Bem, acho que está tudo mundo avisado, inclusive pelos meios de informação da globalização contemporânea, meios que em sua quase totalidade são capitalistas, ou seja, aspirando ao lucro, a ganhos monopolísticos, à acumulação desenfreada, enfim, tudo aquilo que será objeto de condenação, de opróbrio, de rejeicão no FSM de Porto Alegre, aliás perfeitamente globalizado pela internet, pelas redes de computadores, pelos blogs gratuitos (enfim, um free lunch do capitalismo), pelos celulares de última geração, em resumo, tudo o que não existe nos regimes e países que eles vão exaltar (Cuba, Venezuela, etc...).
Contraditório, não é mesmo?
O que se há de fazer?
Os antiglobalizadores são mesmo assim: aproveitam-se das benesses da globalização capitalista para condenar e protestar contra essa mesma globalização capitalista.
Bem, eu espero, pelo menos, que alguns deles, uma ínfima minoria que seja, aproveite esta tarde de domingo para ler as "conclusões antecipadas" que eu fiz a propósito do show que começa nesta segunda e vai até sexta-feira.
Minha contribuição para a boa compreensão do que eu chamei de Forum Surreal Mundial está aqui:
Fórum Social Mundial 2010, uma década de embromação: antecipando as conclusões e desvendando os equívocos
Paulo Roberto de Almeida
Publicado em Mundorama (http://mundorama.net/2010/01/20/forum-social-mundial-2010-uma-decada-de-embromacao-antecipando-as-conclusoes-e-desvendando-os-equivocos-por-paulo-roberto-de-almeida/).
Transcrevo apenas o comecinho:
1. A novela está de volta (com o mesmo enredo...)
Como acontece todo ano, os alternativos da antiglobalização estarão reunidos neste final do mês de janeiro de 2010 para protestar contra a globalização assimétrica e proclamar que um “outro mundo é possível”. Eu também acho, mas a verdade é que eles nunca apresentam o roteiro detalhado desse outro mundo esperado, se contentando com slogans redutores contra a globalização, essa mesma força indomável que torna mais eficiente a interação entre essas tribos e permite que suas mensagens – equivocadas, como sempre – alcancem, em questão de minutos, todos os cantos do planeta. Em todo caso, eles já se consideram tão importantes que já nem mais se dão ao trabalho de protestar contra o outro Fórum Mundial, o capitalista de Davos, como ocorria todo ano naquela estação suíça de esqui: os capitalistas agradecem serem deixados em paz e prometem refletir sobre as propostas do fórum alternativo, se é que alguma será feita.
Como também acontece todo ano, eu fico esperando para ver se alguma ideia nova e interessante – Ok, ok, também podem ser ideias velhas e desinteressantes, mas que sejam pelo menos racionais e exequíveis – vai emergir desse jamboree anual de antiglobalizadores e iluminar as nossas políticas públicas tão carentes de racionalidade e sentido de justiça. Como não confio, porém, que algo de novo vá surgir de onde nunca veio nada de inteligente, resolvi não esperar pela conclusão do encontro de 2010, e me proponho, sem cobrar copyright dos antiglobalizadores, antecipar suas conclusões conclusivas (se é verdade que algo do gênero pode ocorrer; isso corre o risco de nos surpreender).
para ler o texto completo (e vários comentários a respeito) clicar aqui.
Pois bem, retomo agora para tratar de um problema para o qual já fui chamado à atenção por alguns leitores benevolentes, que acham que eu ofendo muita gente, gratuitamente, ao chamar os que participam desse tipo de evento embromador de idiotas, ou até mesmo de perfeitos idiotas.
Acho que tenho de me desculpar e ao mesmo tempo de me explicar, explicitando exatamente o que eu quero e pretendo dizer. Vamos por parte e dividir em categorias toda a tropa, a tribo heteróclita, que participa desse tipo de show mediático e contraditório.
Nos diversos FSMs existem:
1) Ingênuos: são os jovens idealistas, estudantes primeiro-anistas das faculdades de humanidades, geralmente instruidos no anticapitalismo e no anti-americanismo desde o primário e o secundário, por professores perfeitamente mal-instruídos, desejosos de contribuir para o bem-estar da humanidade, que estaria ameaçado por poderosas empresas multinacionais, que exploram os trabalhadores, poluem o meio ambiente (em todos os países, os seus e especialmente aqueles ditos periféricos), sequiosos por participar da campanha de libertação dos mesmos países periféricos da exploração e dominação ignóbil do imperialismo americano; esses jovens são apenas meio idiotas, pois caem na conversa mole desses professores idiotas completas e não conseguem distinguir a fantasia que lhes é servida da realidade que eles tem ao alcance do computador, bastando navegar um pouco para se informar como é feito o mundo. Vamos chamá-los, portanto, apenas de ingênuos, pois suas motivações são nobres, eles são desprendidos, apenas não tendo informação suficiente (mas também são idiotas por não procurá-la, pois ela está disponível livremente nos meios perfeitamente capitalistas e globalizados que eles usam).
2) Idiotas em tempo integral: são os mestres desses jovens ingênuos, que aprenderam meia dúzia de slogans de outros mestres idiotas antes deles, nunca leram Marx (mas apenas contrafações) nem quaisquer livros mais sérios de história ou de economia, e saem por aí, impunemente, ensinando bonagens aos jovens passivos que são seus alunos. Acho que eles não tem conserto, por isso não merecem de mim mais do que estas poucas linhas, pois, à diferença dos jovens idealistas, eles vão continuar assim idiotas durante toda a sua carreira.
3) Perfeitos idiotas profissionais: São alguns expoentes da academia, que passam por "intelequitais", mas que são apenas profissionais da embromação e do oportunismo, pois que são mais conhecidos (já publicaram meia dúzia de obras perfeitamente inúteis) e são sempre convidados para falar nesses convescotes animados, onde as pessoas sensatas (como eu e você) já sabem perfeitamente o que eles vão dizer, de tão óbvio. Eles não são calhordas profissionais, pois não ganham a vida nessas masturbações militantes, são apenas os interventores úteis a convite, já que em geral são professores das universidades públicas e perpetram suas bobagens gratuitamente, apenas se contentando com os aplausos da galera embevecida. Exemplos típicos: Noam Chomsky e Boaventura de Souza Santos.
4) Empulhadores profissionais: São aqueles que têm perfeita consciência de que participam de uma mistificação, pois são pessoas viajadas, conhecem o capitalismo (onde vivem, obviamente) E o socialimo (já foram váraias vezes a Cuba, a convite, obviamente), e fazem isso com um zelo profissional que beira a calhordice. São militantes da causa, e vivem disso. Não creio que acreditem seriamente nas bobagens que propagam, dizem, escrevem, pois se isso ocorre, além de calhordas profissionais seriam idiotas mais que perfeitos. Eles sabem perfeitamente que Cuba é uma miséria material, humana e espiritual, e ainda assim se dão ao trabalho de defender um regime assassino e liberticida. É que os compromissos do passado e certas vantagens do presente os "obrigam" a fazer isso, do contrário cairiam no completo ostracismo e não teriam mais o que fazer, por falta completa de credibilidade. São dos seres mais abjetos que possam viver nas academias atualmente. Eu poderia dar vários exemplos, mas só vou uma abreviatura, pois quem conhece esses meios sabe de quem estou falando: ES.
5) Assassinos em potencial, fazendo de conta que são democratas: São aqueles que animam movimentos ditos sociais, por exemplo, em favor da reforma agrária, que nada mais é do que um pretexto. Dirigem grupos paramilitares, de cunho leninista ou neobolchevique, e acreditam (talvez por também serem idiotas terminais) que estão em Petrogrado em 1917, e esperam a sua oportunidade de "fazer a Revolução". São tipos perigosos, pois vivem do dinheiro da burguesia, das contribuições de todos esses movimentos ingênuos de europeus arrependidos (com a exploração passada), e do seu, do meu, do nosso dinheiro, que são os recursos públicos que eles "roubam" (sim ROUBAM) do Estado a pretexto de fazer obras no campo, educação de camponeses e coisas do gênero). Acho que não preciso citar nenhum nome de tão óbvio.
6) Oportunistas políticos: São todos aqueles políticos profissionais, ou militantes guindados em cargos públicos, que frequentem esses foros (que deveriam ser apenas da sociedade civil, mas que vão neles "a convite", de organizações que são as suas) para divulgar suas ações governamentais, para dizer que o governo está sim, preocupado com a "justiça social" e com a "equidade", que o governo quer sim "democratizar os meios de comunicação", que o governo quer sim tornar a globalização mais humana e fraterna, enfim, um monte de bobagens que eles fingem acreditar (e se acreditam são também idiotas), mas que servem para desculpá-los pelo fato do governo não ter ainda enterrado o capitalismo (imagina se eles vão matar a galinha dos ovos de ouro) e ter começado a construir aquele "outro mundo possível" que vários idiotas franceses antes deles se encarregaram de propagandear. São eles que financiam esse bando de surrealistas, idiotas, calhordas e outros representantes da espécie que se reunem com o seu, com o meu, com o nosso dinheiro para decidir absolutamente nada, apenas continuar o festival de ilusões.
OK, acho que já me expliquei e não chamei a todos de idiotas. Bem apenas quase todos...
Como sempre, vou ser condenado por dizer o que penso.
Sinto muito, folks, eu tenho um problema grave: não consigo deixar de dizer o que penso, quando vejo uma idiotice manifesta.
Sinto muito, tenho esse grave defeito.
Ainda bem que vivemos em democracia, pois num regime como os que vão ser homenageados pelos surrealista do FSM eu nunca conseguiria manter um blog como este...
Paulo Roberto de Almeida (24/01/2010)
PS.: Vejam o post seguinte...
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