Por falar em ajuste fiscal, a Irlanda apresenta o seu, como abaixo explicitado. Devemos lembrar que 6 bilhoes de euros é um bocado de dinheiro para uma economia relativamente pequena como a da Irlanda.
Isso foi feito à custa de cortes em despesas sociais, funcionários públicos e outros encargos e transferências do governo central. Em matéria de apertar os cintos, não se pode dizer que os irlandeses não estejam fazendo a sua parte. Mesmo se as perspectivas de crescimento possam ser menores do que o projetado pelo governo irlandês, a vontade de cortar está claramente expressa no novo orçamento.
Enquanto isso, por aqui, temos discursos patéticos do Ministro da Fazenda -- segundo o qual, os cortes atuais são "diferentes" dos cortes do passado, da era "neoliberal" -- e do proprio presidente "sainte", que desautoriza seu ministro da Fazenda e diz que não haverá corte nenhum. No meio o ministro do Planejamento, que já está programando os cortes para 2011.
Então ficamos assim: até 31.12.2010, pode-se gastar à vontade; a partir de 01.01.2011, vamos fazer economia.
Confortável saber que vivemos com governos esquizofrênicos, ou dotados de transtorno bipolar...
Em todo caso, recomendo dois posts do economista Mansueto Almeida sobre a questão:
- O Novo Ajuste Fiscal de 2011: É possível? (06/12/2010)
- A Difícil Tarefa de Cortar o Custeio (07/12/2010)
Divirtam-se (ou agustiem-se...)
Paulo Roberto de Almeida
Irlanda apresenta Orçamento recorde de austeridade
Governo irlandês visa € 6 bilhões em cortes de gastos e aumento de impostos
Reuters, 08 de dezembro de 2010 | 7h 46
DUBLIN - O governo da Irlanda detalhou na terça-feira o Orçamento mais rigoroso já feito no país, visando 6 bilhões de euros em cortes de gastos e aumento de impostos.
A aprovação das medidas era crucial para evitar o aprofundamento da crise e ativar o fundo de resgate da União Europeia e do Fundo Monetário Internacional (FMI).
Em discurso ao Parlamento, o ministro das Finanças irlandês, Brian Lenihan, delineou medidas de austeridade para 2011, incluindo cortes a benefícios para crianças e aposentadorias do setor público, mas manteve previsões de crescimento que economistas - e até a Comissão Europeia - consideram muito otimistas.
O Parlamento aprovou o Orçamento na primeira de uma série de votações na noite de terça-feira, sugerindo que uma parte suficiente do Orçamento será aprovada para ativar o resgate ao país. (Padraic Halpin e Carmel Crimmins)
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