Temas de relações internacionais, de política externa e de diplomacia brasileira, com ênfase em políticas econômicas, em viagens, livros e cultura em geral. Um quilombo de resistência intelectual em defesa da racionalidade, da inteligência e das liberdades democráticas.
sábado, 8 de janeiro de 2011
Diplomacia: dicas para o concurso de entrada?; apenas estudar...
Outros pedem apenas algumas "dicas" para estudar, talvez a indicação de eventuais "caminhos fáceis" para passar no concurso. Bem, sinto decepcionar uns e outros, mas não existem "dicas simples", ou receitas milagres para passar no concurso.
Primeiro de tudo, porém, tenho de desculpar-me com quem me escreve nesse sentido, como o correspondente abaixo (cuja mensagem transcrevo mas sem os dados identificadores), e tantos outros que pedem contato através de Facebool, Linkedin e diversos outras ferramentas de conexão e interação individual. Confesso que não consigo acompanhar tudo isso, e por isso não utilizo esses instrumentos (a despeito de me ter inscrito em vários deles, sob demanda de correspondentes amigos). Simplesmente não tenho tempo, ou disposição pessoal para esse tipo de interação. Se eu tivesse tempo, estaria lendo mais dois ou três livros, em lugar de ficar clicando na internet o tempo todo. Por outro lado, por timidez e discrição pessoal, prefiro não participar de exercícios de exibicionismo público. Por isso me desculpo com quem me escreve ou envia mensagens solicitando contato e "linkagem", mas vou ficar de fora disso tudo...
Voltemos, porém, ao que interessa.
Muitas pessoas que me escrevem, o fazem num primeiro impulso, e se esquecem de, primeiro, fazer o mínimo: consultar a página oficial da "Santa Casa", ou melhor, do Instituto Rio Branco, para saber das últimas novidades em matéria de concurso e guias de estudos. Todo ano tem novidade, como para confirmar que a "continuidade na mudança" (ou a "mudança na continuidade", seja lá como for) não é apenas um slogan, mas uma infelicidade anual para os concursandos...
Como segunda providência, em lugar de me escrever perguntando isso ou aquilo, os interessados na carreira podem consultar meus blogs e site para ver o que já escrevi sobre o assunto, sobre a carreira e sobre as famosas "dicas" (que não são receitas, apenas uma orientação geral sobre o assunto) que permitirão sucesso e felicidade a todos e a cada um (hope so...).
Meu blog é este aqui (mas tive outros, em encarnações precedentes, quando eu era Sócrates, assim como algumas candidatas eram Cleópatras ou Nefertites), mas existiram anteriores, embora eu talvez tenha unificado as "dicas" de estudo e carreira em novos posts unificadores, que podem ser localizados usando os instrumentos de busca à disposição.
Quanto ao site, dou o link direto para a seção pertinente (http://www.pralmeida.org/04Temas/04AcademiaDiplom/02DiplomaciaGeral.html), mas pode ser que alguns links não estejam funcionando, devido à famosa teoria conspiratória da história que faz com que seres perversos baguncem os links quando estamos distraídos.
Dito isto, o que eu poderia recomendar ao aspirante abaixo [in fine] que idealiza eventual via ideal para os estudos ("lgumas preciosas dicas"), o que poderá talvez poupar tempo e esforço.
Existe, sim, mas acredito que os candidatos devem determinar seu caminho específico.
Todos sabem que o Guia de Estudos estabelece uma lista insana, quilométrica, de leituras para o concurso de entrada (o que talvez seja deliberado, para já induzir à desistência antecipada os concurseiros profissionais, os erráticos do serviço público).
Já me pediram para fazer uma lista reduzida ao essencial, o que prometi fazer, mas ainda não tive tempo, ou capacidade, de fazer.
Aliás, já fiz, mas se referia a um Guia de 2005 ou 2006, e já deve estar defasada, pois todo ano acrescentam mais dez ou 15 livros na lista. Em todo caso, deve estar no mesmo link do meu site indicado acima. Vou tentar fazer uma nova, mas ao risco e perigo dos concurseiros, ou candidatos sérios, pois não tenho competência para todas as disciplinas.
Não existem a propriamente dizer receitas-milagre para um dos concursos mais difíceis do serviço público brasileiro, e minha própria experiência não serve para muita coisa. Passei na primeira tentativa, sem quase estudar, mas isso porque eu sou, ou era, um rato de biblioteca desde a mais tenra idade, como reza a frase usada e abusada. Não posso recomendar a mesma via para quem chega aos 23 anos e passou a juventude na folia, em lugar de se recolher em lugares recatadas como as bibliotecas universitárias (suponho, pelo menos).
Na verdade, como já escrevi alhures (uma palavra antiga, reconheço), o concurso do Itamaraty não é uma corrida de cem metros, nem uma maratona, mas sim um aprendizado de longo curso, uma lenta acumulação de conhecimentos que dificilmente um cursinho prepartório de seis meses pode substituir, menos ainda leituras rápidas, em diagonal, como essas revisões de última hora antes da prova na Faculdade.
Vejamos, pois, o que me escreveram ainda hoje (ou ontem):
Subject: Concurso IRBr
Olá caríssimo Paulo Roberto de Almeida,
Meu nome é Gxxxxxx, tenho 23 anos, e meu sonho é ingressar na carreira diplomática.
Terminei o curso de Relações Internacionais pela XXXX no início de 2010 e passei este ano estudando para o concurso.
Mas, em dezembro do mesmo ano, fui aprovada para um mestrado, também em Relações Internacionais, na XXXX.
Conforme considerei uma boa oportunidade de ampliar meus conhecimentos, irei iniciar este mestrado agora no ano de 2011.
Mas escrevo para pedir conselhos para que eu não perca o foco do meu objetivo ( o Itamaraty) durante os anos de mestrado.
Se o senhor puder me ajudar com algumas preciosas dicas, ficarei muito grata.
Peço desculpas pelo incômodo, sei que o senhor é muito cheio de afazeres.
Enfim, desde já agradeço a disponibilidade e solicitude.
Um ótimo 2011 para o senhor e a família!
Cordialmente,
Gxxxxxxx Gxxxxx Axxxxxxx
Nesse caso, eu diria o seguinte: faça o Mestrado, dedicando o melhor do seu tempo às disciplinas e trabalhos que possuam a maior interface com o concurso do Itamaraty. Você não pode esperar, em vista da dureza do concurso, passar logo da primeira vez, embora existam casos assim, reconheço, mas essas pessoas não precisam dos meus conselhos.
Quanto às outras disciplinas, faça o que for necessário, ou justo exigido, para "passar", e se dedique com afinco à leitura sistemática dos livro recomendados ou obrigatórios.
Quanto a saber por onde começar ou quais livros ler, isso depende de cada um.
Uma pessoa que chegou ao final de sua graduação, ou está próxima de fazê-lo, deve saber identificar quais são suas lacunas, debilidades, insuficiências, suas fraquezas e também "fortalezas", ou seja, deve poder classificar os pontos que pode dedicar a leituras apenas complementares, daqueles, absolutamente essenciais, a que se deve dedicar com afinco para aperfeiçoar sua formação, ou simplesmente completá-la, em face da geral mediocridade dos estudos de graduação no Brasil e da ruindade de certos cursos em particular (inclusive em RI, onde o amadorismo docente predomina em grande medida).
É preciso saber organizar-se, deixar as festinhas de fim de semana, o barzinho de fim de noite e andar sempre com um livro na bolsa ou na pasta: nada que um programa sistemático de leituras e anotações não resolva, mas é preciso ter disciplina.
Vou procurar atualizar minhas dicas, também em função de novas orientações que possam surgir para o concurso. Afinal de contas, depois de oito anos de diplomacia ativa e altiva, pode ser que os novos responsáveis queiram voltar a padrões mais "normais" de seleção do que aqueles que caracterizaram nosso soberanismo retórico dos últimos tempos. Pode ser que não confundam mais questões de história com discursos oficialescos na última reunião ministerial de algum dinossauro multilateral. Pode ser que diminua o grau de arbítrio e de subjetivismo nas perguntas, confesso sinceramente que não sei.
O que eu sei é que os candidatos precisam se preparar muito bem, pois aparentemente o concurso para a diplomacia, enquanto não introduzirem cotas para isso ou aquilo, ainda é uma seleção baseada no conhecimento aprofundado das disciplinas fundamentais da carreira, que continua a ser baseada exclusivamente (ou essencialmente) no mérito.
Boa sorte a todos os candidatos, são os meus votos sinceros, sem deixar porém de fazer esta última recomendação: abandonem essa preguiça inata, e entreguem-se totalmente aos livros. Internet também ajuda, mas o básico ainda se encontra nos bons livros (que não são necessariamente todos aqueles que figuram nos programas...).
Cordialmente,
Paulo Roberto de Almeida
7 comentários:
Comentários são sempre bem-vindos, desde que se refiram ao objeto mesmo da postagem, de preferência identificados. Propagandas ou mensagens agressivas serão sumariamente eliminadas. Outras questões podem ser encaminhadas através de meu site (www.pralmeida.org). Formule seus comentários em linguagem concisa, objetiva, em um Português aceitável para os padrões da língua coloquial.
A confirmação manual dos comentários é necessária, tendo em vista o grande número de junks e spams recebidos.
Prezado Paulo Roberto,
ResponderExcluirminha formção é em filosofia e eu não me sinto muito seguro em cravar tal ou tal obra de economia (bem como direito e geografia)como fundamental para a preparação para o concurso. Mas pelo amplo uso que se faz de "Princípios de economia" de Gregory Mankiw em universidades, achei que se tratava de um livro particularmente bom, talvez incontornável para a preparação.
Entretanto, ele não está no teu resumo de bibliografia, o que me leva a perguntar se você tem alguma séria restrição à obra, se se trata de preferêcias tuas, ou se, para estratégias de estudo, ela não é a mais "eficiente".
Mais uma vez (esta não é a primeira vez que te escrevo) grato
Thiago Dias (thdiass@yahoo.com.br)
Thiago,
ResponderExcluirMinha lista foi feita muitos anos atras, e apenas num sentido de RESUMIR a lista de leituras recomendadas pelo Rio Branco, não no de SUBSTITUIR livros. Talvez devesse fazê-lo, mas o problema é que os professores que são chamados a fazer as questões devem se basear nos livros recomendados para formulá-las e não em outros.
Deve-se considerar, também, o perfil extremamente "samuelístico" -- do ex-SG-MRE, Samuel Pinheiro Guimarães - dessa bibliografia, com todas as obsessões e paranóias dele, e sua excepcional concepção conspiratória da História...
Bem, vou ter de retrabalhar "minha" bibliogafia, mas certamente eu recomendaria o manual do Mankiw, um economista muito competente e usado em todas as faculdades de economia, como era o Samuelson, alguns anos atrás.
Paulo Roberto de Almeida
Paulo,
ResponderExcluirmuito obrigado pela atenção. Eu percebera que se tratava de um resumo. Resolvi perguntar para que a obra fosse "autorizada".
Abraço
Thiago Dias
Paulo,
ResponderExcluirmuito obrigado pela atenção. Eu percebera que se tratava de um resumo. Resolvi perguntar para que a obra fosse "autorizada".
Abraço
Thiago Dias
Obrigada pelas dicas Paulo.
ResponderExcluirNos encontraremos no Itamaraty. Angela Maria Machado
Em 2014?
ResponderExcluirBoa sorte Angela, e bons estudos.
PRA
Este comentário foi removido pelo autor.
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