Certos jornais são feitos para serem sérios, para lutar contra a "mídia golpista", para veicular posições alternativas, ou seja, para combater "pensamento único" (obviamente neoliberal até a medula), para defender as ideias do socialismo redivivo num mundo que, torce e retorce, acaba virando irremediavelmente capitalista. E se não bastasse, ainda vêm esses deserdados árabes do Terceiro Mundo, que só precisavam ser antissionistas e anti-imperialistas e resolvem também ser anti-autocracias e a favor da democracia burguesa e dos direitos humanos, tout court.
Vai daí que de vez em quando alguns desses veículos da esquerda dinossáurica, que deveriam ser sérios, se tornam involuntariamente hilariantes. Sinto muito, com perdão dos redatores do Diplô -- nome simpático esse, até eu me encantei -- mas não pude evitar um acesso de riso ao ler não mais do que as manchetes do número em curso.
Estou absolutamente certo que quando abrir para ler as matérias, vou rir às bandeiras despregadas, como se dizia antigamente...
Vejam as manchetes; eu acrescento os comentários maldosos, entre colchetes: [xxx]
bibliotecadiplô e OUTRASPALAVRAS
Boletim de atualização de Outras Palavras e Biblioteca Diplô - Nº 30 - 28/2/2011
Cuba revê sua relação com a internet
Chegada de cabos óticos (foto) permitirá oferecer, em teoria, banda larga para todos. Mas qual será a política para o uso da rede? Por Leonardo Padura Fuentes
[PRA: Como assim? Cuba vai sentar com Madame internet e ver como será daqui prá frente? Vai distribuir banda larga no boleto de racionamento? Se for como na cartelita, deve dar para 12 dias por mês, no máximo, depois cada um deve comprar o resto no mercado negro...]
Retrocesso econômico: o ministro que se deve ouvir
Entrevista com Guido Mantega não esclarece motivo para aumento dos juros e cortes no Orçamento. Recomenda-se, para tanto, ouvir um ministro mais poderoso
[PRA: Que incompetente esse ministro da Fazenda; melhor falar com o seu antecessor, muito mais poderosos, para ver se ele tem alguma ideia mais palatável, do que ficar sempre aumentando juros e cortando o orçamento. Isso não é coisa que se faça. Aposto como o anterior, que justamente ordenou todas essas despesas orçamentárias, era incapaz de cometer esses gestos crueis com a economia popular...]
Previdência: as duas primeiras contribuições
Leitores atendem a chamado e apresentam alternativas à contra-reforma que a mídia julga necessária
[PRA: Essa mídia golpista! Sempre inventando um déficit da Previdência... Malhor falar com os futuros aposentados, ou aposentandos, diria alguém: eles não têm nenhum interesse em fazer uma contra-reforma, e sim em ter uma Previdência saudável, cheia de recursos, assim como ela é hoje. Outra Previdência é possível...]
Ainda estou rindo, desculpem. Agora vou abrir o meu "Diplô"...
Paulo Roberto de Almeida
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