sábado, 10 de setembro de 2011

Como NAO se deve fazer a prova do Rio Branco (ou escrever a Historia)...

Algum tempo atrás, ao ser "apresentado" às -- enfim, considerem "tomar conhecimento" das --  provas deste ano da graça de 2011 do Instituto Rio Branco -- que na verdade não tem muita culpa no "negócio", pois as provas são geralmente feitas pelo CESPE, ou seja professores da UnB -- eu escrevi um pequeno post com este título (e o link vai junto):



SEXTA-FEIRA, 8 DE JULHO DE 2011


Após breves considerações sobre o autor da frase -- o alemão Von Martius -- eu transcrevia algumas questões das provas deste ano como exemplos do título, ou seja, de como NÃO se deve fazer provas do Rio Branco.
Enfim, tenho minhas muitas críticas aos professores da UnB e seus famosos livros -- que evito de veicular em público para não causar constrangimentos em nenhuma das partes -- e tenho também muitas outras críticas às provas do Rio Branco -- que evito... etc., etc., etc... -- mas, de vez em quando sou consultado por alunos, candidatos, aspirantes, curiosos em geral, sobre a natureza das minhas críticas, o que geralmente vem associado a pedidos de "dicas" ou recomendações de estudo para essas provas.
Assim, por exemplo, recebi a seguinte mensagem de um "interessado":


Impressão minha ou algumas questões nao dão espaço para o sujeito dissertar contrariamente as posições tomadas pelo itamaraty?
Ex: questao 2 de politica internacional.



Evito comentar  ou de fazer esse tipo de "coisa" -- ou seja, recomendações do que eu mesmo consideraria mais "correto", ou mais apropriado --, pois acho que faria mais mal do que bem aos candidatos em geral. Como não sou eu quem formulo questões, como não dou aulas no Rio Branco, nem na UnB, aliás, como não vou ser convidado para qualquer dessas coisas justamente porque minhas posições e opiniões não estão conformes ao "canon" oficial, digamos assim, não adianta nada eu levantar problemas onde isso só representaria problemas, justamente, e não soluções para os que buscam, por vezes desesperadamente, soluções aos seus problemas.
Ou seja, os candidatos se deparam com questões "debilóides", politicamente enviesadas, ou torcidas para a única posição possível -- a oficial, obviamente -- o que mais uma vez confirma que, em determinadas circunstâncias, a versão é mais importante do que o fato.
Por exemplo, se você se depara com uma questão sobre a "relação estratégica Brasil-Argentina", ou sobre "a importância do Mercosul" na, e para a, política externa do Basil, o que é que você vai fazer? Vai contestar a versão oficial, apontando problemas e incongruências, ressaltando os percalços e as ilusões?
Acho que é uma dead issue, e portanto prefiro ficar quieto.
Vou continuar escrevendo meus trabalhos e livros, respondendo em toda honestidade intelectual, apenas ao que coleto e seleciono em minhas leituras, pesquisas históricas, reflexões comparativas, dados empíricos, etc. Como sempre fiz, aliás.
Deixo a ideologia de lado, ou talvez eu tenha as minhas próprias ideologias, mas não pretendo confrontar instituições "respeitáveis", como podem ser o CESPE, a UnB, o IRBr, o MRE, com minhas próprias posições, que também podem ser o resultado de outros tantos equívocos ou erros de compreensão.
Em todo caso, não deixo de constatar equívocos e desvios em todas essas provas, que são reais, do contrário tantos candidatos não me consultariam, depois, para tentar elucidar algo que eles próprios acharam equivocado, ambíguo, contrastante com a realidade, etc.


Pois bem, acho que não ajudei ninguém, que seja candidato, quero dizer, eu ainda "coloquei minhocas" nas cabeças de alguns, que apenas querem estudar segundo os padrões politicamente corretos, para passar nas provas politicamente corretas do IRBr. Como eu não sou um sujeito politicamente correto, eu fico perturbando o cenário com os meus questionamentos. Mas a intenção, sincera, não é atrapalhar ninguém, é apenas a de corresponder ao meu habitual compromisso com a verdade dos fatos e com a minha proverbial honestidade intelectual. Quando eu vejo um equívoco não consigo deixar de apontar o equívoco. Quando eu vejo má-fé, sinto-me tentado a denunciar o fato. Tem gente que não gosta, e muitos não gostarão. Mas, eu faço apenas o que me dita minha consciência livre...
Paulo Roberto de Almeida 

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