terça-feira, 14 de agosto de 2012

Despesas de governo e crescimento economico: um debate

A propósito deste post neste blog: 

Arthur Laffer vs governos keynesianos: uma opiniao sensata



um correspondente, ou melhor, um leitor, enviou este comentário, que comento logo abaixo: 


zzh deixou um novo comentário sobre a sua postagem "Arthur Laffer vs governos keynesianos: uma opiniao...": 

Agora me explique algumas coisas: aonde é que os dados mostrados por ele comprovam alguma coisa? Eles só mostram que os países em questão não estão crescendo agora. Por quê é que ele não cruzou com dados dos anos 60? Ou dos EUA em tempos de new deal? Porque esses dados danificariam o caso dele. É o caso clássico de enquadrar os dados à ideologia, não é assim que se faz ciência.

"The evidence here is extremely damaging to the case made by Mr. Obama and others that there is economic value to spending more money on infrastructure, education, unemployment insurance, food stamps, windmills and bailouts."

O autor quer dizer que não é vantajoso investir em infraestrutura? Ou em educação? Ele por acaso está esquecendo que o modelo americano de desenvolvimento é baseado principalmente em gastos do DoD? Que foi esse tipo de investimento que trouxe coisas como a Internet? O radar? O Teflon? Claro que um modelo totalmente estatal, a la URSS é inviável, e o modelo totalmente Keynesiano de EBES não é mais interessante, mas a teoria puramente monetarista dele é muito mais absurda do que qualquer outra coisa. Como fica a geração endógena de moeda? E a geração de moeda escritural por parte dos bancos? 


Agrego meus comentários (PRA): 
Pois bem, todos os economistas, ou até donas de casa sabem, ou deveriam saber, que governos, em geral, são despoupadores líquidos, ou seja, atraem a poupança privada para gastos inúteis com o próprio governo. Existem DEZENAS de dados empíricos -- ou seja, não é teoria, ou opinião não fundamentada -- que correlaciona a carga fiscal dos governos da OCDE, desde os anos 1960, com as taxas de crescimento. Existe praticamente uma linearidade negativa: quanto maior a carga fiscal, menor o crescimento, e vice-versa.
Se não acredita, procure os trabalhos de James Gwartney a esse respeito.
O Brasil se encaixa perfeitamente nessa história: carga fiscal do tamanho da OCDE, crescimento igual ao da OCDE, ou seja, medíocre.
NÃO EXISTE modelo americano de desenvolvimento: existe apenas a experiência americana de crescimento, de instabilidade e crises.
JAMAIS o crescimento americano foi baseado em gastos da Defesa, que são na maior parte dos casos perdulários, inúteis e exagerados, atuando em detrimento da economia americana, justamente.
Os EUA crescem, e inovam, A DESPEITO do Pentágono, não graças a ele.
Você quer tirar dois ou três exemplos isolados de breakthroughs tecnológicos para fazer disso um MODELO de desenvolvimento?
Não seja maluco: leia mais sobre a história do desenvolvimento tecnológico americano e você verá que ele tem mais a ver com o desempenho geral daquela economia do que com o Pentágono, um gastador contumaz, irresponsável, perdulário, inútil para o que realmente conta.
Leia também sobre a história do New Deal, em lugar de ficar repetindo lugares comuns, absolutamente equivocados com relação à realidade histórica. Recomendo Modern Times, do Paul Johnson (tem edição brasileira), ou Harold James, sobre os anos 1930.
Governos também são irresponsáveis na emissão de moeda, como aliás está sendo demonstrado agora mesmo.
Quem vai pagar a festa keynesiana?
Você?
Paulo Roberto de Almeida 

2 comentários:

  1. Só a título de conhecimento:

    http://www.manifestoforeconomicsense.org/

    Um manifesto contra o que os autores alegam ser o pensamento dominante econômico (?).

    Abraços!

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  2. Na verdade, um manifesto do non-sense, totalmente irresponsável, em favor da maior gastança pública e atribuindo a crise ao setor privado, financeiro, como se os governos não tivessem nada a ver com juros artificialmente baixos, déficits orçamentários, injeções irresponsáveis de dinheiro e outras bobagens, sem falar no aumento inacreditável da dívida pública.
    Paulo Roberto de Almeida

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