sábado, 5 de novembro de 2011

Os blogs como educacao e como aprendizado: sua funcao didatica

Transcrevo abaixo comentário recém recebido de um leitor, cuja identidade não vem ao caso, e sim o que ele tem a dizer.
Curioso ele me chamar pelo designativo japonês, o que identifica certa deferência, pelo que agradeço.


Paulo-san foi muito interessante achar o seu blog, mesmo este sendo o primeiro post que eu vi, [um post sobre a farsa da quitação da dívida externa no governo Lula, como sempre 100% de demagogia e 50% de prejuízos ao povo brasileiro, que no entanto não se dá conta das bobagens econômicas que se cometem em nome da "soberania"] não resisti a vontade de comentar.

Conhecer este blog, foi um achado enorme. Digo isto, porque eu tenho um sonho. Eu posso ser jovem, posso não ser perfeito ou experiente, posso até ser meio idiota, mas eu tenho este sonho. De que um sonho eu também teria um blog que falaria sobre os problemas sociais, mas visando o publico da minha faixa etária. Usando uma linguagem dinâmica, um pouco engraçada, com um pouco de gírias atuais. Então basicamente eu converteria textos ultra pensados e conciso, em algo mais leve e menos complexo, mas que trouxesse a mesma mensagem.

Meu problema inicial seria onde conseguir informações realmente fortes e concisas e conhecendo seu blog, vejo que isso já não é o maior problema. Agora só falta conhecer as linguagens HTML e PHP para eu fazer meu CMS no joomla.

Uma coisa eu tenho certeza, blogs como o seu, me dão mais coragem e incentivo para lançar esse meu pequeno sonho/projeto. Com certeza quando eu conseguir fazer o que eu pretendo, serei um real seguidor do seu blog.

Voltei (PRA):
Resisti muito tempo a usar estas ferramentas eletrônicas de informação e de comunicação, não tanto por preconceito contra a tecnologia informática -- tanto porque comprei o meu primeiro computador assim que pude, aliás um MacIntosh Plus -- mas por preocupações quanto ao uso do meu tempo, por definição escasso. Prefiro, como é notório, passar o meu tempo lendo e escrevendo, mas justamente por escrever e publicar, acabava recebendo muitas demandas de alunos, pesquisadores, curiosos, estudantes, em geral, me consultando sobre meus temas habituais de trabalho: Mercosul, integração, relações internacionais do Brasil, etc.
Assim, para não ter de cada vez responder por e-mail, e perder muito tempo em tarefas repetitivas, acabei fazendo meu primeiro site, como esperado, gratuito e hospedado num desses provedores que já desaparecem nas dobras do tempo cibernético: Geocities (depois teve um outro, também, cujo nome esqueci agora, mas vou buscar).
Parece que funcionou, e teve tanto sucesso, que meu trabalho aumentou, contraditoriamente, e passei a dedicar talvez mais tempo às funções de "informação pública" do que à leitura e escrita solitárias.
Também resisti muito tempo em empreender um blog, pois ele exige talvez mais dedicação do que um site, mais estável e permanente. Por outro lado, é mais fácil de alimentar e de atualizar, o que me faz, paradoxalmente, empregar mais tempo com o blog (ou os blogs, pois tenho vários) do que com o próprio site, que seria supostamente mais sério, mais acadêmico, mais denso, e menos leve e diversificado do que os blogs (que, na verdade, carregam mais de 80% de materiais de terceiros, aos quais faço preceder ou suceder de comentários meus.

Mas gostaria simplesmente de destacar, agora, a função didática do blog, um instrumento de coleta e disseminação de materiais diversos, uma biblioteca desorganizada (mas indexada naturalmente), uma espécie de bric-à-brac cibernético, onde podemos acumular, sem jamais ter preocupações de espaço ou arrumação, sem ter de limpar poeira ou colocar de novo no lugar, tudo o que encontramos por aí, neste mundo ou em qualquer outro, passados e talvez até futuros e intergaláticos.
Exagero, eu sei, mas é preciso resgatar essa função didática do blog, pois nele podemos registrar tudo o que estamos lendo, ou fazendo, a qualquer momento, sem precisar dar nenhuma justificação a ninguém.
Expressamos também nossas opiniões, o que por vezes desperta admiração, rancor, animosidade, a sanha de anônimos inconformados por estarmos chamando os corruptos e ladrões que nos assaltam todos os dias, nos mais altos escalões da República, de corruptos e ladrões, justamente.

Sim, isso também é um aprendizado. Aprendi que cada vez que posto algo contra o governo, meliantes a soldo, anônimos adesistas, blogueiros assalariados do poder, e outros militantes inconformados com o fato de que um cidadão perfeitamente público, normalmente burocrata, pago com recursos públicos -- o que aliás não é nenhum favor do Estado, sendo eu um funcionário de carreira -- que um cidadão como eu, inconformado com a tropa de mafiosos que por vezes assaltam os cofres públicos, venha denunciar tudo isso em seu modesto blog, esses furibundos do poder, como eu dizia, escrevem furiosos para este blogueiro, xingando ou ameaçando, o que me faz sinceramente lamentar por eles.
Eu não compreendo, de fato, como é que pessoas normais possam concordar com corrupção, roubos, patifarias, mentiras, fraudes e outras malfeitorias vindas do poder. Como é que pessoas que pagam impostos se conformam ao saber que seus recursos estão sendo roubados, ainda que por aliados do mesmo partido de meliantes políticos.
Tudo isso é aprendizado, o que só é permitido em um espaço como este. Livre, leve e solto, se me permitem a apropriação dos versos de uma musiquinha perfeitamente anódina.

Mas, o objetivo principal de uma ferramenta como esta é simplesmente a de informar, discutir, aprender pelo debate, divertir um pouco, servir à elevação espiritual da humanidade, como eu me refiro de forma grandiloquente, e gozadora, aos propósitos deste blog.
Sei que seus focos principais -- e para isso se associaram aqui muitos dos que me seguem regularmente -- são os temas que interessam aos candidatos à carreira diplomática: relações internacionais e política externa do Brasil, com muito de economia e de política internacional.
Sei também que tenho descambado -- é o termo -- para os temas de política interna, até de simples tratamento do lixo político, que é a corrupção e as patifarias dos políticos, pelo que me desculpo sinceramente.
Mas, simplesmente não consigo, como cidadão consciente que sou, ficar indiferente ao quadro de degradação moral, de corrupção generalizada, patrocinada pelos mais altos círculos do poder, desde o governo anterior, a imoralidade erigida em método de governança, a patifaria transformada em esperteza política, enfim, um caminho que eu desprezo e condeno absolutamente. E não adianta, os amorais adesistas virem defender as políticas "sociais" do governo em causa: por mais progressos materiais que ocorram para certas camadas sociais, não hesito em continuar condenando a imoralidade política e a corrupção dos novos mafiosos.

Deixo, porém, esses impulsos de indignação de lado e volto ao lado didático deste blog: ler, resumir, comentar textos de relações internacionais e de política externa do Brasil continuarão a ser os temas preferenciais do blog e a isso pretendo me ater nos próximos tempos.
Boas leituras...
Paulo Roberto de Almeida 

Um comentário:

  1. Professor,

    Na exposição que fiz no FOCO-RI preliminar a sua - e peço desculpas por ter entregue a audiência cansada = falei sobre esse tema das chamadas novas mídias e o cerne da minha fala foi em torno da responsabilidade que é publicar algo. E essa responsabilidade que nos faz pesquisar e estudar os temas e tecer comentários informados.

    Infelizmente uma parte da blogosfera se vende e não falo de possuir anúncios na página como eu tenho e mutos outros, mas falo de comercializar o conteúdo do texto o cara se vende e acredita e escreve o que o seu dono quer.

    Vez ou outra eu escrevo o que eu chamo de "meta-postagem" que são reflexões como essa. E nesse sentido o senhor é quase um guia meu no contrarianismo. Falo quase por que a graça da coisa está em pensar sozinho.

    Abs,

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