terça-feira, 27 de março de 2012

Brics: promessas prometedoras: a ver no que vai dar...


Segundo comunicado sob responsabilidade do Brasil, a próxima cúpula dos Brics deverá tratar de questões altamente relevantes para a governança mundial: 
"...crescimento econômico, a paz e a segurança internacionais, o desenvolvimento sustentável, os desafios à urbanização e à biodiversidade, bem como o aperfeiçoamento dos mecanismos de governança global..."
Parece ambicioso, quase como uma cúpula do G7, dos velhos tempos, ou do G8 dos novos tempos, sendo que o único país com os pés nos dois fóruns é a Rússia. Meus parabéns, ele deve estar mais preparada que os outros para oferecer soluções criativas a todas essas questões, altamente complexas.
Vamos esperar para ver o que resulta dessa cúpula em termos de realizações concretas.
Enfim, a maior parte das questões pode ser objeto de declarações de boa vontade, como sempre ocorre nessas ocasiões, e depois ficaremos esperando para ver os resultados.
Mas, uma coisa parece preocupante, num plano puramente monetário e financeiro: 
"...deverá ser assinado novo acordo-quadro entre os bancos de desenvolvimento do BRICS para facilitar a implementação das trocas comerciais em moedas locais."
Bancos de desenvolvimento não são exatamente agentes monetários, e sim instituições de fomento, ou seja, podem financiar determinadas operações, com as garantias adequadas, e uma aferição realista de seu custo, e da moeda de conversão, ou seja, o equivalente bilateral da liquidação dos pagamentos pelas operações financiadas.
Como NENHUMA das moedas dos Brics é atualmente conversível, o que se supõe é que ou esses bancos de desenvolvimento, ou os respectivos bancos centrais vão passar a deter reservas nas moedas de cada um. Como será feito o câmbio, qual o valor de referência, quem assume os riscos da paridade cambial, como será feita essa contabilidade? Enfim, será que vale a pena para a pequena parte de comércio que será assim veiculada?
São questões que devem ser respondidas antes de concordar seja com o Banco do Sul, seja com o comércio em moedas locais.
Os cinco países possuem o mesmo preconceito contra o dólar que parece existir em certos horizontes mentais próximos de nós?
Pronto saberemos a resposta...
Paulo Roberto de Almeida 

IV Cúpula do BRICS - Nova Delhi, 28 e 29 de março de 2012

A Presidenta Dilma Rousseff participará, em Nova Delhi, da IV Cúpula do BRICS, dias 28 e 29 de março, juntamente com o Primeiro-Ministro da Índia, Manmohan Singh; o Presidente da África do Sul, Jacob Zuma; o Presidente da China, Hu Jintao, e o Presidente da Rússia, Dmitri Medvedev.
A Cúpula, intitulada “Parceria do BRICS para Estabilidade Global, Segurança e Prosperidade”, debaterá o crescimento econômico, a paz e a segurança internacionais, o desenvolvimento sustentável, os desafios à urbanização e à biodiversidade, bem como o aperfeiçoamento dos mecanismos de governança global, com o objetivo de adequá-los à nova realidade política e econômica e de ampliar a representatividade e a legitimidade das atuais instituições.
O encontro favorecerá o debate sobre mecanismo de financiamento a projetos de infra-estrutura, não apenas em países do grupo, mas também em outros países emergentes e em desenvolvimento, com a possibilidade de designação de mecanismo para estudar a criação de um Banco Sul-Sul, liderado pelo BRICS.
No dia 28 de março, os Ministros do Comércio e de Relações Exteriores examinarão o estado global da economia e as oportunidades de comércio e investimento intra-BRICS, além das negociações da Rodada Doha da OMC. Em seguimento ao acordo firmado em 2011, deverá ser assinado novo acordo-quadro entre os bancos de desenvolvimento do BRICS para facilitar a implementação das trocas comerciais em moedas locais. Será lançado o “Relatório BRICS: um Estudo do Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul com foco nas Sinergias e Complementariedades”.
O comércio intra-BRICS alcançou US$ 212 bilhões, em 2010, e a estimativa é de que tenha superado US$ 250 bilhões em 2011. A título de comparação, em 2002, o volume de comércio entre os membros do agrupamento montava apenas a cerca de US$ 27 bilhões. Há estimativas de que possa chegar a mais de US$ 500 bilhões até 2015. Já o comércio Brasil-BRICS passou de US$ 10 bilhões em 2003 para US$ 96 bilhões em 2011.
Em 2012, o FMI estima que o BRICS contribuirá com 56% do crescimento do PIB mundial. O BRICS ocupa cerca de 26% da área terrestre do planeta, abriga 41% da população mundial e detém 46% de força de trabalho global.

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