Brics
perdem prestígio entre investidores estrangeiros
Raul Juste Lores, Washington
Folha de S.Paulo, 16/05/2013
"Onde estão as maiores oportunidades da América Latina?", era
a pergunta de uma enquete feita entre 800 empresários presentes à Conferência
Global de Private Equity, organizada pelo Banco Mundial, em Washington.
Metade votou nos países andinos, especialmente Colômbia, Peru e Chile;
um pouco menos, no México. No Brasil, apenas sete.
O encontro anual que reúne fundos que compram participação de empresas,
os private equities, é iniciativa do IFC (International Finance Corporation),
braço financeiro do Banco Mundial.
O Brasil foi criticado em diversos painéis. Na palestra que abriu o
evento, o indiano Ruchir Sharma, que dirige o departamento de
"equities" em mercados emergentes do Morgan Stanley, afirmou que os
Brics (Brasil, Rússia, Índia e China) estão "fracassando na
liderança" e que "serão a grande decepção da década".
'VAI MAL'
"Quando um país chega à capa da [revista] "Economist", já
sabemos que seu pico ficou para trás", disse o investidor. "Dá pra
dividir a América Latina pelos Andes, à esquerda [a oeste] vai bem, à direita
dos Andes vai mal."
"O boom dos commodities ficou para trás e o Brasil vai desacelerar,
a Índia desperdiça todas as oportunidades, e a China, que tinha o crescimento
de 8% ao ano como piso, agora o terá como teto."
Para Sharma, as estrelas emergentes da próxima década serão Polônia,
Turquia, Colômbia, Peru, Chile, Filipinas e Indonésia.
Os brasileiros que participaram de um concorrido debate sobre América
Latina sentiram-se como se estivessem "na defensiva o tempo todo",
disse o diretor do fundo FIR, Marcus Regueira
"Há riscos e dificuldades em qualquer emergente e as questões sobre
nossas leis trabalhistas e nossa burocracia são pertinentes", explica.
"Mas também há muito desconhecimento sobre o Brasil e nós somos
incompetentes em vender bem o país."
"O Brasil é uma democracia, onde contratos são respeitados, temos
uma cultura ocidental e o Brasil não é só commodities", afirmou.
Ricardo Propheta, do BRZ Investimentos, também disse que havia uma
euforia "exagerada" em 2010 e 2011. "Agora os investidores estão
conhecendo mais o Brasil e isso é positivo. Continuamos em um momento
ascendente", declarou.
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