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terça-feira, 27 de abril de 2010
2088) Diplomacia imodesta: como o Brasil ficou importante...
BBC Brasil, 20/04/2010 às 17h11m
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse nesta terça-feira que o Brasil deixou de lado o "complexo de vira-lata" no cenário internacional e que essa postura da diplomacia brasileira "gera ciúmes e inimigos".
Em discurso durante a formatura de novos diplomatas, no Itamaraty, o presidente fez um balanço de sua política externa e rebateu críticas recebidas ao longo de seu mandato.
"Eu disse uma dia ao Celso (Amorim): você precisa tomar muito cuidado, porque o Brasil está começando a ficar importante. E quando um país fica importante, começa a gerar ciúmes e começa a arrumar inimigos", disse o presidente.
"Aqueles que não foram capazes de fazer o que você está fazendo vão começar a ser contra. Até porque durante muito tempo nós fomos induzidos a um complexo de vira-lata. O importante era não ser ninguém", acrescentou Lula.
O presidente descreveu, como exemplo, sua primeira participação na reunião do G8, o grupo dos países desenvolvidos. Segundo ele, todos os líderes presentes se levantaram da cadeira quando o então presidente George W. Bush entrou na sala.
"Eu falei para o Celso: eu vou ficar sentado. Ninguém levantou quando eu cheguei", disse o presidente.
"Humildemente, o Bush nos cumprimentou e sentou conosco. Isso me marcou muito", acrescentou.
'Humildade'
Lula disse que sua política externa já foi alvo de "muitas críticas", sobretudo em função de sua aproximação com países com menos peso no cenário internacional, como os da África, e das concessões feitas aos países vizinhos.
"Todos vocês acompanharam como alguns queriam que eu partisse para a garganta do Evo Morales (presidente da Bolívia) e esganasse ele, quando ele disse que o gás era dele, e eu não fiz porque achei que o gás era dele mesmo", disse o presidente.
Segundo o presidente, a diplomacia brasileira deve continuar "generosa e humilde", mas que precisa também "defender seus interesses com orgulho".
As declarações de Lula coincidem com a publicação de um artigo pelo jornal britânico Financial Times sobre a política externa brasileira.
O texto afirma que o jeito "carinhoso" do Brasil é um obstáculo para que o país consiga um lugar entre as grandes potências no cenário internacional, inclusive ameaçando a conquista de uma vaga permanente no Conselho de Segurança da ONU.
2 comentários:
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Olá senhor Paulo Roberto de Almeida.Como estudante das Relações Internacionais sempre leio artigos, assisto reportagens com enfoque no âmbito político-econômico-militar-social externo, e embasado nesses gostaria de saber do senhor : Bom, é verdade que o Brasil está sendo olhado pela Comunidade Internacional como um país de grande importância estratégica a curto e longo prazo; Nos temas econômicos estão nos olhando com a ideia de que o País está experiente devido a atuação pré-crise, momento-crise, e pós-crise, soubemos lidar com ela com uma substancial maturidade que resultou a ser um dos primeiros países a sair do turbilhão da crise econômica mnundial; Copenhague não foi o que o mundo esperava, mas mostrou que os países estão preocupados com o futuro mundial, e que a consciência de fato chegou e com ela atrelada a concepção de que é preciso fazer mudança, e nessas(mudanças) não ficam de fora do cerne das questões os EUA, UE, BRIC entre outros.Isso mostra nossa importância no cenário mundial quando o assunto é estratégia global de futuro; Nós falamos com o Irã e também com os EUA, falamos com Israel e com a Síria, isso só é factível devido à nossa conduta diplomática baseada na diplomacia em seu significado(sem nehuma jactância ou veleidade, nas falas do Ministro Celso Amorim ao Porgrama Diplomacia-TV Senado apresentado pelo jornalista Chico Sant'anna) e sobre o Oriente Médio o Ministro acrescentou: "Em uma das últimas viagens que fiz ao Oriente Médio eu fui portador de uma mensagem do Presidente Bashar al Assad para o primeiro ministro Olmer -na época-, e pude mandar uma resposta.Ora não é que eu queira ser mensageiro entre eles, mas isso demosntra que há uma confiança, digamos, no papel que o Brasil pode representar.Eu tenho certeza que alguns interlocutores do Oriente Médio nos dizem coisas que eles não diriam pra outros.O Brasil não tem um passado colonial, não tem um interesse estratégico-militar na região..."
ResponderExcluirCom relação a fala do Ministro Celso Amorim, gostaria de saber o que realmente nós que interessamos pela área, que faremos parte oficialmente dela, dos diplomatas, dos professores e acadêmicos de Política externa, o que nós podemos esperar do Brasil num curto e a longo prazo levando em conta um asento permanete no Conselho de Segurança da ONU, do tema Oriente Médio, enfim, o que de fato o Brasil, tem, e pode contribuir no puzze internacional vingente?O que de substancialidade temos a oferecer? Agradeço desde já.Ellanan Peçanha da Silva.
Ellanan,
ResponderExcluirO Oriente Médio é um problema para os atores locais e para os grandes impérios há decadas, todos eles com conhecimento preciso das realidades locais e condicoes de exercer influencia ou pressoes para tentar uma solucao num sentido ou noutro. A despeito disso tudo, eles, ninguem consegue.
Nao seremos nos, com aquela conversa de que nao temos interesse estrategico, nao somos parte nos conflitos, somo afetos a paz e um exemplo de convivencia entre povos e religioes, que vamos resolver o problema com base em conversas genericas pedindo boa vontade e compreensao de todas as partes.
Pode-se sempre comecar pelo Hamas, pelo Hezbollah e pelo Iran, entre outros, sem contar os sirios, os isralenses, os jordanianos, os egipcios, o Fatah, a ANP, os americanos, os russos, os libaneses, whoever...
Voce pode sempre sugerir suas solucoes...
Paulo Roberto de Almeida