quarta-feira, 14 de setembro de 2011

Um laptop por crianca: alguem ainda se lembra dessa promessa?

Quando eu trabalhava no Núcleo de Estudos Estratégicos da Presidência da República, o guru dos computadores John Negroponte veio ao Brasil (em 2005) apresentar ao presidente Lula sua ideia de OLPC, one laptop per child, acolhida entusiaticamente pelo próprio e todos os seus assessores, que passaram a prometer que iriam oferecer o tal de computador a 100 dólares em poucos meses.
A ideia era apresentada como a salvação do sistema escolar brasileiro, esclerosado como todos sabem.
Argumentei, então, mas inutilmente, que não deveríamos ver nisso a solução milagre para a má qualidade da educação, e sim apenas um projeto industrial paralelo, mas sem confiar muito que desse certo.
Disse que os industriais interessados não conseguiriam fabricar a 100 dólares, e que precisariam, de todo modo, de políticas públicas (isenções, subsídios, promessas de compras governamentais de centenas de milhares de exemplares) para tentar fabricar a 200 dólares, mas que no final custaria mais de 300 dólares e, de toda forma, não resolveria NENHUM problema educacional.
Argumentei que o problema principal da educação não era de hardware, e sim de software, ou seja, da formação de professores, num sistema totalmente revisto em seu funcionamento. Os que prometiam computador a 100 dólares estavam se enganando e tentando contornar o problema básico, que era a má qualidade do professor e do próprio sistema, e que o computador não resolveria absolutamente nada.
Bem, não fui ouvido, mas a realidade se encarregou de corrigir os iludidos.
Até hoje não temos nem sombra do OLPC brasileiro, muito menos a 300 dólares.
Bem, um estado indiano parece que já está se antecipando...
Paulo Roberto de Almeida



The southern Indian state of Tamil Nadu is to start handing out the first of an estimated 6.8 million free laptops to schoolchildren.

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Comentários são sempre bem-vindos, desde que se refiram ao objeto mesmo da postagem, de preferência identificados. Propagandas ou mensagens agressivas serão sumariamente eliminadas. Outras questões podem ser encaminhadas através de meu site (www.pralmeida.org). Formule seus comentários em linguagem concisa, objetiva, em um Português aceitável para os padrões da língua coloquial.
A confirmação manual dos comentários é necessária, tendo em vista o grande número de junks e spams recebidos.