terça-feira, 26 de outubro de 2010

Nao sou a favor de candidatos; sou contra a mentira...

Vou postar, pela terceira vez creio, o link e a chamada para o manifesto em favor da democracia.
Gostaria de deixar muito claro que não expresso nenhuma preferência eleitoral e nenhum dos candidatos que sobraram -- enfim, apenas os dois da disputa presidencial -- receberia meu voto em circunstâncias normais, e contesto várias de suas posições econômicas ou políticas, mais de um lado do que de outro, é verdade. Sou reduzido a escolher o menos pior.
Mas o que não posso deixar de fazer é posicionar-me em relação a duas coisas: ataques à democracia e à liberdade de expressão, embutidos, se ouso dizer, no DNA de certos grupos políticos que são anacrônicos e obsoletos -- o que não os impede de conquistar e de exercer o poder, em função da mistificação propagandistisca e do baixo nível de educação política da maior parte da população -- e, por outro lado, todas essas manifestações mentirosas, descaradamente repetidas ao longo da campanha eleitoral, até com doses de vulgaridade e de violência verbal raramente vistas numa disputa desse tipo.
Apenas por isso -- mas já é muita coisa -- que decidi romper com um de meus princípios mais arraigados -- o de jamais assinar qualquer coisa desse gênero que eu mesmo não tenha negociado os termos -- e assinar e divulgar o

MANIFESTO EM DEFESA DA DEMOCRACIA

Acredito que a democracia está realmente em perigo e mais do que apoiar um candidato, o que estou fazendo é desapoiar um grupo, desautorizá-los em suas mensagens divisivas e confrontacionistas, fazendo a política do "nós" e "eles", dos "ricos" contra os "pobres", do "povo" contra as "elites", enfim, essa fragmentação política que reputo nociva para o Brasil.
Infelizmente, todas as mentalidades autoritárias têm essa necessidade de dividir a população, de jogar com os sentimentos de miséria e injustiça que certamente existem no seio da população mais humilde. Repudio esse tipo de atitude demagógica e divisiva. Sou pelo fortalecimento da democracia em bases representativas, não pela manipulação de grupelhos de militantes fundamentalistas sobre as instituições públicas.
Estas são as razões que me levaram a assinar o

MANIFESTO EM DEFESA DA DEMOCRACIA

Paulo Roberto de Almeida

Já somos 101 mil brasileiros unidos em defesa da Democracia, da liberdade de expressão, da verdade e da vida. Contra a corrupção, o uso de ardis para enganar a população, abuso do poder político, economico e da maquina publica. A postura inaceitável do chefe de estado em favor de um grupo.

Continuemos todos mobilizados. Divulgue a seus amigos o site www.defesadademocracia.com.br para mais assinaturas e para que conheçam depoimentos, notícias, artigos que evidenciam que nesta eleição só temos uma opção verdadeira e segura em favor dos valores da democracia.

Não deixe que as pesquisas decidam por você. Não deixe de convencer seus amigos e parentes do melhor caminho para o Brasil.

MANIFESTO EM DEFESA DA DEMOCRACIA

Por um Brasil de Verdades.

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Reproduzo aqui o teor do Manifesto:

Manifesto em Defesa da Democracia

Numa democracia, nenhum dos Poderes é soberano. Soberana é a Constituição, pois é ela quem dá corpo e alma à soberania do povo.

Acima dos políticos estão as instituições, pilares do regime democrático. Hoje, no Brasil, inconformados com a democracia representativa se organizam no governo para solapar o regime democrático.

É intolerável assistir ao uso de órgãos do Estado como extensão de um partido político, máquina de violação de sigilos e de agressão a direitos individuais.

É inaceitável que militantes partidários tenham convertido órgãos da administração direta, empresas estatais e fundos de pensão em centros de produção de dossiês contra adversários políticos.

É lamentável que o Presidente esconda no governo que vemos o governo que não vemos, no qual as relações de compadrio e da fisiologia, quando não escandalosamente familiares, arbitram os altos interesses do país, negando-se a qualquer controle.

É inconcebível que uma das mais importantes democracias do mundo seja assombrada por uma forma de autoritarismo hipócrita, que, na certeza da impunidade, já não se preocupa mais em valorizar a honestidade.

É constrangedor que o Presidente não entenda que o seu cargo deve ser exercido em sua plenitude nas vinte e quatro horas do dia. Não há “depois do expediente” para um Chefe de Estado. É constrangedor também que ele não tenha a compostura de separar o homem de Estado do homem de partido, pondo-se a aviltar os seus adversários políticos com linguagem inaceitável, incompatível com o decoro do cargo, numa manifestação escancarada de abuso de poder político e de uso da máquina oficial em favor de uma candidatura. Ele não vê no “outro” um adversário que deve ser vencido segundo regras, mas um inimigo que tem de ser eliminado.

É aviltante que o governo estimule e financie a ação de grupos que pedem abertamente restrições à liberdade de imprensa, propondo mecanismos autoritários de submissão de jornalistas e de empresas de comunicação às determinações de um partido político e de seus interesses.

É repugnante que essa mesma máquina oficial de publicidade tenha sido mobilizada para reescrever a História, procurando desmerecer o trabalho de brasileiros e brasileiras que construíram as bases da estabilidade econômica e política, que tantos benefícios trouxeram ao nosso povo.

É um insulto à República que o Poder Legislativo seja tratado como mera extensão do Executivo, explicitando o intento de encabrestar o Senado. É deplorável que o mesmo Presidente lamente publicamente o fato de ter de se submeter às decisões do Poder Judiciário.

Cumpre-nos, pois, combater essa visão regressiva do processo político, que supõe que o poder conquistado nas urnas ou a popularidade de um líder lhe conferem licença para ignorar a Constituição e as leis. Propomos uma firme mobilização em favor de sua preservação, repudiando a ação daqueles que hoje usam de subterfúgios para solapá-las. É preciso brecar essa marcha para o autoritarismo.

Brasileiros erguem sua voz em defesa da Constituição, das instituições e da legalidade.

Não precisamos de soberanos com pretensões paternas, mas de democratas convictos.

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