Demorou, mas finalmente os bons técnicos do Ipea, aqueles que valorizam o trabalho sério e não a demagogia política e a fraude acadêmica, vão se ver livres do fantasma de uma presidência delirante. Sim, a que saiu, mas que pretendia de prolongar por pessoa interposta.
Creio que vamos voltar a ter no Ipea trabalhos decentes, e não os arremedos de "pesquisa aplicada" que tentavam provar a produtividade fantástica do setor público, seu peso insuficiente na economia, a modesta carga fiscal do Estado e outros delírios do maoista de fancaria que ridicularizou o Ipea durante alguns anos e produziu sobretudo descrédito para uma instituição que já foi muito séria.
Nosso voto de confiança na nova administração.
Paulo Roberto de Almeida
Dilma decide por 'acadêmico' e nomeia Marcelo Neri para o Ipea
O Estado de São Paulo, 24 de agosto de 2012
Presidência estava sendo ocupada interinamente por Vanessa Petrelli, depois do desligamento de Márcio Pochmann.
A presidente Dilma Rousseff optou por um nome "acadêmico" como prometia e escolheu o economista da Fundação Getúlio Vargas (FGV) Marcelo Neri para assumir o comando do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea). Segundo fontes do Palácio do Planalto ouvidas pela reportagem, Neri foi indicado pelo ministro da Secretaria de Assuntos Estratégicos, Moreira Franco, e deve ter seu nome publicado no Diário Oficial da União de segunda-feira (27).
A presidência do Ipea vinha sendo ocupada interinamente pela economista Vanessa Petrelli, depois que Márcio Pochmann deixou a instituição para disputar a prefeitura de Campinas. O nome de Neri era citado, nos bastidores, como preferência da presidente Dilma, que conversa sobre o tema há meses com Moreira Franco. Economista-chefe do Centro de Políticas Sociais da FGV, Neri já declarou em entrevista que não é tucano, nem petista.
O economista possui Ph.D pela Universidade de Princeton e diagnosticou duas mudanças profundas ocorridas na economia nas últimas duas décadas. Foi um dos primeiros a comprovar, nos anos 90, a queda da pobreza causada pelo Plano Real, o que confrontava a visão de economistas ligados ao PT. Anos depois, trabalhou dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) para demonstrar a existência de uma nova classe média no País, criada com a ajuda da estabilidade econômica, programas sociais e reajustes do salário mínimo.
Elogios - Em abril, Dilma rasgou elogios publicamente ao economista e recomendou a leitura de seu livro. "Eu sugeriria a todos aqui que se interessam por isso, que têm toda uma abnegação em relação a isso, a leitura de um livro, de um trabalho do Marcelo Neri, que está ali conversando, a leitura do livro dele, Nova Classe Média, que é, eu acredito, um dos estudos mais bem-feitos a respeito desse processo" afirmou a presidente. "Ele pode ter certeza, ele inspira a gente a melhorar os nossos programas." "É por várias constatações, estudos e análises dele, que nós vamos melhorando os nossos programas, então ele é um grande colaborador do governo federal", acrescentou Dilma. "Acho que ele é um dos brasileiros que ajudaram o Brasil a combater a pobreza e a miséria."
Ao selecionar o economista, a presidente recusou a indicação feita por Pochmann, que preferia ver Vanessa no cargo. Formada pela Universidade de Campinas, ela defende os ideais de John Maynard Keynes - o economista inglês que advogava por investimentos estatais durante períodos de crise econômica e ajudou os líderes mundiais a criarem o Fundo Monetário Internacional (FMI) e o Banco Mundial após a 2.ª Guerra Mundial, na conferência de Bretton Woods.
Antes de assumir o Ipea em 2007, Pochmann atuou como secretário de Desenvolvimento de Marta Suplicy, na Prefeitura de São Paulo. No instituto, sua gestão criou polêmica desde o primeiro momento, ao substituir economistas de abordagem diferente da sua e nomear pesquisadores com suposto ideário "estatista".
Pochmann defendia o uso do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), o aumento dos gastos públicos para estimulara economia e o crescimento da máquina pública. Privatizações e reformas estruturais, como a trabalhista, previdenciária e outras, por exemplo, estavam fora da pauta do instituto, que deveria se limitar a fazer pesquisas e apontar soluções em vez de defender somente um ponto de vista, segundo os críticos do economista. Moreira Franco tentava defenestrar Pochmann desde fevereiro do ano passado, mas o petista contava com apoio do partido e se segurou no cargo.
Com a escolha de Neri, Dilma substitui um nome político por um técnico, como fez na Petrobras, por exemplo.
Deus existe!
ResponderExcluirAss: economista do ipea, petista ateu, mas que nao comungava da igreja pochmanniana, assim como muitos outros colegas, diga-se de passagem.
Como todo demagogo popularesco, o ex-presidente maoista aumentou salários dos funcionários do Ipea, contratou muitos mais (sem as exigências mais exigentes, se me permitem a redundância, dos concursos anteriores, reservados unicamente a economistas) e deu várias vantagens ao pessoal, ao mesmo tempo em que ampliava a área de trabalho do Ipea, segundo as mesmas obsessões megalomaníacas do presidente do "nunca antes".
ResponderExcluirIsso não impede que ele afetou gravemente a imagem do Ipea, com seus trabalhos que apenas procuravam provar teses previamente escolhidas de acordo com suas crenças anacrônicas.
A situação só tende a melhorar, depois do bode maoísta...
Paulo Roberto de Almeida
Professor,
ResponderExcluirTenho minhas dúvidas, pois trata-se de um economista que cunhou o termo "nova classe média" escondendo o fato de que o grosso dessa "nova classe média" chegou aí por ter crédito fácil. Ele nunca levou em consideração a dívida real pessoa física no Brasil. Isso soou como ouro para o PT que resolveu premiá-lo com esse cargo. Sei que a situação anterior era terrível, mas temo que nada mudará, mais do mesmo, ou seja, irão falar sempre bem escondendo o que esta estranho para debaixo do tapete.
Saudações cordiais,
Fabricio de Souza
Fabricio,
ResponderExcluirNão era preciso ter inventado nenhum termo, para reconhecer que existe uma nova realidade social no Brasil, que é o aumento de consumo de extratos sociais antes reduzidos ao consumo indispensável. Se isso é sustentável, além da incitação ao consumo pelo aumento do crédito, teremos de ver nos próximos meses e anos, mas é um fato de que se trata de keynesianismo, inteligente ou não.
Pode ser que o novo presidente do Ipea seja aceitável pelos companheiros por causa disso, mas não parece exibir a mesma desonestidade intelectual do antigo presidente, que deformava deliberadamente análises e realidades, para servir a seus propósitos políticos.
O keynesianismo é inevitável no Brasil, e o que podemos esperar é apenas uma versão mais inteligente e mais racional das mesmas políticas que levaram a Europa ao impasse.
Infelizmente, o Brasil construiu um sistema de baixo crescimento e de altos gastos públicos, e a população pagará por isso, tendo um lento acesso a novos patamares de riqueza. Isso é inevitável. Só podemos esperar que isso não nos leve a uma crise de algum tipo: fiscal ou de transações correntes.
Mas o pacto social brasileiro é pelo crescimento medíocre e a corrupção continuada. Vai demorar para corrigir, então é melhor contar com pessoas inteligentes e de bom caráter.
Aposto nessa hipótese, realisticamente.
Paulo Roberto de Almeida