Prospecção
Workshop sobre cenários discute com especialistas nacionais e internacionais enfoques para conectar alternativas de futuro com processos decisórios atuais
Boletim de Notícias do CGEE, 31/01/2013
O Workshop Internacional sobre
Cenários reuniu no início de dezembro de 2012, no CGEE, especialistas de
diversos institutos nacionais e internacionais para discutir diversos
aspectos sobre a construção e o uso de cenários, incluindo tipologias;
formas de lidar com complexidade e emergência; maneiras de se construir
narrativas conectando o presente a distintas possibilidades de futuro;
possibilidades de visualização, comunicação e uso de resultados; e
impactos em políticas e decisões empresariais.
O workshop é uma iniciativa do Núcleo de Competência Metodológica do
Centro (NCM) e teve o intuito de trocar experiências e o aprendizado
mútuo. "A ideia foi fortalecer a habilidade de todos os participantes em
conectar alternativas de futuro com processos decisórios atuais, bem
como identificar a possível criação de parcerias", resume Cristiano
Cagnin, assessor técnico e organizador do evento.
Ao todo foram sete painéis. No primeiro, chamado "Use of scenarios at
the Austrian Institute of Technology (AIT)", Susanne Giesecke,
pesquisadora visitante do AIT no CGEE, explicou como o instituto
trabalha com cenários para obter soluções eficientes para os problemas
que podem surgir no futuro. Susanne falou sobre o projeto "Scenarios for
Research and Innovation Futures 2030: Exploring new ways of doing
research" que o AIT realiza em parceria com diversas instituições e
universidades. O foco do projeto é analisar novas maneiras de realizar e
organizar pesquisas em universidades, organizações de pesquisa,
empresas e na sociedade em geral. O projeto explora tendências, opções
estratégicas e padrões emergentes buscando traçar cenários de 2020 a
2030.
Brian MacAulay, da think thank britânica Nesta, falou sobre o uso de
modelos para construir cenários e avaliar distintas opções de políticas
públicas. Para Brian a conexão entre modelos de sistemas complexos com
enfoques qualitativos e relações sociais permite a criação de
conhecimento combinado com a identificação de elementos emergentes.
Assim, as vantagens de explorar o futuro estão na pluralidade e na
inclusão, pois permitem que pessoas com diferentes opiniões debatam e
todos sejam ouvidos de forma que possam contribuir com diferentes
aspectos sobre as questões propostas.
A apresentação seguinte foi de Riel Miller, da Organização das Nações
Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco), sobre a
disciplina da antecipação, que oferece, segundo Cristiano, "uma maneira
robusta e consistente para o aprendizado e a troca, bem como para se
incluir, de forma sistemática, aspectos transformativos e complexos na
construção de narrativas". Além disso, Riel Miller discorreu sobre as
maneiras de se capacitar equipes para lidar com emergências,
complexidade e interconectividade.
Cláudio Porto, da Macroplan , empresa brasileira de consultoria em
cenários prospectivos e administração estratégica, falou sobre a
evolução dos estudos prospectivos no Brasil em quatro grandes estágios
de maturidade. Cláudio destacou cinco grandes casos de construção de
cenários no Brasil, entre eles, o Banco Nacional de Desenvolvimento
Econômico e Social (BNDES), a Eletrobrás, a Petrobras, Governo de Minas
Gerais e o projeto Brasil em Transição 2011-2022. Para Porto, o Brasil
ainda é frágil, como país, na construção de estratégias de longo prazo,
apesar de ter progredido muito nos últimos 30 anos.
Renata Nascimento Szczerbacki, da Petrobras, destacou o processo de
planejamento estratégico da empresa e como a construção de cenários faz
parte desse processo. A especialista apontou que essa combinação é
fundamental para guiar a empresa, em todos seus seguimentos, para
períodos de 20 anos. Renata discorreu sobre o último trabalho realizado
em 2010 com horizonte 2030 e cortes em 2020, 2015 e 2011. O uso de
cenários é importante para direcionar os investimentos que a empresa
fará, pois o retorno é a longo prazo.
Lia Krucken, da Fundação Dom Cabral, mostrou como a fundação utiliza
estudos prospectivos para inovar na construção de cenários para grandes
empresas. Cenários são utilizados para dar suporte ao desenvolvimento de
estratégias, compreender de forma holística o problema sendo analisado,
antecipar desafios e construir um processo de aprendizado
organizacional adaptativo. Nesse processo, a captura de sinais
emergentes é fundamental para a identificação antecipada de
oportunidades e ameaças, bem como o desenvolvimento de estratégias
capazes de se anteciparem tais desafios.
No final, Lélio Fellows, do CGEE, apresentou aos participantes uma nova
forma de se construir cenários. É um processo desenvolvido pelo NCM do
Centro, dividido em quatro passos simplificados: identificar cenários
(globais e conectados ao contexto sob observação) a serem analisados;
desenvolver um modelo de documento específico para captar drivers,
incertezas, sinais fracos, surpresas e outras variáveis a serem
organizadas de acordo com critérios relevantes para o contexto sob
análise; identificar as variáveis independentes mais relevantes; e
desenvolver cenários na forma de um quebra-cabeças. Para Lélio, existe a
crença de que "trabalhar com cenários é caro e demorado, mas é a nossa
capacidade de exigir e de solucionar problemas que fará com que as
coisas aconteçam concretamente", afirmou o especialista.
As discussões ajudaram a identificar possíveis caminhos para fortalecer o
uso de cenários no CGEE e em organizações parceiras. "Uma análise mais
profunda de elementos como cenários transformativos, ferramentas
interativas para a visualização e a prototipação de resultados, o uso de
enfoques robustos para construção de futuros alternativos mais
criativos e capazes de abraçar a espontaneidade, a experimentação e a
complexidade, a capacidade de fazer sentido de conhecimento coletivo
distribuído, bem como a habilidade de comunicar melhor os resultados e
de conectar o processo de cenários ao ciclo de tomada de decisão, entre
outros, são essenciais para o fortalecimento da capacidade institucional
de subsidiar políticas públicas conectando alternativas de futuro ao
presente " conclui Cristiano Cagnin.
A partir do workshop, o CGEE desenha atualmente possíveis colaborações
com a Unesco para 2013 e fortalece a colaboração com o Austrian
Institute of Technology (AIT).
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