quinta-feira, 14 de fevereiro de 2013

Chantagem contra o Brasil: mafia sindical quer paralisar portos...

Antigamente, nos tempos da brilhantina (ou seria no Jurássico da sociedade brasileira?), o sindicato dos estivadores é que decidia quantos dos seus seriam necessáriospara descarregar um navio qualquer. Vocês sabem como é: toda aquela coisa é muito pesada, e mesmo com a ajuda de guindastes e outras engenhocas, era preciso, sempre, o triplo do que alguém poderia imaginar para realizar a difícil operação. Claro, também demorava o triplo do tempo que alguém poderia pensar...
Folgados esses estivadores (mas eles eram amados pelo Jorge Amado e pelo velho Partidão).
Por acaso, o mesmo filme já tinha passado em outros países.
A Inglaterra foi levada à decadência de quase se tornar um país do Terceiro Mundo -- não estou inventando, eu vi -- porque lá também havia um pacto perverso entre a CUT e o PT deles, ou seja, entre a TUC, o Trade Union Congress, a central sindical inglesa, e o Labour, ainda marxista. Quem decidia quantos gráficos iriam ser necessários para imprimir o Times, jornal secular, não era o dono do Times, mas o sindicato dos gráficos, que também exigia o triplo de operários do que seria necessário para tocar as rotativas. Em algumas ocasiões, o Times deixou de circular. O Le Monde também já passou por esse tipo de humilhação, mas vocês sabem, os franceses adoram uma greve...
A Margareth Thatcher teve um trabalhão para acabar com esse tipo de chantagem: aguentou uma greve de seis meses dos mineiros, quando a Inglaterra tremeu de frio por falta de carvão de aquecimento, e ficou sem luz, sem lixeiros, sem ferroviários, sem coveiros (whoever...), mas conseguiu, finalmente, quebrar a espinha dorsal do sindicalismo mafioso que chatageava toda a sociedade britânica.
Está na hora da sociedade brasileira dar um basta no sindicalismo mafioso, privado e governamental...
Paulo Roberto de Almeida

Unidos contra a modernização

14 de fevereiro de 2013 | 2h 06

Editorial O Estado de S.Paulo
Só não causa mais estranheza a insólita e ativa aliança entre dirigentes sindicais e parte do empresariado contra a política de modernização dos portos, anunciada em dezembro pelo governo e resumida na Medida Provisória (MP) 595, porque seus objetivos são claros: eles não querem mudar nada, pois a modernização acabará com privilégios e garantias especiais. Interessados apenas em si próprios, eles são contra a entrada de novos participantes privados nas operações portuárias e, assim, tentam impedir ou retardar os investimentos necessários para a expansão, a melhoria e o aumento da eficiência dos serviços.
O gargalo representado pelo inadequado serviço dos portos impõe perdas ao País, pois encarece as exportações, mas pode ter efeitos ainda mais nocivos quando utilizado como instrumento de pressão e de ameaça por dirigentes nas suas negociações com as autoridades, como ocorreu com frequência no passado. Esse instrumento está sendo novamente acionado pelo deputado federal Paulinho da Força (PDT-SP), que carrega no nome sua fonte de poder político e sindical - há quase 20 anos é presidente da Força Sindical, a segunda maior central sindical do País -, numa campanha contra a MP 595 na qual tem a companhia de dirigentes empresariais.
"Querem destruir os portos públicos, mas nós estaremos lutando contra", prometeu Paulinho, depois de reunião com o presidente do Congresso, senador Renan Calheiros (PMDB-AL), da qual participaram também outros parlamentares e dirigentes sindicais. "O pau vai comer", garantiu. Segundo ele, se o governo não concordar com modificações de pontos da MP que ele e sua Força Sindical consideram essenciais, "nós vamos paralisar os portos do País e o Brasil ficará parado". Não exportará nem importará nada, assegurou.
E por que a Força Sindical - a maior central sindical do País, Central Única dos Trabalhadores (CUT), anunciará sua posição dentro de alguns dias - é tão violentamente contra a MP 595? Porque não aceita justamente o que ela tem de mais modernizante no que se refere às relações trabalhistas nos portos.
A Lei dos Portos, de 1993, estabeleceu novas formas de contratação de mão de obra portuária, setor antes inteiramente dominado pelos sindicatos, ao criar o Órgão Gestor de Mão de Obra (Ogmo). Formado por representantes dos trabalhadores e das empresas, o Ogmo é o organismo responsável pela intermediação da contratação de trabalhadores avulsos. Sua criação foi precedida de grandes disputas entre governo, sindicatos e empresas, mas, por ter preservado o poder sindical nesse campo, a despeito da presença de representantes dos empregadores, acabou sendo aceito por todos.
A MP permite que as novas empresas que, por meio de licitação, passarem a operar terminais de carga nos portos públicos possam contratar livremente os trabalhadores, sem a intermediação do Ogmo. Como ainda mantém poder no Ogmo, a Força quer evitar seu esvaziamento, estendendo suas funções às novas empresas.
Empresários que já têm operações nos portos, de sua parte, tentam mudar a MP pois, além de permitir a construção e operação de terminais por empresas que não demonstrem ter carga própria suficiente para tornar o empreendimento viável, ela determina que sejam licitados os terminais arrendados até 1993 (quando entrou em vigor a Lei dos Portos) e cujos contratos estão vencidos. Os operadores desses terminais queriam a prorrogação dos contratos por até 50 anos em alguns casos. Por conveniência, aliaram-se à Força.
A posição do governo tem sido coerente. "Podemos melhorar alguns pontos (da medida provisória) e aceitar novos artigos, aperfeiçoar a redação", disse o ministro-chefe da Secretaria de Portos, Leônidas Cristino. "Mas há pontos importantes que não podemos mudar", acrescentou. E a livre contratação de mão de obra, a licitação dos terminais com contratos vencidos e a entrada de novos operadores mesmo sem demonstração de carga própria suficiente estão entre eles.
Com a instalação, prevista para o dia 20, da comissão mista que discutirá a MP 595, o debate chegará ao Congresso.

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Comentários são sempre bem-vindos, desde que se refiram ao objeto mesmo da postagem, de preferência identificados. Propagandas ou mensagens agressivas serão sumariamente eliminadas. Outras questões podem ser encaminhadas através de meu site (www.pralmeida.org). Formule seus comentários em linguagem concisa, objetiva, em um Português aceitável para os padrões da língua coloquial.
A confirmação manual dos comentários é necessária, tendo em vista o grande número de junks e spams recebidos.