domingo, 15 de maio de 2011

Nem as "classes populares" aguentam a escola publica

Para quem acha que a solução é a escola pública, vale a leitura desta materia.
A solução SERIA a escola pública, desde que de qualidade.
Como continua a piorar, até os "pobres" (ou a nova classe média) vai para a solução privada...
Paulo Roberto de Almeida

Emergentes, famílias das classes D e E investem em escola particular
Ocimara Balmant
O Estado de S.Paulo, 5 de maio de 2011

Com mensalidades mais baixas que um curso de inglês em uma escola de classe média paulistana, colégios atraem pais que buscam segurança e um ensino melhor que o da rede pública; há instituições que adotam material apostilado de sistemas tradicionais

Longe da rede pública. Gecielle Santos, de 6 anos, aluna do 1º ano do ensino fundamental, observa parquinho da Escola Oliveira Ferreira, em Perus
No sobrado alugado, a aula de jazz acontece na garagem. A quadra foi construída no quintal, onde ficavam os pés de frutas. Nos quartos, uns maiores e outros bem pequenos, funcionam as salas de aula. Essa é a escola Oliveira Ferreira, em Perus, a 30 quilômetros do centro de São Paulo.

A mensalidade do 1.º ano do ensino fundamental custa R$ 190, mais baixa do que um curso de inglês em um bairro paulistano de classe média, mas do tamanho que cabe no bolso dos moradores da região. Uma clientela que inclui filhos de faxineiras e frentistas.

Depois da ascensão da classe C, é a vez da D investir na escola particular. Pesquisa recente do Ibope Inteligência mostra que as classes D e E representam hoje 1,6% nas estatísticas de gastos com educação no País. Uma outra tabulação, do Instituto Data Popular, especializado em baixa renda, mostra que 21% dos estudantes dos ensinos fundamental e médio da rede privada pertencem às classes D e E.

É o caso de Gecielle Santos, de 6 anos, aluna do 1.º ano. Filha de empregada doméstica e coletor de lixo, é a primeira da família a estudar em uma escola paga (veja depoimento nesta página).

"A média de preços na periferia é de R$ 300. Esse novo público mora na periferia da periferia e começa a ter a educação como o grande sonho de consumo", explica Benjamin Ribeiro da Silva, presidente do Sindicato dos Estabelecimentos de Ensino no Estado de São Paulo (Sieeesp). Ele estima que a taxa de inadimplência é a mesma de bairros ricos: 7%.

O esforço financeiro obedece a diversas razões: a preocupação com a segurança, a ideia de que o ensino será melhor e, em alguns casos, a falta de vagas em escolas públicas. "A questão da segurança é a principal. O pai pensa: "Lá meu filho não vai sofrer esse tal de bullying, não vai usar drogas"", diz Renato Meirelles, diretor do Data Popular. "Quanto ao ensino, mesmo com dificuldade de avaliar se é bom ou ruim, os pais acreditam que é melhor."

Uma volta pela cidade confirma a demanda. Assim como em Perus, escolas de bairros da extrema zona sul, como Valo Velho, e da zona leste, como São Mateus, funcionam no mesmo modelo: com mensalidades menores que R$ 200, instaladas em prédios improvisados e crescendo conforme os alunos são promovidos de série. A escola de Perus, por exemplo, oferece até o 6.º ano. Em 2012 vai oferecer o 7.º, para não perder os alunos.

Nesses colégios, o salário dos professores é padrão. Paga-se o piso da categoria: R$ 845 por meio período. "Tenho professores formados, mas também dou oportunidade para quem tem o magistério e está na faculdade", diz Lidiane Gonçalves Candeias, diretora e proprietária da Escola Crescer, que fica no Valo Velho.

Apostilas. No colégio, que tem 160 alunos, a mensalidade do 1.º ano custa R$ 158 e a diretora se orgulha de poder usar o material do Sistema Objetivo. Na primeira tentativa, assim que adquiriu o colégio, em 2007, Lidiane não conseguiu o credenciamento por problemas de estrutura. Após algumas reformas, veio o aval: "Aqui, nos Jardins ou em Alphaville, é tudo a mesma coisa. Temos o mesmo material e os professores recebem o mesmo treinamento do sistema".

No prédio alugado, de três pavimentos de escadaria, Lidiane tem feito melhorias pontuais: instalou câmeras em todas as salas de aula e, em breve, vai inaugurar a brinquedoteca e a cantina. "Mesmo sabendo que o filho está seguro dentro dos nossos portões, o pai quer acompanhar. Muitos não têm internet em casa, mas veem o filho pelo computador do trabalho."

Concorrência. Além do olhar para dentro das grades bem trancadas, os donos precisam estar atentos à vizinhança. "A concorrência é cruel. Pegam meu aluno na rua, perguntam quanto ele paga e oferecem mensalidade menor. Até professores e funcionários são aliciados", diz Lidiane.

É a mesma preocupação que acomete André de Araújo Mendes, coordenador da colégio Limiar, na região de São Mateus, zona leste. A escola existe há 16 anos e tem visto a concorrência crescer. Com espaço para 130 alunos, está com 80 neste ano. Resultado da formatura dos estudantes do 9.º ano e da vizinhança esperta. "Nosso prédio não impressiona. Há pais que veem outro, com a fachada mais bonita, e acaba escolhendo."

Como é difícil baratear ainda mais a mensalidade (R$ 180 para o 1.º ano do fundamental), a escola quer trocar o material do sistema Universitário por um próprio. "Não temos margem nenhuma na mensalidade. Então, tentaremos diminuir o preço do material didático para não perder alunos e conquistar outros."

2 comentários:

  1. E ai virá a "especialista" dizer que é tudo culpa da mercantilização do ensino.

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  2. Thiago Silva16/05/2011, 21:39

    Sou a favor da "Livre Escolha" defendida por Milton Friedman:
    http://www.youtube.com/watch?v=JP-6FCKhh00

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