quinta-feira, 31 de janeiro de 2013

Prospeccao: cenarios futuros em seminario do CGEE

Prospecção
Workshop sobre cenários discute com especialistas nacionais e internacionais enfoques para conectar alternativas de futuro com processos decisórios atuais
Boletim de Notícias do CGEE, 31/01/2013

O Workshop Internacional sobre Cenários reuniu no início de dezembro de 2012, no CGEE, especialistas de diversos institutos nacionais e internacionais para discutir diversos aspectos sobre a construção e o uso de cenários, incluindo tipologias; formas de lidar com complexidade e emergência; maneiras de se construir narrativas conectando o presente a distintas possibilidades de futuro; possibilidades de visualização, comunicação e uso de resultados; e impactos em políticas e decisões empresariais.

O workshop é uma iniciativa do Núcleo de Competência Metodológica do Centro (NCM) e teve o intuito de trocar experiências e o aprendizado mútuo. "A ideia foi fortalecer a habilidade de todos os participantes em conectar alternativas de futuro com processos decisórios atuais, bem como identificar a possível criação de parcerias", resume Cristiano Cagnin, assessor técnico e organizador do evento.

Ao todo foram sete painéis. No primeiro, chamado "Use of scenarios at the Austrian Institute of Technology (AIT)", Susanne Giesecke, pesquisadora visitante do AIT no CGEE, explicou como o instituto trabalha com cenários para obter soluções eficientes para os problemas que podem surgir no futuro. Susanne falou sobre o projeto "Scenarios for Research and Innovation Futures 2030: Exploring new ways of doing research" que o AIT realiza em parceria com diversas instituições e universidades. O foco do projeto é analisar novas maneiras de realizar e organizar pesquisas em universidades, organizações de pesquisa, empresas e na sociedade em geral. O projeto explora tendências, opções estratégicas e padrões emergentes buscando traçar cenários de 2020 a 2030.

Brian MacAulay, da think thank britânica Nesta, falou sobre o uso de modelos para construir cenários e avaliar distintas opções de políticas públicas. Para Brian a conexão entre modelos de sistemas complexos com enfoques qualitativos e relações sociais permite a criação de conhecimento combinado com a identificação de elementos emergentes. Assim, as vantagens de explorar o futuro estão na pluralidade e na inclusão, pois permitem que pessoas com diferentes opiniões debatam e todos sejam ouvidos de forma que possam contribuir com diferentes aspectos sobre as questões propostas.

A apresentação seguinte foi de Riel Miller, da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco), sobre a disciplina da antecipação, que oferece, segundo Cristiano, "uma maneira robusta e consistente para o aprendizado e a troca, bem como para se incluir, de forma sistemática, aspectos transformativos e complexos na construção de narrativas". Além disso, Riel Miller discorreu sobre as maneiras de se capacitar equipes para lidar com emergências, complexidade e interconectividade.

Cláudio Porto, da Macroplan , empresa brasileira de consultoria em cenários prospectivos e administração estratégica, falou sobre a evolução dos estudos prospectivos no Brasil em quatro grandes estágios de maturidade. Cláudio destacou cinco grandes casos de construção de cenários no Brasil, entre eles, o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), a Eletrobrás, a Petrobras, Governo de Minas Gerais e o projeto Brasil em Transição 2011-2022. Para Porto, o Brasil ainda é frágil, como país, na construção de estratégias de longo prazo, apesar de ter progredido muito nos últimos 30 anos.

Renata Nascimento Szczerbacki, da Petrobras, destacou o processo de planejamento estratégico da empresa e como a construção de cenários faz parte desse processo. A especialista apontou que essa combinação é fundamental para guiar a empresa, em todos seus seguimentos, para períodos de 20 anos. Renata discorreu sobre o último trabalho realizado em 2010 com horizonte 2030 e cortes em 2020, 2015 e 2011. O uso de cenários é importante para direcionar os investimentos que a empresa fará, pois o retorno é a longo prazo.

Lia Krucken, da Fundação Dom Cabral, mostrou como a fundação utiliza estudos prospectivos para inovar na construção de cenários para grandes empresas. Cenários são utilizados para dar suporte ao desenvolvimento de estratégias, compreender de forma holística o problema sendo analisado, antecipar desafios e construir um processo de aprendizado organizacional adaptativo. Nesse processo, a captura de sinais emergentes é fundamental para a identificação antecipada de oportunidades e ameaças, bem como o desenvolvimento de estratégias capazes de se anteciparem tais desafios.

No final, Lélio Fellows, do CGEE, apresentou aos participantes uma nova forma de se construir cenários. É um processo desenvolvido pelo NCM do Centro, dividido em quatro passos simplificados: identificar cenários (globais e conectados ao contexto sob observação) a serem analisados; desenvolver um modelo de documento específico para captar drivers, incertezas, sinais fracos, surpresas e outras variáveis a serem organizadas de acordo com critérios relevantes para o contexto sob análise; identificar as variáveis independentes mais relevantes; e desenvolver cenários na forma de um quebra-cabeças. Para Lélio, existe a crença de que "trabalhar com cenários é caro e demorado, mas é a nossa capacidade de exigir e de solucionar problemas que fará com que as coisas aconteçam concretamente", afirmou o especialista.

As discussões ajudaram a identificar possíveis caminhos para fortalecer o uso de cenários no CGEE e em organizações parceiras. "Uma análise mais profunda de elementos como cenários transformativos, ferramentas interativas para a visualização e a prototipação de resultados, o uso de enfoques robustos para construção de futuros alternativos mais criativos e capazes de abraçar a espontaneidade, a experimentação e a complexidade, a capacidade de fazer sentido de conhecimento coletivo distribuído, bem como a habilidade de comunicar melhor os resultados e de conectar o processo de cenários ao ciclo de tomada de decisão, entre outros, são essenciais para o fortalecimento da capacidade institucional de subsidiar políticas públicas conectando alternativas de futuro ao presente " conclui Cristiano Cagnin.

A partir do workshop, o CGEE desenha atualmente possíveis colaborações com a Unesco para 2013 e fortalece a colaboração com o Austrian Institute of Technology (AIT).

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