Segundo comunicado sob responsabilidade do Brasil, a próxima
cúpula dos Brics deverá tratar de questões altamente relevantes para a
governança mundial:
"...crescimento econômico, a paz e a segurança internacionais, o desenvolvimento
sustentável, os desafios à urbanização e à biodiversidade, bem como o
aperfeiçoamento dos mecanismos de governança global..."
Parece ambicioso, quase como uma cúpula do G7, dos velhos tempos,
ou do G8 dos novos tempos, sendo que o único país com os pés nos dois fóruns é
a Rússia. Meus parabéns, ele deve estar mais preparada que os outros para
oferecer soluções criativas a todas essas questões, altamente complexas.
Vamos esperar para ver o que resulta dessa cúpula em termos de
realizações concretas.
Enfim, a maior parte das questões pode ser objeto de declarações
de boa vontade, como sempre ocorre nessas ocasiões, e depois ficaremos
esperando para ver os resultados.
Mas, uma coisa parece preocupante, num plano puramente monetário e
financeiro:
"...deverá ser assinado novo acordo-quadro entre os bancos de
desenvolvimento do BRICS para facilitar a implementação das trocas comerciais
em moedas locais."
Bancos de desenvolvimento não são exatamente agentes monetários, e
sim instituições de fomento, ou seja, podem financiar determinadas operações,
com as garantias adequadas, e uma aferição realista de seu custo, e da moeda de
conversão, ou seja, o equivalente bilateral da liquidação dos pagamentos pelas
operações financiadas.
Como NENHUMA das moedas dos Brics é atualmente conversível, o que
se supõe é que ou esses bancos de desenvolvimento, ou os respectivos bancos
centrais vão passar a deter reservas nas moedas de cada um. Como será feito o
câmbio, qual o valor de referência, quem assume os riscos da paridade cambial,
como será feita essa contabilidade? Enfim, será que vale a pena para a pequena
parte de comércio que será assim veiculada?
São questões que devem ser respondidas antes de concordar seja com
o Banco do Sul, seja com o comércio em moedas locais.
Os cinco países possuem o mesmo preconceito contra o dólar que
parece existir em certos horizontes mentais próximos de nós?
Pronto saberemos a resposta...
Paulo Roberto de Almeida
IV Cúpula do BRICS - Nova Delhi,
28 e 29 de março de 2012
A
Presidenta Dilma Rousseff participará, em Nova Delhi, da IV Cúpula do BRICS,
dias 28 e 29 de março, juntamente com o Primeiro-Ministro da Índia, Manmohan
Singh; o Presidente da África do Sul, Jacob Zuma; o Presidente da China, Hu
Jintao, e o Presidente da Rússia, Dmitri Medvedev.
A
Cúpula, intitulada “Parceria do BRICS para Estabilidade Global, Segurança e
Prosperidade”, debaterá o crescimento econômico, a paz e a segurança
internacionais, o desenvolvimento sustentável, os desafios à urbanização e à biodiversidade,
bem como o aperfeiçoamento dos mecanismos de governança global, com o objetivo
de adequá-los à nova realidade política e econômica e de ampliar a
representatividade e a legitimidade das atuais instituições.
O
encontro favorecerá o debate sobre mecanismo de financiamento a projetos de
infra-estrutura, não apenas em países do grupo, mas também em outros países
emergentes e em desenvolvimento, com a possibilidade de designação de mecanismo
para estudar a criação de um Banco Sul-Sul, liderado pelo BRICS.
No
dia 28 de março, os Ministros do Comércio e de Relações Exteriores examinarão o
estado global da economia e as oportunidades de comércio e investimento
intra-BRICS, além das negociações da Rodada Doha da OMC. Em seguimento ao
acordo firmado em 2011, deverá ser assinado novo acordo-quadro entre os bancos
de desenvolvimento do BRICS para facilitar a implementação das trocas
comerciais em moedas locais. Será lançado o “Relatório BRICS: um Estudo do
Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul com foco nas Sinergias e
Complementariedades”.
O
comércio intra-BRICS alcançou US$ 212 bilhões, em 2010, e a estimativa é de que
tenha superado US$ 250 bilhões em 2011. A título de comparação, em 2002, o
volume de comércio entre os membros do agrupamento montava apenas a cerca de
US$ 27 bilhões. Há estimativas de que possa chegar a mais de US$ 500
bilhões até 2015. Já o comércio Brasil-BRICS passou de US$ 10 bilhões em 2003
para US$ 96 bilhões em 2011.
Em
2012, o FMI estima que o BRICS contribuirá com 56% do crescimento do PIB
mundial. O BRICS ocupa cerca de 26% da área terrestre do planeta, abriga 41% da
população mundial e detém 46% de força de trabalho global.
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Comentários são sempre bem-vindos, desde que se refiram ao objeto mesmo da postagem, de preferência identificados. Propagandas ou mensagens agressivas serão sumariamente eliminadas. Outras questões podem ser encaminhadas através de meu site (www.pralmeida.org). Formule seus comentários em linguagem concisa, objetiva, em um Português aceitável para os padrões da língua coloquial.
A confirmação manual dos comentários é necessária, tendo em vista o grande número de junks e spams recebidos.