Carlos Brickmann, 5/06/2013
O debate sobre a contratação de médicos no Exterior virou um tema ideológico. E, no entanto, a questão é simples: não há qualquer problema em contratá-los, venham de Cuba, da Argentina, do Paquistão, do Canadá, desde que revalidem seu diploma no Brasil e comprovem sua capacidade de falar e entender nossa língua. É como acontece com advogados formados aqui mesmo: até que sejam aprovados no exame da OAB, são bacharéis em Direito, mas não podem exercer a advocacia. Por que, com médicos estrangeiros, seria diferente?
Nada contra faculdades estrangeiras. Este colunista conhece uma médica brasileira que se formou no Peru, revalidou seu diploma no Brasil e vem trabalhando há anos, com clientes fieis e confiantes em sua capacidade. O médico russo Noel Nutels fez um trabalho magnífico com índios. Ideologia é besteira: o importante é saber se o médico estrangeiro tem competência (e se os locais para onde for designado têm condições de dar-lhe apoio básico para seu trabalho).
Quanto à história de que em outros países qualquer médico desembarca e já começa a trabalhar, definitivamente não é assim.
Um competente médico paulista, Luiz Nusbaum, estudioso do assunto, lembra que não há qualquer restrição do Conselho Federal de Medicina à contratação de médicos estrangeiros, desde que revalidem o diploma e saibam comunicar-se em Português - ou não entenderão seus clientes, que também não entenderão suas recomendações e prescrições. Na Inglaterra, informa, o médico se submete ao PLAB, Professional and Linguistic Assessment Board. Nos EUA, ao USMLE, United States Licensing Examination. O mesmo ocorre em Portugal e Espanha.
E há outra questão: médicos de países europeus estarão interessados em mudar-se para o Brasil? Diz o presidente da Ordem dos Médicos de Portugal, José Manuel Silva: "A proposta do governo brasileiro fica próxima da escravatura"; "os médicos vão ficar dependentes das decisões discricionárias do governo brasileiro"; "as condições que devem encontrar do outro lado do Atlântico são semelhantes ao Portugal do início do século 20".
Traduzindo: trazer médicos estrangeiros significa, em bom português, importar médicos cubanos. Exclusivamente cubanos.
Incluir médicos portugueses e espanhóis simplesmente demonstra a intencionalidade de nossos "cumpanheiros governantes" - jogar para a torcida, isto é, impressionar seus simpatizantes e eleitores (dando a entender que trarão medicina de primeiro mundo) enquanto a real intenção é servir à Cuba, a troco de quê? Parece que o Brasil continua a marchar com o "passo errado", até quando?
ResponderExcluirÉ muito difícil não considerar a ideologia. Mesmo respeitando a posição do bloguista, entendo que é inseparável a ideologia, visto que os hegemônicos do poder ainda a considera e coloca na práxis de governar. Sou absolutamente contra essa "importação", até pela sua quantidade. O ato de submetê-los ao crivo da pedagogia da nossa medicina não garante que dar-se-á com probidade. Esse pessoal que aboletou o poder, infelizmente, ainda sonha com a implantação do comunismo. Portanto, são inconfiáveis! Há muito mais do que boas intenções nesse "importar" médicos. Até porque onde faltam médicos, faltam pelos recursos que lhes são disponíveis. Como um médico poderá exercer sua profissão na plenitude se lhe falta o básico? Tem mais do que boa intenção o governo importar cubanos! Tem muito de ideologia!
ResponderExcluirEm documentário na RTVE, médicos residentes miram outros países da comunidade européia devido á situação da Espanha. Vários temas de interesse geral abordados... muito bom. Acredito que vale a pena conferir:
ResponderExcluirhttp://www.rtve.es/alacarta/videos/comando-actualidad/