Em busca das causas do desenvolvimento |
Ottoni Fernandes Jr. Easterly escreveu o livro em 2001, quando ainda trabalhava no Banco Mundial, onde ingressou em 1985, depois de conseguir um doutorado de economia no Instituto de Tecnologia de Massachusetts, nos Estados Unidos. Depois de analisar ciclos recentes de crescimento de vários países, ele considera errônea a afirmação de que o crescimento econômico depende fundamentalmente do investimento em máquinas, da clássica taxa de investimento. Considera essa hipótese um tipo de fundamentalismo econômico. A ajuda externa também não funcionou para tirar países da pobreza, pois quase sempre foi dissipada por dirigentes corruptos. Instituições sólidas, consensualmente reconhecidas pela população e por agentes econômicos podem ter mais impacto em impulsionar o desenvolvimento, afirma. O livro de Easterly se apóia em várias obras da literatura econômica e também em sua experiência como assessor da Divisão de Macroeconomia e Crescimento do Banco Mundial, que lhe permitiu conhecer de perto inúmeros países pobres ou em desenvolvimento. Em sua avaliação, o desenvolvimento ocorre quando todos os agentes têm acesso aos incentivos corretos. Ele reconhece que a difusão de novas tecnologias, num ambiente macroeconômico estável, é muito importante. Um dos exemplos citados é a indústria de confecções de Bangladesh. Ela surgiu em 1979 graças å iniciativa do empreendedor Noorul Quader, que criou a Desh Garments, que fabricou 43 mil camisas no seu primeiro ano de funcionamento e em 2001 faturava 2 bilhões de dólares anuais e garantia 54% das exportações de todo o país. Quader resolveu investir em conhecimento e foi buscar tecnologia na Coréia do Sul, para onde levou 130 funcionários para treinamento. O contrato de transferência de tecnologia foi cancelado em 1981 e em 1987 a Desh Garments já produzia 2,3 milhões de camisas ao ano. Mais importante, tornou-se um pólo de irradiação, pois seus funcionários saíram para criar novas confecções, deflagrando um círculo virtuoso de mais investimento e crescimento. Easterly deixou o Banco Mundial em 2001 e atualmente é professor da Universidade de Nova York. Nesse livro não foge de uma abordagem neoliberal e diversos economistas criticam algumas de suas inferências, pois ele estaria tratando relações como causalidades. |
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