Temas de relações internacionais, de política externa e de diplomacia brasileira, com ênfase em políticas econômicas, em viagens, livros e cultura em geral. Um quilombo de resistência intelectual em defesa da racionalidade, da inteligência e das liberdades democráticas.
domingo, 5 de setembro de 2010
Será que estou ficando insensivel? Ou os outros sao ingenuos demais?
Sou eu que estou ficando mais exigente, ou são as pessoas que escrevem que estão ficando mais ingênuas?
Ou outra coisa que não vou dizer, pois existem muitos censores da minha linguagem neste blog e logo alguém vai escrever para dizer que eu empreguei linguagem inapropriada (existe essa expressão?) para designar os alvos (ou as vítimas) de minha impaciência (estou até contido, como vocês podem reparar).
Pois bem, vou logo transcrever (apenas o sumário) o que suscitou minha "impaciência", para vocês constatatem se eu estou ficando muito exigente, ou se as pessoas que escrevem estão de fato carecendo de um pouco mais de sentido da realidade...
1) No inferno do Atacama
Especialista em catástrofes, [XXXX, vamos deixar o entrevistado em paz] avalia drama de mineiros presos por desabamento em mina de cobre no deserto do Chile. E diz que catástrofes resultam do desrespeito à natureza. Por [XXXX, xxxx; não importa quem, onde...]
Será que esse "especialista em catástrofes" acha mesmo que os homens, que são apenas produtores de bens, com base em recursos naturais, vão parar de recolher minérios, ou qualquer outra coisa da natureza, apenas por "respeito" à dita cuja? Como é que os homens vão se aquecer, comer, se vestir, construir casas, melhorar seu padrão de vida?
Apenas e tão somente agredindo a natureza, desrespeitando-a, quase violando-a (ou o fazendo, literalmente)?
Vamos ser claros: não existe hipótese de se ter qualquer atividade humana, na face da Terra que não constitua uma agressão à natureza. Quem disser o contrário, está se auto-enganando ou se iludindo.
Mas, atenção, essa "agressão" não é feita apenas pelos homens. Com exceção dos minerais (que estão quietinhos na natureza, mas de vez em quando eles entram em erupção), e das plantas (mas algumas são carnívoras, outras venenosas ou tóxicas), TODOS OS ANIMAIS AGRIDEM A NATUREZA.
Claro, alguém sempre vai dizer que eles o fazem para sua sobrevivência, e o homem não, faz de malvado, por esporte, por lazer, por exagero consumista, sabe-se lá o que mais.
Eu vou parar por aqui e mandar quem pensa assim plantar batatinhas... (bem, não fui tão agressivo assim fui?).
2) Recado aos jovens futuros economistas e aos que desejam estudar economia
O mundo da Economia não pode ser reduzido à condição de mercado, nem de mercadoria. Antes, é fundamental ter ciência que existe algo de mais valioso: a vida humana. Por [Fulaninho e Sicraninho, mas deixemo-los em paz...]
Sinto muito, mas não consigo levar a sério alguém que, antes de qualquer outro argumento inteligente, começa por dizer: "sim, isso é importante, mas mais importante que tudo é a vida humana..."
Saperlipopete! Será que os que dizem isso acham que economistas, engenheiros, médicos, cientistas de laboratório (sim, eu sei, os mais atacados são, obviamente, os donos de laboratórios farmacêuticos, interessados apenas no lucro, ao passo que seus cientistas são até bonzinhos), enfim, quaisquer outras pessoas, esquecem que também são humanos?
Será que os economistas, em especial, são seres desumanos, perversos, interessados apenas na eficiência produtiva, totalmente desinteressados da vida humana?
Eu proponho que Fulaninho e Sicraninho não consumam nenhuma mercadoria, e que por respeito à vida humana elas produzam todos os seus alimentos, plantem fibras ou criem animais e fabriquem todas as suas roupas, elaborem seus próprios medicamentos, e sobretudo, sobretudo, se abstenham de irem aos mercados, tão desumanos...
Estou impaciente com o besteirol, como vocês viram.
Mas, pelo menos hoje não chamei ninguém de idiota...
Paulo Roberto de Almeida
9Shanghai, 5/09/2010)
6 comentários:
Comentários são sempre bem-vindos, desde que se refiram ao objeto mesmo da postagem, de preferência identificados. Propagandas ou mensagens agressivas serão sumariamente eliminadas. Outras questões podem ser encaminhadas através de meu site (www.pralmeida.org). Formule seus comentários em linguagem concisa, objetiva, em um Português aceitável para os padrões da língua coloquial.
A confirmação manual dos comentários é necessária, tendo em vista o grande número de junks e spams recebidos.
Professor,
ResponderExcluirHá até economista-chefe de grande banco multinacional que gosta de declarar coisas assim, com frases de efeito idiotas e "bunitinhas".
Se tiverem, essas frases, saído do departamente de MKT para seduzir os eco-chatos, até entendendo. Mas, parece ser convicção o que me impede de depositar num banco onde os diretores são idiotas.
Abs,
Qualquer argumento que eu colocasse a respeito da sua indignação, seria inútil, pois meu ponto de vista não seria respeitado, então não resta outra alternativa, a não ser "plantar batatinhas". Uma frase que talvez expresse a minha opinião com sua publicação seria "Não concordo com você, mas estou disposto a morrer pelo seu direito de se manifestar(Voltaire).
ResponderExcluirSeria essa tbm uma frase "Idiota" e "Bunitinha"?
Ana Paula
Não compreendo como você, Ana Paula, antecipa procedimentos, antes de mergulhar na substância.
ResponderExcluirPor que você não argumenta quanto ao objeto do post, em lugar de falar sobre atitudes.
Eu estava justamente criticando argumentos vazios.
Se você acha que eles representam alguma realidade, deveria argumentar em favor deles, em lugar de reclamar preventivamente.
Um blog é um espaço de discussão e de interação.
Cada um traz sua contribuição, de preferência quanto ao mérito da questão.
Paulo Roberto de Almeida
Caro Dr. Paulo
ResponderExcluirArgumentos a favor do Sr.XXXXX, Fulaninho, e Sicraninho, seriam em vão, afinal o Bolg já tem opinião formada sobre o Post, e dessa forma não levaria essa questão para um debate e sim para um monologo, e essa não é a intenção.
Em meu ponto de vista, não há diferença alguma entre argumentos vazios e críticas sem embasamento. Estamos em um ambiente democrático, onde todos nós temos o direito de expressar opiniões, corretas ou não, depende da sua interpretação, depende da sua forma de ver o mundo, mas o que NUNCA podemos deixar perder de vista é o respeito à opinião alheia.
Ana Paula
Eu tenho em mente o respeito a pessoa, não as suas opiniões que podem sim ser idiotas, num exercício de reductio ad aburdum (que quase nunca é recebido simpaticamente) eu pergunto é possível ter como não-idiotas idéias como as nazistas, por exemplo.
ResponderExcluirO respeito se estende a dar liberdade de opinião, não do conteúdo. Ou então estaremos fadados a nos calar.
Um adendo a frase de Voltaire defende a liberdade de expressão. E não é um chamado para que nos abstenhamos de discordar.
ResponderExcluirEu continuo achando francamente idiotas as declarações do executivo que citei. Agora que ele tem a prerrogativa de ser um idiota, ora isso ele tem.