O verdadeiro estrangulamento da educação brasileira -- não considerando o fato de que os alunos saem do fundamental sem serem alfabetizados -- encontra-se no ensino médio, que simplesmente não prepara os alunos para nada, nem para uma profissão, nem para a universidade.
E a situação piorou muito com os companheiros, que ficaram inventando bobagens ideológicas nos últimos dez anos. Esperemos que comece a melhorar, mas eu não conto com isso, não pelo menos enquanto as saúvas freireanas e os companheiros ideológicos continuarem dominando aquele dinossauro que é o MEC.
Paulo Roberto de Almeida
Comissão especial vai propor um novo modelo para o ensino médio no País
Agência Câmara, 31/07/2012
Para deputado, sistema atual não atende às demandas da economia nem às expectativas dos jovens.
A cada 100 alunos que entram no ensino fundamental, apenas 44 continuam nos bancos escolares até o ensino médio. Desses 44, metade abandona as salas de aula e somente 12 chegam à universidade, conforme dados coletados no ano passado pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep). Um dos principais motivos para esses índices, segundo o deputado Reginaldo Lopes (PT-MG), é a inadequação do ensino médio à realidade dos jovens. Uma comissão especial da Câmara pretende ajudar a resolver o problema.
Instalada no dia 23 de maio, a Comissão Especial da Reformulação do Ensino Médio reúne até o momento 24 deputados de 13 partidos para encontrar um modelo melhor para a última fase da educação básica no País. "O problema é que o modelo atual é uma etapa meramente intermediária para que aluno possa chegar à universidade. Por isso, não responde às demandas da economia brasileira nem às expectativas de nossos jovens", argumenta Lopes, que preside o grupo.
O relator, deputado Wilson Filho (PMDB-PB), explica que o colegiado deve realizar, a partir de agosto, reuniões com o ministro da Educação, Aloizio Mercadante, com técnicos da pasta, secretários de educação, gestores de centros de ensino, pesquisadores nacionais e estrangeiros, além de representantes de entidades que atuam na área. Um relatório preliminar, a ser elaborado até novembro, deverá nortear discussões a respeito do tema em diversos estados. A ideia é que o grupo chegue a uma proposta de alteração da legislação atual sobre o ensino médio até o final do próximo ano.
Conteúdos obrigatórios - Amanda Feitoza é aluna de uma grande escola em Brasília, o Setor Leste. A menina, que pretende estudar medicina, reclama das aulas de física: "Não vou usar essa disciplina para nada, tenho certeza de que isso não fará parte do meu futuro profissional". Para Roger Vila Nova, colega de Amanda, o problema está nas aulas de química: "Além de não entender todo o conteúdo, sei que nunca irei usá-lo".
As queixas não são isoladas e boa parte dos estudantes não entende o porquê de determinados conteúdos escolares serem obrigatórios. O problema é que nem todos os alunos pretendem frequentar um curso superior e, além disso, muitas matérias são imediatamente esquecidas após a entrada na universidade. "O conflito aumenta a cada dia: a carga horária é intensa e a maior parte do conteúdo vira uma grande decoreba. Consequência disso é o desinteresse cada vez maior pelo ensino médio", avalia o doutor em Educação e professor da Universidade de Brasília (UnB) Remi Castioni.
Uma saída possível é a estruturação das aulas a partir de áreas de conhecimento, como ciências, cultura, tecnologia e esporte. Cada estudante deveria, portanto, escolher a sua área de interesse, que seria priorizada na grade horária, sem deixar de lado os outros conteúdos. A medida já é implementada, com particularidades, em outros países, como a França, e recebe elogios de alguns alunos, como a Amanda: "A partir do momento em que escolhemos o que vamos estudar, damos valor para aquilo".
A opção, no entanto, não é unânime. O professor de história Luiz Guilherme Batista acredita que a segmentação do ensino médio pode diminuir a qualidade do aprendizado e, pior, limitar as escolhas profissionais dos estudantes. "Um adolescente não pode definir com 15 anos o que será para o resto da vida. O atual ensino, apesar de seus defeitos, permite que o aluno tenha a chance de fazer uma opção mais ampla. Se ele não tiver acesso a informações gerais em boas aulas, que chance terá de gostar de filosofia, por exemplo?", questiona.
Ensino profissionalizante - O trabalho da comissão especial que discute o futuro do ensino médio no Brasil passa também pela educação profissionalizante. Exemplo de sucesso entre as políticas do setor, a rede federal de ensino técnico atende hoje a 400 mil alunos, segundo dados do Ministério da Educação (MEC). São oferecidos cursos de agronomia, mecânica, secretariado, entre outros, em conjunto com o currículo básico da etapa.
Reginaldo Lopes (PT-MG) acredita que o número deveria ser maior. "Ainda há 8,4 milhões de alunos fora desse sistema. A meta do Executivo deveria ser de pelo menos 2,5 milhões de alunos atendidos", afirma o presidente do colegiado da Câmara.
A vantagem do ensino profissional ou técnico é que os jovens já saem dos bancos das classes, em sua maioria, empregados. Esse modelo interessa ao indivíduo que precisa logo entrar no mercado de trabalho e, portanto, os índices de abandono são menores do que no ensino médio convencional.
Apesar de elogiado, o ensino técnico tem seus limites. É o que avalia o doutor em Educação e professor da Universidade de Brasília (UnB) Remi Castioni. "A educação profissionalizante é uma possibilidade, mas não deve ser a única. As escolas devem estar preparadas para diversas realidades. Por esse motivo, devem ser desenvolvidas as redes profissional e propedêutica [preparatória para o ensino superior]", argumenta.
Outros temas - O debate sobre o melhor modelo para o ensino médio no Brasil ainda deverá passar por temas como sistema de ensino, formação dos professores, grade curricular, carga horária em sala de aula, infraestrutura das escolas e até verbas necessárias para o setor.
Segundo o relator da comissão especial, deputado Wilson Filho (PMDB-PB), a discussão promete ser longa. "Analisaremos os melhores exemplos do Brasil, de outros países e os maus exemplos também. A ideia é garantir que os alunos saiam do ensino médio sabendo o que fazer com o conteúdo aprendido, seja no mercado de trabalho ou na universidade", diz.
-- No ensino superior, 38% dos alunos não sabem ler e escrever plenamente --
ResponderExcluirhttp://www.estadao.com.br/noticias/impresso,no-ensino-superior-38-dos-alunos-nao-sabem-ler-e-escrever-plenamente-,901250,0.htm
Concordo com o que foi apresentado, porém discordo frontalmente da frase "E a situação piorou muito com os companheiros, que ficaram inventando bobagens ideológicas nos últimos dez anos". A educação no ensino mádio era ruim, e continua ruim. Como professor universitário, acompanhei os últimos 20 anos de ingressantes nas universidades. O que piorou foi o foco e dos alunos, e sua falta de maturidade. No geral são mais inteligentes, e com maior capacidade de aprendizado. Porém, sem foco e maturidade, a capacidade não se potencializa. É importante o articulista saber que esta questão está sendo debatida no mundo inteiro, é um problema global, e não ideológico como ele sustenta.
ResponderExcluirSegundo o segundo comentarista, Anônimo, o problema do ensino no Brasil são os alunos.
ResponderExcluirMas então é fácil de resolver: suprimam-se os alunos.
Se o problema fosse com os professores, suponho que o mesmo comentarista recomendaria suprimir os professores, com o que concordo plenamente.
E assim ficamos.
Inteligente, não é?
Paulo Roberto de Almeida
Segundo o segundo comentarista, Anônimo, o problema do ensino no Brasil são os alunos.
ResponderExcluirMas então é fácil de resolver: suprimam-se os alunos.
Se o problema fosse com os professores, suponho que o mesmo comentarista recomendaria suprimir os professores, com o que concordo plenamente.
E assim ficamos.
Inteligente, não é?
Paulo Roberto de Almeida