Este jornalista acredita que o lulopetismo e sua política comercial esquizofrenica nao tem nada a ver com o atraso, ou o recuo comercial do Brasil no plano das relacoes economicas externas. Ele atribui o problema aos industriais protecionistas do Brasil. Mas se esquece de mencionar que ambas ideologias protecionistas se casam perfeitamente.
Existe um pacto perverso, contra a sociedade brasileira, feita entre a CUT e a FIESP, mesmo se as duas entidades jamais sentaram-se para negociar tal pacto. Ele existe de fato e prescinde de qualquer acordo para existir.
Se trata do mesmo pacto que na Inglaterra pré-Thatcher unia a TUC (a CUT deles, o Trade Union Congress) ao Labour pré-Blair, o partido que ainda rezava pela cartilha marxista de 1919, que prometia nacionalizacoes, estatizacoes, controle do comercio exterior, etc. As mesmas velharias do passado que unem a CUT com a FIESP e impedem o Brasil de avancar.
Esse pacto perverso nao será vencido facilmente, e nem sabemos se será vencido, de fato, algum dia.
Quanto 'a OMC, se enganam aqueles que a veem como uma entidade promotora do livre comércio. Ela é apenas a favor de um mercantilismo bem-administrado.
Como a CUT e a FIESP, aliás. Elas se amam...
Unidos num mesmo combate contra a liberdade dos mercados...
Paulo Roberto de Almeida
Um brasileiro na OMC, para que, afinal?
Por Sergio Leo
Valor Econômico – pág. A2, 04.02.13
Quem
se pergunta qual a importância, para o Brasil, de um candidato do país à
direção-geral da Organização Mundial do Comércio deveria refletir sobre
outra pergunta, mais relevante: qual a importância da OMC para o
Brasil? É a resposta para essa indagação que justifica o lançamento do
diplomata Roberto Azevedo como candidato ao comando dessa instituição
multilateral. É também essa questão que permite situar mais corretamente
certas críticas fora de foco à estratégia de negociação comercial
adotada nos últimos anos pelo Brasil.
É
frequente e equivocada a comparação entre o Brasil e países como Chile e
México, os brasileiros atrelados ao Mercosul, com uma rede medíocre de
acordos de livre comércio, e os outros dois (com Colômbia, Peru e
outros) ligados a uma rede em expansão de acordos de redução de
barreiras comerciais. O primeiro equívoco é atribuir a falta de acordos
exclusivamente ao governo e à suposta influência do "lulopetismo" na
estratégia comercial, como se não fosse o influente setor privado
brasileiro um dos maiores opositores, no passado e mais ainda agora, à
derrubada de tarifas e barreiras que orienta toda negociação de
comércio.
O
exemplo mais conhecido do bloqueio do setor privado às negociações
comerciais é o acordo com o Conselho de Cooperação do Golfo, clube dos
ricos países árabes que chegou a concluir um acordo com o Mercosul,
detonado, à última hora, pela pressão da indústria petroquímica
brasileira. Sem acordo, os árabes importaram, nos dois últimos anos,
mais de US$ 7,6 bilhões anuais do Brasil, cerca de um terço disso em
produtos industrializados. Para o lulopetismo, o acordo era querido por
motivos políticos e econômicos, ao servir de contraparte ao acordo
firmado com Israel e abrir espaço em um vigoroso mercado emergente. O
empresariado brasileiro não teve o mesmo ânimo.
Azevedo se apoia na experiência com as manhas de Genebra
Enquanto
o Chile sustenta sua economia com exportações sobretudo de produtos
primários como cobre e pescado, e o México optou por vincular-se
solidamente a segmentos de menor agregação de valor da cadeia produtiva
dos EUA, o Brasil tem diferente estrutura industrial e distintos
recursos naturais.
Grande
produtor de commodities agropecuárias, que somam algo próximo a 30% do
total das exportações nacionais, o Brasil tem entre as principais
barreiras a suas vendas externas os programas de subsídios agrícolas dos
países desenvolvidos e a aplicação discricionária de barreiras técnicas
- dois temas de difícil solução fora de negociações multilaterais como a
Rodada Doha, da OMC. Em geral, são baixas as barreiras nos principais
mercados a exportações de manufaturados - a valorização do real faz mais
estrago, nesses casos, do que qualquer benefício com corte de tarifas
de importação.
A
situação singular do Brasil não deve servir de pretexto para se
abandonar o esforço por acordos comerciais, mas justifica a prioridade
conferida às negociações abrangentes da OMC. A existência de regras
multilaterais de proteção ao livre comércio interessa não só aos
produtores como aos consumidores brasileiros. São elas que moderam os
apetites protecionistas domésticos, e impõem limites e racionalidade a
medidas governamentais voltadas ao fechamento do mercado. Um país de
comércio diversificado como o Brasil se beneficia dessas regras, mesmo
quando não derrota totalmente o protecionismo, como ficou evidente no
caso, vencido pela diplomacia brasileira, contra os subsídios americanos
aos produtores locais de algodão.
A
candidatura de Roberto Azevedo está nesse contexto: seu discurso e a
base da difícil campanha brasileira à direção da OMC se apoiam na
necessidade de dar novo fôlego ao sistema multilateral de comércio. Ao
defender a própria candidatura para os membros da OMC, em Genebra, na
semana passada, Azevedo tentou provar que sua experiência nas
negociações - respeitada e elogiada até por adversários em disputas
duras, como os EUA - permitirá a ele conduzir pragmaticamente e
eficientemente os novos capítulos da novela comercial multilateral.
Não
basta entender de comércio e ter experiência internacional, argumentou o
diplomata. É preciso conhecer a OMC por dentro, saber a história de
cada negociação, evitar a repetição de impasses antigos, saber se uma
bronca resulta de problemas reais dos governos ou de idiossincrasias de
algum negociador.
Se
falasse a brasileiros, Azevedo poderia ter dito que, para tirar o
sistema multilateral de comércio do impasse, é preciso não só resgatar
jabutis das árvores, mas saber quem e o que os colocou lá em cima. Ele,
como nenhum dos outros candidatos, pode fazer isso, por experiência
própria com os quelônios aéreos e os arbustos espinhosos do nº 154 da
rue de Lausanne, em Genebra, sede da organização.
A
disputa pela direção da OMC ocorre às vésperas de uma nova reunião
ministerial para salvar a Rodada Doha, e, como deixou claro o atual
diretor-geral, Pascal Lamy, no Fórum Econômico de Davos, está se
formando um consenso para deixar de lado, pelo menos por enquanto, as
grandes ambições de mudanças nas regras de comércio agrícola e
concentrar a negociação em um tema menos charmoso, mas importante, a
"facilitação de comércio" - remoção de burocracia, obstáculos de
infraestrutura e ineficiências no trânsito de mercadorias, especialmente
nas alfândegas.
A
facilitação comércio trará ao mundo metade dos benefícios que se
esperava com a rodada, garantiu Lamy, em Davos. Há controvérsias. O
Brasil não quer que Bali seja um ponto final da rodada, e insiste em
incluir, pelo menos, temas como regulamentação mais clara para cotas de
importação e apoio aos países mais pobres, para atender às novas
exigências multilateriais.
Azevedo
defende o próprio nome como o mais adequado, com maior experiência,
para conduzir essa reunião ministerial, em Bali, de forma a revigorar as
regras multilaterais de comércio. Quanto mais fracas essas regras, mais
dependente o mundo fica da lei dos mais fortes. O brasileiro não
exagera ao falar da própria capacidade. A dúvida é se seus potenciais
eleitores estão, de fato, interessados nesse projeto.
Sergio Leo é repórter especial em Brasília e escreve às segundas-feiras
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ResponderExcluirVale!
o Brasil esta sempre condenado a uma danca de cadeiras ente estatistas de direita e estatistas de esquerda.
ResponderExcluirE quem disse que a CUT é de esquerda?
ResponderExcluirSó porque ela se acredita de esquerda? Eu pessoalmente acho que ela está mais do lado corporativo, ou seja, fascista, que normalmente é considerado de direita...
Paulo Roberto de Almeida