Ufa! Finalmente o Brasil chega aos juros que, historicamente, sempre foram os do capitalismo industrial, na média: 3,5% ao ano. Demorou um bocado e resta saber se é sustentável (a palavra da moda, mas com outro sentido).
Agora são os países capitalistas "normais" que não exibem juros normais, ou seja, de mercado. Estão anormalmente baixos, o que é uma punição ao poupador e um prêmio (indevido) ao devedor, ainda que sirva ao investidor.
Parabéns ao Banco Central, e a Alexandre Tombini em particular, por este desempenho, mas muitos acreditam, a começar por certos comentaristas internacionais que isso foi alcançado mais por razões políticas do que por real condição econômica.
Em todo caso, cabe esperar que se mantenham nesse nível.
O trabalho a ser feito, agora, está com o resto do governo, especialmente na área fiscal e de ambiente macro e microeconômico para o crescimento.
Paulo Roberto de Almeida
SELIC
Brasil não tem mais os maiores juros do mundo
Com a nova redução da Selic o Brasil deixa de ter a maior taxa de juros reais do mundo
Opinião e Notícia, 19/04/2012
Em decisão unânime, o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central reduziu nesta quarta-feira, 18, a taxa básica de juros da economia brasileira, a Selic, em 0,75 ponto percentual, confirmando a tendência de baixa que vem sendo adotada no governo Dilma Rousseff.
Com a Selic agora a 9% ao ano, os juros no Brasil estão no seu menor patamar desde março de 2010, quando eram de 8,75%. É também a menor taxa do governo Dilma.
Rússia agora tem os maiores juros
Segundo o analista internacional Jason Vieira, da Apregoa.com – Cruzeiro do Sul, e o analista de mercado Thiago Davino, da Weisul Agrícola, com a nova redução da Selic o Brasil deixa de ter a maior taxa de juros reais do mundo.
Os cálculos dos analistas apontam que, com a Selic a 9% ao ano, os juros reais do Brasil — descontando a inflação projetada para os próximos 12 meses — são hoje de 3,4%. O primeiro posto, segundo eles, agora é da Rússia, que tem juros reais de 4,2%.
Mesmo assim a taxa de juros continua muito alta. Cansei de ver pessoas enforcadas em dívidas. No Brasil não dá pra financiar nada. Por outro lado a poupança paga uma mixaria que só corrige a inflação.
ResponderExcluirAnônimo,
ResponderExcluirVocê deve se referir aos juros comerciais do mercado de crédito ao consumidor, que não são apenas os mais altos do mundo, mas da galáxia e talvez de todo o universo.
Esse sistema perverso se explica pela cartelização e fechamento do mercado, e também por práticas não coibidas pelo governo de propaganda enganosa contra os incautos, que acham que 10 vezes sem juros é isso mesmo, quando os ingenuos estão pagando 100% de juros, ou seja, comprando dois televisores e só levando um para casa.
Um sistema como esse é um crime não coibido pelo governo, pois faz com que toda a população entre boa parte de sua renda para o sistema financeiro.
Paulo Roberto de Almeida
Bom dia Paulo!
ResponderExcluirO BACEN já descartou o sistema de metas de inflação. A cada dia fica mais óbvio que tal sistema inexiste no país.
Ainda nesta semana, o BACEN atuou fortemente no mercado cambial. A atuação do BACEN deixou evidente seu propósito: desvalorizar o real. Isto é, o BACEN também está tentando bicar para escanteio a taxa de câmbio flutuante. Isto é, dos três pilares macroeconômicos que sustentaram a economia brasileira nos últimos 10 anos (taxa de câmbio flutuante, sistema de metas de inflação, e responsabilidade fiscal), o BACEN está prestes a destruir dois deles.
Do lado fiscal, o governo tem feito sua parte para desequilibrar ainda mais a situação das contas públicas. Em resumo: em menos de 1 ano e meio o governo Dilma já descartou a fórmula que garantiu a precária estabilidade brasileira nos últimos anos.
A taxa Selic alta atrai investidores, diminuindo este fluxo, como o governo vai financiar o pagamento (só de juros 250 bi $) da divida publica? Ou empréstimo ou inflacionando, aumento a quantia de dinheiro sem lastro. Está difícil!
abs
"Pecunia non olet!"
ResponderExcluir*Vespasiano
Porque não me ufano:
-Depois que os Imperadores Romanos se converterão ao Cristianismo, o empréstimo com o juro foi regulado em diferentes épocas pelo Governo; mas nem por isso deixaram de praticar a usura;
-Nas Ordenções Filipinas (Liv.IV, Tit. LXVII "Dos contratos usurários")a prática da usura era condenada; mas nem por isso os mercadores(banqueiros!) deixavam de cobrar juro;
-Em 2003 o Congresso aprovou a Emenda Constitucional nº 40 (DOU de 30/5/2003), que, entre outros dispositivos ; alterou a redação do art.192 da Constituição Federal; revogando seu parágrafo 3º (não obstante tratar-se de "letra morta"!), in verbis:"As taxas de juros reais, nelas incluídas comissões e quaisquer outras remunerações direta ou indiretamente referidas à concessão de crédito, NÃO PODERÃO SER SUPERIORES A DOZE POR CENTO AO ANO(!); A COBRANÇA ACIMA DESTE LIMITE SERÁ COCEITUADA COMO CRIME DE USURA (!), punido, em todas suas modalidades, nos termos que a lei determinar."
A história que segue talvez ilustre bem a diferença entre o juro pago pelos bancos para remunerar a poupança e o cobrado em empréstimos contraidos pelos clientes:"(...) Mais maliciosa esta outra onzena(usura, juro exorbitante), que vi exercitar na Ilha da Madeira. Embarcaram-se , ali, muitos passgeiros para o Brasil e os que não têm cabedal, para se aviarem de matolagem(mantimentos) e outros aprestos , pedem aos mercadpres dinheiro emprestado a corresponder com açucar. Respondeu um:'Vendo panos, não empresto o dinheiro com que trato; se Vossa Mercê quer pano fiado, dá-lho-ei; buscará quem lho compre e fará seu negócio com o dinheiro de que necessita'.'Seja como Vossa Mêrce quiser: ouro é o que ouro vale.' E por ser fiado, talhou-lhe o preço por cima das gâveas. E feita à compra de que havia de fazer cinquenta mil réis revendendo-a, ajuntou o mercador:'Para que Vossa Mercê se não canse com ir mais longe eu lhe comprarei esse pano pelo preço que costumo em Londres, e contar-lhe-ei logo o dinheiro, que é outro benefício estimável.' E abatteu-lhe em cada côvado, mais do que lhe tinha levantado na venda; e pagou-se logo do câmbio que havia de vencer naquele ano o seu empréstimo, e assegurou o capital com boa fiança. E ficaram custando ao passageiro os cinquenta mil réis mais de cento, e o mercador interessado na corresponência e revenda do açúcar com que, no Brasil, lhe pagou mais de duzentos. E a isto chamo eu malícia refinada, mais que açúcar em ponto."
*Anônimo; in:"A ARTE DE FURTAR" (ca. 1744); cap.XXVI "Dos que furtam com unhas maliciosas."
Vale!