Coisas que eu nunca tinha visto (e sou habitué em arte oriental, desde muito tempo, em Paris, Washington e outras capitais), e peças surpreendentemente belas. Uma dinastia que, aliás, presidiu à decadência chinesa, sinal de que, mais de uma vez (como os Habsburgos da Austria, por exemplo), decadência material não quer dizer esgotamento das possibilidades artísticas.
Acabei comprando, não o catálogo da exposição (pois não sou especializado em arte chinesa), mas um livro imenso (30x50, creio), grande (mais de 330 páginas de papel couché), pesado (deve ter mais de 5kgs), finamente ilustrado (centenas de reproduções da mais alta qualidade) sobre "China through the Eyes of the West: From Marco Polo to the Last Emperor", escrito por um especialista italiano, descendente de Marco Polo (no sentido lato, claro), Gianni Guadalupi, e impresso na Coréia. Uma verdadeira maravilha.
Mais surpreendente ainda é o preço: apenas e tão somente, 29,99 dólares, o que me fez sorrir. Só não comprei dois ou três, porque já tenho livros demais para carregar, e não seria o caso de afundar a mala.
Na volta, uma parada em Springfield, para visitar a cidade de um dos icones da história americana: Abraham Lincoln: casa, Museu e Livraria presidencial, além de outras memorabilia, bugigangas, tumba, talvez fantasma do Abe Linc. Não sou de panegíricos, nem de ficar cultuando mitos, mas é importante conhecer os mitos históricos de outros países, assim como temos os nossos próprios: Tiradentes, Rio Branco, Vargas, JK, quem sabe quem mais... Mitos contentam os espíritos simples, ainda que alguns posssam ter sido efetivamente importantes na história nacional, como é o caso do próprio Lincoln, de F.D. Roosevelt, talvez de Kennedy (provavelmente não pelas boas razões...) e outros mais. Churchill, sem dúvida alguma é um mito real, ou seja, está inteiramente à altura de sua fama, embora tenha sido um velhaco imperialista (talvez mesmo por isso...).
Em todo caso, para quem quer saber um pouco mais sobre o que existe exatamente sobre o Lincoln em Springfield, basta acessar este pequeno video de apresentacao do material e locais disponiveis: http://www.alplm.org/museum/ALPLMvideo_preview.html
Bem, na volta aquela chuva horrorosa, que nos perseguiu o dia inteiro. Promete mais amanhã. Tempinho miserável este da primavera no Illinois. Da próxima vez não me pegam abril: só volto em setembro, no máximo até o começo de outubro...
Bem, depois faço a conta da quilometragem, mas acho que tenho de controlar o óleo do carro, pois devo estar um pouquinho acima da média dos rented cars...
Urbana, 18.04.2009 (aliás, já 19 de abril no Brasil)
sexta-feira, 17 de abril de 2009
1070) Disputa entre duas crises: a de 1929 vista pelos olhos de Milton Friedman e Anna Schwartz
Estou lendo o famoso livro de Milton Friedman e Anna Jacobson Schwartz, A Monetary History of the United States, 1867-1960 (Princeton, NJ: Princeton University Press, 1963).
O capítulo 7 abre por um parágrafo memorável, que transcrevo aqui:
“The contraction from 1929 to 1933 was by far the most severe business-cycle contraction during the near-century of the U.S. history we cover and it may well have been the most severe in the whole of the U.S. history. Though sharper and more prolonged in the United States than in most other countries, it was worldwide in scope and ranks as the most severe and widely diffused international contraction in modern times. U.S. net national product in current prices fell by more than one-half from 1929 to 1933; net national product in constant prices, by more than one-third; implicit prices, by more than one-quarter; and monthly wholesale prices, by more than one-third.” (p. 299)
A questão é a de saber se a atual crise, ainda em desenvolvimento, conseguirá ser mais severa, desmentindo assim Milton Friedman (mas ele não se importaria, creio eu) e a própria história. Dois economistas, como já tive a oportunidade de transcrever neste blog, Barry Eichengreen e Kevin O'Rourke, acreditam que a crise atual vem demonstrando maior rapidez na queda da produção, do comércio e das transações financeiras.
Permito-me dar novamente as coordenadas desse estudo:
A Tale of Two Depressions
Barry Eichengreen and Kevin H. O’Rourke
6 April 2009
http://www.voxeu.org/index.php?q=node/3421
As tabelas que eles montaram sobre a velocidade da queda da produção, do valor das ações negociadas em bolsa (e do seu movimento), do intercâmbio comercial, das taxas de juros de redesconto e do suprimento de moeda pelos BCs (neste caso aumento) são impressionantes em sua eloquência demonstrativa...
Pourvu que ça ne se reproduit pas...
(PS.: Milton Keynes merecia ter vivido um pouco mais para apreciar esta crise, e testar suas teorias...)
PS2 (em 18.04.2009): OPS, Vejam só o que eu escrevi acima: Milton KEYNES!!!. Agradeço ao Thiago, que me mandou o seguinte comentário:
"Thiago deixou um novo comentário sobre a sua postagem "1070) Disputa entre duas crises: a de 1929 vista p...":
Milton Keynes???
Essa nem Fróide explica."
De fato, nem Freud, só uma mente cansada, retinas fatigadas de tanta leitura, com vários economistas na cabeça, é capaz de uma bobagem desse tipo. Ou então é esclerose avant la lettre...
O capítulo 7 abre por um parágrafo memorável, que transcrevo aqui:
“The contraction from 1929 to 1933 was by far the most severe business-cycle contraction during the near-century of the U.S. history we cover and it may well have been the most severe in the whole of the U.S. history. Though sharper and more prolonged in the United States than in most other countries, it was worldwide in scope and ranks as the most severe and widely diffused international contraction in modern times. U.S. net national product in current prices fell by more than one-half from 1929 to 1933; net national product in constant prices, by more than one-third; implicit prices, by more than one-quarter; and monthly wholesale prices, by more than one-third.” (p. 299)
A questão é a de saber se a atual crise, ainda em desenvolvimento, conseguirá ser mais severa, desmentindo assim Milton Friedman (mas ele não se importaria, creio eu) e a própria história. Dois economistas, como já tive a oportunidade de transcrever neste blog, Barry Eichengreen e Kevin O'Rourke, acreditam que a crise atual vem demonstrando maior rapidez na queda da produção, do comércio e das transações financeiras.
Permito-me dar novamente as coordenadas desse estudo:
A Tale of Two Depressions
Barry Eichengreen and Kevin H. O’Rourke
6 April 2009
http://www.voxeu.org/index.php?q=node/3421
As tabelas que eles montaram sobre a velocidade da queda da produção, do valor das ações negociadas em bolsa (e do seu movimento), do intercâmbio comercial, das taxas de juros de redesconto e do suprimento de moeda pelos BCs (neste caso aumento) são impressionantes em sua eloquência demonstrativa...
Pourvu que ça ne se reproduit pas...
(PS.: Milton Keynes merecia ter vivido um pouco mais para apreciar esta crise, e testar suas teorias...)
PS2 (em 18.04.2009): OPS, Vejam só o que eu escrevi acima: Milton KEYNES!!!. Agradeço ao Thiago, que me mandou o seguinte comentário:
"Thiago deixou um novo comentário sobre a sua postagem "1070) Disputa entre duas crises: a de 1929 vista p...":
Milton Keynes???
Essa nem Fróide explica."
De fato, nem Freud, só uma mente cansada, retinas fatigadas de tanta leitura, com vários economistas na cabeça, é capaz de uma bobagem desse tipo. Ou então é esclerose avant la lettre...