quarta-feira, 13 de fevereiro de 2013

Um papa politicamente correto? - Orlando Tambosi

Tenho o prazer, e o orgulho, de repostar aqui um pequeno-grande texto de meu amigo, excelente intelectual, e colega blogueiro, lutador das boas causas da inteligência e contra a mediocridade acadêmica, Orlando Tambosi, sobre um tema no qual nenhum de nós dois pode ser considerado especialista, ou especialmente motivado para comentar: a renúncia do papa Bento 16, e a torcida de alguns por e para um papa "diferente" da próxima vez (seja lá o que isso queira dizer).
Tanto eu, como ele, somos de outro time, digamos racionalistas não religiosos, no meu caso um "irreligioso" consciente (mas não hostil às religiões, embora com restrições a algumas religiões). Ou seja, não temos necessariamente competência para a matéria, mas sabemos reconhecer o que é relevante no debate público.
Não acrescento nada de substantivo a essa questão, mas quero simplesmente dizer que concordo, integral e totalmente, com as palavras do Orlando Tambosi sobre o assunto.
Apenas e simplesmente isto. Grato, Orlando, pelo privilégio de ler algo inteligente, algo tão raro em nossos dias e em certos meios...
Paulo Roberto de Almeida

Querem um papa politicamente correto?
Orlando Tambosi
Blog do Tambosi, 13/02/2013

Como agnóstico, hesitei em falar sobre a renúncia do Papa Bento XVI. Renunciar é direito de qualquer pessoa que ocupe determinado cargo político e, sim, o papado é político também. Respeito a decisão do pontífice, quaisquer que sejam as razões. É ato elogiável de alguém que, considerado infalível, sabe e reconhece que somos todos falíveis e mortais. É ato católico também - fui criado, e bem criado, por pais e avós católicos, à maneira deles, em tempos mais difíceis do que hoje - e com eles aprendi muito. Meu ceticismo filosófico e científico não me impede de ver o mérito de todos eles.

O ex-frei Leonardo Boff deve estar alegre com a notícia. Quando ainda era cardeal de uma das congregações da Igreja Católica, o alemão Ratzinger determinou que o barbudo "teólogo da libertação" - marxista de orelha que hoje adula a juventude como escritor de auto-ajuda - fizesse "silêncio obsequioso", isto é, calasse a boca. Bocarra, aliás, que jamais hesitou em louvar as ditaduras latino-americanas, de Fidel ao chavismo.

Estes padrecos e ex-padrecos ideológicos estão felizes. Pensam que, enfim, pode vir por aí um papa politicamente correto, da América Latina ou da África. Se isto acontecer, a Igreja Católica jogará uma pá de cal sobre sua história, nem sempre honrosa, mas exemplo de diálogo, ainda que difícil, com a filosofia e as tradições milenares do mundo judaico-greco-romano. Apesar dos crimes cometidos por essas tradições, sua herança é o que temos de melhor.Ou alguém aí prefere o islamismo?

Quanto ao fato de o papa renunciante poder influenciar, como diz Reinaldo, a escolha de seu sucessor, tanto melhor. Mas não acredito que, diante do precário estado de saúde em que ele se encontra, essa influência seja significativa.

Melhor a matemática: ouvi ontem que cardeais italianos e norte-americanos  são as forças mais fortes do Conclave. Que não cedam à doutrina politicamente correta.

Um comentário:

  1. Gratíssimo, Paulo,

    redigi o texto depois de quase 10 horas ao volante, de Campinas a Floripa.

    Mas quanto aos elogios, você me deixa encabulado..

    Abração

    ResponderExcluir

Comentários são sempre bem-vindos, desde que se refiram ao objeto mesmo da postagem, de preferência identificados. Propagandas ou mensagens agressivas serão sumariamente eliminadas. Outras questões podem ser encaminhadas através de meu site (www.pralmeida.org). Formule seus comentários em linguagem concisa, objetiva, em um Português aceitável para os padrões da língua coloquial.
A confirmação manual dos comentários é necessária, tendo em vista o grande número de junks e spams recebidos.