Temas de relações internacionais, de política externa e de diplomacia brasileira, com ênfase em políticas econômicas, em viagens, livros e cultura em geral. Um quilombo de resistência intelectual em defesa da racionalidade, da inteligência e das liberdades democráticas.
terça-feira, 19 de outubro de 2010
Comparando dados de governos e desmantelando mistificacoes
Sequer vou me dar ao trabalho de refutar cada um dos dados pois se trata de uma fraude completa, em várias dimensões aliás.
Primeiro porque os dados não são, nunca foram da The Economist.
Em segundo lugar, porque os dados estão totalmente manipulados.
Em terceiro lugar porque a "metodologia" está completamente equivocada, mas na verdade não existe metodologia nenhuma, apenas uma assemblagem de dados feita de maneira pervertida, deformada e eu até diria criminosa, com a intenção deliberada de enganar, de mistificar, de mentir mesmo.
O que vou fazer? A mentira, congenital, irreprimível, incontida, disseminada, intensa e extensiva, faz parte do DNA de certas pessoas, integra o mau-caratismo e a desonestidade de fundamentalistas de certas causas dúbias.
Quem é capaz de mentir dessa forma, é capaz de cometer outros crimes também, como corrupção, roubo em larga escala, e outras perversões com o dinheiro público, como aliás estamos assistindo em escala estarrecedora.
Pois bem, escreve-me um correspondente, leitor deste blog:
Prezado Paulo Roberto de Almeida,
Como muitos já disseram exaustivamente, sou mais um grande fan do seu trabalho.
Gostaria de saber por que o senhor afirma que o site Governo Brasil Wiki utiliza-se de dados corretos e metodologias adequadas? COmo garantir que esse site não está a deturpar os dados como muitos da campanha petista?
...
Quanto as privatizações das Teles:
http://verbeat.org/blogs/sergioleo/2010/09/a-ideologia-e-a-privatizacao-das-teles.html#more
...
Se as privatizações das teles tivessem sido tão boas assim, por que ainda pagamos umas das mais altas taxas de telefonia celular móvel e de internet banda larga?
[Fim de transcrição]
Respondo, embora rapidamente.
O site BrasilWiki, objeto deste meu post:
Interrupcao eleitoral (11): comparando os governos Lula e FHC
limita-se, para cada rubrica relevante de indicadores setoriais de caráter macroeconômico, setorial, políticas sociais, etc., a remetar aos dados originais, indicando as fontes de onde foram extraídos os dados, que são todas estatísticas oficiais, dados governamentais, números públicos e livremente disponíveis.
Clicando em cada um dos links é possível remontar à origem dos dados, e portanto cada um pode fazer suas verificações pertinentes.
Como aliás deveria ser com qualquer trabalho cientificamente embasado, honesto intelectualmente e empiricamente sustentável.
Portanto, está respondida à primeira pergunta do leitor acima, e ele não precisa confiar em mim, nem no autor do BrasilWiki. Basta ir aos dados originais, e se quiser fazer suas contas quanto a ritmos e proporções de aumentos de um ano a outro.
Como já disse, a "comparação" efetuada pelos fundamentalistas irracionais de uma causa política é absurda ao mais alto grau: pretendem simplesmente ajuntar números de um governo e outro, como se isso representasse comparação, sem levar em conta contexto, momento histórico, evolução de políticas nacionais, conjuntura externa, impacto da demanda internacional, enfim, um conjunto de variáveis que qualquer economista aprendiz saberia isolar em exercícios de regressão.
Medir desempenhos relativos tem a ver com isso, em primeiro lugar: comparar dados comparáveis, não grandezas absolutas.
Como disse várias vezes, não tenho paciência com mistificações e com fraudes deliberadas. Aliás, tenho horror à desonestidade intelectual.
Vejamos agora o segundo problema, a tal privatização das teles, que o meu leitor, apoiado num jornalista, diz que não resolveu o problema dos preços.
De fato não, mas o jornalista se refere à competição, como se ela de fato existisse no Brasil.
O que existe no Brasil são carteis, três ou quatro grandes carteis que dividem o mercado nacional e se empenham em evitar a abertura total.
Ora, competição é competição, e cartel é cartel.
Ele se esquece, porém de citar o fator mais relevante: a tributação pesada do governo.
Sem ter feito absolutamente nada em favor da telefonia, o governo recolhe 40% em média de tudo o que pagamos para as concessionárias.
Recomendo que meu leitor olhe sua fatura de telefone (e de eletricidade também) da próxima vez que receber.
Paulo Roberto de Almeida
5 comentários:
Comentários são sempre bem-vindos, desde que se refiram ao objeto mesmo da postagem, de preferência identificados. Propagandas ou mensagens agressivas serão sumariamente eliminadas. Outras questões podem ser encaminhadas através de meu site (www.pralmeida.org). Formule seus comentários em linguagem concisa, objetiva, em um Português aceitável para os padrões da língua coloquial.
A confirmação manual dos comentários é necessária, tendo em vista o grande número de junks e spams recebidos.
sim sim.
ResponderExcluirNa conta da CEMIG(companhia elétrica de minas gerais) vem junto do valor da conta, o valor destinado a impostos
Minha conta por exemplo:
Base de Cáuculo: R$ 130,00
Alíquota ICMS (30%): R$ 39,00
Contribuição Custeio Iluminação Pública: R$ 11,93
Valor a pagar: R$141,93
Agradeço pela resposta.
ResponderExcluirConcordo que temos hoje em dia é um cartel ou "quadropólio" de empresas de telefonia celular. O mesmo vale para as empresas de banda larga?
Quanto a assertiva do blog já citado: Você considera ter sido um fator relevante o que ele falou: Que o boom dos telefones ocorreu na década de 90. Ou seria esse fator secundário?
Outra pergunta: Por que o governo não "abre" as pernas de vez? Digo, o mercado!
abs
André Rozenbaum
obs: Espero não estar te importunando.
Não consegui achar o seu último post sobre coats raciais. Queria ter postado uma coisinha que achei na net:
ResponderExcluir.
Eu não distingo cores, adoro o arco-íris.
Não sei o que é homem nem mulher, nem qual o sexo fraco... só conheço o Ser Humano.
Nunca vi brancos nem pretos, amarelos ou vermelhos... vejo outras culturas e outros povos.
Não acredito em heterossexualidade, bissexualidade e homossexualidade... acredito apenas na sexualidade.
Não sou Budista nem Cristão, nem tenho Alá no coração... mas tenho fé!
Nada é mais repugnante do que a maioria, pois ela compõe-se de uns poucos antecessores enérgicos; velhacos que se acomodam; de fracos, que se assimilam, e da massa que vai atrás de rastros, sem nem de longe saber o que quer.
"...Fizeram a gente acreditar que casamento é obrigatório e que desejos fora de hora devem ser reprimidos. Fizeram a gente acreditar que os bonitos e magros são mais amados, que os que transam pouco são caretas, que os que transam muito não são confiáveis, e que sempre haverá um chinelo velho para um pé torto. Só não disseram que existe muito mais cabeça torta do que pé torto. Fizeram a gente acreditar que só há uma fórmula de ser feliz, a mesma para todos, e os que escapam dela estão condenados à marginalidade. Não nos contaram que estas fórmulas dão errado, frustram as pessoas, são alienantes, e que podemos tentar outras alternativas. Ah, também não contaram que ninguém vai contar isso tudo pra gente. Cada um vai ter que descobrir sozinho. E aí, quando você estiver muito apaixonado por você mesmo, vai poder ser muito feliz e se apaixonar por alguém"
O quê você achou?
Professor,
ResponderExcluirse me permite, gostaria que o senhor lesse esta publicação (http://aterceiramargemdosena.opsblog.org/2010/10/12/para-voce-que-nao-votou-na-dilma/).
Ando meio perdida nesse mar de
argumentações a favor e contra àquilo que, ao meu ver é mais do mesmo, e mera disputa de ego.
Entendo o salto qualitativo no social, porém somente o fato de ter sido viabilizado por meio de políticas assistencialistas me deixa um tanto desconcertada.
Obviamente, por sabermos que,
estruturalmente, pouco mudou, pois a população não recebeu a educação necessária para oferecer mão-de-obra qualificada e, conseqüentemente, disputar de maneira justa os bons cargos do mercado de trabalho.
No entanto, saber que ao menos estas famílias todas podem comer e sobreviver, me faz parar e repensar tudo o que acredito, de fato, não sei se pelo sentimento errôneo de culpa de pertencer à classe média e ter tido as oportunidades que tive.
Enfim, um desabafo, talvez. Porém, o fato é que cada vez menos sei em que (ou quem) acreditar.
Não vejo necessidade em publicar este comentário. Quis somente trazer tal publicação para que o senhor pudesse ler e dar sua opinião (caso ache pertinente e sinta vontade para tanto), a qual, enquanto leitora assídua deste blog, muito me interessaria.
Abraço!
Luiza Nonato
Luiza Nonato,
ResponderExcluirGrato pelos comentarios e pela recomendacao de leitura, o que fiz.
Veja, existem dezenas de razões pelas quais as pessoas podem escolher ficar com um ou outro candidato.
Os dados da realidade podem ser apresentados de milhares de maneiras possíveis, para favorecer um ou outro.
Se quisermos resumir, teríamos isto.
Você pode atribuir todas as bondades à continuidade das políticas anteriores, ou mostrar que só foi possível graças a políticas implementadas agora, nos últimos oito anos.
Basicamente é isto.
Creio que existem ambas as coisas, portanto, e fica difícil separar objetivamente a parte de um e de outro.
Portanto, meu único critério, pessoal, por certo, seria este.
Eu fico com o menos pior.
E o menos pior, para mim, é o que se aproxima mais de meus critérios de apego à verdade, à honestidade, a uma certa ética na vida pessoal.
Com base nisso, eu julgo as pessoas e as políticas.
Você mesma pode decidir o que é bom para você e para o Brasil.
Paulo Roberto de Almeida