Lei de Darwin, talvez, mas a seleção natural nem sempre leva aos melhores resultados. Neste caso específico, se deve inteiramente à vontade dos novos responsáveis políticos, talvez até por incômodo com as posições vergonhosas e eticamente insustentáveis exibidas na administração anterior, que tinha um gosto especial por ditaduras e autocracias, de fato com gente da pior espécie em matéria de direitos humanos. Pelo menos nos livramos dessa situação deplorável.
Agora resta ver até onde vai levar a seleção darwiniana-diplomática...
Paulo Roberto de Almeida
Votação sobre Irã é 1º teste de Dilma na ONU
Por Jamil Chade
Estado de S.Paulo, 27/02/2011
A Organização das Nações Unidas (ONU) realiza amanhã em Genebra sua sessão mais importante de direitos humanos no ano, com a situação na Líbia, Oriente Médio e Irã na mesa de discussão. A expectativa é ver como a diplomacia brasileira vai se posicionar e qual será a mensagem que Dilma Rousseff enviará à comunidade internacional.
O Brasil será representado pela ministra Maria do Rosário, da Secretaria de Direitos Humanos, escalada para apresentar pela primeira vez no novo governo a visão do Palácio do Planalto na ONU. A ministra discursará no Segmento de Alto Nível do Conselho. O encontro com a cúpula da ONU terá a presença da secretária de Estado norte-americana Hillary Clinton, da chefe da diplomacia da Europa, Catherine Ashton, e de ministros do Irã, Venezuela, China e Rússia.
Votação. O mais importante teste virá com a votação de um projeto sobre os direitos humanos no Irã. “Ainda que nos anos mais recentes o Brasil tenha apresentado justificativas de voto em que ressalta sua preocupação com situações específicas, isso não substitui um voto condenatório”, disse Iradj Roberto Eghrari, representante da Comunidade Bahá”í do Brasil. “Se Dilma de fato mudar o voto brasileiro, o País voltará à posição que defendia de 1996 a 1999, quando votava de maneira coerente com os valores e princípios da sociedade brasileira.”
Ao Estado, o embaixador da França na ONU, Jean Baptiste Mattei, afirmou que já vê mudança no comportamento do Brasil. “Parece que estão evoluindo”, disse, desculpando-se em seguida pelo uso da palavra. “Não quero dizer que não estavam evoluídos. Apenas que agora parece haver maior cooperação.” Um negociador britânico revelou a “satisfação” da Europa em ver o Brasil adotando posições mais próximas às democracias ocidentais. “Essa é uma grande notícia.”
“Estamos finalmente acordando”, ironizou Julie de Rivero, da Human Rights Watch. Peter Spindler, da Anistia Internacional, destacou a posição positiva do Brasil em se aliar ao grupo de democracias ocidentais e pedir uma reunião de emergência para lidar com a Líbia, na sexta-feira.
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